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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

CLUBE DE LEITURA?...EXPERIMENTE! VALE A PENA!

ANO 17*** 10/02/2023***EDIÇÃO 2070

Há dias, ainda neste janeiro tecido por tempos de sentimentos tão antípodas, alguém me inquiriu: “Que livro estás lendo?” Fiz-me surpreso.  Parecia um desvelar de minha intimidade. Dei-me conta que houve momentos que essa era uma pergunta usual.  As listas dos 10 livros de ficção e dos 10 livros de não ficção eram termômetros para trocarmos opiniões acerca de alguns títulos. Fazímos escolhas. Nas livrarias (= lojas que vendiam livros, nas  quais havia locais que se podia assentar para obter informações de livros, lendo orelhas e/ou quarta capas) as listas antes referidas eram afixadas a cada semana, para orientar seleções.

 Hoje, parece que nem mais as novelas têm catalisado temas de discuções. Há muitas ofertas de novelas e assemelhados que podem ser vistas em horários pessoais mais díspares por streaming. Nossos horários quase sagrado de ouvir (rádio) ou ver (televisão) podem ser substituídos pelos podcasts acessados a hora que quisermos, em diferentes plataformas. Aquele cuidado de não telefonar para os pais na hora do Repórter Esso não mais subsiste. Cada um faz seu horário. Aliás, isso de fazer seu horário não é tão trivial. Sei de netos que, queridamente, preparam agendas (com datas, horários e canais) para facilitarem múltiplas escolhas para que seus avós possam escolher quais as partidas de futebol que querem assistir, por exemplo. Outra novidade: as narrações de um jogo de futebol por rádio se transformaram, naturalmente, em uma transmissão por imagem (qual televisão).

A mirada dos dois parágrafos que preludiam esta edição parece nos remeter à última edição deste blogue: mudanças há tão surpreendentes que chegam a dar medo. 

 Não tenho o perfil do número sempre minguante de umas poucas dezenas de leitores que a cada dia visitam (resisti a tentação de colocar ‘leem’) a edição semanal deste blogue. Acredito que entre estes haja um número significativo de ‘órfãos do Círculo do Livro’. Em minha biblioteca na secção ficção há dezenas de livros capa dura adquiridos nos anos 1970/80 escolhidos, quinzenalmente, de catálogo. Tenho uma enciclopédia Larousse em 30 volumes (hoje, aposentada pela Wikipédia) adquirida no Círculo do Livro. Pela mesma razão doei os 20 volumes da Enciclopédia Mérito ao ITerra.

O Círculo do Livro foi uma editora brasileira que existiu entre 1973 e 2000 de propriedade do Grupo Abril e da editora alemã Bertelsmann. Vendia livros por um "sistema de clube", onde os sócios recebiam uma revista quinzenal com sugestão de livros acompanhados de pequena resenha a serem escolhidos. Havia a obrigação de comprar ao menos um livro por mês. Livros de excelente qualidade que chegavam custar a terça parte de uma edição brochura nas livrarias. Em 1983 a editora anunciou um quadro de oitocentos mil sócios espalhados por 2.850 municípios brasileiros, atendidos por uma cadeia de mais de dois mil vendedores e da distribuição através dos correios.

Mas, por que este saudosismo? Simplesmente para dizer que  temos algo muito mais emocionante que o Círculo do livro. Eu já disse para mais de um colega bibliófilo: “Tu deverias conhecer a TAG, ela parece que foi feito para ti!...” O que é a TAG? A resposta está na página https://taglivros.com/ da qual  trago excertos para tecer esta blogada. Esta é a segunda vez que a TAG é heliocêntrica neste blogue. A primeira, em agosto de 2018, quando eu completava meio ano no clube* Também esta edição foi fonte à edição de hoje: esta comemorativa dos meus cinco anos na TAG.

