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terça-feira, 21 de março de 2017

21.— Qual é o Dia do Saci?

ANO
 11
LIVRARIA VIRTUAL em
www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
3278

Receber presentes, é bom. Se for livro, ainda melhor. Quando surpresa, é ótimo. Há dias chegou-me pelo correio — nestes tempos que o carteiro só traz correspondências envelopadas e subscritadas por robôs — um envelope que apalpadelas e o remetente diziam ser um livro.
PINTO, Élcio Mario. Pererezadas: Jeito Sacizeiro de Ser. São Paulo: APMC, 95 p. 148 x 210 mm. 2016. ISBN 978-85-69045-89-2 * A edição tem o mecenato da Secretaria Municipal de Cultura de Sorocaba no abrigo da LINC (Lei de Incentivo à Cultura) em edital de 2016.
O título “Pererezadas: Jeito Sacizeiro de Ser”, causou estranheza para livros que habitam minha biblioteca, mesmo que na mesma tenha um canto dos netos, que não é curtido o quanto o avô sonhava. O autor, o professor e escritor Élcio Mário Pinto já foi apresentado para os leitores deste blogue. Na edição “Nos pequenos frascos...” de 7 de janeiro deste ano, compartilhei aqui o seu pequeno grande livro o ‘Bem-te-vi: na terra rasgada, a vida plantada’.
Eis que quando as águas de março despediam o verão, desde Sorocaba onde um poeta nascido em Angatuba se aquerenciou, me chega mais um livro. Mais uma vez um polilivro. Se o foco são histórias amealhadas e produzidas no folclore brasileiro o livro traz um sumarento prelúdio escrevinhado (escrevinhar, aqui, na acepção de entreter-se com o escrever) pela professora doutora Maria Aparecida Morais Lisboa. Ao livro está aditado ainda uma entrevista com folclorista e poeta Carlos Carvalho Cavalheiro. Na cuidadosa produção do livro está uma equipe liderada por Adriana Rosa, parceira intelectual e amorosa do Élcio, responsável pela organização e seleção e produção de ilustrações e imagens). A cuidadosa revisão e do poeta Sérgio Diniz.
O jornal O Progresso de Tatuí, SP, em bem lavrada resenha assim apresenta os sete contos onde o nosso Saci-Pererê é o foco: “A desmistificação do saci é apresentada a partir de um enredo cativante. O autor pensou em uma criança que se sentia diferente das demais. O personagem principal, Rique, não sente falta de uma das pernas, muito embora ela esteja “presente”, o que o levou a uma questão: “Será que sou um saci?”.
O questionamento permite ao menino uma série de conhecimentos a respeito do “modo de vida dos sacis”. As descobertas incluem o gosto pelas brincadeiras e travessuras e o entendimento sobre elementos utilizados pelos sacis. Entre eles, os gorrinhos para guardar de tudo um pouco, os cachimbos que soltam nuvens e os ventos que os levam para todo lugar.
Em sua aventura, Rique vai conhecendo cada vez mais sobre o universo do folclore. Os diálogos com os sacis permitem a ele também aproximar-se da natureza, o que envolveu pesquisa do autor, especialmente para tratar de bambus.
Os sacis do livro habitam um bambuzal que tem as cores do Brasil (verde e amarelo). Para descrever com propriedade a planta, Mário Pinto realizou estudos a respeito das espécies. No livro, ele mescla as informações com imaginação. Foi assim com os diálogos entre os personagens.”
Reservo a sobremesa desta blogada para uma discreta nota que está na página 11. Nela aprendo que o estado de São Paulo tem uma lei de 2004 que consagra dia 31 de outubro como o Dia do Saci. Há na Câmara federal um projeto de lei de 2013 para tornar a mesma data dia de comemoração nacional. A escolha certamente foi feita para se contrapor à comemoração colonialista do dia do Halloween. Escrevo quando recém acompanhamos uma ação colonial comemorando no dia 17 de março o Saint Patrick Day.
A 31 de outubro temos uma comemoração magna: No dia 31 de outubro de 1517 — neste ano é o 5º centenário — Martinho Lutero (Eisleben, norte da Alemanha, 1483-1546), um sacerdote católico agostiniano e professor de teologia afixa 95 teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, na Alemanha, as 95 teses contra a venda de indulgências. Esta data é celebrada em vários municípios, especialmente em estados do Sul, onde os luteranos são presença como o Dia da Reforma. Ao lado de ser o Dia Reforma, poderíamos celebrar, em 31 de outubro, o Dia da Escolao grande presente do Renascimento ao mundo Ocidental.
Há — no período mais fértil do Renascimento — uma meia dúzia de propostas de eventos, que decretaram modificações significativas na Europa, para marcar o fim da Idade Média. Assim, para o seu término são propostos os seguintes eventos (aqui citados em ordem cronológica): 1439: invenção da imprensa // 1453: queda de Constantinopla // 1453: fim da Guerra dos 100 anos // 1492: descoberta da América // 1517: Reforma Luterana // 1534: Reforma Anglicana.
Mesmo que eu não seja historiador, se tivesse eleger um, a minha escolha seria: a Reforma Luterana, desencadeada por Lutero, talvez marcado pelo meu viés dito ‘igrejeiro’, (leia-se querer ler a história marcada de maneira significativa pela presença da religião).
Provavelmente, não imaginaríamos que o Saci poderia fazer essa perezada em nossas datas. Como os 365 dias do ano não são suficientes para todas as celebrações. Parece que temos uma boa combinação a celebrar. Lutero, certamente, se encantaria com associação.




4 comentários:

  1. Neste 21 de março continuamos comemorando o 31 de outubro, tão especial para nosso estado de São Paulo e para todo o Brasil: vivas ao nosso SACI-PERERÊ!!! Ao mui querido amigo Chassot, que em tantas terras escreve sobre a nossa porção no mundo, cabe-me agradecê-lo. Também quero agradecer aos leitores deste concorrido blog. Tratar da nossa Cultura e da Memória que nos anima (de ânima = vida soprada, sopro vivo, vida) é nutrir-se de identidade, de objetivos, suas causas e razões, assim como suas conquistas e desfechos. Vamos festejar com Chassot, com o nosso Saci, com SP e o Brasil tudo o que nos une como POVO!

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    1. Salve, Élcio!
      que venha 31 de outubro para celebrarmos Lutero e Saci-Pererê.
      Com espraiada admiração

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  2. Saci substitui a imposição cultural do Halloween com maestria. Abraços

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    1. Salve Vanderley!
      Saudades. Imagino as (a)tribulações sartorianas no Sepé.
      Mais uma colonização; O saint Patrick Day. Em Porto Alegre esperava-se nos bares 20 mil pessoas; reuniram 35 mil para evocar o santo desconhecidos da maioria.
      Viva Saci-Pererê

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