TRADUÇAO / TRANSLATE / TRADUCCIÓN

sábado, 6 de fevereiro de 2016

06.—DUAS LEITURAS DÍSPARES


ANO
 10
A G E N D A 2016 em www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
 3134

Novamente em Porto Alegre, que ainda tem marcas do tornado de 29 de janeiro. Em minha rua há calçadas bloqueadas por árvores caídas. Houve centenas de árvores caídas. Há informes que já foram coletados mais de 4 mil toneladas de raízes, troncos e galhos.
Vou dizer o óbvio: é muito bom viajar, mas voltar é, ainda, melhor. Trago para este sábado algo que pode não ser palatável para o recesso carnavalesco.
Na semana passada, ainda em Paris, acompanhei na imprensa: A hospitalidade italiana para a visita do presidente do Irã, Hassan Rouhani, incluiu até a cobertura de estátuas de nus. Rouhani e o primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, se encontraram no museu Capitolino, em Roma, após assinatura de acordos comerciais entre os dois países. 
Mas vários nus expostos no museu foram escondidos para evitar ofender o mandatário iraniano. Na foto pode ver-se compensado ocultando estátuas de nus artísticos.
Marcelo Gruman escreveu: O berço do Renascimento foi ultrajado. Nesta semana, o presidente do Irã, país que se intitula uma república, embora religião e política andem de mãos dadas (caminhamos no mesmo sentido), tanto assim que o líder político é um clérigo xiita, em visita à Itália, pediu, através de sua delegação, que estátuas de mulheres nuas fossem cobertas, dentre as quais, uma Vênus Capitolina, estátua de uma mulher nua datada do século 2º antes de Cristo (em espacoacademico.wordpress.com).
Ao ler a notícia, ao lado de ver como a civilização cristã parece conviver, agora, com a arte, lembrei-me daquilo que referi aqui ainda em 11 de janeiro: As houris, as virgens prometidas aos homens islâmicos bem-aventurados (os que como gratidão por suas boas ações em terra) são premiados no paraíso.
As houris são personagens celestiais, ou meninas de tenra idade, de seios grandes e redondos, que não balançam, e elas são desprovidas de pelos em qualquer parte do corpo, com exceção de seus belos cabelos e sobrancelhas. São livres de incapacidades físicas rotineiras de uma mulher comum, tais como a menstruação, a menopausa, necessidades fisiológicas (= urinar, defecar), a fertilidade e a indisposição.
Há uma promessa de 72 virgens (número citado com frequência, embora não no Alcorão Sagrado, parece ser um valor de caráter mítico ou mágico, e simboliza a profusão) na vida futura, não apenas aos mártires, mas a todo homem que chegar ao paraíso.
Fui ao Santo Alcorão e reli algumas suratas: A 56ª O evento inevitável, em 22-37 há lindas descrições que certamente parecem se contradizer às exigências do presidente do Irã. Isto para trazer apenas um exemplo. Li também as 52ª e 55ª suratas; poderia ampliar as exemplificações.
Um bom Carnaval a cada uma e cada um. Quando for cinzas, nos leremos de novo.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

