Boa Vista Ano 5 # 1580 |
Chegamos ao fim de novembro. Encontro-me na região mais Brasil setentrional aonde convivo com (dis)semelhanças no meu ser professor. As semelhanças estão marcadas pelo encontro de pessoas com uma fantástica vontade de aprender, ou melhor, serem ainda mais capazes na formação de mulheres e homens mais críticos. Isto é encantador. As dissemelhanças visivelmente traduzidas por maiores precariedades no ensino de Ciências, especialmente na formação dos formadores de docente. Isto é desafiador.
Esta postagem tem mais um ineditismo em minha história pessoal. Ela ocorre entre duas entrevistas televisivas. Na minha história há um número pequeno intervenções neste tipo de mídia. Hoje às 5h45min (sim! O horário está certo!) o prof. Luiz veio buscar-me no hotel para uma entrevista ao vivo para telejornal Bom dia Amazônia da afiliada da TV Globo em Roraima. A razão do horário é devido a necessidade de sincronizações com o fuso de outros estados da região amazônica onde passa o mesmo noticioso e também pelo fato de na região Norte o os jornais locais entrarem no ar depois do Bom dia Brasil. Às 9h, volto a outra televisão: Televisão Educativa, para nova entrevista, então em companhia de minha ex-orientanda Prof. Dra. Irene Cristina de Melo, da UFMT, com que estive em Cuiabá há uma semana. Leitores poderão dizer, ante a tão densa programação midiática que ‘em terra de cegos, quem tem um olho é rei’. Não discordo.
A entrevista foi tranquila. A Cleise tinha bem preparada a pauta. Para mim não muito familiarizado a estúdios, foi significativo conhecer bastidores e com cenários transformam realidades.
Trago mais algum relato de minhas primeiras horas em Boa Vista. Pela manhã, depois da maratona de 12 horas para chegar aqui, com 35 horas de atraso (que contei ontem) postei a edição 1570B. Após um pequeno descansar, recebi a visita no hotel da Professora Elizabete de Morais Silva e a Médica Veterinária Carla Soares. Elas vieram convidar-me para fazer uma palestra na próxima quarta-feira na Semana Municipal de Educação para a Igualdade. A Carla presenteou-me com o livro “Um passeio no Zoológico” de sua autoria e já programou uma visitação ao Zoo para que veja um trabalho que faz com crianças que dependem de necessidades especiais. Também aditei algo inédito: visitei sua clínica. Esta foi a primeira vez que estive numa clínica veterinária, sendo que a que visitei se assemelha aos mais bonitos consultórios pediátricos que conheço.
A Bete e Carla, trouxeram-me, de uma maneira muito querida, sugestões de passeios. Alguns eu pude aceitar, completando uma agenda até o meio-dia de sexta-feira, quando começo a voltar. A sugestão que mais me seduziu – uma visita à Santa Elena de Uairén, uma cidade venezuelana, de colonização espanhola, que está a 2,5 horas daqui – talvez deva deixar para um outro momento, tal a intensidade da programação no 1º Workshop de Ensino em Química de Roraima e também a paralela.
Ao meio dia com um grupo de colegas saboreamos especialidades do rio Branco na Peixaria Oscar. Em seguida fui ao moderno campus da jovem Universidade Federal de Roraima. A UFRR não foge a regra de outras Federais que tenho estado: é verdadeiro canteiro de obras, que traduz pujança e expansão.
Minha primeira atividade da tarde foram duas das 8 horas do minicurso no “A História e a Filosofia da Ciência catalisando ações transdisciplinares” no recém-inaugurado auditório Hydros (Petrobrás) onde a projeção se faz em uma mega-tela de plasma. Há cerca de 30 inscritos no curso, onde se incluem licenciandos, professores de ensino fundamental, médio e superior. Foi mais uma vez encontro com meus leitores. A professora Ednalva, pró-Reitora de Graduação, que assiste o curso contou-me que há muitos anos meus textos são referência em suas aulas e que em 2001 fora escolhido patrono de uma turma de licenciandos em Química, algo que só soube ontem.
À noite, no moderno auditório do Núcleo de Biotecnologias – PRONAT da UFRR houve a abertura oficial do 1º WEQR realização da Divisão Regional da Sociedade Brasileira de Química. Coube-me fazer a conferência de abertura: A Ciência é Masculina? É, sim senhora!”. Foi muito bom estar em auditório muito atento e também autografar exemplares de meus livros.
Após a minha palestra assisti a mesa-redonda “Qual o professor de Química que Roraima precisa?” com as participações das Professoras Irene Cristina de Mello (UFMT); Ednalva Dantas Rodrigues (UFRR) e Josimara Cristina Carvalho de Oliveira (UERR. Esta atividade se estendeu até 22h30min, que para mim, biologicamente já era terça-feira.
Após com um grupo de colegas fomos outra peixaria, para mais uma vez comer dos pratos típicos locais, a base de peixe.
Nos meus deslocamentos – gentilmente realizados pela Ana, e eu dizia do privilégio de ter uma professora da UERR como motorista – já tive oportunidade de sentir um pouco das belezas de Boa Vista, capital e o município mais populoso do estado brasileiro de Roraima. Concentrando aproximadamente dois terços dos roraimenses, situa-se na margem direita do rio Branco. Moderna, a cidade destaca-se entre as capitais da Amazônia pelo traçado urbano organizado de forma radial, planejado no período entre 1944 e 1946, lembrando um leque, em alusão às ruas de Paris, na França, pois as principais avenidas do Centro da cidade convergem para a Praça do Centro Cívico Joaquim Nabuco, onde se concentram as sedes dos três poderes — Legislativo, Judiciário e Executivo. Além de pontos culturais (teatros e palácios), hotéis, bancos, correios e catedrais religiosas. Não há prédios altos nas largas e urbanizadas avenidas.
Ainda, nas três próximas três edições boa-vistenses conto mais da cidade. Por ora, com limitações internéticas uma boa terça-feira, neste advento de dezembro. Lemo-nos amanhã, ainda nos calores amazônicos.