ANO
13 |
AGENDA 2 0 1 9
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EDIÇÃO
3407
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Sigo, já há um tempo,
em um sumarento e dadivoso fazer: aditar saberes à nona edição de A Ciência é masculina? É, Sim Senhora! Na
última segunda-feira, meu confrade Ivan me emprestou um livro. Quando recém contemplava
as capas e o sumário, Apocrificidade fez
que postergasse todas leituras que fazia.
Ao referir, quando
se examina a contribuição do DNA cristão, que este de maneira justificada
também nos faz machista, em nossas ancestralidades de humanos ocidentais,
parece que devamos também estar mais atentos em alguns textos tidos como
apócrifos, como ensina Paulo Augusto de Souza Nogueira em ‘Apocrificidade’.
O doutor em
Teologia pela prestigiosa Universidade de Heidelberg e organizador de ‘Apocrificidade’ (2015) diz que a busca
de entender como era o nascente cristianismo, parece que não se pode apenas assestar
óculos nos textos ditos canônicos. Nesta situação importaria ter que responder
quem definiu, por exemplo, quais e porque tais evangelhos são canônicos e
porque outros são apócrifos.
Considerar hoje, por exemplo, um evangelho
labelado de apócrifo não faz a mínima diferença se comparado com evangelho dito
canônico, na contribuição que este artefato cultural teve quando de sua
produção. Ele, então, edificou a muitos? Ele fez conversos? Ele determinou
deserção? Ele foi motivo de escândalo? Isto interessa saber hoje, mesmo que
ônus e bônus já tivessem acontecidos há dois milênios.
NOGUEIRA, Paulo
Augusto de Souza (Org.). Apocrificidade:
O cristianismo primitivo para além do cânon. São Paulo: Fonte editorial, 2015.
ISBN 978-85-68252-85-7
Neste Século 21,
anualmente pesquisadores de diferentes programas de pós-graduação de várias
regiões do país e também do exterior buscam responder o quanto textos
expurgados contribuíram (talvez, contribuam), por exemplo, de diferentes
maneiras e formas nas crenças e nos cristãos que floresceram na parte oriental
do Império Romano. Há que considerar que os focos destas pesquisas de ponta não
raro são malvistas. pois no senso comum algo apócrifo é espúrio, adulterado,
sujo, falso.
Assim, já posso
anunciar aqui novidade para a nona edição de
A Ciência é masculina? É, Sim Senhora! no capítulo ‘Nossa ancestralidade cristã’, apoiado no capítulo Tertuliano e os Atos de Paulo e Tecla de
Sebastiana Maria Silva Nogueira, inserto em Apocrificidade,
se pretende referir alguns textos tidos como apócrifos e trazer especialmente algo
dos Atos de Paulo e Tecla e as
posições de Tertuliano acerca dos referidos Atos.
Um merecido agradecimento
ao Ivan (Sim, tem de quê!) e muita garra para cumprir o prometido para a nona
edição.
Muito boa noite, amigo Chassot e blogadores! Permitam-me contribuir para a continuidade desde milenar debate a respeito do que propõe Áttico: "(...) responder quem definiu, por exemplo, quais e porque tais evangelhos são canônicos e porque outros são apócrifos." Para me ajudar, cito meu professor dos tempos do curso de Teologia em SP, Frei Gilberto Gorgulho (já falecido), que dizia: diante de um texto é preciso perguntar-lhe - 'meu querido texto, de qual conflito você saiu?' Então, creio que identificar os conflitos entre autoridades e, principalmente, quais são seus interesses, seja um bom caminho a percorrer. Depois disto, é salutar reconhecer que toda instituição alimenta-se de poder e autoridade, de hierarquia. Então, para o exercício do mando é necessário questionar: o que é o melhor a se fazer? É possível que, diante de uma instituição específica, aquela que apresenta-se a partir e para a fé, alguém grite: "não se pode discutir assuntos de crença". Ora, também tal coisa é própria da autoridade institucional que não gosta de questionamentos. Que melhor maneira poderia encontrar do que aquela que apresenta o dogma como resposta ao seu poder e à sua autoridade? Não estou discutindo o conteúdo do proposto, mas tão e somente o que cabe à instituição fazer, já que de seus interesses alimentá-se para manter-se e perpetuar-se. Quem escolheu e porquê? Para responder, comecemos: quais eram os conflitos e quais eram os interesses? Abraços, gente!
ResponderExcluirExcerto da edição de 19/07/2019
ExcluirTodavia, a busca de entender como era o nascente cristianismo, parece, então, não se poder apenas assestar óculos nos textos ditos canônicos. Nesta situação importaria saber responder: quem definiu, por exemplo, quais e por que tais evangelhos são canônicos e por que outros são apócrifos?
O escritor Élcio Mário Pinto narra (em comentário à edição do mestrechassot.blogspot.com de 05/07/2019) ao evocar um professor de seu curso de Teologia: “diante de um texto é preciso perguntar 'meu querido texto, de qual conflito você saiu?' Então, talvez se possa identificar os conflitos entre autoridades e, principalmente, quais são os interesses, seja um bom caminho a percorrer. Depois disto, é salutar reconhecer que toda instituição hierárquica alimenta-se de poder e de autoridade.”
Perguntar não ofende: As apocrificidades não seriam uma forma de seletividade de "verdades"?
ResponderExcluirSaudades.
Meu querido Filósofo!
ExcluirHá quanto tempo não nos líamos. Parece ser mais do que dizer é cabonico ou é apócrifo. è um duelo para marcar poderes.
Olá meu amigo Chassot,
ResponderExcluirque bacana, mais um aprendizado, confesso que não conhecia este nome "Tertuliano". Não vejo a hora de chegar essa nova edição de "A Ciência é masculina".
Abraço carinhoso neste fim do período de frio.
Meu caro Dirceu, é muito bom tê-lo como um leitor sisudo
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