TRADUÇAO / TRANSLATE / TRADUCCIÓN

sábado, 30 de novembro de 2013

30.— ESCREVER: UMA AÇÃO SOLITÁRIA OU SOLIDÁRIA?

ANO
 8
em fase de transição
EDIÇÂO
 2607

As blogadas sabáticas, usualmente sabem a escritas e leituras. Neste novembro, que ora despedimos, o fantástico binômio escrita leitura esteve muito presente aqui.
Aliás, este binômio é o móvel principal de todas as blogadas. Os temas abordados se fazem de substratos para o desenvolvimento disto que tenho como das ações mais distinguidas que nos fazem pelos humanos.
De maneira muito frequente recebo convite para colaborar com textos coletivos. Tenho dificuldades de aceitar. Escrever em parceria é difícil para mim.
Já tentei responder aqui, mais de uma vez: Por que escrevo? Repito, não sou competente a reflexões psicanalíticas: mas ‘parece’ que eu me organizo internamente com o escrever. Talvez a ‘precisão’ de escrever na primeira pessoa do singular explica essa minha dificuldade de escrita coletiva.
Mantenho há mais de sete anos este blogue que até maio de 2013 era diário. Houve então uma tentativa de fazê-lo semanal. Não resisti mais de meio ano à abstinência. Uma vez mais, a periodicidade é (quase) diária, Talvez valha contar que tenho 30 volumes (desde 1983) de diários manuscritos — na acepção mais rigorosa do termo — sem faltar um só dia. Uma consequência desta produção que para mim: escrever não é uma tarefa solidária, mas solitária. Claro que esse solitário é no que se refere a produção. A interação com os leitores é algo muito solidário. Acompanhar, por exemplo, a origem de mais de 300 leitores diário de meu blogue é uma gostosa distração que presenteio a cada dia.
Reconheço que estou na contramão das produções escritas. Elas são cada vez mais coletivas. Exemplifico algo sobre essa nova tendência (não tão nova) de escrever coletivamente: “A revista Physical Review Letters publicou, em 1983, de meados de abril a meados de julho, 42 artigos, voltados para certos aspectos da Física das Partículas. Apenas cinco desses artigos levavam uma assinatura; onze foram elaborados por mais de dez estudiosos; nove foram redigidos por 20 a 25 pesquisadores; cinco foram preparados por equipes de mais 40 especialistas. Um dos artigos (v.51, n,3, de 18 de julho) tem 99 autores!” (HEGENBERG, 2002, p. 33)*. Ainda, uma curiosidade estes 99 autores são de mais 30 centros de pesquisa de pelo menos cinco países.
*HEGENBERG, Leônidas. Saber De e Saber Que: Alicerces da Racionalidade. Petrópolis: Vozes, 2002. ISBN 978-85-326-2632-5.
Surpreende-me o exemplo. Eu não sei envolver-me, numa coautoria assim. Talvez seja vaidade em querer aparecer sozinho. Aqui, um bom assunto para que eu refleti neste advento que se inicia.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