As imagens AGO/2018 (½ ano de TAG) e FEV2023 (5 anos de TAG)

Endereço da edição dos seis meses de filiação à TAG: https://mestrechassot.blogspot.com/2018/08/24-tag-experiencias-literarias.htm

A TAG - EXPERIÊNCIAS LITERÁRIAS é um clube de assinatura de livros que envia mensalmente para o endereço do assinante um kit que inclui uma obra selecionada a dedo por um curador especial, e ainda uma revista temática acerca do livro do mês e um mimo, escolhido de acordo com o autor ou título do livro. A primeira remessa foi enviada em agosto de 2014. Cada caixinha que chega me encanta e imagino que apenas 65 receberam o primeiro kit e hoje (não tenho atualização dos dados) esses se transformaram em mais de 40 mil, espalhados em 1,7 mil municípios de todos estados do Brasil, lendo a cada mês um mesmo livro. Se tu tens um DNA de bibliófilo certamente és ou serás envolvido pela tagmania. Vale a pena. Experimente!

Este blogar é uma homenagem de gratidão à Cassandra, que com competência e zelo lidera o grupo de leitores TAG Porto Alegre!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Há novidades que surpreendem… mas não há que ter medo.

 




 ANO 17*** 03/02/2023***EDIÇÃO 2069

Em meio a uma safra de bancas de dissertações e teses estou escrevendo um artigo que é tecido no embalar de minha participação, em novembro de 2022, do 30º SemiEdu/2022 no PPGE/UFMT, organizado em parceria com vários grupos satélites do  PPGE/UFMT. Como preâmbulo narro, uma vez mais, uma historieta que me foi contada, já há algum tempo, pelo Prof. Dr. Nélio Bizzo. Ela já foi assunto de blogares aqui. Hoje, retomo a historinha para repensa-la mais uma vez.



UM MITO ANCESTRAL

Em um barco havia um homem com cercahavia um homem com de 30 anos, acompanhado de seu filho de 5 anos e de seu pai de 80 anos. O barco soçobrava. Só o jovem pai sabe nadar. Ele pode salvar apenas um. Quem ele salva? O menino? O velho?”

Na cultura africana, onde esta historieta tem sua raíz, o natural é que o velho fosse salvo, por um único argumento: ele é o detentor de conhecimentos que são muito preciosos para toda a comunidade.


Há muitos anos narro esta historieta, quando procuro motivar docentes e discentes à busca de saberes populares para deles fazer saberes escolares. Parecia ser natural que ussasse a mesma historieta quando buscava destacar a valorização de saberes, muitas vezes em risco de extinção, detidos pelos mais velhos. Para estudantes que assistiam a minha fala parecia natural que o jovem pai salvasse o menino. Afinal ele, diferente de seu avô, tem toda uma vida pela frente. Todavia, na cultura africana, onde esta historieta tem suas raizes, é natural que o velho fosse salvo, por um único argumento: ele é o detentor de conhecimentos que são muito preciosos para toda a comunidade. De maneira usual o ensinar ocorria, naturalmente os mais velhos ensinando os mais jovens. 

Quando reli o paragrfo anterior deu-me uma tristeza de algo que parece ter perdido: a sala de aula. Nas lives e mesmo nas aulas híbridas não ocorre mais o ‘contato’ com os alunos. Lembro do quanto curtia perambular entre os alunos… isso não se faz mais.

Qual a situação nos tempos atuais: muitos saberes, por exemplo no mundo digital, há netos mais competentes que os avós em certos saberes, como as interações na ditas comunidades virtuais.

Mas agora surge um novo questionamento. Uma interrogação: — assim como a Escola, nestes primeiros anos do Século 21 perdeu ser o lócus do saber e ao invés de se perguntar ao professor se pergunta, cada vez mais ao Google, — na comunidade que nos legou esta historieta, talvez ainda se precise de velhos para serem depositários do saber? Porém lá parece já existir detentores de informações como o professor Google / o médico Google / o pastor Google / o padre Google / a Bispa Google / o arquiteto Google / o veterinário Google /o advogado Google … eles ‘sabem tudo’ e… muito mais.

