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sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Convenço-me: anjos da guarda existem

ANO 17*** 04/11/2022***EDIÇÃO 2058



Uma das mais significativas exclusões sociais é ser um ‘sans papiers’ ou ‘sem papéis’ e isso começa por não se ter certidão de nascimento ou não ter DN — algo mais frequente do imaginamos —. Se diz, e parece ser verdadeiro: “Ser um ‘sans papier’ é como viver na prisão”.

Essa reflexão preambular decorre quando me dou conta do registro da data de depois de amanhã. Certamente, (ano em que começou a Segunda Guerra Mundial ou ano em que morreu Sigmund Freud) é a data que eu mais registro em minhas rotinas de preencher documentos.

06/11/1939 é uma data (quase) só minha. Na Wikipédia não há  registro de nenhum nascimento, falecimento ou efeméride nesta  data. Sei apenas de uma pessoa (pai de uma amiga) que tem na DN os mesmos oito dígitos na mesma sequência que eu.

Quando olho que nasci às 3h da madrugada e vejo que no mesmo dia meu pai tomou um trem para ir da Estação Jacuí a Restinga Seca, então, distrito de Cachoeira do Sul, para me registrar no mesmo dia, comovo-me.

Depois do registro “milagres existem” na edição de 24/10/2022, talvez deva criar a seção para registro de ‘ações de meus anjos da guarda’. Meu muito querido colega e amigo Prof. Dr. Jorge Messeder (IFRJ) já me narrou, algumas vezes, quando assiste minhas palestras vê ‘ajudantes’ auxiliando na sequenciação dos assuntos que devo abordar. 

Agora, por duas vezes, neste outubro prenhe de ansiedades, eu os vi. Uma que já narrei na citada edição antes referida. Outra descrevo agora.

Era dia 30. A temperatura era mais de 30 graus. O sol era canicular. Eu ia mais uma vez votar no Lula para Presidente. Optei por ir a pé ao Colégio Bom Conselho. São cerca de 850 metros. A ascensão da Mariante até a Rua 24 de Outubro parecia mais íngreme que sempre. A criativa camiseta ‘Ano do Alumínio’ que me fora presenteada pelo Gerson Mol (UnB) em Pelotas encharcara. Agora descobrir a sala distribuída acriteriosamente. Segundo andar, sem elevador. Comecei a subida. Éramos muitos. 

Antes de ascender a metade dos quatro lances de degraus, alguém segura meu braço direito. O esquerdo usava no corrimão. Agora o acesso se faz facilitado. Vencido o primeiro lance, ainda sem conversar com a jovem senhora, recebi a sugestão de aguardá-la pois iria descobrir em qual dos corredores era a minha sala 0105. Detida a informação ela acompanha-me até meu local de votação. Sou informado: Voto no  andar! Subo para votar e volto para ajudá-lo a descer! Espere-me aqui! Sou obediente. Afinal, descer escadas é mais difícil do que subir. Votei. Esperei bastante. Lembrei um saber primevo: Para descer todo santo ajuda é um equívoco. Para descer todo santo empurra! 

A minha guardadora retorna: Nós vamos levá-lo para sua casa! Protestei: Como é teu nome! Quem é nós? Meu nome: Anahi! Nós: Meu marido e eu! Não tens ideia aonde eu moro! Não faço restrição à distância! Vamos descer! Aviso meu marido em que local de saída o aguardamos! Podes almoçar conosco! Estava impedido de aceitar o convite, pois um dos meus filhos era esperado. Chegou o Edson. Ratificado os planos. Chegamos ao portão de meu prédio. A missão para ser completa a mordomia insistiram que o casal subisse comigo. Subimos. Viram horta/jardim. Combinamos reencontros. Autografei um exemplar de A ciência é masculina? é, sim senhora! para o casal. Embalamos desejos para que ao pôr-do-sol nossos três votos iguais sejam também os mesmos que a maioria dos eleitores brasileiros.

PS.: Maktub; e assim aconteceu! Só não sabíamos que vândalos passariam a exigir um terceiro turno da eleição!

 

 

4 comentários:

  1. Querido professor Chassot, em suas inúmeras palestras que tenho acompanhado, me recordo que continuamente o senhor cita a Encíclica Laudato Si, do Papa Francisco. Venho através dessa mensagem deixar aqui para o senhor o link de um documentário recém lançado, chamado "A carta". Gostei muito desse documentário, me fez novamente, "assestar o óculos" sobre a realidade da Casa Comum. Um fraternal abraço, do orientando do professor Ramon Santana, nas terras do Amapá.

    Link do documentário: https://youtu.be/Rps9bs85BII

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  2. Caro Chassot! Amanhã será um dia muito especial: o teu Natalício! Parabéns pelo aniversário! Que seja um dia de muitas celebrações e de alegrias. Que possas olhar para o passado e perceber o brilho de uma trajetória de ensino e de aprendizagem. Que seja uma data para olhar para o amanhã com esperança e com fé! Um carinhoso e forte abraço.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Querido mestre, como é prazerosa a leitura dos seus textos! Adoro quando o senhor ironiza com a elegância personalizada de sempre. Aqui vão meus parabéns (com atraso)! Seus muitos anjos da guarda sempre estarão ao seu dispor, pois o senhor fez por merecer tal atenção celestial.

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