29.— OS GANHOS SIMBÓLICOS

ANO
 8
em fase de transição
EDIÇÂO
 2606

Parece quase senso comum: há profissões que não são para amealhar fortunas. Exerço minha opção profissional em uma destas. Deve ser dito que, todavia, não vivo franciscanamente; mesmo porque não nos é exigido votos de pobreza.
Há aqueles que laboram em equívocos quando, por exemplo, imaginam que nas viagens se ganhe muito dinheiro com palestras. Ledo engano. Não são raras as situações nas quais a diária que recebemos não cobre gastos com hotel, refeições, taxi etc.
Temos, porém, muitos ganhos simbólicos. Estes superam os ganhos materiais.
Nesta semana, grande parte de meus fazeres está sendo consumido em correção de avaliações. Algo maçante e muito pouco criativo. Tenho nas duas turmas de Teorias do Desenvolvimento Humano mais de 80 alunos, dos quais cada um produziu três textos e realizou uma prova escrita. Mas até nisso há gratificações. São muito frequentes recadinhos no final da prova que vão desde recomendações do tipo: “Policia-te! Muitas vezes te posicionaste muito cedo, inibindo aqueles de opiniões diferentes da tua!” até massageares como: “Melhor disciplina; devia ser obrigatória em todos os semestres do curso contigo como professor, mesmo que aparentemente não tenha nada a ver com a Música!”
Trago dois destaques destes dias que foram significativos para mim.
O primeiro: Uma postagem de Jonkacio de Melo (mestrando de Química da Universidade Federal de Roraima) no Facebook: Amanhã, encerramento da Semana de Química, [na UFRR, em Rio Branco] com apresentação do teatro de química, com a peça inspirada no artigo "Alquimiando a Química" de Attico Chassot. Depois da apresentação, o banquete servido a todos. Venham conferir. Local: Auditório do NPPGCT da UFRR. Às 17:00 horas. Este texto escrevi em 1995 e está publicado no v.1, n.1 de Química Nova na Escola. É emocionante, quase 20 anos depois um artigo merecer esta releitura.
O segundo: Participo hoje à tarde, via Skype, da defesa de
monografia de conclusão do curso de licenciatura em Química na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP. O trabalho de autoria de Naiara Tostes Cruz é orientado pela Profª Doutora Joana de Jesus Andrade e tem como tema: Para que mesmo se Ensina/Aprende Química? Fazendo uma análise do Ensino de Química pela perspectiva de Attico Chassot. Pode um professor ver reconhecido de maneira mais emocionante, quando vê no sumário de um texto de 43 páginas: REFERENCIAL TEÓRICO: 2.1–Porque Chassot?
Estes são nossos saborosos ganhos: nem tão simbólicos.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

28.— FATALIDADE: O QUE ISSO?

ANO
 8
em fase de transição
EDIÇÃO
 2604

A vida vai se construindo de vivências. Abrir uma blogada com uma afirmação tão óbvia, parece desvalorizar meus leitores. Quisera, todavia, fazer o contrário.
No filme “A Guerra do fogo” [JEAN-JACQUES ARNAUD (diretor, detentor do “Cesar’ de melhor diretor em 1981) /Roteiro de Anthoni Burgess (La Guerre du feu) Produção França e Canadá // 100 minutos // 1981 // Legendado em Português // Colorido // Com: Everett McGill, Rae Dawn Chong, Ron Perlman, Nameer El Kadi]* fazemos um mergulho no tempo em busca de uma das maiores conquistas da humanidade: o domínio do fogo. Filmado em paisagens da Escócia, Islândia, Canadá e Quênia este belo trabalho de Arnaud recria o mundo como talvez fosse há 80.000 anos. O filme apresenta, com mais informações, dois grupos de hominídeos de tempos imemoráveis: um que cultuava o fogo como algo sobrenatural e outro que dominava a tecnologia de fazer o fogo. Em termos de linguagem, o primeiro não está muito longe dos demais primatas, emitindo gritos e grunhidos quase na totalidade vocálicos. Há outros elementos culturais, como habitações e ritos, que denotam um maior grau de complexidade na cultura do segundo grupo em relação ao primeiro. Há um enfrentamento entre as duas tribos e se pode observar o surgimento da necessidade da comunicação.
* CHASSOT, Attico.; RIBEIRO, Vândiner. O fogo catalisador de guerras que já são milenares. In: Bernardo Jeferson de Oliveira. (Org.). História da Ciência no Cinema 2 - O retorno. 1 ed. Belo Horizonte: Argvmentvm, 2007, v. 2, p. 85-94. ISSN: 9788598885131
Por benesses do ofício já assisti este filme mais de uma dezena de vezes. Sempre me surpreendo com uma cena patética, talvez vivida por ancestral nosso: este, após roubar o objeto maior de uma guerra entre dois grupos e levar o troféu (um pedaço de madeira em combustão) para os seus, ao atravessar um rio, ainda não sabe que a água apaga o fogo; ao molhar sua presa, se esvai sua conquista.
Que aprendizado valioso houve então. Justificada está minha óbvia frase vestibular. Estamos sempre aprendendo.
Há poucos dias (mais precisamente no último dia 12: um desconcerto meteorológico) contei aqui uma experiência de trauma. Quando ante a uma chuvarada diluviana revivi o pânico de uma possível inundação de minha casa, como a que eu sofrera em 20 de fevereiro.
Hoje falo de fatalidade. Cada uma e cada um já viveu fatalidades. Esta semana a justiça arquivou um processo contra a prefeitura de Porto Alegre, em ação movida por morte de uma pessoa, motivada por queda de uma árvore, em parque público. Argumento: foi uma fatalidade, pois externamente não se podia inferir que a árvore estava frágil. Se a vítima, em sua caminhada, tivesse passado um minuto antes ou um minuto depois, não teria sofrido morte fatalista. Aqui um comentário: diferente do senso comum, fatalidade não resulta, necessariamente, em morte. Pode-se considerar uma fatalidade uma ação que ocorre ferindo a nossa liberdade, ou ainda, uma ação fortuita (= fugaz, inesperada) que determina consequências indesejadas. Se alguém, sem o desejar, fecha a porta de sua casa, sem ter a chave, pode ser uma fatalidade. Não é se a pessoa tem fácil acesso a uma cópia da chave.
Vivi, por sete dias, consequências de uma fatalidade. Uma desatenção de um segundo foi fatal por uma semana.
Na última quinta-feira, às 14h, deixei o hotel em Divinópolis. Às 17h, ao fazer o check-in em Confins, a sacola que portara comigo, durante as três horas de viagem, pareceu-me mais leve que o usual. Apalpei-a; tudo parecia certo. Escolhi um lugar para passar 4 horas até o embarque. Tinha textos a revisar. Abro a sacola: o notebook não estava.
Ligo para hotel, sonhando com um hóspede que pudesse estar deixando o hotel e trazer minha preciosa ferramenta de trabalho. Nada. Recebo do gerente a promessa de envio por correio.
Desde então, até à tarde de ontem, rememorei a cada instante, aquele segundo fatal, que não prestei atenção ao deixar o apartamento. Foram sete dias complicados, buscando alternativas marcada pela (des)ilusão que o meu notebook devia estar chegando.
Além de queridas solidariedades tive um lance de muita sorte (talvez, antônimo de fatalidade). Avisara o porteiro de minha espera. Isto foi decisivo para que, na tarde de ontem, ele tivesse despertada sua atenção a um papelucho roto, quase ilegível que anunciava que deveria ir a determinada agencia postal e pagar R$ 81,50 para reaver um dos meus bens materiais mais preciosos.
Sei que há fatalidades e fatalidades. A minha poderá ser classificada como uma fatalidadezinha. Mas, foi sentida e me amargou uma semana. E, assim como meu ancestral remoto aprendeu que a água apaga o fogo... eu aprendi muito em decorrência de um instante de desatenção. 

