TRADUÇAO / TRANSLATE / TRADUCCIÓN

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

31.- MAIS UMA VEZ NO ESPIRITO SANTO



Ano 7***       VITÓRIA – ES        ***Edição 2221
Minha quinta-feira — que começou em trânsito entre Santa Cruz do Sul e Porto Alegre —, terminou chegando, depois de uma escala em Guarulhos, quase meia noite em Vitória, no Espirito Santo, onde era atenciosamente esperado pelos Professores Antônio Donizetti e Sidney Quesada. Quando consegui acesso ao aparetamento já era sexta-feira.
Esta é apenas a segunda vez que venho a Vitória. A primeira foi em 12 de novembro de 2009 para participar do II Encontro Capixaba de Química UFES e IF-ES.
Agora, é para participar nesta manhã como palestrante na I Jornada Científica em Educação em Ciências e Matemática (I JECIM). O tema escolhido pelos organizadores : "Das disciplinas à indisciplina: caminho ao inverso para a leitura do 'mundo real'". O I JECIM é um evento que ocorre junto com o II Workshop de Ciência e Tecnologia em Engenharia Metalúrgica e de Materiais do Propemm – IFES e com a Semana da Pós-Graduação do IFES Campus Vitória.
Nestas minhas viagens sempre tenho a pretensão de de fazer de meus companheiros um pouco viajores comigo, eis porque adito aqui algumas curiosidades acerca da capital de onde hoje é postado este blogue.
Vitória é uma das três ilhas-capitais do Brasil (as outras são Florianópolis e São Luís). Está localizada na Região Sudeste e limita-se ao norte com o município da Serra, ao sul com Vila Velha, a leste com o Oceano Atlântico e a oeste com Cariacica.
Com uma população é cerca de 350 mil habitantes e é a quarta mais populosa do estado (atrás dos municípios limítrofes de sua região metropolitana: Vila Velha, Serra e Cariacica).
Vitória é cercada pela Baía de Vitória, é uma ilha de tipo fluviomarinho. Além da ilha principal, Vitória, fazem parte do município outras 34 ilhas e uma porção continental. Originalmente eram 50 ilhas, muitas das quais foram agregadas por meio de aterro à ilha maior.
Entre as capitais do Brasil, Vitória possui o 3° melhor IDH e o maior PIB per capita.
Vitória possui dois grandes portos, o Porto de Vitória e o Porto de Tubarão. Esses portos fazem parte do maior complexo portuário do Brasil, que inclui vários portos do estado, e são considerados os melhores (em qualidade) do Brasil.
A cidade administra a Ilha de Trindade e a Ilha de Martim Vaz, a 1100 km da costa, que são importantes bases meteorológicas por causa de sua posição estratégica, em área de dispersão de massas de ar.
Agora, a próxima blogada será quando setembro vier... e que venha primaveril!