03.—ENCERRANDO RELATOS FERIAIS

ANO
 10
Uma despedida à Paris
EDIÇÃO
3133
Esta é uma edição de encerramento dos relatos de minha ‘Europa-2016’. Com esta edição chego a nove postagens, desde o dia 15 de janeiro. Nas mesmas narrei algumas de minhas experiências enquanto viajor em duas capitais (Bucareste e Budapeste) de dois países que visitava pela primeira vez. A estes relatos mais extensos, juntam-se comentários ligeiros acerca de estar mais uma vez em Paris.
Na manhã desta segunda-feira, começamos a viagem de volta. Às 10h (às 07h pelo horário de Brasília) devemos partir do mega-aeroporto Charles De Gaulle rumo a Guarulhos, em uma viagem prevista de 12 horas. Dalí, na mesma noite, seguimos à Porto Alegre, onde deveremos chegar quase meia-noite. Penso que apenas uma vez fiz essa travessia transatlântica durante o dia. É mais cansativa, pois as possibilidades de dormir são menores.
Preambularmente, queria comentar algo acerca da blogada do domingo, dia 31. Fiz um texto mais intimista, catalisado pelas emoções de estar deixando a Hungria, onde durante nove dias enfrentara muitas dificuldades no comunicar-me, tanto em linguagem oral como escrita. Estes 9 dias foram antecedido por quatro em Bucareste com dificuldades de comunicações quase idênticas.
Um leitor anônimo, que se assina Antoine, postou um comentário, em Francês, elogiando meu texto, mas assinalando uma omissão no meu ‘sentir-se em casa em Paris’: a facilidade do idioma Francês para um falante do Português. Aceitei, sem ressalvas, o alerta. E, na adesão a observação narrei o que me ocorrera na manhã do domingo, 31, visitando o Palais de la Découverte: dei-me conta, ao ler as legendas dos materiais expostos, da diferença em estar em museu na França se comparado com as experiências recentes em museus na România e na Hungria.
Isso vale especialmente na linguagem escrita, onde o meu entendimento é quase 100%, mas não vale, nem de longe, para minha compreensão de uma exposição oral. Ainda, na mesma ocasião, assistia um neurocientista, falando para crianças acerca do treinamento de ratos e não entendi a maioria das exposições feitas.
Acerca do Palais de la Découverte (Palácio da Descoberta) que recebe mais de 600 mil visitantes por ano, vale referir que foi fundado por Jean Perrin, prêmio Nobel de Física em 1924, para ser sede da exposição universal de 1937. Criado para as crianças, o Palácio da Descoberta oferece às mesmas conhecer ciências e técnicas com demonstrações e explicações de pesquisadores da instituição e atividades realizadas pelas próprias crianças.
Ao longo do ano, o Palácio da Descoberta oferece ateliês, animações e conferências sobre a astronomia, a química, a matemática, as ciências da vida, as geociências animados por mediadores científicos. Os visitantes também podem percorrer exposições que tratam de diferentes temáticas.
Na impossibilidade de destacar o muito que vimos, da segunda-feira, quando se inaugurava fevereiro, vou apresentar apenas três destaques:
#1 Estar em Paris, mesmo que já antes tenha havido mais de meia dúzia de estadas, exige sempre uma visita à imponente catedral Notre Dame. (A foto tomei-a de seus fundos) Fomos agraciados por linda surpresa. Realizava-se uma missa solene, com muitos celebrantes; tivemos oportunidade de ouvir o solista entoando um Magnificat, sendo acompanhando por um numeroso coral; este plus aditado à visita foi precioso.
#2 Logo adiante encontrávamos em frente ao magnifico Hotel de Ville (= Sede dos órgãos do governo municipal de Paris). Nesta segunda estava engalanado com bandeiras de Cuba e recebia Raul Castro com honras militares. Vimos então centenas de cavaleiros em montarias com gala tocando instrumentos musicais. Há 21 anos que um presidente de Cuba não visitava Paris. Raul Castro está na França, para uma visita de Estado de dois dias, para assinatura de muitos acordos. Esta viagem consagra uma nova etapa na normalização das relações de Cuba com os países ocidentais.
#3 Tivemos a oportunidade de conhecer uma Escola Maternal Pública e nos encantar não apenas com a beleza do prédio e dos equipamentos, mas com a qualidade do ensino oferecido e também com a alimentação oferecida às crianças.
Ontem, terça-feira, último dia deste turismo Europa 2016, havia uma sofreguidão de aproveitar o dia, ainda que chuviscoso. Mesmo que vezes anteriores já fôramos, em diferentes oportunidades ao Institut du Monde Arabe — IMA, o anúncio de uma exposição: Osiris, mysteres engloutis d’Egypte nos atraiu. Acertamos plenamente. Além de aprendermos acerca da cosmogonia egípcia e o quanto esta cultura, marcada por uma densa religiosidade, fez que seu panteão de deusas e deuses aparecesse num sincretismo admirável em outras culturas mediterrâneas como os gregos e os romanos. Um número muito significativo de peças com idades milenares foi extraído de com arqueologia muito sofisticada do fundo Mediterrâneo. Por isso o nome da exposição: os mistérios engolidos do Egito. Havia ainda na exposição, peças cedidas por outros museus do Cairo e de Alexandria.
Foi muito bom estar mais vez no IMA e encantar-se com suas janelas diafragmáticas, que se abrem e fecham segundo a intensidade de luz. Foi significativo passar pela Universidade de Sorbonne, campus de Jessie e ver dezenas de estudantes em pesquisas, usando um artefato cultural que alguns de nossos alunos parecem desconhecer: livros.
 Desde o IMA, eu fui margeando o Sena até a Notre-Dame. Dois destaques desta caminhada: #1) os bouquinistes, que são os vendedores de livros usados ou livros de ocasião. Observá-los, bem como a mercadoria que oferecem é um espetáculo. #2) os cadeados do amor: mesmo que no ano passado a prefeitura houvesse retirado toneladas dos cadeados que os casais apaixonados afixam na ponte, a prática continua. Anexo duas fotos que fiz para atestar a continuidade da prática. A amostra que apresento é algo mínimo ante a quantidade dos cadeados que observei.