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

27.— POR UMA SEGURANÇA DO TRABALHO MAIS SEGURA

ANO
 8
em fase de transição
EDIÇÃO
 2603

Hoje o blogue celebra um livro. A ação é das mais nobres nos fazeres dos humanos e objeto da celebração é dos mais distintos entre os artefatos culturais da contemporaneidade. Há um saber primevo (discutível) que diz que nos tornamos homens plenos quando temos um filho, plantamos uma árvore e escrevemos um livro.
Hoje em Esteio e amanhã em Porto Alegre, Jairo Brasil, que já tem uma filha muito querida, plantou várias árvores, autografa GUIA DO TÉCNICO DE SEGURANÇA DO TRABALHO: Uma proposta de metodologia da rotina. Os convites para as celebrações das primícias ilustram esta edição.
O livro, acaba de ser publicado (Novembro de 2013) pela LTr Editora de São Paulo tem 109 p (278 x 210 x 6 mm) ISBN 978-85-361-2714-9. A obra é profusamente ilustrada pelo artista plástico Rice Araujo, especializado na comunicação gráfica; ele acompanhou a construção capítulo por capítulo.
Este livro — que também aborda com muita propriedade a história (da segurança) do trabalho, inspirado particularmente em O Capital de Karl Marx, — tem como objetivo maior garantir que mulheres e homens que vendem a sua força de trabalho ao capital, que não raro explora ao trabalhador — mereçam por primeiro fazê-lo com dignidade. E esta se faz com cada vez melhores condições de um trabalho seguro.
Mas, o livro vai muito além de saborosas reminiscências à história da segurança. Há os melhores acepipes a degustar: a importância do Português e da Matemática para o trabalhador. O significado de navegar na Internet e as redes sociais, as ações de planejamento, o tratamento de dados, relacionamentos interpessoais incluindo a ‘radio peão’. Vale a pena ver quanto é importante fazer mais segura a segurança do trabalho.
Vemos, no percurso de cada capítulo que o Jairo traz com este livro as suas/ as minhas / as nossas utopias: da importância de que cada mulher e cada homem ao assumir a situação de trabalhador não apenas viva a dignidade profissional de merecer segurança, mas possa realizar seu fazer transformações de fábricas em lugares de crescimento mútuo e realização pessoal. Sim! Sonhos podem transmutar-se em realidades.
O que está contido neste Guia procura colaborar para que cada uma e cada um possa munir-se de ferramentas — aqui usada em duas acepções: uma, real (artefatos, produtos da Ciência e da Tecnologia) e outra, metafórica (mentefatos culturais entre os quais a segurança se faz ícone) para enfrentarmos os obstáculos do cotidiano, na busca de uma fábrica onde os trabalhadores sejam, acima de tudo, felizes por laborarem com segurança na transformação de suas energias em bens materiais.
Ao questionar o convite que recebi para fazer o prefácio deste livro, dizia que na área de Segurança do Trabalho sou um alienígena, mas conheço o autor deste livro que ora celebro aqui, desde 2006. Não apenas colaborei para o Professor Jairo ascender nos degraus acadêmicos, mas nesta ação fiz um amigo — não no modelo volátil e efêmero dos ‘facefriends’, este atual modismo empanturrante — leal e sábio. Mesmo cessada a relação orientador orientando, a nossa amizade se adensa e me enriquece. Assim, meu aval a esta obra se faz por reconhecer no autor deste livro um professor competente com expertise no tema desta obra.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