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

30.- DEPOIS DE UMA NOITE DE FRUIÇÃO INTELECTUAL


Ano 7*** www.professorchassot.pro.br ***Edição 2220
Esta quinta-feira — que para mim terminará em Vitória, no Espirito Santo — já tinha mais de 1 hora quando cheguei à Morada dos Afagos, procedente de Santa Cruz do Sul. Vivi uma noite inebriante na oitiva de Antonio Skármeta.
 A materialização é um exemplar de um exemplar de “O Carteiro e o Poeta” com uma dedicatória. Comprei também o último livro “O dia em que a Poesia derrotou um Ditador” lançado no Brasil esta semana. Mas da fruída noite e dos livros postergo comentários para o sábado quando aqui se fala de leituras.
O painel ‘Ciência e ficção científica’ foi bom. Houve uma desvantagem pois o local não colaborou. Um grande toldo de lona, como cobertura em meio uma praça aberta com dezenas de crianças promovendo uma algaravia. Adite-se a isso uma temperatura enregelante. Meu texto escrito, cuja terceira parte transcrevo abaixo não teve um bom cenário para acolhê-lo.
Preciso registrar dois destaques: reencontrei minha ex-aluna Adriana Rossi, uma paleontóloga doutora em palinologia, que é professora na UNISC e que eu há muito não via. Foi muito mitigar um pouco de saudades de um curso que já tem décadas de passado e é ainda gostosamente evocado. Outra referência das horas no vale do Rio Pardo foram as continuadas atenções do Iuri João de Azevedo, da Pró-reitoria de Extensão da UNISC, que foram desde a chegada na Rodoviária às 15h30min ao embarque às 22h30min.
Completo esta blogada, com a transcrição da parte final de minha fala. Que mesmo tendo como cenário a mais famosa catedral gótica do Rio Grande do Sul, não teve as iras do céu.
Aqui e agora ouso: passo a considerar diferentes passagens tanto do Antigo como do Novo Testamento como textos que se constituem como seminais de uma genuína e muito preciosa ficção científica. Isto é tão sintomático que há ortodoxos que não os põem em dúvidas, são sólidas verdades. Houve até alguns por descrê-los que foram levados a fogueira ou condenados ao silêncio perpétuo como Hipácia, Bruno e Galileu. Em oposição há aqueles que fazem desta ficção científica texto de cunho científico como, por exemplo, nas muitas discutidas datações da idade da Terra. Assim, para saber o momento da criação, ou, dito de outra forma, a idade da Terra, bastava somar as idades dos patriarcas. Esta tarefa, complexa devido às lacunas e contradições entre os testamentos, foi efetivamente realizada pelo bispo de Usher, em 1650: Deus criou a Terra no dia 26 de outubro do ano 4004 a.C. (MOORE, R. 1956. The Earth we live on. Alfred A. Knopf, New York, 310 pp.).
Há os que vivem estes textos quase em delírios, como um dos cientistas brasileiros mais importante: ele diz ver nas moléculas do barro que Deus moldou Adão as impressões digitais do Criador: “Em todas as moléculas vemos ‘a mão e a mente’ de nosso Criador. [...] Por isso, sabemos que não há no Céu e não há na Terra Deus como o Senhor!”
Assim para textos que se diz ser ‘a palavra de Deus’, ‘relatos sagrados’, textos científicos’ acrescento outra leitura: ‘peças de ficção científica’. Poderia trazer uma extensa exemplificação. Restrinjo-me a três de cada um dos testamentos. Também vou apenas citá-las de memória sem detalhá-la — pois estão no imaginário de cada uma e cada um — e muito menos preciso referir a fonte. Esta é sabida de todos.
Assim, serve de exemplo, no Antigo Testamento:
1.  a cosmogonia com o magnifico relato da criação em seis dias especialmente da criação do homem a partir de um boneco de barro e o relato de uma primeira clonagem, quando da criação da mulher.
2.  a construção da arca e o alojamento e a alimentação dos amimais na arca com divisões para os de clima equatorial e os de clima polar e os cuidados para não autodevoração dos casais selecionados.
3.  (e há tantos para preencher este posto, mas fico com que muito me encucou na minha infância) a estada de Jonas dentro da baleia. Segundo o relato bíblico, durante a viagem acontece uma violenta tempestade. Esta só acaba quando Jonas é lançado ao mar. Ele é engolido por um "grande peixe [em grego këtos]" (Jonas 1:17) e no seu estômago, passa três dias e três noites. Sentindo como se estivesse sepultado, nesta situação arrependido reconsidera a sua decisão. Tendo se arrependido, é vomitado pelo "grande peixe" numa praia e segue rumo para Nínive.
Do Novo Testamento, há muitos, mas seleciono, também, apenas três:
1.  A fecundação de uma virgem, por um emissário celeste, seguida de uma gravidez e um parto onde a virgindade não é perdida.
2.  A transformação da água em vinho e a multiplicação dos pães e dos peixes.
3.  (aqui quisera analisar a beleza de textos reconhecidos pelos evangelistas como ficcionais como as parábolas e destas me encantam especialmente três: a do filho pródigo / do bom pastor / da dracma perdida. Mas como poderia ser não consideradas ‘ficção cientifica, escolho outro para terceiro) A ressureição de Lázaro.
Assim como, por exemplo, uma mesma verdade tem leituras diferentes para distintas denominações religiosas — o simbolismo do pão e do vinho na Eucaristia católica tem diferente significado na liturgia luterana e esta tem significado diferente na metodista — quando uso os óculos da Ciência, ao ler alguns textos bíblicos como metafóricos ou como ficção científica, não impede, lê-los com óculos da fé e crê-los como a verdade inspirada por uma divindade.
Isto posto, parece que não fugi do tema, uso a Ciência, para ler alguns textos ditos inspirados, e os vejo como ficções cientificas, sendo está uma direção para dialogar nesse painel. 