Talvez pudéssemos pensar em deixar as informações para serem passadas pelo professor Google, o Sabe-tudo; os conhecimentos obtê-lo da preciosa Wikipédia; a escola, com umas poucas informações, trabalharia alguns conhecimentos e com estes poderia construir saberes. Parece que então teríamos espaço para exercitar a transdisciplinaridade, isto é, transgredir as fronteiras que engessam as disciplinas e, talvez, até avançar à indisciplinaridade (= negar a existências das disciplinas; estas invenção da modernidade).

Mas depois de referir a origem e o destino de informações, conhecimentos e saberes surgem novas interrogações: Quando da vivência sofrida e inédita pandemia da Covid 19 parece natural que possamos modificar o final do mito ancestral que está como justificativa de salvar o velho justificada na narrativa preludial. 

Quando nos referimos a algumas ‘novidades’ (pós)pandêmicas (HomeOffice / Coworking / Telemedicina / Home School / Divã onLine e outras) há que lançar redes pois outras descobertas estão velozmente se espraiando. Agora, as notícias radiofônicas estão nos podcasts, ao invés de irmos ao cinema assistirmos séries ou os filmes do Oscar, em casa recorremos ao streaming para ver filmes). Para cada um destes novismo temos narrativas do tipo: professor que é vítima de síndrome de Burnout¹ em Parintins AM narra acerca de suas ansiedades a uma psicanalista que (nunca a viu presencialmente) o ouve em Sorriso MT ou um empresário gaúcho que mora em Pelotas RS, que uma vez por semana aluga uma sala equipada com abastada tecnologia em Porto Alegre RS para “visitar” quatro de suas 36 lojas da rede de PetLojas na região Sul. Que dirão aqueles que têm expertise na tecnologia digital dos dois relatos ou de qualquer outra narrativa dita como novidade? Nenhum dos dois relatos ou qualquer outra situação é dita como novidade pelos que detêm expertise na área: a pandemia não descobriu nada de novo… apenas antecipou usos mais rápidos! 

O Apóstolo Paulo organizava comunidades da nascente Igreja cristã e depois enviava cartas com ensinamentos da nova doutrina. Paulo pode ser considerado como o ’fundador’ da Educação à distância que muitos avós, irmãos mais velhos, empregadas domésticas… conheceram quando foram feitos tutores com expertise em EaD, no início da pandemia, no primeiro semestre de 2020.

Rendo-me sem pestanejar: que a pandemia não foi tão criativa como se anunciava. As novidades que exemplifiquei são grácis. Há não pouco vi anunciado um automóvel no qual se pode carregar a bateria do telefone celular, sem conexão física ou um automóvel que, durante o seu uso, pode ter sua cor trocada ou andar no trânsito urbano sem motorista. Para mim últimas situações parece uma ficção científica.

Quando anuncio que vivemos num mundo (quase) fantasmagórico há uma recomendação muito importante: não nos deixemos sucumbir pelo medo. Parece -- não raro -- que estamos delirando. Há um minuto cumprimentei meu vizinho no seu carro vermelho. Volto a mira-lo: agora ele está num carro azul. Logo a seguir encontro vizinho do 602 e narro minha dupla observação. Ele que conhece o dono do carro ora vermelho/ora azul, afirma, sem ouvir meu questionamento, que nosso vizinho do 701 tem um carro vermelho. Ainda acrescenta: colorado como é jamais compraria um carro azul. Parece se apiedar de mim: tenho um delírio e/ou sou mentiroso. Não adianta eu afirmar que vi o vizinho do 701 com um carro azul. É provável que já tenha perdido a credibilidade no meu condomínio! A sorte é que não sou candidato a síndico. O morador do 602 não apenas não votaria em mim, mas até desrecomendaria (às escondidas) de não votarem em mim, pois ando maluqueando.

