ANO
12 |
LIVRARIA VIRTUAL em
Www.professorchassot.pro.br
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EDIÇÃO
3332
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Inauguro 2018 contando que na semana
antes do Natal escrevia um texto que talvez se transmute em protofonia à 4ª edição
do Para que(m) é útil que Editora
Unijuí deseja lançar neste 2018. Relia para ajudar-me na tessitura a última fala do
ano em Araruna PB que ressoava vibrante: Uma brecha entre o passado e o futuro.
Escrevia, então, que entre um passado
ainda quase desconhecido e um futuro que já questiona se devemos batizar robôs
há uma pequena brecha, quase uma fenda, onde vivemos um fugaz agora. Há muitas inovações que a rapidação
(= ação rápida) faz do futuro um tempo quase presente, sem que percebamos se
estas novas realidades descrevem um mundo real ou ainda são uma ficção. Vale evocar
algumas poucas: a Geração 4.0; a Internet das coisas; a Indústria da Medicina (por
exemplo, dispõem de nano-robôs que viajam em artérias humanas para fazer
desobstruções e facilitar o trânsito sanguíneo); os drones (que entregam pizza
e que também matam a mando dos Estados Unidos, em guerras onde o país-xerife do
Planeta quase sempre intervém); o Uber (que ganha milhões com o transporte de
passageiros individuais, sem dispor de automóveis); o Airbnb (maior locador de
imóveis do mundo, sem dispor de uma casa ou apartamento); os Professores de
aluguel (contratados para dar aulas chamados da mesma maneira que se busca um
motorista com um aplicativo); a dezena de aplicativos que somos obrigado a
usar, nos quais tudo está algoritmizado, qual a receita de bolo, patrimônio
familiar herdado nos fazeres em forno a lenha de nossa avó; e uma nova
religião: a religião do dadismo que enriquece coletando dados e depois os
vendendo. E nós súditos muito fieis e muito domesticados nos esforçando para
fornecer ‘nossas’ informações. Quem de nós têm conta no gmail? Naquela
palestra esta pergunta teve resposta sim de quase a unanimidade do auditório de
cerca de uma centena de pessoas envolvidas com fazer alfabetização científica.
No dia de Natal, lia um texto que Raphael
Hernandes publicara na Folha de S. Paulo que descreve com competência como
podemos saber acerca de nossos óbolos, enquanto fieis da religião do dadismo. Ele
relata que — em atividade profissional — resolveu pedir ao Google que enviasse
os dados que tivesse armazenado sobre ele. Qualquer um pode fazer o mesmo em
uma ferramenta (https://takeout.google.com/)
que a empresa disponibiliza.
Hernandes conta que no passado, já
havia feito algo semelhante em outras plataformas, como Facebook e Twitter. Diz
que agora o resultado foi impressionante. A diferença desta vez é ser usuário
do Google há muito mais tempo do que de qualquer uma dessas redes impropriamente
chamadas de sociais.
Eis seu relato: “Ao fazer a
requisição, me perguntaram se eu preferiria dividir os dados em partes de 1, 2,
4, 10 ou 50 gigabytes. Aí já comecei a suspeitar da avalanche que viria. E ela
veio. Recebi um mundaréu de arquivos que, juntos, somavam 27,4 GB — equivalente
a cerca de 50 mil e-books de ‘Dom Casmurro’. Aproximadamente 15 GB eram o que
eu tinha salvo no Google Drive e meu histórico no Gmail. De resto, informações
sobre 28 outros serviços da empresa que usei em algum momento: meu histórico de
buscas desde 2009, vídeos que procurei e que assisti no YouTube desde 2010,
meus contatos, agenda, fotos...Analisar toda essa massa de dados foi como dar
uma profunda olhada no espelho, e também me levou ao passado. Ao ver que em
2011 procurei um vídeo sobre a peça "Cyrano de Bergerac", por
exemplo, me lembrei de estar no meu antigo quarto, preparando uma aula – na
época era professor– na qual eu citaria a obra.”
também gostos e preocupações que mudaram com o
passar do tempo. Encontrei curiosidades esdrúxulas, como quando perguntei ao
oráculo "quem é Kim Kardashian" –às 13h37min30s361 do dia 17 de
dezembro de 2010. Tudo em um histórico (gigante) de buscas.
Hernandes narra: “O mais divertido foi
analisar meu histórico de localização. Tive o trabalho de colocar todos os seus
mais de 65 mil pontos em um mapa. Onde eu estava às 13h do dia 19 de setembro
do ano passado? A informação consta lá (eu estava na Folha). Meu histórico de
localização tem alguns buracos, no entanto. Passei a usar Android no fim do ano
passado, que é quando a informação começa a ficar mais frequente. Mesmo assim,
há dados desde 2013, o que me leva me perguntar de onde é que tiraram essa
informação. Provavelmente vem de acessos ao site do Google e do uso de alguns
serviços, como o Google Maps, nos meus telefones antigos”.
O jornalista se dá conta que sabia que
tudo isso estava lá porque, em algum momento, eu concordara em ceder todos
esses dados à empresa. Em troca, ela lhe entrega serviços que ele considera
essenciais e diz respeitar sua privacidade. De qualquer forma, reconhece que é
assustador pensar no que podem estar fazendo com essa informação.
