ANO
14 |
AGENDA2 0 1 9
www.professorchassot.pro.br
|
EDIÇÃO
3453
|
Mesmo inserto neste império
milico-teocrático, parece que já estamos achando os dias, semanas, meses passarem
céleres para aguardarmos expectantes a chegada de 31 de dezembro de 2022.
Afinal... não há mal que sempre dure...
Este outubro não poderia
ser mais melífluo... na edição anterior (3452*12/10/2019) coloquei como a apoteose
de um extenso fazer acadêmico a mesa-redonda: A arte de escrever Ciência com
arte. Em seguida anunciava que chegava à Belém para participar do Círio
de Nazaré. No começo da tarde recebia a notícia que seria galardoado com a Pena
Libertária, como vencedor do Prêmio Sinpro Educação RS 2019 na categoria
profissional.
A estes dois eventos (Círio
de Nazaré e Prêmio Sinpro RS 2019) junto um terceiro: um Dia do
Professor muito diferente para compor a tríade que se faz tessitura
nesta edição.
Como a láurea do Sinpro RS
receberei esta noite, ela fica assuntada para a próxima semana. Cumprindo
promessas ao grupo no WhatsApp ‘Chassot no Círio’, criado e nutrido por minhas
amigas e meus amigos belemitas; primeiro narro um pouco do espetáculo sacro-profano
do qual vivi excertos. A cereja da semana fica para um contar de um Dia do Professor muito diferente.
Primeiro um verbete
enciclopédico: O Círio de Nazaré é uma manifestação religiosa cristã em devoção
a Nossa Senhora de Nazaré, que ocorre na capital do Pará: Belém. Celebrado
anualmente desde 1793, no segundo domingo de outubro, reunindo cerca de dois
milhões de pessoas em todas as romarias e procissões. Uma devoção religiosa,
herdada dos colonizadores portugueses — em Portugal é celebrado no dia 8 de
setembro na vila da Nazaré. O Círio é a maior manifestação cristã do Brasil — e
um dos maiores eventos do mundo —, reunindo mais de dois milhões de pessoas em
uma só manhã. Em 2004, reconhecido como patrimônio cultural imaterial pelo
Iphan e, em dezembro de 2013, declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela
UNESCO (com ajuda
da Wikipédia).
CHASSOT no Círio |
A manhã de domingo é o
ápice, mas há pelo menos uma semana se vive em clima de Círio. Se é recebido no
aeroporto com chuva de pétalas de flores. Os prédios públicos, os comerciais e
mesmo os residenciais, de maneira especial os condomínios são decorados exaltando
a Nossa Senhora de Nazaré.
Na noite de sexta-feira o
Auto do Círio (= manifestações artísticas muitos diversificadas, apresentadas
em diferentes estações, culminando com uma apoteose) produzido há vários anos
pelo Departamento de Artes da UFPA.
Há duas palavras correntes,
que se precisa dominar para entender o que está ocorrendo: berlinda e translado.
BERLINDA Coche pequeno, de quatro
rodas, suspenso entre dois varais. No Círio carro puxado por humanos os provido
de motor para transportar estátua milagrosa ou réplicas da mesma.
TRASLADO marca o percurso da imagem
de Nossa Senhora de Nazaré, da Basílica de Nazaré, pelas ruas da cidade, até a
igreja matriz, no município de Ananindeua, município vizinho a Belém. Percurso
este que é feito em carro aberto, e onde Nossa Senhora recebe inúmeras
homenagens. A imagem da Santa, passa a noite neste município, onde o povo fica
durante toda à noite em vigília. Essa Romaria acontece de sexta para sábado. No
sábado a imagem vais a Coaraci, distrito de Belém. Ela retorna à capital de
navio circundado por simples canoas de ribeirinhos a luxuosos iates, pela
imensa baia do Guamá, Roteiros de diferentes traslados em Belém estão
associados a ditos percursos misteriosos que se diz foram feitos pela imagem
quando ela definiu o lugar para se fazer sua morada.
Muito provavelmente o
sábado é o dia mais extenso. Há pelo menos onze círios oficiais (fluvial, das
bicicletas, das motos, dos jovens em pernas de pau... e alguns outros paralelos
(como do público LGBTTT).
