14/07/2023 Já vivemos a segunda das quatro edições do mês de julho deste blogue, quando comemoramos a data de 30 de julho de 2008. Então, ocorreu a ‘criação’ deste blogue. Como narramos na semana passada: Há a pretenção de solenizar cada uma das 4 edições ‘julinas’ do ANO 16. Parece significativo que, em cada uma das 4 sextas-feiras se visite uma das blogadas tecidas neste 16 anos. Então, os leitores mais recentes conhecerão blogares primevos. Fiz -- como na semana passada -- mais uma vez uma escolha aleatória e a escolhida para edição deste 14 de julho é a do dia 31/07/2003, data que se celebrava o 7º aniversário; agora já vivemos celebrações do ano 17.
Mas neste dia temos uma celebração maior: o 14 de Julho. É a data nacional francesa. 14 de Julho de 1789 é muito mais que a Tomada da Bastilha. O pavilhão tricolor evoca: Fraternidade, Liberdade e Igualdade ou a bandeira tricolor ou bleu, blanc, rouge) uma bandeira tricolor dividida em três faixas verticais (azul, branca e vermelha), simboliza a Revolução Francesa (1789).
Na semana passada revisitamos -- em uma escolha aleatória -- a escolha para edição de 07 de julho foi a do dia 31/07/2003, data que se celebrava então o 7º aniversário, que hoje se reapresenta:
31/07/2003.- O Telescópio de Schopenhauer
Essa é uma blogada que encerra julho e vem encharcada da amorosidade de treze leitores que ontem postaram comentários, fazendo homenagens pelo quarto aniversário deste blogue. Pensei hoje em fazer uma edição especial com os comentários. Seria algo por demais laudatório. Devo abafar um pouco da dimensão narcísea do bloguista.
Outro detalhe que se adita – permitam-me uma vez mais lembrar os significados múltiplos desse verbo e aqui ao lado adicionar ele significa também: Causar a dita de, tornar feliz – nesta jubilação comemorativa é o aumento de leitores, talvez decorrente do XV ENEQ, A estes em especial, ilustro que se digo que vou manter a pauta sabatina, significa que vou falar de livros.
Hoje falo de um livro que me acompanhou todo o mês de julho: foi e voltou inconcluso à Chapecó, à Brasília. Terminei ontem, pois o tinha pautado para hoje.
Não foi fácil ler O Telescópio de Schopenhauer. Talvez tenha uma justificativa. Fui seduzido por um trecho da orelha: “A neve se forma silenciosamente, como suaves flocos brancos que aterrissam em pequenos pedaços e constroem sua força na medida em que se unem. [...] É possível observar a pegada de tudo e de todos. Sabemos onde estiveram e onde foram. Pode-se segui-las. De mim a neve nunca atraiu nada. Ando nas pegadas dos outros, portanto na deixo rastros.” Claro que imediatamente me reportei a minha vivência na Dinamarca no último fevereiro e março, onde viver olhando e deixando pegadas me impactou fortemente.
Juntou-se a chamada da orelha o título, que tradução fiel do original: O Telescópio de Schopenhauer e aqui há que denunciar uma propaganda enganosa: o título está como Pilatos no credo. Nada a ver. Sobre o uso deste título, Luis Felipe, explica 21ABR09, em http://aeiou.visao.pt, independente do livro escreve: É no vórtice do furacão em que se tornou o mundo em que vivemos que os políticos deviam recorrer mais aos clássicos. O filósofo alemão Schopenhauer aconselhava, no século XIX, os dirigentes de todas as nações a fazerem o exercício da "observação pelo telescópio". Esta "técnica" para melhorar a ação política consistiria em transportarem-se para uma época futura e, mediante a utilização de um telescópio imaginário, observarem, de longe, no espaço e no tempo, a sua ação e a forma como ela influenciou as vidas de milhões de pessoas. No fundo, trata-se de um mero exercício de reflexão prospectiva, de que apenas alguns iluminados, como Churchill, Monet ou Adenauer foram capazes. O famoso telescópio de Schopenhauer não foi, no século XX, utilizado praticamente por mais ninguém - e a história sangrenta desses cem anos, em que o experimentalismo histórico teve os seus auges nos totalitarismos estalinista e hitleriano, está cheia de políticos-toupeira, incapazes de enxergar, sequer, o que está à frente dos olhos.