Este é o medo que antes acenava. Não vou falar, aqui e agora, de doenças correlatas ao medo. É algo que não conheço nem o ABC. Conforta-me que mentira e ficção podem, eventualmente, coexistir. Podemos considerar um livro de ficção (= um romance) como um conjunto de mentiras (ou de fantasias do romancista). Não parece uma situação simpática esta consideração, mas pode ser verdadeira. A literatura da área da psicologia tem um termo dicionarizado que passa a ser incluído em minha história depois do carro que muda de cores!: "DELÍRIO é um estado de alteração mental que faz com que um indivíduo apresente uma visão distorcida da realidade, sendo que isso pode ser demonstrado de diferentes formas, por meio de uma confusão mental, de uma redução da consciência e até mesmo de alucinações" (Fonte: Rede D'Or Hospital São Luiz, São Paulo). Então, eu cientificamente Eu delirei! Ou viajei! 

NOTAS

 1 Síndrome de burnout é um distúrbio psíquico de caráter depressivo, precedido de esgotamento físico e mental intenso, definido por Herbert J. Freudenberger como "(…) um estado de esgotamento físico e mental cuja causa está intimamente ligada à vida profissional" (Wikipédia, 2023).


2 A palavra delírio aparece no título de um lívro que foi bestseller na primeira década deste Século 21  [Deus, um delírio (Richard Dawkins, São Paulo: Companhia das Letras, 2007)], o autor, um dos mais respeitados cientistas da atualidade, num texto sagaz e sarcástico, ataca impiedosamente o que considera um dos grandes equívocos da humanidade: a fé em qualquer divindade sobrenatural. Richard Dawkins (nascido em Nairobi, 26 de março de 1941) é conhecido principalmente pela sua visão evolucionista centrada no gene, exposta em seu livro ‘O Gene Egoísta’, publicado em 1976. Desse autor vale referir também O Gene Egoísta, O Relojoeiro Cego e O capelão do diabo. É muito discutida uma carta de Dawkins a sua filha Juliete, quando esta completa 10 anos. que está como apêndice (p. 427-437) do último livro citado: Boas e más razões para acreditar marcadas por Tradição, Autoridade e Revelação. A carta pode ser buscada no Google desmembrada do livro O capelão do diabo.



sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Um texto a procura de uma autora ou um autor.

 ANO 17*** 27/01/2023***EDIÇÃO 2068

A última edição do blogue, no primeiro mês deste 2023 se tece com um texto de autoria desconhecida, mesmo que não possa ser considerado como apócrifo. Não relata algo como uma fantasia mirabolante, como por exemplo Cem anos de solidão. Recebi-o de minha colega Sílvia Chaves da UFPA. O escrito nos trouxe lembranças de nossa aulas partilhadas na Disciplina: Bases Epistemológicas da Ciência 1º semestre de 2021, juntos com saudoso Licurgo Peixoto de Brito (In memoriam)  sempre encharcadas de história e filosofia da Ciência.  

 Na wikipédia, Agnodice é narrada com uma similaridade (com biliografia e referências) que podem referendar o que se descreve a seguir.  Eis o texto por ora embalado (ainda) como anônimo. Cabe dizer que o relato poderá ganhar aqui uma autora ou um autor.

Na Grécia antiga, as mulheres eram proibidas de estudar medicina por vários anos até que alguém infringisse a lei. Nascida em 300 a.C., Agnodice cortou seu cabelo e entrou na faculdade de medicina de Alexandria vestida de homem. Enquanto andava pelas ruas de Atenas depois de completar sua formação médica, ela ouviu os gritos de uma mulher em trabalho de parto. No entanto, a mulher não queria que Agnodice a tocasse, embora ela estivesse com muitas dores, porque pensava que Agnodice era um homem. Agnodice provou que era uma mulher ao tirar suas roupas sem que ninguém a visse e ajudou a mulher a dar à luz seu bebê.