26.— ACERCA DE MEUS NÃO LEITORES

ANO
 8
em fase de transição
EDIÇÃO
 2602

Hoje a escrita é sobre os outros. Falo daqueles que não são de nossa tribo. Assim, falo daqueles que não me leem. Comento sobre aquelas e aqueles que, ainda, pertencem ao MS@ [Movimento dos sem arroba (sem um endereço eletrônico pessoal)].
Zigmunt Bauman afirma, com razoável propriedade, que hoje o que distingue pobres dos ricos (países ou pessoas) é o acesso ao conhecimento. Pertencer ao MS@ é ~~ simbolicamente, ser um desconectado da rede, pois sei que para muitos o correio eletrônico já é algo ‘velho’ ~~ a meu juízo, estar excluído do acesso ao conhecimento.
Eu, que tenho como objetivo fazer inclusão, cometo exclusões quando, em uma palestra ofereço os slides da apresentação e digo: “Basta que me envie um correio eletrônico. Para quem, ainda, pertence ao MS@ esclareço que não imprimirei as lâminas, para envelopá-las e ir a uma agência de correio para postá-las.
E quanto são os desconectados, por exemplo, no Brasil? Apesar
de iniciativas de inclusão, metade do país segue off-line. IBGE diz que 50,9% não usam internet; governo quer todas as cidades com banda larga a R$ 35 até o fim do ano que vem. Estas considerações estão na contramão dos nativos digitais que comentei aqui no sábado.
O PNBL (Programa Nacional de Banda Larga), do governo federal, determina que todas as cidades do Brasil tenham conexão com velocidade de 1 Mbps oferecida a R$ 35 até o fim de 2014.
A UIT (União Internacional de Telecomunicações) chama de banda larga as conexões com 1,5 Mbps ou mais. Mas a velocidade não é o maior dos problemas.
Vivem sem Google, sem Facebook e sem Wikipédia 86 milhões de brasileiros com 10 anos ou mais, ou 49,1% de um total de 169 milhões de pessoas nessa faixa etária, segundo dados do IBGE do fim do ano passado.
São pessoas pobres, "analfabetos digitais" ou que vivem em lugares isolados. "A exclusão digital segue a mesma lógica da exclusão social", diz a secretária de inclusão digital do Ministério das Comunicações, Lygia Pupatto, no caderno TEC da Folha de S. Paulo desta segunda-feira. "Temos déficit maior nas classes C, D e E, e as regiões com maior demanda são Norte e Nordeste."
Em 2011, a parcela dos que já estavam on-line era de 46,7%, o que significa que o país pode ter mais da metade conectada. Segundo a UIT, a fatia é de 95% na Noruega, de 81% nos EUA, de 56% na Argentina e de 42% na China.
(AINDA) FORA DA REDE
Há 4,3 bilhões de pessoas vivendo off-line, segundo a estimativa da UIT (União Internacional de Telecomunicações), órgão que faz parte da ONU. Isso representa 61,2% da população mundial.
Para levar a internet a esse contingente (e faturar com isso), o Facebook e o Google anunciaram que estão trabalhando em ambiciosos projetos de inclusão digital.
Com o Loon, o Google diz que levará internet para áreas remotas ou devastadas usando balões equipados com antenas de radiofrequência, com velocidade comparável à do 3G, segundo a empresa.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