Visitei, mais uma vez, a Basílica de Notre Dame. Cheguei ao término da missa comemorativa da festa da Purificação de Maria, quando se cumpre a quarentena do parto (= 25/12 a 02/02 = 40 dias). Desta vez sem fiéis e poucos turistas pude aproveitar melhor a visita, que aquela que fiz na segunda. A contemplação dos vitrais tem para mim um encantamento muito especial. Viajo no observá-los.




Ainda fiz sumarentas caminhadas na região. Era o meu adeus à cidade. Assim como esta blogada faz a clausura destas quase três semanas de fruições muito significativas. Com agradecimentos a cada uma e cada um dos cerca de 200 leitores diários que prestigiaram os relatos de um viajor sempre muito curioso e feliz por partilhar suas viagens. Depois de nos lermos de Bucareste, Budapeste e Paris, em breve nos leremos de Porto Alegre, que se recupera de impactante desastre atmosférico que nos trouxe apreensões. Até, mais ler.


domingo, 31 de janeiro de 2016

31.-UM POUCO EM CASA EM PARIS

ANO
 10
Mais uma vez em Paris
EDIÇÃO
3132

Desde a noite desta sexta-feira, a Gelsa e eu estamos mais uma vez em Paris. Como já contei, em outra narrativa de viagem, foi em Paris, em julho de 1989 — ano do bicentenário da Revolução Francesa — que fiz o début em viagens internacionais (excluídas aquelas chegadinhas a alguns países fronteiriços). Era meu presente de 50 anos.
Talvez, não tenha sido sem razão que elegesse a capital da França para estrear nesta gostosa paixão por viajar, que faz que nos últimos 27 anos, tenha amealhado 49 países, em pelo menos uma viagem anual. Recordo, que quando desembarquei a primeira vez em Paris, na Rua Gay-Lussac — algo nada trivial para um professor de Química — sentia-me orientado na cidade, pois havia lido livros e vistos filmes, que faziam os cenários da capital da França familiares. Depois daquele julho de 1989, estive na cidade luz várias vezes.
Mas ao chegar aqui, agora, senti que já fazia mais de três anos da última estada. Sentia saudades de estar aqui. Assim, faço deste hiato rumo a Porto Alegre, que começou na tarde da última sexta-feira em Budapeste e terminará na noite de quarta, uma pretenciosa preparação do chegar em casa.
Na escrituração deste preâmbulo sinto um pouco a inserção francesa em minha cultura. Há um patrimônio de minha ancestralidade paterna que oriunda do cantão de Friburgo na Suíça chegou ao Brasil, em novembro de 1855, falando francês; depois foi germanizado pelos colonos alemães. Não raro, quando declino meu sobrenome sou inquieido se sou (de descendência) francês. Há que considerar que pertenço a uma geração, que na Escola teve muito mais influência francesa, que a posterior que se abeberou fortemente da cultura estadunidense. Minhas escolas no ensino fundamental foram de religiosos católicos de origem francesa: as irmãs de São José de Chambery e os irmãos maristas fundados por Marcelino Champagnat em Lavallá. Ainda, enquanto aluno marista, estudei nos livros da coleção FTD — que chamávamos por brincadeira de Fede Todo Dia — que na verdade significa Frère Théophane Durand, (Superior Geral da Congregação Marista de 1883 a 1907); ainda hoje uma editora brasileira marista fundada em 1902. Talvez, uma síntese deste franco-culturalismo poderia ser que sabíamos entoar La Marselhesa tão bem, ou melhor, que o hino nacional brasileiro.

