ANO
9 |
EDIÇÃO
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Esta segunda-feira
julina é um dia muito significativo no meu fazer acadêmico. Para aquelas e
aqueles que se envolvem em atividades docentes em pós-graduação uma defesa de
mestrado ou doutorado é um momento muito significativo e usualmente é revestido
de muita emoção.
Mesmo que não
tenhamos mais nas defesas o ritual pomposo da universidade medieva, onde o
doutorando e seu orientador estavam, não sem requintes de teatralidade, em
campos opostos ao dos examinadores, ainda hoje, a conclusão de um mestrado ou
de um doutorado celebra um muito aguardado momento que traz ao neo-mestre ou ao
neo-doutor não apenas o sabor de um título que o faz distinguido, mas
representa o término de uma usual jornada de estafantes estudos e intensa produção
acadêmica. O orientador, usualmente parceiro mais próximo, vê encerrada uma etapa
importante de sua atividade.
Minhas ações como
orientador de mestrados e doutorado são tardias, pois só fiz doutorado quando
já aposentado no Instituto de Química da UFRGS. Levei a defesa: cinco doutores
(4 na Unisinos e 1 na REAMEC) e 30 mestre (1 UFMT, 18 Unisinos, 4 URI-FW e 7 CUM-IPA).
Pois esta lista recebe, neste 20 de julho, um acréscimo. Partilho com os
leitores deste blogue minhas emoções.
Às 18h, no Centro
Universitário Metodista do IPA, a enfermeira Karina Amadori
Stroschein Normann, apresenta no Mestrado Profissional de
Reabilitação e Inclusão a dissertação “A Terapia Comunitária Integrativa
em cursos de graduação de enfermagem como uma das possibilidades práticas para
ampliação do cuidado em saúde”. Na banca que avaliará o trabalho da Karina, que nos
dois últimos anos tive o privilégio de orientar, estão as Professoras Doutoras Luciane
Pons Di Leone e Marlis Morosini Polidori.
A Karina é professora
do Curso de Bacharelado em Enfermagem no IPA, no qual fez também sua graduação.
Cada um de nossos orientandos deixa-nos lições e trazem marcas muito próprias
na tarefa sempre exigente de orientação. Ver a independência na tessitura da
dissertação de uma professora dedicada a seus alunos, marcada por encantamento
na busca de ações para ampliação dos cuidados em saúde foram não apenas
facilitadores de meu trabalho, mas oportunidades de continuados momentos de envolvimentos
saborosos em discussões de temas nos quais, muitas vezes, eu era alienígena.
A Terapia
Comunitária Integrativa (TCI) é considerada como um artefato cultural na área
da saúde destinado à promoção de encontros (interpessoais e comunitários), que
possibilita compartilhar vivências e conhecimentos. Resgata-se a valorização
das histórias de vida dos participantes das rodas de TCI, bem como se promove o
fortalecimento da autoestima e da autoconfiança com o aumento da percepção dos
problemas que estão ao seu redor, visualizando possibilidades de solução.
O dito popular “quando a boca cala, o corpo fala, e quando a boca fala, o
corpo sara” trazido pelo
psiquiatra Adalberto de Paula Barreto, criador da TCI, há 20 anos na
Universidade Federal do Ceará, evidencia a necessidade de criar espaços
coletivos para promoção da fala e da escuta frente aos sofrimentos particulares
e coletivos enfrentados por cada pessoa.
No seu mestrado a
Karina buscou analisar a ação da TCI, enquanto uma atividade prática da
disciplina de Educação Permanente na formação de bacharéis em enfermagem procurando
uma ampliação do cuidado em saúde. A pesquisa foi realizada com os acadêmicos
quase ao término da graduação. As vivências de aprendizagem durante o
desenvolvimento de roda da terapia, como ferramenta para ampliação do cuidado
em saúde na formação em bacharel em enfermagem. A TCI mostrou-se como
possibilidade de transformações nos processos de trabalho em saúde e formação e
também como uma estratégia para a ampliação do cuidado em saúde.
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