Ano 5 | Porto Alegre | Edição 1755 |
Diferentemente de outras edições, faço meus votos de uma terça-feira prenhe ddos melhores fazeres neste prelúdio. Acredito que cada uma e cada um de meus leitores serão tomados de distintas emoções ao terminar a leitura desta edição. Uns se rejubilarão, pois se confrontarão com um texto que leva a ratificar seus credos fundamentais. Outros, talvez, serão tomados de uma santa ira (se é que ira pode ser santa). Minha posição é manifesta no preambulo e na tarja que adito ao texto.
É histórica a relação da Educação com as igrejas no mundo Ocidental. No século 12 quando surgiu a Universidade, ressalvada a primeira (a Universidade de Bolonha) todas as demais surgiram á sombra das catedrais. A Escola, no formato que conhecemos hoje, legado da Modernidade, surge com marcas eclesiais: Reforma Protestante (1517) e Contrarreforma (por exemplo, a fundação da Companhia de Jesus, 1531). Com a descoberta da América, no Novo Continente a situação não se fez diferente.
Ainda nos dias atuais é significativa a presença de diferentes denominações religiosas na Educação Básica e na Educação Superior. No Brasil, especialmente o ensino superior confessional é feito por igrejas tradicionais, talvez com mais destaque para as igrejas católica, luterana, metodista, presbiteriana.
Os tempos hoje são ou outros e seria imaginável pensar em censuras (e condenações) como receberam, por exemplo, Bruno, Galileo, Abelardo e muitos outros.
Por serem outros os tempos, há surpresas. Inesperadamente somos levados a tempos de
obscurantismo. Eis que uma igreja, mantenedora de uma Universidade com campi em diversos estados brasileiros e uma extensa rede de escolas, faz chegar a seus professores, no século 21, manifestação de admoestação, da qual trago excertos {as inserções [...] indicam supressões que fiz; são meus, também, os assinalamentos com marca-texto}:
A Igreja [...] está estabelecida num país onde há liberdade de viver, se expressar e agir conforme a decisão ou vontade de cada um. Assim, a opção sexual faz parte dessa liberdade. Por outro lado, a Igreja também entende que a liberdade de discordar e não aceitar em seu meio uma união homossexual, por esta ferir os princípios da Bíblia Sagrada, faz parte da sua liberdade e não lhe pode ser cerceada, pois fere a Constituição Nacional. [...]
Assim, precisamos diferenciar homossexualismo de homofobia. A Igreja Luterana não concorda com a conduta homossexual, mas não discrimina o ser humano homossexual.
Por isso declaramos:
1 – A Igreja [...] crê e confessa que a sexualidade é um dom de Deus, destinado por Deus para ser vivido entre um homem e uma mulher dentro do casamento.
2 - A Igreja [...] crê e confessa que o homossexual é amado por Deus como são amadas por Deus todas as suas criaturas.
3 - Em amando todas as pessoas e também o homossexual, Deus não anula o propósito da sua criação.
4 - Por esta razão, a igreja, em acordo com a Sagrada Escritura, denuncia na homossexualidade um desvio do propósito criador de Deus, fruto da corrupção humana que degrada a pessoa e transgride a vontade de Deus expressa na Bíblia. “Com homem não te deitarás, como se fosse mulher: é abominação. Nem te deitarás com animal, para te contaminares com ele, nem a mulher se porá perante um animal, para ajuntar-se com ele: é confusão. Portanto guardareis a obrigação que tendes para comigo, não praticando nenhum dos costumes abomináveis que praticaram antes de vós, e não vos contamineis com eles: Eu sou o Senhor vosso Deus” (Levítico 18.22,23,30); “Por isso Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seus próprios corações, para desonrarem os seus corpos entre si; semelhantemente, os homens também, deixando o contato natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo em si mesmos a merecida punição do seu erro” Romanos 1.24,27); “Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus” (1 Coríntios 6.9-10).
5 - Porque a homossexualidade transgride a vontade de Deus e porque Deus enviou a igreja a levar Cristo Para Todos, a igreja se compromete a encaminhar o homossexual dentro do que preceitua o amor cristão e na sua competência de igreja, visando a que as pessoas vivam vida feliz e agradável a Deus; Mateus 19.5: “... Por esta causa deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne.”
6 - A Igreja [...] repudiando qualquer forma de discriminação, deve estar ao lado também das pessoas de comportamento homossexual, para lhes dar o apoio necessário e possam vir a ter a força para viver vida agradável a Deus.
7 - Diante disto repudiamos a ideia de se conceder à união entre homossexuais o caráter de matrimônio legítimo porque contraria a vontade expressa de Deus e dificulta, se não impossibilita, a oportunidade de tais pessoas revisarem suas opções e comportamento.
8 - Repudiamos também, por consequência, a hipótese de ser dado a um casal homossexual a adoção e guarda de crianças como filhos porque entre outros prejuízos de formação, formará na criança uma visão distorcida da sua própria natureza.
Fiéis ao nosso lema [...] ensinamos que a igreja renova também o seu compromisso de receber pessoas homossexuais no amor de Cristo visando que a fé em Jesus as transforme para a nova vida da qual Deus se agrada.