O lema dos revolucionários de 1789: Liberté, egalité, fraternité se muito integrado aos ideais que estão, ainda hoje, quase como uma proposta de vida. Não é sem razão que o 14 de julho transcende na ara das celebrações ao 7 de setembro e ao 20 de setembro, mesmo que no pavilhão da República Rio-grandense esteja inscrito o mesma lema. Não é sem razão que se diz que a Revolução Francesa extrapolou e extrapola a França.
Merece um destaque especial no mundo ocidental: René Descartes (1596-1650), matemático, físico e filósofo foi um dos mais importantes pensadores franceses. Se olharmos as quatro mais significativas revoluções científicas (Copernicana, Lavoisierana, Darwiniana e Freudiana) vemos que se considerarmos o Século das Luzes é no Século 18 que temos a construção do conhecimento migrando da Itália para França (e então em paralelo com a Inglaterra). Das revoluções antes citadas na França ocorre a segunda e com a publicação por Lavoisier do Traité Elementaire de Chémie, em 1789, se diz estabelecer-se a certidão de nascimento da Química Moderna. Ainda não se pode esquecer talvez o tributo maior do Iluminismo para a História e Filosofia da Ciência: Enciclopédia Francesa, que teve no mínimo na Modernidade o impacto que tem a Wikipédia na Pós-modernidade. Dentre os iluminista vale destacar Rousseau, Voltaire, D’Alembert e Diderot.
Na literatura merece destaque Victor Hugo, com sua obra mestra: Les Misérables. Na larga lista de autores, os mais recorrentes são Proust, Émile Zola, Maupassant, Balzac, Flaubert, Marguerite Duras, Stendhal e Camus. Sem esquecer, é claro, os poetas Baudelaire, Rimbaud, Valéry.
Se houvesse que ressaltar a Ciência francesa mais recente, Pierre e Marie Curie como estrelas de primeira grandeza. Não há como deixar de lembrar a continuada inspiração de Claude Bernard. Claro que na contemporaneidade há influencia francesa na nossa formação é quase inumerável. Lembro, rapidamente: Durkheim Bachelard, Bourdieu, Grignon, Passeron, Foucault, Lévi-Strauss, Simone de Beauvoir, Jean-Paul Sartre, Elisabeth Badinter, Deleuze, Maffezzoli, Morin. Claro que esqueci a muitos.
Assim, se faço de Paris um ponto de adaptação para transição de uma cultura muito exótica para mim (romena e húngara) recém vivida para nesta volta à casa, mesmo que a escala seja marcada por densos e carinhosos afetos familiares, há uma muito forte densidade cultural. Por tudo isso é muito bom estar aqui.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

