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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Autoridade & Credibilidade à Maculada Conceição

 ANO 17*** 24/02/2023***EDIÇÃO 2072

Na edição do dia 10 deste mês causou-me estranhamento a inquisição: “Que livro estás lendo?” Fiz-me surpreso.  Parecia um desvelar de minha intimidade. Hoje pretendo falar mais acerca de leituras que de livros. 

Quando meus filhos eram pequenos, a um deles foi solicitado pela escola a desenhar uma cena doméstica de seu pai. Opção desenhada: o pai em uma rede lendo. Hoje, o homo lector subsiste. Mesmo tendo um cartaz na biblioteca com uma frase do poeta Manoel de Barros: a rede é a vasilha de dormir mais parecida com útero materno. Aos 83 a rede está quase aposentada.

   A leitura é um perpetuum mobile no meu cotidiano. Há frações de tempos díspares. O tempo maior é para a leitura acadêmica (leituras de teses e dissertações, leituras para a produção de textos etc.), a leitura recreativa (melhor dizendo: ficção). Aqui devo reconhecer que mesmo recomendando a meus orientandos leitura ficcional, eu ainda tenho dificuldades de cumprir a recomendação. Como sou participante de um clube de leitura, este item (leitura recreativa) é bem aproveitado no livro do Mês da Tag (ver blogue de 10/11).

Desejo focar em outra modalidade leitura, que pode ser um híbrido entre a leitura acadêmica e a leitura recreativa. Não é o louvado o livro de cabeceira (há muito não leio na cama). É um livro que está num local destacado no meu scriptorium e, usualmente, me faz companhia nos intervalos, quando vou tomar um gostoso sol no jardim.

Nunca Pura: Estudos Históricos de Ciência

como se Fora Produzida por Pessoas com

Corpos, Situadas no Tempo, no Espaço, na

Cultura e na Sociedade e Que Se

Empenham por Credibilidade e Autoridade.

Editora TRAÇO FINO Belo Horizonte MG

ISBN13 :9788580541106

Páginas: 543

Publicação:2013  1a Edição

Encadernação: BROCHURA

        O detentor do destaque principal desta terceira modalidade, há mais de dez anos, é o livro Nunca Pura, já assuntado neste blogue em pelo menos três vezes. Parece oportuno trazer a apreciada obra Steven Shapin, agora numa mirada como terceira modalidade de leitura, quando me deleito deste livro enquanto consumo em goles quase homeopáticos.

O livro tem mais de 550 páginas, das quais cerca de 150 são de notas. Mas não são notas de rodapé. Nem são de fim de capítulo. São notas de fim de livro. Estas duas últimas me desagradam, principalmente no fim do capítulo. São difíceis de localizar.

Parece oportuno fazer o ofertório de uma sobremesa: uma palhinha de Nunca Pura: “Os ensaios de Shapin reunidos neste livro incluem reflexões sobre as relações históricas entre ciência e senso comum, entre ciência e modernidade, e entre ciência e ordem moral. Exploram a relevância dos contextos físicos e sociais na construção do conhecimento científico, os métodos adequados para se entender a ciência historicamente, a dieta como um ponto instigante de investigação histórica, a identidade daqueles que fizeram o conhecimento científico, e os meios pelos quais a ciência adquiriu credibilidade e autoridade”. 

Steven Shapin argumenta que a ciência, para todos, esta imensa autoridade e poder, é e sempre foi um esforço humano, submetido às nossas capacidades e limites. Dito de outro modo, a ciência nunca foi pura. Os ensaios de Shapin coletados no livro incluem reflexões sobre as relações históricas entre a ciência e o senso comum, entre ciência e modernidade, bem como entre a ciência e a ordem moral.

Nunca Pura: Estudos Históricos de Ciência como se Fora Produzida por Pessoas com Corpos, Situadas no Tempo, no Espaço, na Cultura e na Sociedade e Que se Empenham por Credibilidade e Autoridade.Só este subtítulo (com estas maiúsculas desacertadas) já é quase uma súmula. Em que pese o tom coloquial do livro, é distante poder fazer uma resenha, mesmo porque tem 554 páginas das quais mais de um quarto (148) são de notas, das quais, muitas sumarentas.

