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domingo, 31 de julho de 2011

01.- Saint Petersburg é de mais

Ano 6

SAINT PETERSBURG

Edição 1824

· * * *Esta edição é de segunda-feira, 01 de agosto de 2011* * *

20/23 DIARIO Começa o 2011/2 letivo e a viagem que transmuta, por uns dias, este blogue em ‘diário de um viajor’ está no seu ocaso. Amanhã será o ultimo dia completo aqui em St. Petersburgo. Na quarta-feira começamos a longa volta St. Petersburgo/ Frankfurt/Londres/São Paulo/Porto Alegre.

Nosso ensolarado domingo com temperatura agradável na linda cidade quando os russos celebravam o dia da marinha e aos milhares estavam nas ruas com trajes de marinheiros: camisetas listradas e/ou quepes navais e bandeiras da Rússia e da Marinha, sentia-se um grande ufanismo patriótico nas manifestações.

Algo eu também parece ser típico: casamento nas ruas. Vimos noivos vestidos a rigor fotografados em parques aonde chegam em limusines de vários metros adornadas com alianças ou em carruagens puxadas por cavalos adornados com símbolos matrimoniais.

Começamos nosso domingo turístico com a visita ao Museu Hermitage (em russo: Госуда́рственный Эрмита́ж. Já em Porto Alegre contratamos uma guia que falasse espanhol. Apresentou-se no hotel a senhora Larissa, que também falava português. Porém neste idioma era mais caro sua hora. Mantivemos, assim, o contratado.

O Hermitage é um dos maiores museus de arte do mundo e sua vasta coleção possui itens de praticamente todas as épocas, estilos e culturas da história russa, europeia, oriental e do norte da África, e está distribuída em dez prédios, situados ao longo do rio Neva, dos quais sete constituem por si mesmos monumentos artísticos e históricos de grande importância. Neste conjunto o papel principal cabe ao Palácio de Inverno, que foi a residência oficial dos tzares quase ininterruptamente desde sua construção até a queda da monarquia russa. Independente das obras de arte este prédio vale a visita. Nas fotos este prédio e um dos outros.

O museu mantém ainda um teatro, uma academia musical e projetos subsidiários em outros países. O núcleo inicial da coleção foi formado com a aquisição, pela imperatriz Catarina II, em 1764, de uma coleção de 225 pinturas flamengas e alemãs do negociante berlinense Johann Ernest Gotzkowski.

Organizado ao longo de dois séculos e meio, o Hermitage possui hoje um acervo de mais de 3,7 milhões de peças e se uma pessoa parasse um minuto em cada peça levaria 8 anos para a visitação. Por exemplo, só a para a pintura francesa está em 47 salas. Assim, como na manhã de domingo nos juntamos a milhares de visitantes, ficamos duas horas com a Larissa e mais uma hora sozinhos, podemos imaginar que vimos uma pequena, mas preciosa fração do acervo.

Ao sairmos do Hermitage quase 14 vimos visitamos as adjacências onde se destacam o arco do triunfo que celebra a vitória russa sobre Napoleão também evocada nas obras de Tchaikovsky, Tolstoi... para tal alugamos um triciclo, tracionado por um jovem, que percorreu a rua dos milionários e nos deixou na badalada ‘Perpective Nevrski’, onde vimos a ‘rua da Tolerância religiosa’ com templo para vários credos.

Fizemos um pequeno lanche, e às 16h iniciamos um tour de 1 hora em pequeno barco pelo rio Neva e dezenas presentes na ‘Veneza do Norte’. Uma prova que a maioria dos numerosos turistas são russos, e que grandes barcos com guias em russo partem a cada hora. Conseguimos um com guia inglês, em horário restrito, com mais cinco passageiros. Convencemo-nos então quanto Saint Petersburgo é linda. Trago algumas fotos que fiz desde o barco, como amostra.

Fizemos depois uma longa caminhada para chegar ao hotel. Passamos em um supermercado 24 horas, para comprar algo como janta. Estando na Rússia, além de hering e cerveja compramos caviar.

