ANO 16*** 01/04/2022***EDIÇÃO 2041
Inauguramos o 2º trimestre de 2022. A primeira edição aprilina ocorre neste 1º de abril (prenhe de evocações de tempos em que narrávamos uma fake new, mas logo a labelávamos: uma pegadinha de primeiro de abril!). Há dias, comentava um quase apagamento de comemorações neste 2022: bicentenário da Independência.
No passado fevereiro, se evocou (nos cadernos de cultura dos jornais) a Semana de Arte Moderna. A também chamada de Semana de 22, ocorreu em São Paulo entre os dias 13 e 17 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal da capital paulista. Cada dia da semana trabalhou um aspecto cultural: pintura, escultura, literatura e música. O evento marcou o início do modernismo no Brasil e tornou-se referência cultural do Século 20.
Vale recordar algo maior em 1922 que a quase incógnita Semana de Arte Moderna. Esta é tida como inserta na celebração centenária do Sete 7 de Setembro de 1822. 1922 recorda 34 anos após a abolição da escravidão e 4 anos após o fim da Primeira Guerra Mundial. Nesse contexto, uma questão importante para os considerados intelectuais brasileiros era como o Brasil tinha se saído desses processos históricos, principalmente comparando o país com os Estados Unidos da América, que saíram da Primeira Guerra Mundial como uma grande potência.
“As questões sociais, principalmente a abolição da escravidão, recebiam pouco destaque nos trabalhos artísticos. Assim, a Semana de Arte Moderna se apoiava no pensamento nacionalista e na busca de uma identidade para o Brasil, além da procura por uma produção artística mais liberta, que rompesse com uma estética das academias de Belas Artes e das ideias parnasianistas. As ideias parnasianistas tratavam da arte pela arte, privilegiavam a busca pela perfeição e demonstravam pouca preocupação com os sentimentos humanos e os contextos sociais”(www.ufmg.br/espacodoconhecimento).
Se não fomos coetâneos com as celebrações do Primeiro Centenário da Independência, recordo as celebrações, em 1972, do Sesquicentenário da Independência. (Sesqui = 1,5 como por exemplo o sesquióxido de alumínio: Al2O3) Era o meu 11o ano de professor e o 8o ano do golpe militar. Houve algo que os ditadores apreciam: celebrações.
Celebrações do Sesquicentenário envolveu entre outras: a entrega, pelo Estado português, dos despojos de D. Pedro I; a confecção de longa-metragem acerca do processo de independência; a realização de torneio internacional de futebol; a reedição de obras concernentes à emancipação política; e, por fim, a inauguração do Monumento do Ipiranga, onde repousariam os restos mortais do primeiro imperador.
O regime estabelecido pelo golpe de abril de 64, afirma Almeida (2005) “procurou modificar o arcabouço político do país, através da edição de sucessivos Atos Institucionais, diminuindo-se o espaço de atuação dos opositores. Ao mesmo tempo, objetivando refletir a mudança na organização institucional da república brasileira, o regime militar estabeleceu novas Constituições, a primeira em 1967 e a segunda, muito mais inflexível no trato com a oposição interna, em 1969. Tais cartas magnas ampliaram consideravelmente as prerrogativas do ocupante da Presidência da República. Após a proclamação do AI-5, em fins de 1968, o regime militar procurou diminuir, ainda mais, o espaço para a elaboração e divulgação das críticas aos atos governamentais”
Almeida (2005) diz: “Vivia-se sob o período mais sangrento do regime militar, durante a presidência do general Emilio Garrastazu Médici (1969/74), momento em que a repressão aos adversários políticos atingiu os mais elevados níveis onde o Estado observava, em cada indivíduo, um hipotético adversário”.
Há um certo estranhamento em não se badalar, neste ano de 2022, o Bicentenário. Talvez a pandemia, e mais ainda as eleições de outubro possam ser responsáveis pelas inaudíveis referências ao Bicentenário.
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ALMEIDA, Adjovanes Thadeu Silva de, O SESQUICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA BRASILEIRA (1972) E O REGIME MILITAR - PPG-UERJ ANPUH – XXIII SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA – Londrina, 2005
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