Steven Shapin, em seu sumarento tratado acerca de estudos históricos da Ciência:  Nunca  pura traz narrativas excepcionais, mostrando o quanto e como os que fizeram/fazem a Ciência são seres humanos, logo esta não é uma produção incólume. Por tal, eu me atreveria rebatizar livro Nunca pura para “Maculada concepção” ou “Maculada conceição”. Aqui ouso -- de maneira respeitosa -- fazer um contraponto ao mais polêmico dos quatro dogmas marianos da igreja católica romana: Imaculada Conceição.

*** Refiro os quatro dogmas marianos numa sequenciação temporal: 1º dogna é da Antiguidade: Maria ser mãe de um Deus (Concílio de Niceia – 325); 2º dogma é do período medieval: virgindade perpétua (Concílio de Latrão – 649); 3º  dogma,  proclamado em 1854— o mais celebrado e o que tem mais destaque comemorativo -- este dogma decorre do pressuposto que os pais de Maria (Joaquim e Ana) a conceberam sem a mácula do pecado original, este que ferreteou a todos em consequência do pecado de Eva; 4º assunção de Maria aos céus com corpo e alma foi proclamado em  1º de novembro de 1950.  

Mas para instigar, um pouco mais, a imaginação de meus leitores trago a sinopse e o sumário do livro.

Sinopse Steven Shapin argumenta que a ciência, para todos esta imensa autoridade e poder, é e sempre foi um esforço humano, submetido às nossas capacidades e limites. Dito de outro modo, a ciência nunca foi pura. Os ensaios de Shapin coletados neste livro incluem reflexões sobre as relações históricas entre a ciência e o senso comum, entre ciência e modernidade, bem como entre a ciência e a ordem moral.

Sumário

1 Baixando o Tom na História da Ciência: Um Chamado Nobre

PARTE I - MÉTODOS E MÁXIMAS

2 O Amor de Cordélia: Credibilidade e os Estudos Sociais da Ciência

3 Como Ser Anticientífico

4 Ciência e Preconceito em Perspectiva Histórica

PARTE II - LUGARES E PRÁTICAS

5 A Casa da Experiência na Inglaterra do Século Dezessete

6 Bomba e Circunstância: A Tecnologia Literária de Robert Boyle

PARTE III - A PESSOA CIENTÍFICA

7 "A Mente é Seu Próprio Lugar”: Ciência e Solitude na Inglaterra do Século Dezessete

8 “Um Scholar e um Cavalheiro”: A Identidade Problemática

8 do Praticante Científico na Inglaterra do Século Dezessete

9 Quem Foi Robert Hooke?

10 Quem É o Cientista Industrial? Comentários da Sociologia Acadêmica e de Chão de Fábrica nos Estados Unidos, de cerca de 1900 a cerca de 1970

PARTE IV - O CORPO DE CONHECIMENTO E O CONHECIMENTO DO CORPO

11 O Filósofo e a Galinha: Sobre a Dietética do Conhecimento Descorporificado

12 Como Comer Como um Cavalheiro: Dieta e Ética na Inglaterra no Início da Era Moderna

PARTE V - O MUNDO DA CIÊNCIA E O MUNDO DO SENSO COMUM

13 Confiando em George Cheyne: Expertise Científica, Senso Comum e Autoridade Moral na Medicina de Dieta do Início do Século Dezoito

14 Economias Proverbiais: Como um Entendimento de Algumas Características Linguísticas e Sociais do Senso Comum Pode Lançar Luz sobre Corpos de Conhecimento de Prestígio Maior, A Ciência, por Exemplo

15 Descartes, o Doutor: Racionalismo e suas Terapias

PARTE VI - CIÊNCIA E MODERNIDADE

16 Ciência e o Mundo Moderno


sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

Um senso comum espraia um feriadão: OURO LÍQUIDO & UM FILÓSOFO IGNOTO

ANO 17*** 17/02/2023***EDIÇÃO 2071

Escrevo em um mega feriadão. Maior que nosso feriadão momesco, somente férias. Do entardecer de sexta-feira + sábado + domingo + segunda-feira + terça-feira + quarta-feira de cinza até o meio-dia é realmente uma mordomia. Esta se torna mais apetecível se nos dermos conta que nenhum dos seis dias citados é legalmente feriado. São dias similares a uma benesse muito apreciada nos falsos feriados ou pontos facultativos