A Wikipédia ensina que caviar é um alimento e iguaria de luxo, consistindo em ovas de esturjão não-fertilizadas salgadas, sem qualquer outro tipo de aditivo, corante ou preservante. As ovas podem ser "frescas" (não-pasteurizadas) ou pasteurizadas, tendo estas muito menor valor gastronómico e monetário.

Tradicionalmente a designação "caviar" é apenas utilizada para as ovas provenientes das espécies selvagens de esturjão, principalmente as do Mar Cáspio e seus afluentes, em regra oriundas da Rússia ou do Irão (caviar Beluga, Ossetra e Sevruga). Estas ovas, consoante a sua qualidade (sabor, tamanho, consistência e cor), atingem presentemente (fevereiro de 2010) preços entre os 6.000€ e os 12.000€ o quilo no mercado europeu ocidental, estando associadas a ambientes gourmet e de alta cozinha (haute cuisine).

A designação "caviar" pode igualmente ser utilizada para ovas de outras espécies de esturjão selvagem ou para ovas de esturjões criados em aquacultura (das espécies do Cáspio ou outras).

Como pagamos por 250 g 47 rublos (menos de três reais) queremos crer que o nosso não era de melhor qualidade. Assim ao menos pareceu na saborosa janta que fizemos no apartamento.

Encerro mais uma edição de relato de viagem, com votos de um muito bom agosto a cada uma e cada um e que segunda-feira de abertura seja maravilhosa. Amanhã, provavelmente nos leremos aqui.

31.- Desde a Veneza do Norte


Ano 6

ST.PETERSBURG

Edição 1823

19/23 DIARIO Às 16h45min, o trem chegava à Saint Petersburg. Começava a concretização de um sonho embalado há anos. Pelos rios e canais que estão presentes a cidade é chamada ‘a Veneza do Norte’. Nosso hotel está na margem de um canal.

São Petersburgo (Санкт-Петербу́рг, Sankt-Peterburg em russo) está localizada às margens do rio Neva, na entrada do Golfo da Finlândia, no Mar Báltico. Os outros nomes da cidade já foram Petrogrado (Петрогра́д, 19141924) e Leningrado (Ленингра́д, 19241991). É chamada apenas de Petersburgo (Петербу́рг) e informalmente conhecida como Piter (Пи́тер).

Fundada pelo tzar Pedro, o Grande em 27 de maio de 1703, serviu de capital do Império Russo por mais de duzentos anos (1713–1728 e 1732–1918). São Petersburgo deixou de ser a capital em 1918, após a Revolução Russa de 1917. É a segunda maior cidade da Rússia e a quarta da Europa (em território) atrás de Moscou, Londres e Paris. A cidade possui 4,6 milhões de habitantes e mais de 6 milhões de pessoas vivem nas cercanias. São Petersburgo é um dos maiores centros culturais da Europa e um importante porto russo no Mar Báltico.

São Petersburgo é frequentemente descrita como a maior cidade do Oeste Europeu Russo. Entre as cidades do mundo com mais de um milhão de pessoas, São Petersburgo é a que está mais a Norte. O centro histórico da cidade e o grupo de monumentos constituem patrimônio mundial da UNESCO. Centro político e cultural russo por 200 anos, a cidade é muitas vezes referida na Rússia como a capital do norte.

Estamos próximo da Finlândia e Helsinque está mais perto daqui que Moscou. Esta proximidade com o Polo Norte, fez que, por exemplo, ontem, ao chegarmos ao hotel às 23 horas ainda estava claro e hoje, à 01h, já estava claro. Diz-se que neste período a cidade sofre de uma jovial insônia. Aliás, surpreendeu-nos o numero de estabelecimentos comerciais que anuncia que atendem 24 horas por dia. No período entre o final de maio e metade de junho vive-se aqui as noites brancas, quando quase não escurece. Isto é assunto em livro homônimo de Fiador Dostoïevski, filho ilustre a cidade.

A este petersbourguense juntam-se muitos outros nomes consagrados, dos quais cito alguns de nossos mais conhecidos: Alexandre II, Pedro o Grande, Dimitri Chostakovitch, Nicolas Gogol, Vaslav Nijinski, Anna Pavlova, Nicolaï Rimski-Korsakov, Igor Stravinski... Poderíamos citar, Dmitri Mendeleev, teve acolhida importante aqui, como lembrouneste blogue o Paulo Marcelo Pontes, no dia 29.

