(TAMBÉM) PARA MATAR SAUDADES
Na edição de abertura de dezembro, anunciava que não circulariam três das edições hebdomanais das sextas-feiras dezembrinas de 02, 09 e 16. Informava, então, que já era expectante das edições de 23 -- dedicada ao Natal -- e outra dia 30 (de São Silvestre) ou de despedida do ímprobo 2022 (atenção: o adjetivo ímprobo [Árduo, difícil, duro, pesado] é proparoxítono. Assim, neste preludiar esta feito o introito ds edição de 23/12/2022. Voltamos, então, saborear o maravilhoso binômio: escrever<>ler com singular alegria.
Como narrei na edição de 02/12/2022 o anunciado recesso não deveria ser inferido como ingresso em um tempo de deleites para um ‘não fazer nada’ ou como, com sedução, dicionariza o Priberam: DELEITE: Prazer suave e prolongado, moral ou físico. Ao contrário: nestes dias pré-natalinos, levei à qualificação três de quatro orientandos de mestrado; participei, com Prof. Dr. Antônio Valmor Campos de uma oficina Ciência e gênero na manhã de terça-feira, 02/12, na UFFS. O momento mais significativo: depois de eu referir que nos povos ancestrais são os homens que detém o mando, uma jovem pediu a palavra fazendo referências positivas a minha fala, apresentou-se como a Cacique (= a Cacica) de sua comunidade.
O mais árduo dos fazeres do período de recesso: um relatório dos quatro anos (novembro 2018 / outubro 2022) que fui bolsista do Programa Professor Visitante Nacional Sênior/ PVNS/AmazônIa. Cumprido o planejado, me envolverei, neste tão esperado Janeiro 2023, na conclusão das dissertações de quatro mestrandos já qualificados.
Mas para que não se diga que não falei ds vigília ou o sempre esperado 24 de dezembro, quando a véspera é mais evocada que o dia 25. Sim... é mais uma vez Natal. Mas a cada ano ele muda tanto. Sei que somos nós que mudamos. Claro que há um tempo eu não diria que “a fé não dá respostas, só impede perguntas!” Porém, para crente ou incréu há muitas modificações.
A noite de 24 de dezembro era uma noite muito especial. Passava-se o dia montando o presépio, que ocupava a metade da sala. A árvore ou pinheirinho não era muito valorizado. Ele era colocado numa lata de transportar querosene, com água à qual se adicionava um comprimido de ‘melhoral’, se dizendo então, que com tal prática a árvore ficaria viçosa até o dia de Reis, 6 de janeiro, dia de desmontar o presépio.
Na montagem do presépio se procurava reproduzir a Belém de nossas fantasias, onde havia além de lagos (uma gamela com água ou um espelho), igrejas, fogueira e céu estrelado. Havia angolistas que moviam o pescoço que eram muito maiores que boi que com seu hálito quente aqueceria a manjedoura onde estava o menino Jesus. Só os mais velhos – e eu era o mais velho dos filhos – podiam se envolver na montagem do presépio.
A ilustração desta edição é a representação de um artesanal presépio produzido por indígenas mexicanos, adquirido em 2007, quando estive em um congresso em Queretaro, MEX e desde então faz parte da decoração da casa.
É muito provável que não exista data que amealhe evocações de tantas (des)ilusões como a noite de hoje. Estas embalaram (e se esboroaram), não raro, na história na cristandade data mais aguardada do ano na maioria de meus leitores.
Elas podem ser desde a ameaça de uma varada do Papai-noel por desafinar (situação comum a maioria dos canoros) a ‘Noite Feliz’ em alemão (Stille Nacht! Heilige Nacht!) até ver a sonhada Monark azul embaixo da árvore (mesmo sabendo que o presente seria compartido com mais seis irmãos, onde havia um que se adonaria, pois era aquele que sabia andar sozinho). Há muito a evocar, mas talvez, por ora é melhor embalar silêncios.
Assim a blogada de hoje se faz silente para deixar aflorar lembranças e sonhar que estas tragam alegrias para a noite do dia 24. Nela crentes ou não crentes no mistério de um Deus se fazendo homem repetem emocionados aquele que também é o meu desejo para cada leitora ou leitor:
FELIZ NATAL
Sempre um deleite ler sua blogada! Feliz Natal, Mestre!
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