ANO
11 |
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Das disciplinas à
indisciplina
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EDIÇÃO
3231
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Brasília, 6 de
dezembro de 2016.
Sr. Prof. Dr. Markus Pohlmann
Instituto de Sociologia Max Weber
Universidade de Heidelberg,
permita-nos uma breve apresentação.
Somos professores de História, Ciência Política e Direito de distintas
Universidades brasileiras, públicas e privadas, com atuação nas áreas de Teoria
do Direito, Hermenêutica Constitucional, Direito Constitucional, Direito
Econômico. Direito Penal e Processual Penal. Temos muitos anos de atividade
científica e acompanhamos com atenção os acontecimentos em nosso País,
especialmente durante e depois do golpe sofrido por nossa jovem democracia de
abril a agosto de 2016. Com o mesmo interesse científico, e como cidadãos que
viveram ainda o final da ditadura militar brasileira de 1964-85, seguimos de
perto a assim chamada “Operação Lava Jato”, bem como o papel desempenhado pelo
Poder Judiciário e Ministério Público brasileiros. Desta maneira, seguimos com
proximidade a atuação do Juiz Federal Sérgio Fernando Moro e dos membros do
Ministério Público Federal que o acompanha nos processos penais relativos à
mencionada “Operação Lava Jato”.
Surpreendeu-nos que o Sr. e sua
prestigiada Universidade de Heidelberg tenha convidado o Juiz Federal Sérgio
Fernando Moro, na condição de “lutador contra a corrupção” para conferência no
dia 09 de dezembro de 2016. O Juiz Federal Sérgio Moro incorreu em posturas as
quais foram determinantes para o clima político de derrubada de um governo
legítimo, servindo, desta forma, aos piores interesses antidemocráticos, a
seguir enumerados:
- o Juiz Sérgio Moro ordenou a ilegal
condução coercitiva do Ex Presidente Luís Inácio Lula da Silva em março de
2016;
- o Juiz Sérgio Moro criminosamente
tornou pública escuta telefônica da então Presidenta do Brasil, Dilma Rousseff,
enviando gravações de conversas para a Rede Globo de Televisão. A Rede Globo
apoiou todos os movimentos autoritários do Brasil, desde 1964;
- o Juiz Sérgio Moro fundamenta suas
decisões de arbitrárias prisões provisórias não na Constituição e nas Leis do
Estado Democrático de Direito; porém na repercussão midiática de sua atuação,
conforme as palavras do próprio Juiz em texto de sua autoria publicado em 2004,
sobre a “Operação Mani Pulite”, ocorrida na Itália nos anos 90;
- o Juiz Sérgio Moro recebe prêmios e
honrarias da Rede Globo de Televisão, comunica-se por mensagens eletrônicas com
jornalistas desta Televisão, em franca oposição aos governos de Luís Inácio
Lula da Silva e Dilma Rousseff;
- violando Constituição, Leis e a
soberania nacional, o Juiz Sérgio Moro entrega informações à justiça dos Estados
Unidos da América, com quem dialoga frequentemente, sobre andamento de
processos brasileiros, permitindo que réus brasileiros firmem acordo de
colaboração com a justiça dos Estados Unidos da América, em detrimento do
interesse das empresas nacionais brasileiras.
Há uma infinidade de abusos,
ilegalidades e parcialidades em favor da oposição reacionária no Brasil, e
contra os governos populares dos últimos 13 anos, praticadas pelo Juiz Sérgio
Moro nos processos envolvidos no âmbito da “Operação Lava Jato”. Prezado Prof.
Dr. Pohlmann, seriam muitas as particularidades que não caberiam nesta carta,
mas qualquer um de nós estaria disposto a esclarecer-lhe, com documentos. O
mais destacado no papel do Juiz Sérgio Moro foi sua contribuição decisiva para
o golpe que começou em maio, e culminou em agosto de 2016 com a destituição da
Presidenta Dilma Rousseff. Articulado com poderosos barões da mídia brasileira,
Sérgio Moro, o Poder Judiciário e o Ministério Público Federal conseguiram
derrotar a democracia brasileira; conseguiram instalar no Brasil o clima
político de fascismo e intolerância política. O Senhor, assim como todos nós
que assinamos esta carta, bem conhecemos como pode ser o Direito utilizado para
aparência de legalidade e para perseguição de adversários políticos.
Por tais razões, Prof. Dr. Markus
Pohlmann, julgamos conveniente adverti-lo de que seu convidado não representa a
luta contra a corrupção no Brasil, não representa o fortalecimento da
democracia no Brasil. Ao contrário: representa o retorno a tempos que
julgávamos superados na democracia constitucional e política de nosso País.
Com nosso profundo respeito.
isso sem falar naquela sequência de fotos em que o juiz de pebolim aí citado ri com o sr. Aécio Neves (alguma analogia ao conteúdo branco achado naquele helicóptero?)....
ResponderExcluirSerá preciso esperar 50 anos para que tudo se esclareça? Creio que não, pela forma da FARSA...Pobre democracia!!!
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