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

29.- FICÇÃO CIENTIFICA & TEXTOS (DITOS) SAGRADOS



Ano 7*** www.professorchassot.pro.br ***Edição 2219
Ontem, contei aqui, que nesta quarta-feira, à tarde devo ir a Santa Cruz do Sul, para participar de sua 25ª Feira do Livro. Falo em um painel: Ficção Científica e Ciência. Faço, com a parte dois de minha fala desta tarde esta blogada. Ela complementa o segmento trazido ontem, que falava nos longevos sonhos de voar.
Talvez, ficção e realidade se fundam em um desejo longevo dos humanos. Os sonhos primevos de voar da humanidade, numa leitura Ocidental se iniciaram, na mitologia grega, com Ícaro — com sua audácia em ousar nos planos estabelecido pelo pai de Ícaro, Dédalo, um talentoso e destacado artesão ateniense. Tentou deixar o seu exílio na ilha de Creta, onde ele e o seu filho estavam presos nas mãos de Minos, o rei para o qual ele havia construído o Labirinto para confinar o minotauro (metade homem, metade touro). Dédalo, o artesão-chefe, estava exilado porque deu à filha de Minos, Ariadne, um novelo de linha para ajudar Teseu, um inimigo de Minos, a sobreviver ao Labirinto e derrotar o minotauro.
Dédalo confeccionou dois pares de asas, usando penas de gaivotas e cera de abelha, para ele e para seu filho. Antes de deixarem a ilha, Dédalo avisou ao seu filho não voar próximo ao sol, pois o calor derreteria a cera, nem tão rente ao mar, pois a umidade deixaria as asas mais pesadas levando-o a cair no mar. Graças à enorme liberdade que o voar deu a Ícaro, este cruzou o céu, mas, não se limitou a uma trajetória mediana e com audácia se aproximou do sol, que derreteu a cera. Ícaro se manteve batendo as asas, mas logo se deu conta que já não lhe sobrava qualquer pena e que ele estava batendo apenas os seus próprios braços. E assim, Ícaro caiu no mar na região que recebeu o nome dele – o mar Icário próximo a Icaria, uma ilha a sudoeste de Samos.
Escritores helenísticos que deram sabedoria filosófica ao mito também preferiram mais realidade à ficção: deixar Creta por água, e Dédalo criou os primeiros barcos, para Minos possuir galeras, e que Ícaro caiu a caminho da Sicília e se afogou. Hércules construiu um túmulo a ele.
Desde então, se fertilizaram no imaginário de gerações romances de aventuras como os de Júlio Verne, (1828-1905), escritor francês considerado o pai da ficção científica. Seu primeiro sucesso foi Cinco semanas num Balão (1863). Com seus fantásticos romances como Viagem ao centro da Terra (1864), Da Terra à Lua (1865), Vinte mil léguas submarinas (1870), Ilha Misteriosa (1870) e Volta ao mundo em 80 dias (1873) previu várias descobertas do século 20 e excitou o interesse dos leitores com suas histórias de aventuras científicas. Suas obras ficcionais foram fontes para muitos filmes.
Estas leituras nos fizeram escritores. Pessoalmente exemplifico com três historinhas, que escrevi inspiradas talvez em Júlio Verne, produtos de um período gostoso que me deleitava em narrativas para meus filhos. Uma viagem a lua, onde dois meninos constroem uma pandorga e chegam a lua; A moto voadora, na qual uma menina põem duas asas de isopor em uma moto e sobrevoa Porto Alegre; e, Um tratado de paz, quando dois meninos tomam um elixir que os reduz de tamanho e eles conseguem entrar em formigueiro para celebrar um acordo com formiga-rainha. As duas primeiras foram premiadas em concurso nos anos 80 e publicadas em antologias.
Mas, já direcionando minha fala a conclusão quero encontrar outra dimensão para a ‘ficção científica’ fugando talvez da proposta deste painel. A direção poderia até ser inspirada em um livro que li em minha juventude e do qual não tenho mais notícia: E a Bíblia tinha razão, do alemão Werner Keller; mas minha análise e a direção são opostas as teses do livro. Vou ousar ser tachado de blasfemo em uma cidade que traz no nome a marca de sua religiosidade.
Mas antes me protejo e trago algumas salvaguardas. O conhecimento apresentou-se/apresenta-se de diferentes formas no processo histórico. Os humanos milenarmente tentam compreender o mundo em que vivem e a si mesmo, enquanto se consideram inseridos nesse mundo natural. A Ciência não foi /não é a única maneira de revelar o conhecimento produzido e também de produzi-lo. Antes dela, e com ela, existiram/existem outras: os mitos, o pensamento mágico, as religiões, o senso comum, os saberes primevos. Usualmente faço extensa discussão acerca do foco presente em cada um destes seis óculos. Gostaria de poder fazer aqui e agora, mas isso monopolizaria mais tempo, quando já me faço latifundiário.
 Aqui não se elege a Ciência o melhor dos óculos para ler o mundo natural e muito menos se defende a exclusividade de um dos seis mentefatos culturais citados. Vou olhar alguns relatos religiosos, não com os óculos das religiões, mas o óculo da Ciência. Lateralmente afianço que um e outro dos dois óculos têm focos diferentes. As religiões têm uma exigência fulcral: a fé e Ciência usa a razão.
No meu livro A Ciência é masculina? É, sim senhora! mostro como os mitos se constituíram / se constituem como se fossem livros sagrados de muitas culturas. Se olharmos especialmente os relatos mitológicos gregos e como ‘se construíam’ os seus deuses isso fica por demais evidentes. Diferentes povos têm suas cosmogonias em seus relatos fundantes. Há aqueles que consideram as assim chamadasrevelações divinas’, como aquelas que estão, por exemplo, na Bíblia judaico-cristã como míticas.
Amanhã, provavelmente a continuação — com um segmento mais ‘desabilitador’ — trago a terceira e última parte. 