A minha atenciosa leitora ou  meu estimado leitor já se deu conta que não ‘estou muito inspirado’ para este blogar de fevereiro. Mas o momento lembra o que está  em algumas páginas do primeiro capítulo do DAS DISCIPLINAS À INDISCIPLINA (Chassot, 2016, 27-54 pgs) onde se recorda que há pelo menos seis óculos com os quais podemos nos servir para olhar o mundo natural: os óculos do senso comum, do pensamento mágico, dos saberes primevos, dos mitos, da religião e da ciência. No primeiro dos seis óculos se discute exemplos de situações que envolve um senso comum. Quando se examina exemplos de senso comum, aflora um que tem a ver com nosso feriadão: No Brasil o ano começa de verdade na segunda-feira que sucede a semana de Carnaval”. Só me resta desejar a cada uma e cada um frutuoso feriadão. Nesse eu pretendo viver momentos de solitude. Há compartilhar nesta blogada o último findi, marcado pela saborosa companhia de minha filha Ana Lúcia, junto com Eduardo e seu trio: Guilherme, Felipe e Lucas Francisco.

Na sexta-feira dia 10/02, partimos para o RECANTO MAESTRO. Este está localizado entre as belas paisagens da Região Central do Rio Grande do Sul (a cerca de 20 km de Santa Maria) ​A área é alvo de litígio entre as prefeituras de São João do Polêsine, Restinga Seca e Silveira Martins, Existe o distrito de Recanto Maestro em São João do Polêsine e existe o distrito de Recanto Maestro em Restinga Sêca. Juntos estes dois distritos tem continuidade territorial e formam uma mesma identidade territorial. A localidade é famosa por abrigar vários condomínios de luxo e vários empreendimentos feitos pelo italiano Antonio Meneghetti. Esta região é um dos vários polos gaúchos promissores de cultivo de oliveiras, das quais se extrai o óleo (tido na região como ouro líquido). A região é, também um centro de educação universitária na área das Ciências Humanas.

Dividirei a concretização de antigo sonho nosso: conhecer o RECANTO MAESTRO -- em dois momentos : Ouro líquido e um ignoto filósofo. Um e outro destes dois tópicos demandaria -- para bem cumprir a proposta -- alguma páginas. Dos dois excertos deste blogar resumirei comentários destinado a catalisar a curiosidade de meus leitores para conhecer dois assuntos que me eram quase desconhecidos.

Destaco antes: Novo Parque Termal de água salgada com propriedades medicinais, que ocupa em toda sua extensão uma área de aproximadamente 150 hectares, tendo um amplo espaço verde que  qual é bastante utilizado para atividades ao ar livre, para relaxar a mente e o corpo. A estrutura para banhos possui 6 piscinas, sendo 4 de águas quentes e 2 de águas frias, além de 9 ofurôs de hidromassagem. Fonte termal é a nascente de água subterrânea naturalmente aquecida pelo calor interno da terra. Tendo água emergente a temperatura de 42ºC e mantidas nas piscinas internas e externas a mais de 38ºC.  Este complexo é denominado TERMAS ROMANAS numa evocação aos banhos públicos romanos que foram dos primeiros a usar banhos públicos.

O Ouro líquido é o óleo produzido das oliveiras cultivadas extensamente no Rio Grande do Sul e, especialmente, na região das Termas Romanas. Tivemos no sábado, 11/02, a oportunidade de participar da festiva celebração: a segunda safra de oliveiras nos seduziu. Assistimos muitas falas de prefeitos com destaque a de Roberto Argenta. Salve equívoco meu não foi mencionado neste evento o nome de Antonio Meneghetti

Na imagem minha filha Ana Lúcia e eu, numa foto

gentileza da senhora Magda de Santa Maria.