25.— UMA (A)MOSTRA DO ENSINO MÉDIO POLITÉCNICO

ANO
 8
em fase de transição
EDIÇÃO
 2601
A semana que despede novembro se anuncia prenhe de atividades, mesmo que nesta não haja viagens. A segunda-feira dá um pouco da intensidade da mesma.
Hoje à noite (como também, amanhã à noite), no 18º encontro de Teorias do Desenvolvimento Humano haverá elaborada sessão de avaliação. Ao final desta tarde, participo de defesa de Trabalho de Conclusão no curso de Psicologia no Centro Universitário Metodista do IPA, de Daiane Göhl, que orientada pela Profa. Dra. Luciane Carniel Wagner, analisa ‘A morte do pai: produções contemporâneas da paternidade’. Fiquei distinguido com o convite e foi frutuoso preparar-me para esta defesa.
Mas, minha atividade mais envolvente hoje deve ocorrer durante a parte da manhã. Atendo ao honroso convite que está ao lado. Minha presença em tão distinguida participação no Instituto Estadual de Educação Paulo da Gama, deve-se a amizade do Prof. Guy Barros Barcellos que neste 2013, em dois momentos, levou-me para falar sobre Ciências a estudantes do ensino fundamental e do ensino médio.
Nesta manhã, em minha fala pretende destacar os significativos trabalhos selecionados (na foto ao lado) para a mostra, que podem ser vistos na tabela que está adiante, acompanhados da comissão científica que examina as produções.
Nestas considerações espero dar ênfase a três pontos:
O primeiro: como a presença de um professor que está a menos de um ano rede pública transforma uma sala de depósito em uma sala ambiente de Ciências, com microscópio, lousa digital, coleção de fósseis e moluscos, coleção de rochas, vidrarias de laboratório. Professor e alunos construíram um diorama de sistema solar suspenso no fundo da sala, galáxias e um aquaterrário. 
O segundo, o quanto esta Ciência, que facilita a leitura do mundo natural não é o único mentefato cultural que temos a disposição e não é necessariamente, o melhor.
No terceiro, registro que mesmo que abomine a distinção entre Ciência hard e Ciência soft, uma mostra que se faz valorizada por ter adjetivo científico, não pode apenas contemplar pesquisas envolvendo as ditas Ciências duras, como se pode observar nos 25 trabalhos listados a seguir.
AVALIADOR
          TRABALHOS        
Prof.  Dr.     Rafael         Caceres         (UFCSPA)     Químico,         Mestre         em Genética Biologia       Molecular    Doutor         em Medicina
§ Bioinformática   
§ Cristais     e        Biologia Molecular
§ Teste        de      pH     com         reagente     
Profª  Dra.   Tatiana       Camargo         (PUCRS)       Bióloga        , Mestre em   Educação     em Ciências,  Doutora em     Educação
§ Cor  dos    olhos
§ Biologia    no      centro         da         Terra
§ Formação  da      Terra
Profª  Me.    Bete   Madruga         (PUCRS), Matemática         Mestre         em     Educação         em     Ciências      e         Matemática
§ A     biologia       da      dança
§ O     sincronismo do      corpo e a         música
§ Plantas      carnívoras
Profª  Me.    Adriana  Breda (PUCRS), Matemática, Mestre   em         Educação     em     Ciências e         Matemática
§ Seres        mitológicos: ficção e realidade
§ Evolução   dos    Mamíferos
Marcelo                Rigoli (PUCRS)         Psicólogo
§ Conhecendo        a        Biologia Forense      
§ A     Ciência        do      filme         Jurassic       Park
§ Processo   de produção do pão
Marcos        Vidor (UFRGS)         Médico       
§ Escavação de      fósseis        
§ Processos  bioquímicos da panificação
Prof.  Rogério       Trindade         (PUCRS)       Biólogo       

§ Maionese   e        Cozinha Molecular
§ Fósseis      e        Evolução
Prof.  Josoé Borba (ULBRA)         Químico
§ Produção   de      perfumes    
§ Produção   de      cosméticos 
§ Produção   de      sabonete líquido e gel
Profª  Me.    Cíntia Fick   (PUCRS)         Matemática, Mestre        em Educação     em     Ciências      e Matemática
§ Utilizando um     microscópio         óptico
 § Conhecendo       o        sistema         digestório
Frederico    Manica        (Editora         5        Continentes)
 Engenheiro mecatrônico
§ Simuladores        de      voo    e Aeronáutica
§ Segurança nos    esportes radicais


