ANO
9 |
EDIÇÃO
3045
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Uma quinta-feira feira, na qual se faz feriado
na maioria dos municípios brasileiros, é muito saborosa. Quando é feriado em
nosso município e não é em outros, parece que há algo incompleto. Parece,
ainda, muito menos agradável quando em algum município é feriado e no nosso não
é. Invade-nos uma invejazinha. O vigilante corretor de meu editor avisa que devo
escrever invejinha. Aliás, abstenho-me de discutir aqui o quanto a data de
hoje, para uns é dia santo (ou dia de guarda) e para outros é feriado. Os
espanhóis têm uma melhor alternativa: é um
dia festivo.
Quando pensei em fazer uma edição do blogue para
hoje, imaginei abri-la afirmando: Vou laborar em um senso comum. A maioria das pessoas não sabe em sua essência
do significado da data de hoje.
Minha afirmação parece ser um senso comum, pois
acho que a maioria não sabe qual o significado deste dia santo, essencialmente católico.
Os calendários, num ranço medievo, anunciam em latim: Corpus Christi. Mas não
sei se existe alguma pesquisa que corrobore minha hipótese.
A celebração de hoje é um evento baseado em
tradições católicas do final da Idade Média (Século 13). Celebra-se na
quinta-feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade, que, por sua vez,
acontece no domingo seguinte ao de Pentecostes ou 60 dias após a Páscoa. É uma
"Festa de Guarda", isto é, para os católicos, há a obrigação de
participar da Santa Missa. Há no Código de Direito Canônico uma determinação
que ocorra procissão pelas vias públicas para testemunhar publicamente a
adoração e a veneração do Corpo e Sangue de Cristo; por tal, também nominada
como dia do Corpo de Deus. Há várias narrativas de ‘ocorridos milagrosos’ que embasam estas celebrações.
Os tapetes de rua são uma tradição e
manifestação artística popular realizada por fiéis da Igreja Católica,
confeccionados para a passagem da procissão de Corpus Christi. A tradição da
confecção do tapete surgiu em Portugal e veio para o Brasil com os
colonizadores. Os desenhos utilizados são variados, mas enfocam principalmente
o tema Eucaristia. Para confeccionar os tapetes são utilizados toneladas de diversos
tipos de materiais, tais como serragem colorida, borra de café, farinha, areia,
flores e outros acessórios.
Já escrevi aqui, em mais de uma oportunidade,
que dentre nossas ações, enquanto humanos, uma das mais esplêndidas e, também,
intricadas, e por tal das mais difíceis, é
tentar entender as coisas. Isso dá viço à vida.
Hoje, muitos dentre meus leitores celebram um
dos maiores dogmas que é fulcral em sua religiosidade: a transubstanciação — o
pão e vinho, pelas palavras da consagração de um sacerdote, se convertem em
corpo e sangue de Cristo. E, isto é mistério que exige para crê-lo fé.
Aqueles temas rotulados como mistérios perdem a graça, pois
trazem uma premissa: não somos capazes de entender. Acho que cometi um
equívoco. Não posso dizer perdem a graça, pois numa dimensão religiosa — da
qual me abstenho trazer detalhes — são estes que têm graças. Um crente e um não
crente têm a mesma postura diante de um mistério como o da transubstanciação ou
como o da trindade (um só Deus que são três): trata-se de algo que não se pode
explicar. Mas um acredita e o outro não.
Encerro meu comentário acerca da data de hoje afirmando que “Se acreditamos que fogo esquenta e a água
refresca, é somente porque nos causa imensa angústia pensar diferente”. Essa frase
atribuída, a David Hume (1711-1776), filósofo e historiador escocês, tem
contribuído muito para meu entendimento do papel das religiões nos dias atuais,
mostra um pouco de minhas pretensões nesta singela blogada de um dia festivo
para ajudar a pensar diferente.
Para mim os feridos servem para descansar.
ResponderExcluirMestre, tenha um bom feriado.
Luvander
Meu querido Luvander,
Excluircomo tu também curti o 28 de maio. Estar na casa de meu mais jovem leitor, depois de telo na minha fala no Sepé, foi significativo.
Aproveita este saldo de feriado para descansares.
Anuncio para amanhã uma blogada especial sobre o Dia mundial do meio ambiente.
Com estima e admiração
Fico com o fragmento "tentar entender as coisas".
ResponderExcluirParece que, em muitos sentidos, não tentar entender se faz uma comodidade sem compromisso.
Não saber se é mais feliz ou apenas uma maneira cômoda de aceitar a ordem dada das coisas, mesmo que por interesse dominante e predominante?
Bom descanso, mestre!
Salve Mestre Chassot! A religião, aliada ao bom senso, é uma excelente ferramenta de sobrevivência. Entendê-la com antolhos é tão maléfico ao homem quanto o ignorar que há algo mais do que o simples existir. Rituais, dogmas, crendices são muletas as quais sem elas muitos não conseguem caminhar. Já outros o fazem como meio de vida. Criamos deus e o matamos todos os dias, sem perceber que fazendo isso somos suicidas. Um grande abraço do seu eterno aprendiz.
ResponderExcluirMuito querido amigo Antônio,
Excluircelebro tua presença aqui.
Sabes fazer saudades.
Concordo com tua tese. A Ciência pode ser um antolho para vermos o mundo de maneira fundamentalista.
Tu conheces que não prognostico um embate entre o dogmatismo das religiões com o racionalismo das Ciências.
Tenho minhas utopias. Cabe a Ciência explicar e transformar o mudo e às religiões ajudar que estas transformações sejam para melhor.
Com muito apreço e espraiada admiração;
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