A história logo se espalharia entre as mulheres e todas as mulheres que estavam doentes começaram a ir para Agnodice. Os médicos homens ficaram invejosos e acusaram Agnodice, que eles pensavam ser homem, 

de seduzir pacientes do sexo feminino. Em seu julgamento, Agnodice, apresentou-se diante do tribunal e provou que era mulher, mas desta vez foí condenada à morte por estudar medicina 

e praticar medicina como mulher.

As mulheres se revoltaram com a sentença, especialmente as esposas dos juízes que haviam dado a pena de morte. Algumas disseram que se Agnodice fosse morta, elas iriam para a morte com ela. Incapazes de resistir às pressões de suas esposas e de outras mulheres, os juízes levantaram a sentença de Agnodice e, a partir de então, foi permitido às mulheres praticarem medicina, desde que elas só cuidassem das mulheres.

Assim, Agnodice deixou sua marca na história como a primeira médica e ginecologista grega. Esta placa que representa Agnodice no trabalho foi escavada em Ostia, Itália.


sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

* * * É UM CLÁSSICO!... * * *

 


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  •  ANO 17*** 20/01/2023***EDIÇÃO 2068

O tema da blogada desta semana foi gestado no assistir a Roda Viva, na segunda-feira. Não sou muito dado a assistir televisão. Minha fonte de notícia é o rádio. A lazer opto pela  leitura de livros em suporte papel ou no kindle. Podem me rotular de ‘antigamente’. Roda Viva é (quase) o único programa que assisto, com uma fidelidade de missa dominical. Não raro me perguntam: O que estás lendo? Este interrogante oportuniza falar da TAG Experiencias Literárias : (https://mestrechassot.blogspot.com/2018/08/24-tag-experiencias-literarias.html). Os meus netos surpresos no convío de cerca de 4 mil livros grelam os olhos e não resistem: Vô tu já leste todos estes livros? Não! têm muitos que deixo para quando me aposentar!

Na última segunda-feira, 16 de janeiro, no centro da Roda estava Jorge Caldeira. Nasceu no dia 20 de dezembro de 1955, em São Paulo.  Jorge Caldeira é escritor, doutor em ciência política e mestre em sociologia. Bacharel em CCiências Sociais pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP). Caldeira é especialista na história do Brasil. Nos últimos anos, dedica-se a analisar a questão ambiental.

É autor de livros como Mauá, empresário do Império e do best seller A história da riqueza no Brasil, que analisa as bases e o desenvolvimento da nossa economia, costumes e governos. Também escreveu livros sobre Diogo Antônio Feijó, José Bonifácio, Noel Rosa, Ronaldo, Guilherme Pompeo, Júlio Mesquita e outros personagens citados em obras como Brasil – A história contada por quem viu, 101 brasileiros que fizeram história e História do Brasil com empreendedores.

Eleito para integrar a Academia Brasileiras de Letras no dia 7 de julho de 2022.  Nos últimos anos, dedicou-se a analisar a questão ambiental. No discurso de posse, em novembro, ele comparou o Brasil a um grande jardim que precisa ser cultivado e cuidado para ter um futuro promissor. “Para restaurar o equilíbrio perdido, criar um futuro, é necessário tratar da natureza como um jardim. Como uma nova construção do homem. E lembrar que o paraíso é descrito como jardim. Esse grande jardim pode ser o Brasil. O país tem a natureza mais produtiva do planeta. Precisa saber dar valor a ela, pensar nela. Só assim, o homem brasileiro capturará, como dinheiro, o preço do carbono. Esta será a fonte de riqueza, numa economia de equilíbrio entre homem e natureza. Como se sabia desde sempre”.