terça-feira, 28 de agosto de 2012

28.- TRANSEXUALIMO & FEIRA DO LIVRO


28.- TRANSEXUALIMO & FEIRA DO LIVRO

Ano 7*** www.professorchassot.pro.br ***Edição 2211
Nesta terça-feira, além das aulas de Teoria do Desenvolvimento Humano nas turmas da manhã e noite, participo no Mestrado Profissional de Reabilitação e Inclusão do Centro Universitário Metodista do IPA, junto com a Prof. Dra. Eliane Furtado da defesa da dissertação: Transexualismo: Análise de um caso de superação do preconceito, apresentado pela Terapeuta Ocupacional Andrea Vieira de Vieira, orientada pela Prof. Dra. Luciane Carniel Wagner.
No excelente trabalho Andrea produziu um documentário sobre a História de um sujeito transexual tentando ir a busca dos fatores que o levaram a superar o preconceito e a exclusão em seu meio e a encontrar um espaço de inclusão social. Ontem à tarde assisti o documentário e me pareceu que possa ensejar inclusão a minimizar preconceitos.
No desenho do documentário, houve registro de entrevistas com o sujeito investigado, familiares e amigos. Durante o processo de construção e realização do documento filmado, foram emergindo os elementos fundamentais da pesquisa, relacionados aos objetivos da mesma: a história de vida marcada pela presença de uma feminilidade muito precoce no desenvolvimento; o impacto desta experiência na vida pessoal, escolar e familiar, gerando situações de conflito, preconceito e exclusão; e a trajetória marcada pela superação das adversidades através de uma atitude positiva, confiante e firme de busca da identidade. Para contribuir para uma maior compreensão do fenômeno da transexualidade, foi incluída no documentário uma parte introdutória que resgata e registra elementos históricos relacionados à mesma.
Na chamada desta edição a palavra chave do trabalho da Andréa vem aditada a Feira do Livro. Há uma convincente explicação.
Amanhã à tarde participo de uma atividade na 25º Feira do Livro de Santa Cruz do Sul. Minha participação tem um bônus: o patrono da Feira é Antonio Skármeta — escritor chileno notabilizado especialmente por um de seus livros: O carteiro de Neruda (Ardiente Paciencia), que originou um filme muito lindo O carteiro e Poeta (original italiano: Il Postino). Assim depois de minha fala assisto a palestra de Skármeta, retornando após a Porto Alegre.
Faço como mote da edição de hoje (e talvez amanhã e quinta-feira) excertos de minha fala, aqui em primeira mão aos meus leitores.
Adiro ao atencioso convite de Iuri João de Azevedo para vir a esta sempre acolhedora Santa Cruz do Sul, para participar de sua 25ª Feira do Livro e colaborar em Painel “Ciência e Ficção científica”. Há duas semanas estive na UNISC para responder a docentes e discentes do Curso de Química: O que é Ciência, afinal? Senti-me, então, confortável. Estava entre os meus e o tema me é sedutor.
Agora, sinto-me um alienígena. É a primeira vez que dialogo com este tema. Vou tentar, até por ser o primeiro a falar, contribuir para que se façam diálogos nesta tarde, na qual estamos prelibando em oitiva o ágape noturno [A referência é a palestra de Skármeta].
Tenho discutido em alguns textos os cada vez mais tênues limites entre o humano/não humano. Essa parece ser uma novidade que a pós-modernidade nos brindou. Nossos avós, mesmo nossos pais nunca se perguntaram se isso é uma ação de um humano ou de um robô, dúvida que está presente no cotidiano de cada um de nós nos dia atuais. Hoje temos nos robôs (por exemplo, os do Google) competentes e incansáveis serviçais. Para alguns de nós, há não muito tempo, imaginar que robôs seriam os principais agentes para iniciarmos uma pesquisa era uma autêntica ficção científica. Nos anos 80, escrevi um conto onde um personagem, a serviço de uma ordem religiosa secreta, tinha possibilidade de acessar na tela de um computador jornais de todo mundo. Ficção que se fez rotina cotidiana! Outra ficção recente que se faz realidade muito presente é a nossa — cada vez mais acelerada — transmutação pessoal em cyborgues.
Dúvida também usual é se um texto é ficção ou é realidade. A realidade parece cada vez mais fugaz e nos escapa, também porque o presente é cada vez mais efêmero e se esvai entre o passado e futuro que parecem cada dia mais elásticos. Outras duas variáveis que assistimos transmutar-se, o cada momento, é a relação espaço-tempo.
Nesta sucessão de não-fronteiras — ou de fronteiras que se esboroam —, chegamos aos dois territórios demarcados pelo Iuri para serem centrais nos diálogos desta tarde: Ciência e Ficção científica. Talvez surpreenda quando afirme que também aqui há um cada vez uma maior rapidação na transgressão de fronteiras. E as rupturas dos limites são bilaterais.
Permitam-me convidar para este bate-papo Paul Feyerabend (1924-1994), um muito admirado e também bastante odiado epistemólogo do nosso Século 20. Ele escreveu em seu audacioso ’Contra o Método’: “Qualquer ideia, embora antiga e absurda, é capaz de aperfeiçoar nosso conhecimento. [...] o conhecimento de hoje pode, amanhã, passar a ser visto como conto de fadas; essa é a via pelo qual o mito mais ridículo pode vir a transformar-se na mais sólida peça da ciência.” Poderia ilustrar com uma dezena de exemplos as duas situações. Trago apenas um: eu ensinava, enquanto professor de Química que sou, que gases nobres não formavam compostos, quando em 1962 Neil Bartlet sintetizou o hexacloroplatinato de xenônio. Talvez nos debates, se esta for uma das rotas, podemos ilustrar as ideias de fecundação, acupuntura, homeopatia e outros exemplos que corroboram as propostas feyerabendianas.
Amanhã devo apresentar em continuação de minha fala, algo dos mitos, como o de Ícaro e Dédalo, que foram as primeiras ficções científicas de humanos sonhando com o voar.        