Hernandes conclui que há “algo que
mostra muito bem quem eu sou, quem eu fui e até quem eu vou ser”.
Se este relato nos surpreende e até assusta,
vale recordar que foi referido apenas dados pessoais que fornecemos ao Google.
Há cada vez mais uma exigência que tenhamos no Brasil, neste 2018, uma lei de
proteção de dados e que estejamos atentos quando marcamos aquele minúsculo xis num
quadrículo dizendo: “li e concordo”. Quem, ainda busca propósitos para 2018, há
pistas aqui.
Mestre, genial como sempre, em um início de um ano que promete muito pano pra manga!!! Forte abraço!
ResponderExcluirMeu caro Guto,
Excluirnunca é tarde para agradecer tua leitura de meu blogar.
Obrigado.
Tenho acompanhado teus escritos.
Que em 2018 tenhamos a restauração da democracia no Brasil,
Meu bom amigo Chassot! Esta postagem primeira, para o aguardado 2018 - Fora ao golpe dos temidos ossos! - fez-me lembrar do filme "O Círculo", com Tom Hanks e Emma Watson, lançado no Brasil em 22/06/2017 com direção de James Ponsoldt. Eis a frase de capa: "Saber é bom. Saber tudo é muito melhor." Quem propicia tal controle sobre tudo e sobre todos: a tecnologia. Mais uma vez, o "Olho de Hórus" nos observa para o julgamento. Porém, antes, é preciso controlar tudo o que é vivo. Se me assusto? Sem qualquer dúvida, apavoro-me, afinal, não existe, sequer, privacidade. Meus dados todos estão "viajando" por aí sem que eu saiba ou possa dizer: não quero! Não se trata da era da liberdade, mas do controle. Confesso-lhe, que até para dizer dos meus dados numa ficha qualquer, irrito-me. Para uma simples consulta médica naquele atendimento de quem não olha para o paciente, tenho que dar todas as informações, incluindo o CPF e quantas vezes fui... Deixa pra lá. Tudo isso para dizer, meu amigo, que com a tecnologia não existe área de proteção, espaço sagrado, ambiente privado, enfim, não se é de si. Quem se diz ser, só o é de quem tem tamanho controle. Isto à parte, que 2018 nos traga novas esperanças e que as crianças nos desafiem a uma vida de heranças boas e sólidas. Que a Terra tenha paciência, já que ela continuará depois que nossa espécie passar por aqui. Meu abraço angatubense e sorocabano nesta boa época de chuva e calor. Com todo o carinho de admiração e amizade! Élcio.
ResponderExcluirMeu querido colega Élcio!
ExcluirEstas máquinas maravilhosas aumentam a nossa produtividade, mas tem expertise em provar nossa estultice e nossa necedade
Obrigado por agregares valor ao meu blogar
Muito querido Élcio Mário,
Excluirdepois de ter concluído ontem dois textos que classifiquei de sumarentos, que há muito gestava (imagino que tenha pretensão de teologar escrevendo acerca dos quatro dogmas marianos, nos painéis dos quatro elementos sinopolitamos) decidi hoje comentar algumas postagens no blogue. Postei na edição anterior um comentário para ti que mais cabia nesta edição.
Releva a troca.
Pelo menos assim sabes algo mais de meus escritos, onde tenho buscado entender as relações entre o sagrado e o profano. Sei que já semeaste nestas searas.
É fazer partilhamentos,
Caro mestre, isso realmente faz pensar sobre a capacidade de controle do sistema sobre os humanos. Enquanto memória, acúmulo de dados é fantástico. Michel Foucalt, Gilles Deleuze, Félix Guattari, Hanna Arendt já analisaram a sociedade de controle na qual vivemos. No enanto vale refletir: Memória e sabedoria, qual a distância ou proximidade?
ResponderExcluirAbraços
Muito querido Vanderlei,
Excluirontem no ocaso da terça-feira recebi teu comentário sempre instigante.
Trazes uma questão: Memória e sabedoria, qual a distância ou proximidade? Parece que aquela memória onde acumulávamos dados (in)úteis está sendo usado para outros registros.
Obrigado por agregares valor ao meu blogar
Boa ! Gostei demais da leitura. Mas o que teve minha adoração foi o fechamento com um Fora Temer.
ResponderExcluirAbraço
Jairo
Meu querido colega e amigo Jairo!
Excluirobrigado por teu comentário ao meu blogar.
Trago um excerto da edição de 15 de dezembro onde comentava algo das 50 palestras de 2017:
"A partir da 10ª palestra, no dia 11 de maio, no campus da IFMT de Rondonópolis, todas (apenas com exceção de uma no exterior) começaram da mesma maneira: com o punho esquerdo cerrado e levantado, bradava “Fora Temer. Não ocorreu uma só vez a situação que não houvesse vibrantes aplausos das mais diferentes plateias.
Obrigado pelas continuadas parcerias, e sonhemos que em 2018 tenhamos novamente um Brasil democrático,