De
repente um pacato fevereiro — que sucedeu a um lutuoso janeiro — ainda
pranteamos a morte de 239 jovens na boate assina de Santa Maria — se faz
memorável. Surpresa no mês com nenhuma data significativa (salvo Navegantes,
Carnaval e Quarta-feira de cinza): fevereiro adquire status com duas datas
prenhes de interrogações: ¿Por que 11 e 28 de fevereiro?
A
primeira, inserida no tríduo momesco foi a data escolhida para o anúncio da
resignação inédita de Bento 16. Primeiro pensei que fosse por ser dia de Nossa
Senhora de Lurdes, outrora o santuário mariano da então católica Europa. Mas a
virgem que alavancou turismo religioso na França, parece que nem foi lembrada.
Só depois descobri que 11 de fevereiro é dia
do doente, um dos muitos feriados vaticanos e por tal a data foi escolhida.
E 28 de
fevereiro?
Há quem diga que o papa quis receber salário mensal integral e escolheu um mês com
apenas quatro semanas. Brincadeiras de lado, acho que matei a charada. O papa é
também bispo de Roma. Qual o mais importante dos deuses do panteão romano?
Júpiter, é claro!
Vejamos
a dedicação dos dias da semana em diversas línguas latinas (salvo o português,
como única exceção), também em anglo-saxônicas e outras inclusive na cultura
asiática: de segunda-feira a domingo, na ordem: Dia da Lua / dia de Marte / dia
de Mercúrio / dia de Júpiter / dia de
Vênus / dia de Saturno / dia do Sol.
Bela
homenagem a Júpiter (o Zeus para os gregos) — chefe de todos os deuses — na
escolha do resignante: deixar o trono de Pedro, na quinta-feira, dia de Júpiter.
Aliás, Júpiter não foi mal agradecido com a homenagem de Bento 16, O fotógrafo italiano Filippo Monteforte
registrou na noite segunda-feira (11), o momento em que um raio — símbolo de Júpiter
— atingiu a cúpula da Basílica de São Pedro, no Vaticano.
Talvez,
fosse-me permitido sugestão, por vários vieses, um nome significativo para o
novo papa poderia ser Júpiter 1º. Sugestões são sempre permitidas. Aceita-las...
No meu livro Sete escritos sobre Educação e
Ciências há um hebdomadário e
na abertura de cada um dos capítulos há um ensaio sobre cada uma das divindades
a quem são universalmente dedicado os sete dias da semana. Trago adiante um excerto,
mas antes, um bom dia de Júpiter a cada uma e cada um e uma frutuosa
aposentadoria ao primeiro papa emérito da história.
A quinta-feira, nas línguas que nos são
mais próximas (espanhol, italiano, francês...) é o dia dedicado a Júpiter e,
nas línguas saxônicas, sua dedicação a Thor.
Os anglo-saxões deram o nome
de Thor ao quinto dia da semana, Thursday ou seja "Thor's day". Thor
é o deus do trovão da mitologia nórdica, aparece produzindo raios com o seu
martelo. Thor é filho de Odin, o deus supremo e da deusa de Midgard (a Terra).
Ele se assemelha em atributos a Júpiter, pois ambos são filhos da Mãe-Terra,
Thor como Júpiter era o deus dos raios e trovões; ambos são protetores do
mundo e da comunidade cujo símbolo era o carvalho, representando o tronco da
família. Thor matou a serpente Jormungand (uma serpente que envolve a Terra) e
Júpiter o dragão Tifon. Os animais de ambos deuses eram o carneiro, o bode e a
águia. Thor era um deus, extremamente forte e um comilão (podendo comer uma
vaca em uma única refeição). Thor adorava disputas de poder e era o principal
campeão dos deuses contra seus inimigos, os gigantes de gelo.
Em alemão, como em iídiche e holandês, a tradução
literal do nome deste dia da semana é dia do trovão, justamente numa alusão a
Thor. Encontrei traduções (Wikipédia) para o dia da semana japonês: Moku-youbi
como dia de Júpiter. Em
eusquera esse dia é chamado Osteguma, que na mitologia basca é uma homenagem a
Urtzi, o deus dos céus.