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

27.- MAIS DENUNCIAS DE VIOLÊNCIAS ÀS MULHERES


Ano 7*** www.professorchassot.pro.br ***Edição 2217
A postagem MENINA E CORÃO VIOLENTADOS, de quarta-feira dia 22, recebeu comentários, um dos quais mereceu este agradecimento: “Muito querida Eunice, muito obrigado por teu tão denso (e doloroso) comentário onde se ratificam milenares preconceitos contra as mulheres.
Acompanhei, então, o caso da menina do Pará e foi assuntado aqui no blogue. Os demais relatos de violações que trazes não tinha registro.
Como acredito que a maioria dos leitores deste blogue não leem os comentários (especialmente depois da postagem), em dia da semana que vem farei uma blogada com teu texto, da qual te credito a autoria.
Com continuada estima e admiração, a gratidão do achassot.
Sem qualquer comentário adicional, o texto de Eunice Gomes, conceituada enfermeira, que merece os melhores agradecimentos.
Sem dúvidas, o senhor parece ser bem lúcido em suas considerações. Estamos vivendo em um tempo de barbares, e para tanto tem se usado todo o tipo de desculpa esfarrapada possível. No Brasil, no Pará, uma menina de 15 anos permaneceu, mais de 20 dias presa em uma cela com 20 homens adultos e criminosos. A delegada e a juíza (grifa-se eram mulheres) estavam cientes da situação, o pior foram alertadas explicitamente, e absolutamente nada fizeram. A juíza recentemente respondeu processo sobre o caso, mas foi considerada inocente(?) Assim como a menina do caso acima [Eunice, esta referindo a menina paquistanesa que queimou o Corão], ela nunca deveria ter sido presa, temos um estatuto dos direitos da criança e adolescente, do qual regula que esses devem seguir para instituições específicas. Bem como, temos leis penais que vedam o encarceramento de pessoas de sexo diferentes juntas. Mas assim como lá, vivemos na barbárie. tyhttp://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u353546.shtml! Nos EUA, as soldados estadunidenses são vítimas de reiterados estupros e violência e sofrem retaliações caso denunciem (na terra do "berço da liberdade") http://oglobo.globo.com/mundo/militares-dos-eua-denunciam-estupros-retaliacoes-nos-quarteis-4233575
No Iraque e Afeganistão os estadunidenses paladinos da liberdade, torturam, matam, estupram, expulsam famílias de suas casas sem que o mundo tome voz contra! Há um filme muito bom sobre isso à disposição no youtube, chama-se "Um taxi para a escuridão" [Um Táxi Para a Escuridão (Taxi to the Dark Side) EUA, 2007 – 106 minutos. Direção: Alex Gibney. Há possibilidade de download na rede].
 Na Argentina, existe uma epidemia de violência contra a mulher, na qual, em 2012, chega-se a assustadora média de uma mulher assassinada por dia por seus companheiros, no Brasil não é muita a diferença.
Nossos presídios são exemplos de atrocidades a direitos humanos todos os dias, e a sociedade espera que depois alguém volte reabilitado.
No campo, principalmente norte e nordeste, a violência é assustadora, os assassinatos cometidos por grandes fazendeiros a pequenos posseiros é alarmante! O Brasil recentemente foi denunciado na ONU por violações barbares a direitos humanos. O relatório expõe que "a proibição da tortura é amplamente ignorada" http://www.sedh.gov.br/acessoainformacao/acoes-e-programas/relatorio_do_SPT.pdf
Hitler não foi "feito" sozinho, a Alemanha nazista só foi possível pelo desejo de pessoas comuns como nós, que, ou apoiavam, ou nada faziam, quanto aos ataques a direitos humanos.
Parece que esse texto traz um dado muito importante, o dos grupos relacionados a Direitos Humanos, esses foram muito felizes em sua análise, que em outras palavras disse que existia muito mais que religião envolvido no tema.
Tanto aqui, como em todo o mundo, acredito que estamos a beira de uma encruzilhada, ou seguimos por esse caminho e teremos graves consequências, ou temos que mudar radicalmente para não entrarmos em novas guerras mundiais. Grande abraço, Eunice Gomes