29.- UM ADEUS À BUDAPEST


ANO
 10
Ainda em Budapeste / Hungria
EDIÇÃO
 3131

Nas três últimas postagens (sexta, segunda e quarta // 22, 25 e 27) trouxe relatos dos meus primeiros sete dias em Budapest; hoje posto a edição de despedida, contando acerca da última quarta e quinta. Nesta sexta é dia de nos despedirmos de Budapest, que nos encantou nos últimos nove dias.
A despedida a uma cidade ou a um país sempre tem seus matizes. Há situações que sabemos, até por limitações etárias, que nunca mais voltaremos. Há outras que muito desejaríamos voltar. Sei que é muito provável que não mais voltarei a Saint Petersburgo ou a Bucareste. Entretanto gostaria de voltar à Jerusalém e também a Budapeste, que deixo hoje.
Hoje, em tese, começamos a voltar à Porto Alegre, mas antes há previsto um gostoso hiato neste longo retorno. Vamos, nesta tarde de sexta, à Paris e volta só será reiniciada na manhã de quarta para fazer Paris/Guarulhos/Porto Alegre, onde deveremos chegar ao ocaso do dia 3 de fevereiro. Mas, de maneira antecipada pautara para hoje contar acerca da quarta e da quinta e, ainda algo desta manhã.
A quarta-feira tem um nome maior: Victor Vasarely. Pela manhã fomos pela primeira vez a Obuda (a terceira cidade que conurbada com Peste e Buda formam Budapeste). Atravessamos de tram a ponte sobre a ilha Margarida para visitar o Museu de Belas Artes Vasarely, formado por cerca de 70 obras do autor.
Ajudado pela Wikipédia queria trazer algo do muito que aprendi na preparação, na visita ao museu e depois em conversas com a Gelsa. Devo dizer que para mim foi uma muito grata revelação de algo que desconhecia. Ao final desta edição há uma breve resenha sobre o franco-húngaro criador da arte óptica ou da arte em movimento.
A quinta-feira, que teve um sabor de despedida num dia de sol excepcional, que nem parecia inverno, tem um ícone para referir aqui: o Parlamento húngaro em Budapeste.
O Parlamento Húngaro (Országház) abriu suas portas em 1902 e na época era considerado um dos maiores parlamentos do mundo, sendo superado apenas pelo Parlamento Britânico, que foi a principal inspiração para a sua construção. De estilo neogótico, é considerado um dos principais símbolos da cidade, juntamente com o Palácio Real. O edifício está localizado em Peste, junto à praça Kossuth Lajos, à margem do Rio Danúbio. O edifício fica sobre a superfície de 18.000 metros quadrados tem 700 salas e gabinetes, 27 entradas, nos seus 2 lados simétricos erguem-se a Câmara Alta e a Câmara Baixa, hoje é o lugar da assembleia nacional com 386 deputados.
O edifício ostenta muita riqueza, com dezenas de objetos e detalhes em ouro, pisos e paredes cobertas de mármore, colunas de granito e diversas pinturas e obras de arte. Na entrada principal há dois grandes leões esculpidos, e na escadaria principal há três belos afrescos no teto.
As joias do coroa — a coroa que se acredita ter sido usada por São Estevão, que foi rei no começo do segundo milênio e o Cetro real — são mantidas no parlamento, devidamente vigiadas por membros da guarda real. Elas são mantidas no salão central, considerado o coração do edifício. Este salão é atualmente utilizado para cerimônias oficiais e um dos principais destaques deste salão é sua grandiosa cúpula. Ela é sustentada por 16 pilares, sendo que em cada pilar há a estátua e um brasão de armas homenageando 16 antigos reis da Hungria, dentre estes há apenas uma mulher: Maria Teresa, rainha, quando do império austro-húngaro. Sua altura é de 96 metros, homenageando o ano de fundação da Hungria (896), e é a mesma altura do domo encontrado na Basílica de São Estevão.