Mas vale trazer algo do livro, seguindo o roteiro usual: Ficha técnica, algo do autor e uma resenha do livro.
DONOVAN, Gerard, O Telescópio de Schopenhauer (Schopenhauer’s telescope, Irlanda, 2003) Tradução de Sally Tilelli. Osasco: Novo Século Editora, 2009, 271 p. ISBN 978-85-7679-234-5
Gerard Donovan nasceu em Wexford, em 1959 e viveu em Galway, na Irlanda. Seu primeiro romance, O telescópio Schopenhauer (2003), pelo qual recebeu em 2003 Man Booker Prize de Ficção e selecionados como o romance irlandês do ano de 2003. Ele também é autor de dois outros livros: Doctor Salt (2004) e Júlio Winsome (2006), e três coletâneas de poemas: Columbus Rides Again (1992), Reis e Bicicletas (1995) e O Farol (2000). Publicou também uma coleção de histórias interligadas na elegíaca irlandesa. Donovan agora vive em uma casa de campo antiga estação ferroviária, em Nova York.
O Telescópio de Schopenhauer é um romance muito interessante e original. Desenvol-se das 12h às 18h. Há apena dois personagens. Numa certa vila europeia, em meio à guerra civil, enquanto um homem cava, o outro observa. Na verdade um padeiro e um professor. Este controla a tarefa daquele: cavar um buraco em meio a neve e em solo pedregoso. Um professor de história muito sábio. O padeiro, que a princípio aparenta ser um ignorante, recebe ordens para cavar um buraco enquanto o professor está ali, para vigiá-lo. Gradativamente, eles começam a dialogar. E como sempre acontece quando a neve cai, o clima foi tornando-se suave, mesmo perante os conflitos, as reações humanas e a morte iminente. O padeiro demonstra ser uma pessoa fria e cínica com um grau elevado de conhecimentos sobre vários eventos, especialmente guerras, genocídios e batalhas que marcaram a história da humanidade e que é pouco conhecida.
O professor com um ar poético e filosófico começa a acirrar o padeiro para ver quanto o mesmo sabe sobre esses eventos espantosos que a humanidade tem como testemunha. O livro nos faz refletir sobre vários assuntos interessantes. Por exemplo: quem é mais malvado; um homem que matou cem pessoas ou um homem que matou cem mil?
Eis três referências da imprensa: "Nenhuma descrição desse extraordinário romance poderia fazer-lhe justiça... oferece uma perspectiva poderosa e humilde da nossa vida como ela é. "Sunday Independent (Irlanda). "(...) Com uma intensidade fotográfica e uma marcha persistente, este belo romance é devastador." Observer "(...) É uma tentativa ambiciosa de refletir os horrores da historia moderna numa narrativa econômica e vibrante." Sunday Times.
Essa é a dica de leitura (não muito entusiasmada) deste último sábado julino. Adito ainda o Santo do Dia, pois para mim foi há um tempo ‘meu celeste patrono’. A trazida aqui é pelo significado histórico, para que este bloguista, não seja acusado uma vez mais de igrejeiro.
Santo Inácio de Loyola ou Loiola, nascido Íñigo López (Azpeitia (País Basco), 31 de maio de 1491 — Roma, 31 de julho de 1556) foi o fundador da Companhia de Jesus, em 15 de agosto 1534, com outros seis companheiros na capela cripta de Saint-Denis, na Igreja de Santa Maria, em Montmartre, "para efetuar trabalho missionário e de apoio hospitalar em Jerusalém, ou para ir aonde o papa quiser, sem questionar". Atualmente a Companhia de Jesus – os jesuítas como seus membros são conhecidos – é a maior ordem religiosa católica no mundo . Para encerrar: um bom sábado às minhas leitoras e aos meus leitores. E que venha agosto, com muito bom gosto.