domingo, 26 de agosto de 2012

26.- UMA PRIMAVERA TEMPORÃ



Ano 7*** www.professorchassot.pro.br ***Edição 2216
Um domingo de GRENAL que me remete, agora, um pouco a Parintins, onde lá como aqui (quase) tudo parece se polarizar entre azul e vermelho. Mas esta blogada domingueira fala de cores e não dicotomiza entre Caprichoso/Grêmio e Garantido/Internacional. Apetece mais falar de cores de flores.
Porto Alegre tem floradas sazonais. Paineiras, guapuruvus, ipês, jacarandás e muitas outras as árvores têm suas floradas em uma palheta governada pelas estações do ano.
Nesta semana o invernal agosto se transmutou em um veranico atípico com temperaturas tórridas próprias de dezembro e uma secura no ar comparada a clima saariano.
Estamos nos dias dos ipês. Se calores temporãos atrapalham humanos, imagine-se o estonteamento das árvores. Esta semana vi em Porto Alegre e Frederico Westphalen vários ipês-amarelos, que usualmente solenizam a semana da Pátria, já floridos. Os ipês-rosa estão magníficos. Os ipês-brancos são sempre mais recatados por estas geografias ainda não deram presença. Trago amostra tomada na avenida Goethe, colhida na terça-feira, na segunda das três vezes que voltei do Centro Universitário Metodista do IPA.

Este relato imagético é para a Gelsa, que aprecia tanto estas floradas e nos 101 dias de solidão este ano não as apreciará. Para celebrar a passagem de um décimo de seu ‘exílio’ em Aalborg, adito uma foto da azaleia da Morada dos Afagos, colhida no entardecer da tarde fria de ontem, quando a temperatura em poucas horas passou de 26º para 10ºC.
Nesta manifestação e saudade adito votos de um muito curtido domingo para cada uma e cada um de meus estimados leitores.
Posfácio: Ainda uma recomendação: os comentários apensos à edição de ontem adensaram as lisonjas. Vale conhecê-los.