Algo que os guias chamam atenção: o automóvel é o maior inimigo dos pedestres. Sentimos isto nos primeiros minutos que estávamos na rua. Mesmo estando sinal verde para nós, os motoristas avançam.

Na nossa primeira saída vimos que aqui a continuada presença da linda arquitetura das igrejas ortodoxas. Trago imagens da de Nossa Senhora de Vladimir, próxima da qual jantamos comendo ‘borchst’, uma sopa que para a Gelsa evoca seus avós paternos que vieram da Rússia.

Encerro com um relato trivial da viagem de trem Moscou/Saint Petersburgo de ontem: éramos seis em uma cabine de 2ª classe; esta mede no máximo 2,0 m x 1,5 m. A merecida posição de estrela: Alexander, um brilhante e querido menino de 2,8 anos. Este estava acompanhado por sua mãe do Azarbaquistão que vive em Moscou, talvez de 25 anos, de sua avó materna, de cerca 50 anos e da avó paterna de 65 anos; esta o macho alfa do grupo. Conviver ‘intimamente’ durante quase 5 horas com pessoas estranhas, das quais apenas a jovem mãe falava um pouco de inglês foi excepcional. Houve, inclusive uma fraterna partição do pão (e de fiambres). Na saída nos ajudaram imensamente no transbordo de nossas malas e ajustaram preço com um carregador.

Uma das surpresas foi ver que a mãe do menino lia Paulo Coelho, cujo nome, na capa em cirílico, não reconheci. Algo nos impressionou era a relação sedutora da mãe com Alexander, beijando-o repetidamente na boca. Freud e seus estudos edipianos foram recordados. À despedida, mesmo sabendo que nunca mais nos veríamos na vida, nos abraçamos calorosamente.

Esta manhã, visitaremos o museu Hermitage, que certamente será assunto amanhã. Desejo o melhor domingo a todos.

sábado, 30 de julho de 2011

30. Moscou / St. Petersburg


Ano 6

MOSCOU

Edição 1822

A abertura da blogada sabatina pede um registro especial: Este blogue completa, neste 30 de julho, cinco anos. Assim, a partir de hoje na portada muda o registro e aparece Ano 6.

Em cinco anos foram postadas 1821 edições, isto significa (exceção feita nos primeiros dias de agosto de 2006, quando não estabelecerá a prática diária) uma edição a cada dia. Escrevi neste período da maioria dos Estados do Brasil e de 15 países (Argentina, Uruguai, Colômbia, México, Estados Unidos, França, Espanha, Reino Unido, Holanda, Bulgária, Croácia, Eslovênia, Dinamarca, Suécia e Rússia) e a sonhada estada hoje em St. Petersburg ensejará amanhã a 26ª cidade no exterior.

Esta celebração de 5 anos só tem uma razão: ter mais de uma centena de leitores diários que catalisam minha produção. A cada uma e cada um: obrigado, ou melhor: muito obrigado ou spasóbi, como tento dizer aqui na Rússia.

18/23 DIARIO

O último dia pleno moscovita foi densamente de turismo e pode ser dividido em três tempos, correspondente a cada turno.

O primeiro: Pela manhã. Após o desjejum multicultural do Savoy, que vale quase por um almoço, iniciei o primeiro tempo desta sexta-feira. Como a Gelsa estivesse envolvida em fazeres acadêmicos, saí sozinho para um desejado circuito de igrejas ortodoxas.

Primeiro fui à igreja de Nossa Senhora de Kazan (uma das centenas de invocações marianas que aprendi haver na Rússia). Havia um ofício religioso. Os dois celebrantes tinham funções distintas (e distantes): o mais jovem fazia leituras monocórdicas. Após entrou aquele que parecia ser o celebrante principal; tomou a posição central. Os fiéis, a maioria mulheres idosas persignavam-se repetidamente e se inclinavam quase até o chão, mais parecendo um exercício de alongamento. Não fiquei muito tempo. Senti-me um intruso na religiosidade alheia.

Fiz então uma longa caminhada. Encantam-me as cúpulas das igrejas. Trago algumas fotos que fiz.