Estima-se que estiveram cerca de mil pessoas envolvidas nos trabalhos, em cujos alicerces se estimam 40 milhões de tijolos, meio milhão de pedras preciosas e 40 kg de ouro.
A sexta-feira, que só teve a parte da manhã em Budapeste, foi curta para despedir a cidade que nos encantou nestes nove dias. É provável que tenhamos uma postagem de Paris, para despedir esta viagem.
Victor Vasarely, nascido em Hungria, (Pécs, 9 de abril de 1908 — Paris, 15 de março de 1997) foi um pintor e escultor húngaro radicado na França considerado o "pai da OP ART" (abreviatura de Optical Art).
Depois de iniciar estudos de medicina, começou a estudar arte em Budapeste, onde se familiarizou com o movimento Bauhaus e com os trabalhos de Paul Klee, Wassily Kandinsky e Josef Albers. A influência destes teve um impacto tal na sua obra, que se poderá afir
mar que, nela, tenta resumir os princípios dos pioneiros da Bauhaus, segundo a qual, o movimento não depende, nem da obra de arte em si mesma, nem do tema específico que se pretende ver retratado, mas antes da apreensão do ato de olhar, que por si só é considerado o único criador.
Em 1930, foi viver em Paris, onde trabalhou como designer gráfico em várias empresas de publicidade. Depois de um período de expressão figurativa, decidiu optar por uma arte construtivista e geométrica, tendo-se dedicado nos 13 anos seguintes ao aprofundamento de conhecimentos gráficos. O seu fascínio por padrões lineares levou-o a desenhar diversos motivos através da utilização de grelhas lineares bicolores (pretas e brancas) e das deformações ondulantes, onde a sensação de profundidade e a multidimensionalidade dos objetos foram sempre uma preocupação constante.
Posteriormente, a introdução da cor nos seus trabalhos vai permitir ainda um maior dinamismo, através do qual pretendeu retratar o universo inatingível das galáxias, a gigante pulsação cósmica e a mutação biológica das células. Os seus trabalhos são então essencialmente geométricos, policromáticos, multidimensionais, totalmente abstratos e intimamente ligados às ciências.
É, no entanto, o período entre 1950-60 (período Black and White) que marca definitivamente o trabalho de Vasarely, uma vez que ao introduzir pela primeira vez a sugestão de movimento sem existir movimento real, cria uma nova relação entre artista e espectador (que deixa de ser um elemento passivo para passar a interpretar livremente a imagem em quantos cenários visuais conseguir conceber), desenvolvendo e definindo os elementos básicos do que será conhecido como Op Art — um estilo e técnica que permanecerá para sempre ligado ao seu nome.
Experimentou o uso de transparências e cores em projeções, produziu tapeçarias e publicou suas primeiras gravuras. Seus quadros combinam variações de círculos, quadrados e triângulos, por vezes com gradações de cores puras, para criar imagens abstratas e ondulantes. Viajou por muitos países, sempre recebendo vários troféus.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