A A maior parte da Roda Viva (que está disponível na página da TV Cultura) foi dedicada ao último livro BRASIL PARAÍSO RESTAURÁVEL  de Jorge Caldeira, onde mapas como os da capa acima, se mostram referidos às áreas de diferentes regiões proporcionais a produtibilidade da natureza. No sábio dizer da escritora e professssora Leyla Perrone-Moisés “este livro já é um clássico!”.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

** * * DOIS DOMINGOS ANTÍPODAS * * *

  

 

 ANO 17*** 13/01/2023***EDIÇÃO 2066

A primeira semana de 2023 nos sabia à alma lavada com lavanda. Talvez, seja mais eufônico: lavada com alfazemas. No primeiro blogue de 2023, a propósito da morte do Papa Bento, o Sábio, ao se discutir Religião e Ciência, a Sílvia Chaves, UFPA, postou “Nossa live em 2020 demonstra que o diálogo Ciências-Religião não só é possível como pode ser interessante, alegre e fraterno. Ótima blogada! Ao que comentei: Obrigadíssimo, Sílvia querida! dentre a centena de lives na qual embalamos diálogos -- sem saber que viveríamos a dolorosa perda do Licurgo, partícipe conosco de memorável live onde vivemos amorosamente o dialogo entre Religião e Ciências

Pandemia / Educação a distância / Mestrandos e doutorandos defenderem dissertações e teses sem nos vermos jamais pessoalmente orientando e orientadores / mortes coroadas /…/ e muito mais eram lembranças pálidas. O primeiro dia de janeiro tem apenas um mote: as saborosas evocações da  terceira investidura do Lula como presidente do Brasil. Parecia que borrasca cessava. 

Assistimos por mais de três horas desde a saida de Lula do hotel, a passagem pela catedral, a chegada na Câmara onde houve protocolos na assunção ao cargo de Presidente e pronunciamento de discurso muito significativo. Depois houve o deslocamento no Rolls Royce para a Esplanada dos Três Poderes. Aqui houve a surpresa decorrente da negação dos ainda Presidente e Vice Presidente se negarem a entregar a faixa: uma representação da nação se fez alternativa: uma catadora, um deficiente, um indigena, um homoafetivo… também o cachorro da primeira da primeira dama, recolhido há epoca da prisão de Curitiba. Ascendido ao parlatório Lula, uma vez mais fez uma fala de cerca de 30 minutos, da qual trago um pequeno mas denso excerto: Foi para combater a desigualdade e suas sequelas que nós vencemos a eleição. E esta sera a grande marca do nosso governo (...) E assumo o compromisso de cuidar de todos os brasileiros e brasileiras. sobretudo aqueles que mais nescessitam, e acabar outra vez com a fome neste País.

Os jornais de segunda-feira, dia 2, mostravam imagens da comovente remexida na outorga do símbolo do poder do Presidente saindo de cena sem entregar a faixa: até quem não curtia pets fez a cadela Resistência parecer unanimidade nacional. As vigilias de dias e noites no presídio de Curitiba sob mando do carcereiro Moro pareciam esquecidas. O povo brasileiro se fazendo em uma assamblage da nação Brasil foi um sucesso.

As cenas nas quais havia pessoas estas pareciam formigas tal a imensas quantidades de pessoas que nem nos lembrávamos que ainda pudesse haver questionamentos às urnas eletrônicas. A primeira página de um jornal brasileiro exemplifica meu relato.

 

 

   

  Domingo, dia 08 de janeiro, no mesmo local, uma enxurrada de vândalos transforma o festivo primeiro domingo do ano em um cenário de horror e de destruição. O Brasil viveu neste domingo - 8 de janeiro de 2023 - uma página triste e lamentável de sua história, fruto do inconformismo de quem se recusa a aceitar a democracia. Não preciso (até porque não tenho condições)  fazer uma minuciosa descrição. As brasileiras e os brasileiros (e também muitos humanos de outros países) acompanharam no segundo domingo do ano, estarrecidos, os atos de vandalismo e terrorismo de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. 