Percorri lindos jardins. Admirei o túmulo do soldado desconhecido e o mausoléu de Lênin. Vi jovens desfrutando fontes em função do calor. Muitos turistas (estes a maioria russos do interior) na Praça Vermelha e nos jardins do Kremlin.

Encerrei o meu périplo visitando a catedral de são Basílio, subindo uma íngreme escadaria de degraus altos e irregulares para chegar a uma capela onde um coral cantava. Valeu o esforço físico.

Depois de três horas voltei exausto ao hotel. Uma hora após estava agendado o compromisso da tarde.

O segundo: Às 14 horas, a Gelsa e eu saímos com a Mariane, uma guia moscovita muito competente, que nos anos 70 morou dois anos em Cuba, e assim falava um espanhol aceitável. Fizemos uma visita guiada aos museus do Kremlin. Algo impressionante. Há roupas, carruagens e trenós dos tzares e tzarinas (nesta sessão se incluía arreios riquíssimo e incluindo joias que eram levadas pelos cavalos), baixelas, joias e presentes recebidos pelas duas dinastias de tzares que governaram a Rússia do século 13 ao começo do século 20.

Havia também uma seção de roupas de patriarcas e metropolitas da igreja ortodoxa. Aqui ainda se destacavam objetos de culto como lindos cálices, turíbulos e especialmente preciosos missais.

Depois de muito bem aproveitadas duas horas com a Mariane, por nossa conta, durante 1,5 hora, visitamos duas igrejas no complexo do Kremlin: a do Arcângelo e a dos 12 Apóstolos. Nestas, como em todas as igrejas ortodoxas encanta internamente os lindos e ricos ícones que cobrem paredes imensas e externamente as reluzentes cúpulas. Fomos ao hotel por cerca de duas horas, para mitigar o calor e o cansaço, para as 20h30min, partirmos com a Mariane, para o terceiro tempo.

O terceiro: Se ontem fiz aqui um prelúdio do metrô anunciando para hoje uma sinfonia mais completa do Metrô de Moscou (em russo Московский метрополитен) acho que fui audacioso. Diria que este palácio subterrâneo, inaugurado em 1935, é quase inenarrável.

É o maior metrô do mundo por densidade de passageiros, transportando por volta de 3.341.500.000 pessoas por ano e cerca de 9,2 milhões de pessoas por dia. Sua rede é composta de 182 estações, distribuídas por 12 linhas através de 298,2 km (sexto mais extenso do mundo atrás de Nova Iorque, Londres, Paris, Tóquio e Seul).

Ontem à noite, por duas horas percorremos com a Mariane mais de uma dezena de estações, muitas diferentes daquela que referira na edição anterior. Há que dizer apenas que Stalin concretizou uma proposta audaciosa que concebeu: O povo também merece palácios. Víramos pela tarde o luxo dos nobres no museu do Kremlin agora nos encantávamos com aquilo que milhões de pessoas podem fruir a cada dia. As fotos que fizemos dão uma pálida (muito pálida, mesmo) ideia de algumas estações. O Google oferece coleções muito mais elucidativas em diferentes endereços na internet.

Terminamos a visita de duas horas na Plastsat Revolutsia, onde há dezenas de arcos formados por duas lindas esculturas em mármore negro, narrando a história de diferentes momentos da Revolução Russa de 1917.

Ainda uma observação acerca de comentário deixado aqui ontem pelo polímata comentarista deste blogue Jair Lopes, editor do “Blog que pensa”: Em relação ao metrô de Moscou, assistia um programa no History Channel que tratava dos abrigos subterrâneos construídos durante a guerra fria, paralelos aos túneis do metrô. Parece que os soviéticos, diferentes de seus adversários do ocidente, aproveitaram a estrutura já existente e ampliaram ramais paralelos dotando-os das comodidades necessárias para sobrevivência dos líderes do Kremlin em caso de ataque nuclear. Segundo a Mariane, o assunto anda hoje é objeto de investigações e o assunto tem sido comentado na imprensa.

Esta tarde vamos de trem à St. Petersburg, de onde sonho escrever amanhã. Um bom sábado a cada uma e cada um. Obrigado pela companhia.