ANO
12 |
LIVRARIA VIRTUAL em
Www.professorchassot.pro.br
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EDIÇÃO
3325
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Inauguro esta edição comentando um gentílico que se
afigura como exótico, senão pernóstico. Ele está na chamada desta edição. O
Priberam dicionariza so·te·ro·po·li·ta·no :
(Soterópoli[s], .topônimo [nome helenizado da cidade de Salvador]
+ -ense)
adjetivo de dois gêneros
1. Relativo à cidade de Salvador, capital do estado brasileiro da .Bahia.
substantivo de dois gêneros
2. Natural ou habitante de Salvador.
O exotismo parece se
evidenciar em sua origem na helenização (= tornar-se conforme ao caráter grego)
do nome do município de Salvador, capital da Bahia para Soterópolis (cidade de
Salvador), a partir da união de "σωτήρ" (transliteração:
sōtēr, -os) que significa ‘salvador’ e "πόλις" (transliteração:
pólis) cidade, ambos do grego antigo. O segundo polis (cidade, em língua grega) faz parte como topônimo
de centenas de cidades brasileiras: Petrópolis, Teresópolis, Ilópolis... cidade
de Pedro; cidade de Teresa; cidade da erva-mate Ilex paraguariensis (nome científico da erva-mate).
O esnobismo do
gentílico se expande quando se observa que em sua bandeira há uma pomba com um
ramo de oliveira e o lema em latim é: “Sic illa ad arcam reversa est" que faz alusão à narrativa
do Gêneses, quando Noé recebe a mensagem que as águas do dilúvio baixaram:
"Assim ela voltou à arca."
Depois deste extenso
e erudito preâmbulo não preciso dizer que estou em Salvador — a histórica
capital da Bahia — ou melhor em Soterópolis, a Cidade do Salvador. Cheguei, no começo da tarde desta terça-feira,
à cidade fundada em 1549 por Tomé de Sousa como São Salvador da Bahia de Todos os Santos como primeira capital,
quando da implantação do Governo-Geral do Brasil pelo Império Português, partir
do marco da fundação da cidade, no Forte (de Santo Antônio) da Barra.
A primeira capital do Brasil é notável em todo o país — e também
no exterior — pela sua gastronomia, música, carnavais e arquitetura.
A influência africana em muitos aspectos culturais da cidade a
torna o centro da cultura afro-brasileira. Por tal recebeu epítetos como ‘Roma
Negra’ e ‘Meca da Negritude’, por ser uma metrópole com uma percentagem grande
de negros. Segundo dados de 2014, cerca de 82% da população de Salvador se
declarou negra. A foto, onde estou com oito alunas do curso de Química da Universidade do Estado da Bahia (UNEB -campus de Salvador) é uma amostra do perfil do alunado:' mulheres negras'. Esta é uma realidade que Sul branco, por exemplo, não conhece.
De acordo com a Wikipédia, o antropólogo Vivaldo da Costa Lima diz que a expressão "Roma Negra" é uma derivação de "Roma Africana", cunhada por Mãe Aninha, fundadora do Ilê Axé Opó Afonjá. Nos anos 1940, Mãe Aninha dizia que, assim como Roma é o centro do catolicismo, Salvador seria o centro do culto aos orixás.
De acordo com a Wikipédia, o antropólogo Vivaldo da Costa Lima diz que a expressão "Roma Negra" é uma derivação de "Roma Africana", cunhada por Mãe Aninha, fundadora do Ilê Axé Opó Afonjá. Nos anos 1940, Mãe Aninha dizia que, assim como Roma é o centro do catolicismo, Salvador seria o centro do culto aos orixás.
O Centro Histórico de Salvador, iconizado na região do
Pelourinho, é conhecido pela sua arquitetura colonial portuguesa com monumentos
históricos que datam do século XVII até o início do século XX, tendo sido
declarado como Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em 1985. Palco de um dos maiores
carnavais do mundo (maior festa de rua do mundo segundo o Guiness Book, também
por isso Salvador é conhecida como "Capital da Alegria".
