ANO 15 |
Agenda de Lives em página |
EDIÇÃO 1373 |
Nesta sexta-feira, aconteceu o terceiro encontro
de 2 horas da disciplina PRODUÇÃO DE TEXTO ACADÊMICO: A
arte de escrever ciência
com arte. Compartilho
a mesma com Daniel Soares IFG — de quem sou supervisor de pós-doutoramento na
UNIFESSPA —. Estamos professores e mestrandos vivendo uma experiiencia
quase surreal. Mesmo que o Daniel, enquanto doutor em Letras, já tenha vivido experiencias
similareas e eu tenha ministrado oficinas de escrita na URI de Frederico Westphalen
e no CUM IPA. Nesta edução, pela primeira vez, para ambos, todos 15 encontros
são em atividades remotas.
Programáramos
esta atividade para começar na primeira semana de março de 2020, mas a
pandemia...
Não é propósito, aqui e agora, trazer um narrar da singular experiência vividas nas tardes de sextas-feiras. Desta se produzirá algo mais substancioso que um blogar. Hoje, trago a minha produção para o encontro desta tarde. Nas duas primeiras aulas, todos os participante produzimos -- estimulados por dois gatilhos, por semeaduras de palavras e por texto de Clarice Lispector – um texto em cada encontro.
Os
gatilhos dos encontros foram: Uma noite dessa... e Eu não tinha este rosto de hoje... A partir dos dois textos antes produzidos,
para o encontro de hoje fomos estimulados a apresentar um terceiro texto. O meu
está a seguir:
Uma Croniqueta
Prelúdio Esta é uma
Croniqueta afogadilha, em quatro estações, musicadas por Vivaldi. Primeira estação: um verão, encantado
pela cor fúcsia. Segunda estação:
outono marcado pela multicolorida queda de folhas. Terceira
estação: um inverno
impudico despe árvores. Quarta estação:
uma primavera iluminada por uma
miríade de flores. Estas quatro estações se desenrolam no meu jardim-horta, no
7º andar de prédio quase no centro de Porto Alegre, no bissexto 2020. Só não
sou autossuficiente em couve e alface pois sofro uma concorrência desleal de
famélicas lesmas. Eu nem podia acreditar nessa espécie de agressão.
Primeira estação: no verão, me encanta
uma super-safra de pimentas maravilhosas pela cor fúcsia. A parreira — onde
duas videiras, antes exclusivas ocupantes do pedaço (=espaço) agora se envolvem
em disputas com uma pimenteira, acolitadas por baraços de batata cará e de
alamanda. Este é também local preferido por pássaros vorazes.
Segunda estação: outono marcado pela multicolorida queda de folhas. Os de línguas
inglesa têm uma palavra conveniente para
o outono: falls. Uma generosa
amoreira, de mais de quatro metros, é ícone dentre as caducifólias. Um pundonoroso
araçá não se deixa despir.
Terceira Estação: o inverno é voyeurístico, Não consegue seduzir a jabuticabeira, a
pitangueira, o butiazeiro, muito menos a tríade impoluta de palmeiras. São
destemidas perenifólias.
Quarta estação: uma primavera iluminada apresenta um séquito de miríade de flores.
Estas elegeram floradas de orquídeas como a prima-dona do florífero festival.
(Cheguei à 25ª linha regimental e assim deixo de nominar as damas d’honor da
festa à deusa Ceres).
Mestre querido!
ResponderExcluirAmigo Attico!
A riqueza do vocabulário que empregas, sem nada poupares, traz a teus textos, encantamento sem igual!
Expressões usadas e estações descritas, trouxeram-me sabor de quero mais!!!
Com imenso carinho
Violetta
Professor Chassot...
ExcluirO senhor é extraordinário.
Que capacidade de envolver nos numa leve e atraente leitura em que brinca com as palavras...em que consegue tornar sempre o científico agradável e compreensível...suas produções nos estimula
A apreciar as entrelinhas do saber.
Que maravilha
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMestre... Ficou lindo a forma que descreve as estações! Consegui fechar os olhos e imaginar os detalhes.
ResponderExcluirSe eu tivesse o dom de escrever tão lindo assim... Eu falaria do sentimento que envolve uma família que toca a terra com respeito, do barulho de criança dando risada sentada na terra com a mão e a cara suja de marrom, da expectativa de ver a cada dia o que plantamos nascer, da alegria falando " que lindoooo" quando sai às flores e os primeiros frutos, enfim... Não tenho essa habilidade para descrever essas emoções, mas deixo registro aqui que existe uma linda ligação entre a natureza e o que nos torna sensíveis e as suas palavras a cada estação me remete a esses momentos em família na minha horta.
ResponderExcluirFrutuosas lembranças destes imemoráveis momentos na URI, estimado Mestre...Saudades!!!
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