sábado, 25 de agosto de 2012

25.- DIVIDINDO LISONJAS



Ano 7*** Frederico Westphalen/Porto Alegre ***Edição 2215
Uma vez mais esta edição esta sendo postada, quando recém deixo Frederico Westphalen, onde vivi uma extensa sexta-feira prenhe de fecundas ações acadêmicas, nos três turnos, como antecipei ontem. Agora sonho dormir a bordo e chegar, quando for quase seis horas, em Porto Alegre.
A dica de leitura sabática hoje tem outro desenho e é de uma (in)suspeita tolerável. Vou fazer sugestão em causa própria.
Quando de minha estada em Manaus, na quinta-feira da semana passada, Elvira França, uma terapeuta, que faz relevantes trabalhos sociais, ligados à Pastoral da Criança, comprou um exemplar de cada um dos meus sete livros em circulação. Na sessão de autógrafos, fez um pedido inusual: “Quero estudar sua obra! O senhor poderia organizar uma sequencia para ler estes livros!” Não tinha a mínima ideia da sugestão a oferecer. Ela com o inusitado volume de compra já tomara bastante tempo na fila, agora, elaborar um plano de leitura era algo quase aleatório. Não sei qual a sugestão oferecida e mesmo agora não saberia que proposta oferecer. Sei que recordo da Elvira anotando em cada livro e que devo ter colocado o Memórias de um professor: hologramas desde um trem misto em sétimo lugar, para se constituir numa sobremesa aos outros seis.
Eis que esta semana recebo uma mensagem intitulada ‘Carta de Manaus’. Autorizado pela autora, transcrevo excertos da mesma.
Prezado professor Attico Chassot: Apesar do senhor ter falado para mim que o livro das memórias era a última publicação, quando do autógrafo dos sete livros que eu comprei em Manaus, não resisti e já comecei a lê-lo, talvez encantada pelo desenho da capa e pelo fato do senhor ter dito que seria uma leitura mais leve. Eu queria conhecer o estilo e posso lhe dizer que ler seu livro é como chupar drops Dulcora na infância. Não sei se o senhor tinha esse drops no Rio Grande do Sul. Era um drops quadradinho de diferentes sabores. Vinha embalado em papel colorido, de acordo com a cor dos drops, e dentro cada um deles era embrulhado em papel celofane. Alguns eram mais gostosos que outros, e então eu sentia aquela expectativa de abrir e fazer uso dos drops até chegar na cor preferida.
Estou interessada nos dados sobre alfabetização científica, considerando o fato de eu estar desenvolvendo um trabalho para promover os conhecimentos sobre neurociências para as pessoas com baixa escolaridade, para que possam entender os danos que as drogas causam ao cérebro, assim como os hormônios do estresse. Pois bem, no início do livro achei que era mais algo falando sobre sua vida. No entanto, o senhor apresenta um registro histórico de outras vidas inseridas na sua.
Amei a parte na qual o senhor fala da sensualidade de se manipular um livro impresso e sobre o amor à leitura e escrita. Os dados precisos que o senhor fornece sobre diferentes fatos históricos são interessantes, porque eles abrem perspectiva de pesquisa direcionada para quem quer investigar sobre o tema. Achei linda a forma amorosa com que o senhor promoveu o ensino da química no Brasil, e como guarda os registros sobre diferentes congressos e temas. Fiquei feliz ao ver o nome do Otávio Maldaner, cuja esposa foi minha colega de mestrado. Eles sempre estavam na nossa república e nas festas era o responsável pelo delicioso churrasco gaúcho. Por isso, as suas memórias evocam memórias gostosas no leitor.
Um dado interessante foi sobre sua atividade como blogueiro. Até então eu resistia a entrar em blogue e de repente eu estava lá vendo as notícias que o senhor repassa para as pessoas que entram no blogue. Eu sempre ouço as pessoas dizendo para eu fazer um blogue para disponibilizar os materiais didáticos que eu tenho, mas ainda não me encorajei, mas posso dizer que já sei o que é. Fico meio encucada com essas coisas das pessoas falarem sobre o uso da internet para outras finalidades que não seja o bem das pessoas e fico temerosa de dar muitas informações sobre minha vida a elas.
Bem, primeiramente, fiquei feliz por saber que foi tudo bem em Parintins. Eu fiquei um tanto preocupada com aquela questão do incêndio no aeroporto. Ainda bem que o senhor teve outras pessoas para seguir junto e assim não ficou tão sozinho aguardando a saída do avião.
Quero lhe dizer que estou muito feliz por estar em contato com um mestre. Eu senti muito a perda do professor Mário Osório da Unijuí, porque era uma pessoa com quem eu sempre me comunicava para trocar ideias. Sua presença e forma acolhedora de encontrar as pessoas, procurando transmitir conhecimentos e experiências me fez relembrar os tempos bons de trabalho em Ijuí e de como ele me ajudou a enfrentar obstáculos no trabalho docente.
[...]
Por enquanto, deixo um grande abraço e gratidão pela leitura de seu livro. O último livro que eu havia lido foi Odisseia de Homero, e não conseguia me desgrudar do livro para ver como seria o final. O mesmo está acontecendo com seu livro, com a diferença de que a leitura está sendo muito mais fácil e gostosa, pela forma como o senhor estrutura seu texto, usando os recursos da escrita moderna.
Obrigada e que sua luz possa continuar iluminando muitas mentes, especialmente de mulheres, para que possam produzir ciência, Elvira Eliza França
O tom informal como a Elvira fala do Memórias de um professor: hologramas desde um trem misto supera, talvez uma sofisticada resenha. Para ela um obrigado. Para algum leitor que tenha ficado seduzido uma sugestão: em www.professorchassot.pro.br há uma livraria virtual o livro está em promoção a qual se adita o porte de correio e uma dedicatória pessoal.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