Frente a esses atos, houve manifestações no Brasil e no exterior dos mais absolutos repúdios, uma vez que atentam ao estado democrático de direito e ao patrimônio público. As brasileiras e os brasileiros (e também muitos humanos de outros países) acompanharam no último domingo, dia 8 de janeiro, estarrecidos, os atos de vandalismo e terrorismo de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. A escolha dos locais para a vandalização (Esplanada dos Três Poderes: Congresso Nacional / Palácio da Alvorada / Tribunal Superior de Justiça) não óderia ser mais emblemática.

Ajuda-me, mais uma vez, a edição semanal desta sexta-feira o excelente PONTO Newsletter do qual transcrevo os dois textos que encerram esta segunda blogada deste já machucado 2023.. 

Brasil de Fato www.brasildefato.com.br 

Ponto Newsletter <ponto@brasildefato.com.br>


“” “Lua de fel.O governo Lula assumiu há poucos dias e estava recém empossando ministros, tomando as primeiras medidas administrativas e esboçando sua política econômica quando foi pego desprevenido numa tarde de domingo. Passado o olho da tormenta, pode-se dizer que o resultado da crise que eclodiu no dia 8 é ambíguo. Por um lado, até as emas do Planalto sabiam que os bolsonaristas estavam a caminho de Brasília e pode-se dizer que a ameaça foi negligenciada. Mas Lula e seus ministros têm a seu favor o álibi de que estavam há poucos dias no poder para ter pleno conhecimento e controle da situação. Mais importante são as consequências políticas. A começar pela imediata mudança da pauta: saíram de cena as políticas que o governo vinha propondo desde as eleições (combate à fome, crescimento econômico, reconstrução das políticas públicas…), assim como o rançoso mantra do mercado contra a política fiscal, e entrou em pauta a repressão ao golpismo e a defesa das instituições. A intervenção no Distrito Federal e o afastamento de Ibaneis Rocha reafirmaram a autoridade de Lula sobre os governadores. E a indiscriminada destruição que atingiu a sede dos três poderes contribuiu para endossar a posição de Lula como chefe de Estado. No geral, pode-se dizer que as instituições saem fortalecidas, ao menos simbolicamente, com a unidade em defesa da democracia e de enfrentamento ao golpismo, assim como os que ocupam os postos de comando no momento: o presidente da República, os presidentes da Câmara, do Senado, do STF e, em especial, o presidente do TSE Alexandre de Moraes. E, para provar que a política brasileira não é para amadores, a gravidade do momento inverteu até o posicionamento sobre o crime de terrorismo. A proposta que sempre foi defendida pela direita agora é mobilizada pela esquerda para enquadrar os bolsonaristas. O risco, no entanto, é que o governo se torne um permanente refém da agenda golpista.”

“A resposta dura de Lula na reunião com os governadores - fazendo menção a dois temas que causam arrepios por baixo das fardas: a responsabilidade pelas tortura e pela ditadura militar e depois mandando às favas a balela de que as forças armadas são o poder moderador - é sinal de que a paciência acabou e que o governo sabe que precisa tomar as rédeas do aparato armado de uma vez. Por hora, Múcio e os militares se sustentam em cordas bambas. Menos sorte tiveram as faces públicas da intentona: Ibaneis Rocha e Anderson Torres. A ressaca do dia seguinte foi suficiente ainda para respingar no guarda costas de Bolsonaro, Augusto Aras, na candidatura do ex-ministro bolsonarista Rogério Marinho para a presidência do Senado e para deputados e filiados do PL, PP, PSD, Podemos, Republicanos e Cidadania. E tudo indica que a hora de Bolsonaro está para chegar depois que a PF encontrou na casa de Anderson Torres um plano golpista impresso e auditável, enquanto os dados revelados de gastos do cartão corporativo indicam o financiamento público das motociatas e da doce vida de Carluxo e irmãos.

O título desta edição é um saudosismo do professor de Química que se fez Professor de Ciências. "antípoda" adjetivo de dois gêneros e substantivo de dois gêneros 3. Diz-se de ou o que se encontra em lugar diametralmente oposto a outro. 4. Que ou o que constitui o oposto de algo. = CONTRÁRIO  (Priberam).