ANO
10 |
EDIÇÃO
3092
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Assustador... esta foi a adequada manchete de um jornal de Porto
Alegre, para definir o que se viveu aqui no Rio Grande do Sul na virada de 14
para 15 de outubro. Ocorreu o terceiro temporal em poucas horas. Ventos de mais
de 100 km/h; precipitações pluviométricas, quando em poucos minutos choveu mais
que as médias mensais; granizo que branqueou ruas, campos e telhados. Tudo isso com o ribombar de trovões fazendo efeitos sonoros especiais iluminados por raios que pareciam perpetuar a iluminação.
Estes três fenômenos determinaram que houvesse milhares de famílias
desabrigadas e o desabastecimento de água (isso quase parece um paradoxo!),
energia elétrica, telefone, internet. Centenas de casas foram totalmente
destelhadas com a perda de bens móveis.
Não tenho a pretensão, e
muito menos condições, de fazer um registro jornalístico de como ‘o nosso dia
do professor de 2015’ ficou deslustrado. Os cumprimentos efusivos que chegavam pelo
15 de outubro, pareciam tintados de tristeza, pois tinham sabor de absinto. O
infortúnio dos outros, apaga nossas ditas.
No meu prédio ficamos 16 horas – estas pareceram uma (quase) eternidade
– sem energia elétrica. Várias horas depois do restabelecimento da energia
elétrica ainda estávamos sem internet e sem telefone. Claro que o meu
desconforto não se assemelha, nem de perto, aos dissabores que vivem milhares
de famílias por aqui. Havia um número significativo que foram alojados em
barracas, devido à inundação anterior, que na madrugada de ontem tiveram os
acampamentos arrasados. Sei que mesmo estas tragédias locais não se comparam
com o sofrimento que vivem, por exemplo, os sírios no seu doloroso êxodo por
vários países da Europa.
É significativo como nestes momentos nos damos contas do quanto somos
dependentes da energia elétrica. Sem esta preciosa benesse nos legada pela Ciência
e pela Tecnologia (talvez, só a roda seja mais preciosa) não temos água, elevadores,
refrigeração e conservação de alimentos, aquecer um café, sinalização nas ruas,
telefone, internet etc.
Dava-me conta porque um significativo número de pessoas, ao se
referir à falta de energia elétrica diz: estamos
sem luz. Metaforicamente, está certo, pois falta-nos a luz quase necessária
à sobrevivência. Mas, talvez a explicação seja outra. Há um tempo, a energia
elétrica era de uso quase exclusivo para iluminação (noturna). Ela substituiu lampiões,
candeeiros, velas etc. Quando à noite ela faltava, era natural dizer: estamos sem luz. No cotidiano parece que
ausência da energia elétrica faz mais falta de dia que de noite. Prodigiosa Ciência
e Tecnologia que nos oferece esta benesse maravilhosa. Como estou sem Internet não
pude ir a Wikipédia para fazer, aqui e agora, uma ilustração histórica acerca
de Benjamin Franklin no século 18. Fica para outra blogada.
Querido Chassot,
ResponderExcluirDevo ao blog o conhecimento dessa catástrofe em Porto Alegre. Não tive notícia por outra fonte.
Espero que não tenha havido mortes. Mas não diria que os danos sejam só materiais. Numa ocasião dessas, é fácil se perder todos os documentos, as lembranças - fotos, cartas, etc. - da família, de pessoas queridas que não existem mais. Muito triste.
Quanto às 16 horas sem eletricidade, internet, telefone, espero que uma boa parte dessas tenha sido de horas aproveitadas no sono do dia 14 para o dia 15. Com o nosso estilo atual de vida e com os nossos hábitos de trabalho, um dia inteiro sem eletricidade, internet e telefone é um enorme transtorno. Mesmo que não haja nada agendado com urgência.
Estou curioso para ler o que você está engendrando sobre Benjamin Franklin. Acho (sempre achei) Ben Franklin um personagem muito interessante. Quem sabe algum rico americano saiba um dia dessa admiração e resolva me presentear com, digamos, 10 retratos de Franklin em notas de 100 dólares. Eu gostaria.
Abraço grande.
Tavinho
Parece que os "deuses" do firmamento enfureceram-se com os povos residentes ao sul da pátria dos bumbuns avantajados. Que mal causamos? Temos zelado tanto pela natureza, cuidamos tão bem dos outros, respeitamos quase em demasia a ecologia humana, somos tão solidários com os mais necessitados, ninguém melhor que nós sabe zelar pelo bem comum...Será que os deuses beberam leite "batizado" proveniente do solo gaúcho em lugar de vinho ateniense? Por que a natureza não perdoa? Ou seria castigo pelo excesso de virtualização das relações? Espero que ninguém tenha se suicidado pela ausência, por horas, do mundo virtual...Houve uma geração que lutava para derrubar o sistema. Já para as atuais gerações, o que fazer sem o sistema???
ResponderExcluirCumprimentos pelo dia do professor. Penso que seja extensivo aos verdadeiros MESTRES, como Chassot o é.
Grande abraço.
Soneto-acróstico
ResponderExcluirRecado
Chovendo lá fora, eu aqui prisioneiro
Há na chuva a premência aborrecida
Uma mandona neste planeta inteiro
Vem, molha o chão e aborrece a vida.
Age mansa, diluvial ou em aguaceiro
Alivia estiagem, mas quando incontida
Benfazeja, até árido solo virar atoleiro
O que acaba gerando raiva estendida.
Receio que a chuva está dando recado:
Revejam, seres egoístas, seus valores
E vejam que este paraíso nos foi dado
Contudo, agora são néscios poluidores.
Ignoram o futuro, presente e passado
Deixam tudo como teatro de horrores
Agora, me vejo chovendo no molhado.
Natureza
ResponderExcluirGosto da chuva pingando no telhado
Como perguntando se estou antenado
Pois a chuva molha corpo e lava alma
E essa ansiedade sem peias acalma.
Gosto dessas nuvens pintadas no céu
Que desafiam as certezas do incréu
Neles se veem peixes e carneirinhos
Que talvez indiquem outros caminhos
Também impressiona essa natureza
Pela amplitude da vasta diversidade
A qual exalta a solidez da sua beleza
Uma coisa diga-se a bem da verdade
Apreciar tal mostra nos dá a certeza
Que tudo está além da nossa vontade.