Vale muito registrar que esta mostra traduz uma muito bem sucedida produção do ensino médio marcada pela proposta da politecnia. Por tal me encanta estar esta manhã na 1ª Mostra Científica do Ensino Médio Politécnico.

domingo, 24 de novembro de 2013

24.— SOBRE DATAS FERRETEADAS


ANO
 8
em fase de transição
EDIÇÃO
 2600

Há datas marcadas no imaginário coletivo: assim, muito provavelmente, cada um de meus leitores recorda o que fazia em 11 de setembro de 2001, quanto ocorriam ataques ao WTC. Nesta sexta-feira, por exemplo, fomos lembrados dos 50 anos da morte de JF Kennedy. Eu me recordo que naquele 22 de novembro de 1963, já quase ao término de meu 3º ano de magistério, estava em aula no Colégio São José em S. Leopoldo.
Há as datas que são muito pessoais. Quando evocadas trazem emoções muito particulares. Estas estão fortemente ferreteadas no imaginário particular, que sempre que memoradas nos lembram algo muito especial.
24 de novembro, talvez, seja uma das datas mais fortes para mim. Hoje meu irmão Sirne faria 73 anos. Nós éramos cinco irmãos e duas irmãs. Havia também uma natimorta, seria a terceira na sequência de filhos. Eu era o mais velho. O Sirne, um ano e 18 dias mais novo que eu. Como eu era mais frágil (fora asmático) nos nossos primeiros anos, muitas vezes passamos por gêmeos. Eles chegaram como um casal, após a menina antes referida. Nas brigas entre irmãos eu sempre perdia para o Sirne; mas naquelas com os outros guris da nossa rua, eu sempre tinha nele um defensor ao meu lado.
Só entrei para a Escola em 1947, ainda em Estação Jacuí, onde nascera, quando já tinha completado sete anos. O pretexto foi ‘esperar’ a idade de escolarização de meu irmão Sirne, para irmos juntos.
A partir de setembro de meu primeiro ano escolar, passamos a estudar no Colégio S. José, em Montenegro. No período do São José, provavelmente em 1948, o Sirne e eu fizemos a Primeira Comunhão – o mais significativo (ou pelo menos, o primeiro e mais memorável) ritual de iniciação para aqueles de fé católica, evento acontecido na igreja matriz de então.
 Lembro-me bastante das aulas de catequese, onde decorávamos o catecismo e éramos amedrontados com o fogo do inferno às mais pequenas faltas. Não faltaram histórias acerca do menino bom, que ia todos os domingos a missa e que um domingo foi pescar sem ir à missa e caindo n’água afogou-se e foi para o inferno por toda a eternidade. As metáforas para descrever a eternidade eram formidáveis: 
se um passarinho de 100 em 100 anos vier afiar seu bico no Morro São João, que ficava visível da igreja, quando este ficar completamente gasto pela ação do pássaro, não terá passado um segundo da eternidade. Não sei se morro recebeu desde então diminuição por afiar bico de pássaros.
Da Primeira Comunhão é significativa a lembrança do quanto era importante o absoluto jejum eucarístico. Depois da meia noite até a hora da missa não poderia ser consumido nem sequer uma gota de água. A escovação de dentes era desrecomendada se não se pudesse garantir que alguma gota de água pudesse ser ingerida. Recordo que as talhas de barro do pátio do colégio, usadas como bebedouros, eram esvaziadas, pois um dia, um menino que tinha se preparado durante meses para o grande momento de seu encontro com Jesus, tomou um pouco de água e não pode comungar.
Isto apenas um fiapo de possíveis tessituras de lembranças de minha infância. Lamento que o Sirne, dotado de uma memória privilegiadíssima, por muito tempo melhor (e quase, exclusiva) fonte para minhas curiosidades dos tempos de criança e adolescência, não esteja mais por aqui. Ele morreu em 2002, enquanto eu morava em Madrid, para pós-doutoramento. Não ter participado, mais de perto, de sua partida parece potencializar a saudade.
Assim em mais um 24 de novembro peço a meus leitores trazer a uma edição dominical algo tão pessoal. Para ele minha saudade e a cada uma e cada um de meus leitores a curtição do último domingo de novembro.