Meus colegas baianos foram generosos no oferecer-me experenciar
a linda capital. Na quinta-feira, a Carmen e a Tatiana me levaram ao centro
histórico. Parece não existir cidade brasileira com tantos atrativos como
Salvador. O que vi na ‘hora do almoço’ cobriria parágrafos: passarelas do
carnaval, praça Castro Alves, elevador Lacerda, dezenas de igrejas, Pelourinho
onde brindaram-me com almoço no Museu Culinário do SESC com quarenta pratos diferentes.
À noite nova vivência culinária exótica: a Sílvia, Rodnei e Saulo ofereceram
uma rabada, algo inédito para mim.
Mas, eu não vim a turismo — mesmo que afortunadamente sempre se
dê ‘roubadinhas’ e se encontre sumarentos momentos de lazer — mas para
participar do XII EDUQUI Encontro de
Educação Química da Bahia que nesta edição tem como mote Licenciatura em Química: Estagnação, Extinção ou Ressignificação? Recordo
já ter participado de pelo menos três EDUQUIs em 2003 em Ilhéus, 2005 em Jequié
e 2012 em Salvador. Na edição deste ano a Universidade do Estado da Bahia é a
anfitriã.
Na manhã de quarta-feira fiz a palestra inaugural “Das
disciplinas à indisciplina”. Aditei ao meu já usual ‘fora temer’ minha
preocupação por ter visto naquela manhã, em um prédio do Exército duas imensas faixas
com escritos algo similares a “Chega de corrupção! queremos que os militares
assumam o poder”. Há temeridade nestes tempos temerosos.
Nas noites de quarta e quinta feiras ministrei oficina acerca da
“História da Ciência catalisando à indisciplinaridade” para 25 professores e
alunos. Agradou-me muito a atividade.
Nesta sexta-feira retorno a Porto Alegre já pensando em
reencontros com muitos parceiros no fazer Educação. Alguns em Goiânia em
janeiro no Eduquim e outros no Eneq em Rio Branco em julho.
Nós soteroplitanos é que agradecemos a sua generosidade em nos brindar com um pouco da sua sabedoria!
ResponderExcluirEstimada Iolanda,
Excluirdita, também, a Augusta!
Primeiro agradeço às referências a possíveis contribuições que possa ter legado aos soteropolitanos no meu venturoso tríduo em Salvador.
Há que, todavia, por justiça restaurar — ou pelo menos ser mais correto — verdades. Se pretensiosamente pudesse reconhecer que trouxe contribuições aos baianos presentes no evento e até imaginar que alguns saberes saborosos distribuídos poderão se espraiar a outros educadores no obrar dos que lá estavam, tenho, com humildade reconhecer que mais aprendi que ensinei.
Como os mentefatos que trocamos são imponderáveis e até inumeráveis é impossível dizer quem mais lucrou. Mesmo assim reconheço que eu muito aprendi, e por tal sou grato aos muito baianos também pelo acolher fidalgo
Ao amigo Chassot, também homem de Salvador, minha admiração! Permita-me dizer, que diante da frase no tal prédio bradando pela volta dos militares ao poder, só posso confirmar que nossos tempos são de se temer muito, até com os ossos do corpo, por isso, "temerossos". Então, vamos dizer não, também com a alegria da culinária. Impressionei-me com os 40 pratos! E o amigo Chassot conseguiu degustar a todos? Se não, então, tenho certeza de sua volta, afinal, não se pode recusar tamanha oferenda! Desta chuvosa Sorocaba, meu abraço de sábado!
ResponderExcluirMuito querido parceiro de semeares,
ExcluirÉlcio, obrigado por chegar da chuvosa Sorocaba à primaveril Porto Alegre. embalada pelos ventos de Finados que conheces por Érico Veríssimo.
A inumerável culinária baiana já encanta pelos nomes, em sua maior parte em ioruba. Diria que consumimos mais o mentefato ‘culinária afro-baiana’ que os pratos de nomes tão sonoros. Tu como poeta versejarias cardápios e buscarias rimas para o feijão fradinho ou para o acarajé e para o abará
Realmente estes dias de temeridade se fazem temerossos pois nos trincam os ossos.
Foi bom tê-lo como parceiro nestes dias soteropolitanos.
Bela foto Chassot!!!
ResponderExcluirPenso em Salvador como uma espécie de "Berço da diversidade". Será isto mesmo?
ResponderExcluirGrande abraço, mestre!