Para um exemplo deste
Círios paralelos, adito aqui o que me escreveu a Prof. Dra. Ana Clédina, que
este semestre compartilha comigo uma disciplina na graduação da Unifesspa: “Eu
me desafiei a realizar uma Ciclo Romaria. Saímos da cidade de Capanema PA,
distante a 200km de Belém, às 18h de sábado (eu consegui pedalar os primeiros 148
quilômetros) e o grupo que concluiu o percurso chegou na Basilica às 9h30min
do dia seguinte... pedalando a noite toda. ... Algo
muito emocionante à frente de 150 ciclistas estava um carro com uma berlinda
com a imagem a entoar cânticos marianos. O grupo faz esse percurso há 16 anos.
Intitula-se "No rastro da Fé".
Porém essa aventura me custou as forças para o
resto dos festejo, mas, de fato a experiência do Círio de Nazaré é algo
inexplicável em suas entrelinhas
O círio, se encerra
usualmente com o ciriar = almoço
familiar no domingo cujo prato principal é o pato no tucupi e maniçoba. Os
ciriófilos menos ortodoxos tem este momento como muito apreciado.
Há alguns poucos ciriófobos
que reclamam dizendo que não se pode privar aos não católicos do ir e vir com
seus carros.
Terminado o Círio se inicia
o recírio, no qual se continua a ciriar, por mais duas semanas.
Dois breves comentários acerca de
meu ciriar da manhã de sexta ao começo da tarde de domingo:
Primeiro, não é com uma chegadinha, como a que dei, que se possa analisar e fazer
um etnografia de um evento que tem as dimensões acerca das quais tentei dizer
algo.
Segundo, o propósito de meu estar uma vez em um Círio, procurar identificar os quase
não-limites entre o sagrado e o profano parece ter ficado muito evidente. Fiz
então uma comparação com a festa de natal. Jesus (o sagrado) tem uma presença
na mesma muito discreta, quase só na igrejas. O Papai Noel, que pode ser tido
como ícone natalino profano apaga jesus no cenário público. Maria [a virgem de
Nazaré / a mãe de Jesus / a mãe da Igreja (invocação que me surpreendeu...)] é
presente de uma maneira unânime no Círio. Tudo gira em torno do seu culto. Em
mais de uma vez foi me destacada a colaboração dos evangélicos no Círio. Não vi
sincretismo com religiões afro, por exemplo com Iemanjá.
A guisa de sobremesa a esta
blogada tão prenhe de emoções passadas (o Círio) e futuras (a recepção da Pena
Libertária), trago algo acerca de um Dia
do Professor muito diferente. Era a 59ª vez que celebraria o dia do
professor enquanto professor. É um ano muito difícil. Quis voltar então a algo
que no ano passado fiz cerca de meia dúzia de vezes e este ano não fizera
nenhuma: palestrar com professores e alunos de uma escola rural municipal no
interior do interior de Igrejinha, RS. Uma pequena, mas muito querida escola
pois nela estudam a Maria Clara e a Carolina, minhas netas.
No dia 24 de setembro
recebo um correio eletrônico: Caro professor Attico Chassot, espero encontra-lo bem? Me chamo Gildo
Girotto Júnior e sou professor do Instituto de Química da Universidade Estadual
de Campinas - UNICAMP. O motivo de meu contato se dá pois no dia 15/10
promoveremos um evento em comemoração ao dia dos professores e das professoras.
[...] Sua presença seria uma grande satisfação para nós e com certeza para
nossos estudantes para os profissionais presentes neste evento. Aconselhei-me com minha filha Clarissa que tem as filhas na Escola Dom
Pedro I. Ela soube postergar a atividade em Igrejinha. Na terça-feira, desde
Porto Alegre, fui e voltei a Unicamp.
Vivi momentos
indescritíveis. Fiz uma palestra: A Ciência é masculina? É, Sim Senhora! autografei
os primeiros exemplares da nona edição do livro-tema. Assisti uma mesa redonda.
Convivi com o Gildo. Reencontrei Miguel, o espanhol um amigo que me fora
presenteado em Gurupi. Encontrei a Inês Petrucci para evocar uma amizade que
data do século passado, em um ENEQ em Aracaju, em 1998, com derrota do Brasil,
frente a França, em Copa do Mundo. Voltei ganhando muito mais que deixei.
Obrigado Escola D. Pedro I.
Obrigado Unicamp.
*******************
Na semana que se aproxima dois eventos: em um, minha estreia; no outro uma
evocação de sua inauguração há 40 anos. Em Bauru o X Encontro Paulista de
Pesquisa em ensino de Química e em Lajeado: o 39º Encontro de Debates de
ensino de Química, na
Univates.******************
Nenhum comentário:
Postar um comentário