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sexta-feira, 14 de abril de 2017

14.—METEORA, um presente de uma estada na Grécia.

ANO
 11
LIVRARIA VIRTUAL em
www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
3286

Nesta Sexta-feira Santa, que para Gelsa e para mim terá 30 horas, já estamos em viagem de retorno. Deixamos Agria, rumo à Volos, um pouco depois das 6h. Após, fizemos uma viagem, em ônibus, de cerca de quatro horas de Volos à Atenas. É no aeroporto da capital grega, antes da longa viagem de rumo à Paris / Guarulhos / Porto Alegre, redijo essa blogada. Esse fazer é também um entretimento para mais de 33 horas de viagem.
Neste cruzar mais uma vez o Atlântico, a emoção maior desta viagem aconteceu no dia de ontem: fiz a tão sonhada viagem a Meteora. Se fosse chamado a opinar por alguém que dispõe apenas um ou dois dias para fazer a viagem de sua vida, eu diria: vá a Meteora.
Claro que, à minha recomendação faria preceder uma advertência: é preciso estar em boas condições físicas. Eu já descera 820 degraus em uma visita à mina de sal de Wieliczka, em Cracóvia; vivi uma quase tortura psicológica em Aschwitz e Birkenau; fiz escaladas na Muralha da China; caminhei quilômetros em Petra, na Jordânia. As exigências de ontem superaram a tudo. Em mais de um momento remeti, em pensamento, minha gratidão à Luciana e Márcia, co-responsáveis pelo minha preparação física.
Meteora, mesmo com muitas exigências, valeu a pena, e gostaria de repetir. Se fosse possível, amanhã gostaria de voltar. Afinal, porque estive em apenas dois dos seis mosteiros. Aliás, aceitaria ver os mesmos dois novamente.
Trago algumas evocações ajudados por escritos que estão presentes na Internet. Não saberei fazer muito diferente daquilo que estudiosos já louvaram. Para mim, Meteora é inenarrável. Pode-se experimenta-la, para sabe-la um pouco.
Meteora (em grego: Μετέωρα, "meio do céu") é um dos maiores e mais importantes complexos de mosteiros do Cristianismo Ortodoxo, superado apenas pelo Monte Atos —[ver box ao final] —. Os seis mosteiros foram construídos sobre pilares de rocha de arenito, na região noroeste da planície da Tessália, próximo ao rio Peneu e às montanhas Pindo, na Grécia central. O maior pico em que se localiza um mosteiro tem 550 metros. O menor, 305 metros.
Apesar de ser desconhecida a data de fundação de Meteora, crê-se que os primeiros eremitas se estabeleceram em cavernas no século 11. No final deste e início do século 12, formou-se um estado monástico rudimentar centrado à volta da Igreja de Theotókos (mãe de Deus). Os monges eremitas, procurando um refúgio seguro à ocupação otomana, encontraram nos rochedos inacessíveis de Meteora um refúgio ideal. Foram construídos mais de 20 mosteiros.
Atualmente existem apenas 6; os seis mosteiros são: Megálos Metéoros (Grande Meteoro ou Mosteiro da Transfiguração), Varlaam, Ágios Stéphanos (Santo Estêvão), Ágia Tríada (Santíssima Trindade), São Nicolau Anapausas e Roussanou. Visitei os dois primeiros apenas. Dos quais o de Santo Estêvão, o único feminino.
O acesso aos mosteiros era feito por guindastes e apenas em 1920 foram construídas escadas de acesso. Em 1988, este monumento com montes e vales revestidos com florestas foi classificado Patrimônio Mundial pela UNESCO.
Talvez, o mais exótico deste conjunto de edificações é que os mosteiros se aninham ao alto de torres de rochas cinzas, que estão sendo esculpidas pela erosão há milhares de anos. Tento uma comparação brasileira. Aquelas formações rochosas que há no Paraná, próxima a Ponta Grossa, que se parecem cálices moldados pelo capricho dos ventos milenares poderia ter sobre elas um automóvel. Em Meteora, há torres assemelhadas que brotam nos planaltos e têm sobre elas várias construções que formam um mosteiro. Há informações que análises químicas sugerem que as formações rochosas onde Meteora foi construída apareceram 60 milhões de anos atrás por meio de erosão fluvial.
Os primeiros Mosteiros de Meteora foram fundados no século 14, foram construídos a fim de escapar dos turcos e dos albaneses na época da guerra.
Nossa primeira visita foi ao Mosteiro Agios Stefanos (Santo Estevão) construído na primeira metade do século 15 e Santo Filoteos (meio do século 16) são ambos honrados como os fundadores deste monastério. A pequena igreja de Aghios Stefanos é uma basílica de ala única, construída em 1350. Ícones do período pós-bizantino, vestes sacerdotais e telas bordadas a ouro, com finas peças de prata podem ser admirados quando da visita. O seu imponente Santo Altar é utilizado como um museu moderno com as mais impressionantes heranças da igreja.
Mosteiro da Transfiguração ou Grande Meteoro foi a nossa segunda visita. Aqui diferente de São Santo Estevão há sequência de escadaria exigindo a subida de dezenas de degrau, pois está localizado em extenso e elevado planalto. Foi criado em 1340 por Aghios Athanassios Meteoritis (1302-1380). Athanasio, expulso do Monte Athos, com vários seus fiéis fundou o grande mosteiro de Meteora.
Há a possibilidade de se visitar o Museu da Arte com ferramentas e aparelhos antigos, em sua maior parte em madeiras centenárias. O ossuário, a igreja da Transfiguração de Jesus, o santuário foi construído em 1388 e a igreja principal, em 1545, o Altar central foi construído em 1557 e hoje em dia, há um bem organizado Museu da Herança da Igreja e uma cozinha de 1557 formando o Museu do Folclore com peças de cobre antigo, de barro e utensílios de cozinha e de agricultura, de fiação, moagem e produção de vinho em madeira.
Há muito mais há narrar. O texto está grande e há limitação. Preciso registrar meu agradecimento ao Stamati, referido nas duas edições anteriores, ao seu sogro, que além de ter-se mostrado na terça-feira em competente cantor e violoncelista é excelente motorista e a Cristina, a arqueóloga que soube responder às minhas perguntas. Minha gratidão muito especial às seis colegas do MES9, de seis países diferentes, que foram excelentes parceiras no fruir de maravilhas que nos fizeram distinguidos pelas belezas percebidas.