A oliveira (nome científico Olea europaea L.) é uma árvore da família das oleáceas. A oliveira produz azeitonas, que são usadas para fazer azeite. Tem pouca altura e tronco retorcido, sendo nativas da parte oriental do mar Mediterrâneo, bem como do norte do atual Irã no extremo sul do mar Cáspio. A árvore e seus frutos dão seu nome à família de plantas que também incluem espécies como o lilás e o jasmim. Seu nome provém do latim oliva, que por sua vez vem do grego λαία (eléa), em última análise a partir de grego micênico e-ra-wa (elaiva) ou óleo. De seus frutos, as azeitonas, os humanos no final do período neolítico aprenderam a extrair o azeite. Este óleo era empregado como unguento, combustível ou na alimentação, e por todas estas utilidades, tornou-se uma árvore venerada por diversos povos. Já os gregos, que possivelmente herdaram as técnicas de cultivo da oliveira dos minoicos, associavam a árvore à força e à vida. A oliveira é também citada na Bíblia em várias passagens, tanto a árvore, como seus frutos. A longevidade das oliveiras é grande. Estima-se que algumas das oliveiras presentes em Israel tenham mais de 2 500 anos de idade. Em Santa Iria de Azoia, Portugal, há uma oliveira com 2 850 anos.

Um ignoto filósofo. As biografias são dispares. Este primeiro paragrafo copiei de um Relatório da Fundação Antônio Meneghetti do ano 2021.

O acadêmico professor Antônio Meneghetti (1936 Itália-2013 Brasil) foi um cientista de rara formação, obteve quatro doutorados segundo os critérios clássicos de avaliação sendo Doutor em Filosofia e Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade São Tomás de Aquino (Roma), Doutor Teologia pela Pontifícia Universidade Lateranense (Roma), obteve o título Grand Doktor Nauk em Psicologia pela Suprema Comissão de Avaliação Interacadêmica da Federação Russa. Formalizou  nos últimos 50 anos a Ciência Ontopsicológica, a qual estuda o homem como ele se constitui, como funciona e o que precisa para se desemvolver e realizar se projeto como vencedor. Escreveu mais de 50 obras em sua maioria traduzidas para o inglês, português, espanhol, russo e chinês. Proferiu palestras e conferências por todo o mundo levando as descobertas e conhecimentos da ontopsicologia.

Trago a seguir um excerto da Wikipédia: ​Aos quatorze anos, em 1951, ingressou na Ordem dos Frades Menores Conventuais. Em 1961 foi ordenado sacerdote e, nos anos seguintes, obteve quatro doutorados: Filosofia, Teologia, Psicologia e Sociologia. Lecionou na Pontifícia Universidade Santo Tomás de Aquino, em Roma e, em 1972, sai formalmente da Igreja Católica.

Promoveu mais de 20 congressos internacionais de Ontopsicologia, obtendo apoio de algumas Universidades públicas e privadas da Rússia,​ ​da Ucrânia, da Itália e Brasil.​ ​Com o intuito de divulgar a ontopsicologia, criou diversos centros de formação.

Em 1981, foi acusado de embuste, usurpação de títulos e exercício ilegal de medicina. Por isso ficou preso por 30 dias, juntamente com cinco de seus colaboradores, e na sequência foram todos soltos por falta de provas. Em 1991, Meneghetti salvou-se de um naufrágio na Sardenha, em uma embarcação de sua propriedade, ocasião na qual faleceu a modelo e psicóloga italiana Marina Furlan. Foi por este fato condenado a 10 meses de reclusão por homicídio culposo.

Meneghetti morreu aos 77 anos em Faxinal do Soturno, RS, em 20 de maio de 2013, vítima de câncer no fígado​, doença que ele classificava como psicossomática, fácil de tratar e prometia curar em três sessões de ontopsicologia. A fim de perpetuar suas obras, criou três fundações, sendo uma no Brasil, outra na Rússia e a terceira, na Suíça. A Wikipédia registra como ocupação: artista, pseudocientista, psicoterapeuta

 Hoje a Antônio Meneghetti Faculdade anuncia Vestibular para 2023 para seis graduações de alto nível: Ontopsicologia, Ciências Contábeis, Direito, Sistemas de Informação, Pedagogia e Administração. Segundo informações que eu ouvi, verbalmente, os seis cursos têm alunos de vários locais do Brasil e do exterior. A Antônio Meneghetti é mantida pelo Centro Internacional de Arte e Cultura Humanista com o endereço Recanto Maestro Restinga Seca. RS 97200 000 Whats App  (55)99998 0696

Surpreendo-me -- sendo algo de minha área profissional -- eu nunca ouvira algo filósofo e nem de seu legado, que parece muito exitoso, mesmo há mais de 10 anos de seu óbito. 

Nesta data ** 17 de fevereiro ** em 1600, com 52  anos, Giordano Bruno foi levado à fogueira em Roma.