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sexta-feira, 7 de junho de 2024

LENDO E RELENDO

    Há dez anos li o livro que trago a uma bisada! 

Não sei explicar porque o elegi para estar continuadamente a meus olhos. 

Há por quê!



Neste fim de ano me deleitei com três livros — em suporte papel, é claro — que me envolveram gostosamente. Pela ordem li Infiel / Zelota /Einstein e a religião. Este último, ainda, não terminei. Os três se interconectam, como quero mostrar em três blogadas distintas, ainda em dezembro. Hoje comento algo mais do primeiro.
Antecipo, que mesmo tendo sido leituras de hora de recreio (¿por que temos que dicotomizar tempo de trabalho e tempo de lazer?) foram de muito proveito para meus estudos. A resposta à pergunta no parêntesis mereceria uma blogada especial acerca da tutela que nos fazem os deuses Cronos e Kairós.
Já em 16NOV2014, trouxe aqui um comentário prévio de Infiel – a história de uma mulher que desafiou o islã, quando, ainda, não havia concluído a leitura.
HIRSI ALI, Ayaan 1969 --. Infiel – a história de uma mulher que desafiou o islã. Título original: Infidel. Tradução de Luis A. de Araujo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. 496 p. ISBN 978-85-359-1109-1.
Ao lado da ratificação do que foi registrado então, adito que a autobiografia de Ayaan Hirsi Ali, uma negra somali, da idade de meus filhos, que viveu sua infância e juventude marcada por uma fiel e dolorosa observância do islamismo, é o mais inclemente repto ao profeta Maomé e ao Alcorão que li em toda minha história. Assim, Ayaan mostra o quanto normas que estão no livro sagrado, escritas há mais de 14 séculos não pode servir de norma hoje. Por outro lado ela diz ser Maomé um pedófilo.
Esta referência está nos bastidores do livro resenhado aqui* em 05JAN2013, que recebeu comentários do seu autor paquistanês, quando Aisha narra: “Eu tinha 6 anos quando me casei com o Mensageiro, embora nossa união só tenha sido consumada quando se iniciaram minhas regras aos 9 anos de idade. Ao longo dos anos, tomei consciência de meu casamento [...]. Mais do que a maioria de mulheres de minha época, fui alvo das adagas ocultas do ciúmes e do rumor. Talvez isso já fosse esperado. Um preço que devo pagar por ser a esposa preferida do homem do homem mais reverenciado e odiado que o mundo jamais conheceu” (p. 12).
*PASHA, Kamram. A Mãe dos fiéis: um romance sobre o nascimento do Islã. [Original inglês:Mother of the Believers. Tradução: Mariluce Pessoa] Rio de Janeiro: Record. 2012. 532p, 230x160x28 mm. ISBN 978-85-01-08995-3
É preciso acrescentar que também não conheço nenhum relato de sofrimentos físicos e humilhações a que uma pessoa tenha estado submetida. Trago um exemplo entre dezenas: a ablação do clitóris, quando era uma menina de cinco anos, sem anestesia e posterior submetida à costura da vagina, também sem anestesia, deixando apenas um pequeno orifício para excretar a urina. Depois, quando do casamento, a defloração tem como consequência a imobilização para caminhar por duas semanas, tanta foram as dores e as violências físicas sofridas na noite de núpcias.
Ainda, surras frequentes e brutais da mãe por causa de possíveis violações a normas religiosas (como por exemplo, deixar mostrar partes do corpo que pudessem causar distração/excitação a homens) e um espancamento por um pregador do Alcorão que lhe causou uma fratura do crânio.
Não sem razão que Ayaan mesmo fugindo para Europa e se tornando deputada de parlamento europeu pela Holanda tenha ainda hoje viver em alternados esconderijos. Vale ler. É um livro imperdível.

2 comentários:

  1. Olá meu caro amigo e mestre Chassot!
    Suas blogadas sempre nos enriquece. O livro físico tem se tornado tão escaço em nossos tempo Kronos (talvez o Kairós nestes tempo de nossas respostas e visualizações no WhatsApp).
    Faz-me recordar da canção de Caetano "Oração ao Tempo".
    Abraço cordial!

    Com esmero,

    Dirceu

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  2. Ah, já ia me esquecendo... Hoje (07 de junho) o Google homenageia Rita Lobato Velho que ficaria conhecida como a primeira mulher formada em medicina no Brasil.

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