O Monte Atos (em grego Όρος Άθως) é uma montanha e península na Grécia. É patrimônio mundial da UNESCO, constituindo-se também como entidade política autônoma da República Helênica, governada por um Conselho Teocrático da Igreja Ortodoxa Grega. Na atualidade, os gregos usam a expressão "Montanha Sagrada" (em grego Άγιον Όρος) para se referir ao Monte Atos. O Monte Atos abriga vinte mosteiros greco-ortodoxos sob direta jurisdição do patriarca de Constantinopla. O nome oficial da entidade política é Estado Monástico Autónomo da Montanha Sagrada. Esta Região, Província ou Território Dependente da Grécia possui cerca de mil habitantes, todos do sexo masculino, sendo vedado o ingresso pessoas ou animais do sexo feminino.

8 comentários:

  1. Mestre Chassot, imponente e sábio em sua narrativa, vivida e sentida, por nós, meros espectantes distantes e ao mesmo tempo, presentes.

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  2. Meu incógnito leitor!
    Não te identificaste!
    Levanto hipóteses,
    Obrigado pelas palavras prenhes de generosidades. Alegro-me que tenhas aproveitado de meu narrar a inenarrável Meteora.

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    1. Muito querida Sarah,
      minha jovem leitora que incógnita honrou-me com um comentário e que por lances de detetive terminei por identificar e que espero reencontrar quando, for a São Jose dos Quatro Marcos, a convite do seu pai Prof. Gedson.
      Obrigado pelo comentário e meu orgulho por tê-la como leitora.
      Com admiração, achassot

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  3. Ao sorver o narrar do mestre sobre parte de sua vivência junto a aspectos da cultura e da história de nossos antepassados ocidentais não posso me furtar da reflexão que me acomete, além da imensa gratidão na partilha de suas experiências: Cultura tem um alto custo social = conhecimento sobre a história. Será este o motivo que o sistema negligencia seu acesso a simples mortais?
    Com saudades,
    Lúcia, Giovana, Luvander e Vanderlei.








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  4. Muito queridos Lúcia, Giovana, Luvander e Vanderlei,
    há gratidão remota aos gregos por ensinarem ao mundo ocidental a pensar. Há agradecimentos próximos por lições de fraternidades recebidas por pessoas como vocês quatro.
    Por tal obrigado Lúcia, Giovana, Luvander e Vanderlei.

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  5. Atico, estou sentada numa mesa de restaurante em Atenas lendo para o Ole o seu relato sobre meteora. Estamos encantados com os detalhes.
    Espero que tenha feito boa viagem de retorno.
    Amanhã começamos a nossa volta.

    Um abraço do Ole e meu

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  6. Muito querida Miriam,
    senti-me distinguido ao saber que tu e o Ole leram meu texto em um restaurante em Atenas.
    Quase me reconheci como um Homero pós-moderno.
    Obrigado pela distinção
    achassot

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  7. Estimado amigo e Mestre Chassot!
    Quanta alegria ler sobre Meteora e saber que você e a Gelsa tiveram a oportunidade de desfrutarem momentos especiais nesse lugar mágico/sagrado. Certamente a experiência de conhecer Meteora não cabe no papel. Aliás, algumas coisas precisam ser vividas, pois não há palavras suficientes para se descrever algumas experiências e o sentimento que nos evoca. Visitei Meteora em Janeiro de 2008. Compreendo as emoções vividas por vocês naquele lugar... A sua descrição me fez lembrar o momento que parei para observar o pôr-do-sol lá de cima... estava na frente de um dos Monastérios (achava que eram cinco apenas!), vivenciando um experiência única que me fazia questionar: por que eu? O que fiz nessa vida para receber tamanha recompensa... Abraços afetuoso a você e a Gelsa. Com saudades e estima,
    Vinícius.

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