27.- Sobre um Danúbio (dito) azul


ANO
 10
Ainda em Budapeste / Hungria
EDIÇÃO
 3130
Por uma questão técnica a edição 3125 (sexta, 15 jan) foi, momentaneamente, retirada de circulação. Peço escusas.

Nas duas últimas postagens (sexta e segunda, 22 e 25) trouxe relatos dos meus primeiros cinco dias em Budapest; hoje posto um relato de mais dois dias: a segunda e a terça feiras, dias 25 e 26.
A primeira observação é um comentário, ante ao continuado tempo desagradável — e sou comedido na adjetivação — como deve ser esta cidade e qualquer outra de clima inclemente, na primavera ou no outono. Tivemos repetidas alterações de nossos programas devido a chuva e a neve. Mesmos aqueles realizados sob o tempo menos agradável ficam prejudicados. Se aqui for local de inspiração para organizar viagens, um conselho: evite vir aqui no rigor do inverno.
A segunda-feira começou com temperaturas muito baixas (-5ºC). A síntese do dia poderia ser sobre/sob as pontes do Danúbio (não tão) azul. As pontes que conectam Buda e Peste. O Danúbio está, há muito, em nosso imaginário. Primeiro, quando estudávamos os rios da Europa e depois quando ouvíamos, a primeira vez, falar em valsas, e dentre estas, ainda, aflora a sonoridade rodopiante de Danúbio azul de Strauss.
Permito-me justificar o mote dado a segunda-feira. Pela manhã continuamos a usufruir do tour que referi na postagem anterior. Em ônibus panorâmico, percorremos em duas horas, vinte pontos de Peste e de Buda. A neve e o contínuo chuviscar não convidavam a deixar o ônibus aquecido nas diferentes paradas. Comtemplávamos os lindos prédios, os muitos palácios, as lindas igrejas, as imponentes estatuas de heroicos magiares (parece que não houve na história do país mulheres dignas de ter estátuas) e diversas praças e jardins com árvores nuas, pois o inverno não se engalana com folhas e flores. Claro que a cidade deverá ser muito diferente na próxima primavera. Mais de uma vez atravessamos pontes que ligam Peste e Buda e se contatou de novo o quanto a primeira é plana e a segunda escarpada e o quanto ambas são muito lindas.
À noite, fizemos algo diferente. Um passeio de barco (parte do pacote que referi na postagem anterior) sobre o Danúbio e, é claro, sob suas lindas pontes. As 16h30min já estávamos no barco e já escurecia. Às 17 h, quando iniciamos a navegação era noite cerrada. Durante maravilhosa uma hora contemplamos Peste e Buda lindamente iluminadas. As pontes, à noite, oferecem um espetáculo muito bonito e diferenciado do dia.
A Wikipédia informa: Rio Danúbio, que divide a cidade de Budapeste ao meio, é o segundo mais longo rio da Europa, atrás apenas do Rio Volga, na Rússia. Com aproximadamente 2,8 mil km, o Danúbio tem sua nascente na Floresta Negra da Alemanha e atravessa o continente de oeste a leste, passando pela Áustria, Eslováquia, Hungria, Croácia, Sérvia e Bulgária, até desaguar no Mar Negro, na Romênia.
Na capital da Hungria há nove pontes atravessando o Danúbio. Sete delas são liberadas para o tráfego de veículos e pedestres, enquanto as outras duas são exclusivamente para trens. As pontes fazem parte do cenário e da história da cidade. As três mais antigas e também as mais conhecidas estão localizadas na região central da cidade: a Ponte das Cadeias (na foto), a Ponte Elizabeth e a Ponte da Liberdade. Todas elas foram destruídas durante a Segunda Guerra Mundial e tiveram que ser reconstruídas.
Na terça-feira o destaque vai para o Museu Ludwig de Arte Contemporânea que coleciona arte internacional e húngara, e exibe obras de arte a partir dos últimos 50 anos que foram recolhidos por Peter e Irene Ludwig. A intenção era fazer o Oriente mais próximo do Ocidente através da arte. A doação de 70 peças contemporâneas é a base da coleção de Ludwig. Nestas há obras de Andy Warhol, Roy Lichtenstein, Claesldenburg e Jasper Johns, bem como obras significativas do hiper-realismo.
Passamos algumas horas da manhã/tarde nesse museu vendo obras e assistindo filmes como nunca tínhamos visto algo parecido.
Todavia o mais original foram nossas tentativas de chegar ao Museu Ludwig. Neste ponto, a aquisição de passagens para o tram foi algo quase cômico. O nosso analfabetismo em húngaro ensejou situações nada triviais. Nós e outro casal de turistas estivemos por quase meia hora diante de uma máquina quase abestalhados. Veio então um jovem estudante e em frações de minutos resolveu nosso problema.
À noite fizemos pela primeira vez em 10 dias, saímos à rua com temperatura positiva (+2ºC). Faz diferença.
Anuncio para a edição de sexta-feira uma despedida de Budapeste. Leremo-nos, então, uma vez mais.