24.- COM LUTO EM UMA SEXTA-FEIRA NA URI



Ano 7*** Porto Alegre/Frederico Westphalen  ***Edição 2214
Quando esta edição entrar em circulação, fruindo de ônibus ter Wi-Fi, já terei percorrido mais de uma hora das seis que separam Porto Alegre de Frederico Westphalen, nas proximidades do rio Uruguai, quase na divisa com Santa Catarina.
Minha sexta-feira é plena na Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI) no Campus de Frederico Westphalen, onde sou professor do Programa de Pós Graduação em Educação. Relevem meus leitores de há mais tempo, estes detalhes já sabidos, mas mais recentemente, por minhas estadas em Salvador, Teresina, Manaus e Parintins e também pelas novas turmas que leciono no Centro Universitário Metodista do IPA, tive o privilégio de ver um significativo crescimento de leitores aqui.
Tenho atividade nos três turnos. Pela manhã tenho sessões de orientação. Ao meio dia integro às minhas duas orientandas do grupo de 2011 — Camila e Quiélem — as duas da turma que está começando: Ilíria e Sílvia.
À tarde, teremos a inauguração do Seminário de Teorias da Construção do Conhecimento, para a turma que inicia neste semestre que tenho a responsabilidade de conduzir. À noite, por distinção da Coordenação do Programa de Pós Graduação em Educação conduzo a aula inaugural “A motivação dos professores na Universidade do futuro" que será proferida pela professora Bettina Steren dos Santos doutora em Psicologia Evolutiva pela Universidad de Barcelona.
Quando a sexta-feira estiver quase terminando, retorno a Porto Alegre, onde devo chegar entorno de 06h.
Por último o mais emotivo desta blogada. Ontem, pela primeira vez, fiz um registro na página de uma amiga no Facebook, como este: 
Acabo de receber uma noticia que me faz muito triste.
A Júlia faleceu.
Minha dor é maior quando evoco uma mulher que foi símbolo de alegria, imagem que guardaremos dela.
Sou imensamente solidário a dor de cada uma e cada um que sofrem com esta perda.

A Júlia é irmã do meu cunhado Otelo, casado com minha irmã Tile. Para meus queridos sobrinhos, Cássio, Daniel, Fábio e Bárbara ela é ‘a super-Tia Júlia’.
Independente da relação familiar, Júlia e eu fomos coetâneos em Montenegro. Lembro da jovem trajando o uniforme de normalista do São José e depois da professora que encantava alunos.
A saudade dela virá sempre marcada com lembrança de uma pessoa muito querida e alegre.   

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

23.- MATAR A COBRA E MOSTRAR O PAU



Ano 7*** www.professorchassot.pro.br ***Edição 2213
Esta blogada é, mais uma vez, a propósito da edição desta terça-feira, onde denuncio o senhor Paulo A. Trindade paulo.a.trindade@gmail.com que anuncia estar fundando uma nova igreja em Belo Horizonte.   Com este propósito ele postou convite, sob a forma de comentário neste blogue de 15 de novembro de 2011 que eliminei. Referi aqui que foi a primeira vez, em mais de seis anos que, entre milhares de comentários, fiz isto, mesmo que, muitas vezes, engoli em seco, comentários de fundamentalistas fanáticos.
O leitor João Batista Callegaro escreveu: Professor Chassot, muito válida a denuncia. Mas quem mata a cobra mostra o pau. O que messias mineiro disse que mereceu sua Deseja-se detalhes, Jotabecal. Duas outras pessoas me escreveram, mensagens pessoais externando algo como: O que, afinal, disse o cara?
No desenho inicial da edição de terça-feira colocara o comentário de Trindade na íntegra, mas depois poderei que poderia ser pensado que estaria difundindo propaganda nazista. Assim, extraí as partes marcadas por preconceitos.
Jotabecal arma-se da expressão popular “quem mata a cobra mostra o pau” que significa: uma pessoa afirmar algo e provar; não deixar dúvidas. Atendo pedidos.
Faço isso com nojo. O que vem a seguir continha no convite do senhor Trindade, depois de demonstrar ‘cultos dominicais democráticos’ com seguinte formato: “Várias mesas retangulares com cadeiras ao redor e sobre a mesa um CÁLICE COM UMA VELA ACESA dentro. Sobre a mesa haverá jornal, revista, livro e a biografia pessoal e profissional de pessoas sentadas ao redor da mesa.
Ninguém deve pedir licença para entrar ou sair da reunião nem pedir licença para ler a biografia dos que estiverem sentados. Quem quiser pode ficar somente escutando conversas e quem quiser falar deve levantar dedo”.
Os melhores cidadãos são os que combatem os denominados "burocratas-ladrões".
Os piores cidadãos são os funcionários públicos civis ou militares, ativos ou aposentados, que não combatem os "burocratas-ladrões".
Os melhores cidadãos são tambem os que tem as seguintes caracteristicas: saude e fisico perfeitos, visão 20 x 20, altura acima de 1,63m, ficha limpa na Policia, Forum, Cartorio, SPC, etc. casado legalmente com pessoa com essa qualidades, com 1 ou 2 filhos menores de 21 anos, morador em imovel legal.
Realmente Hitler deixou discípulos!