ANO
8 |
em fase de transição
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EDIÇÂO
2607
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As blogadas
sabáticas, usualmente sabem a escritas e leituras. Neste novembro, que ora despedimos,
o fantástico binômio escrita ⇆
leitura
esteve muito presente aqui.
Aliás, este binômio
é o móvel principal de todas as blogadas. Os temas abordados se fazem de substratos
para o desenvolvimento disto que tenho como das ações mais distinguidas que nos
fazem pelos humanos.
De maneira
muito frequente recebo convite para colaborar com textos coletivos. Tenho
dificuldades de aceitar. Escrever em parceria é difícil para mim.
Já tentei
responder aqui, mais de uma vez: Por que
escrevo? Repito, não sou competente a reflexões psicanalíticas: mas
‘parece’ que eu me organizo internamente com o escrever. Talvez a ‘precisão’ de
escrever na primeira pessoa do singular explica essa minha dificuldade de
escrita coletiva.
Mantenho há
mais de sete anos este blogue que até maio de 2013 era diário. Houve então uma
tentativa de fazê-lo semanal. Não resisti mais de meio ano à abstinência. Uma
vez mais, a periodicidade é (quase) diária, Talvez valha contar que tenho 30
volumes (desde 1983) de diários manuscritos — na acepção mais rigorosa do termo
— sem faltar um só dia. Uma consequência desta produção que para mim: escrever não é uma tarefa solidária, mas
solitária. Claro que esse solitário é no que se refere a produção. A
interação com os leitores é algo muito solidário. Acompanhar, por exemplo, a
origem de mais de 300 leitores diário de meu blogue é uma gostosa distração que
presenteio a cada dia.
Reconheço que
estou na contramão das produções escritas. Elas são cada vez mais coletivas.
Exemplifico algo sobre essa nova tendência (não tão nova) de escrever
coletivamente: “A revista Physical Review
Letters publicou, em 1983, de meados de abril a meados de julho, 42
artigos, voltados para certos aspectos da Física das Partículas. Apenas cinco
desses artigos levavam uma assinatura; onze foram elaborados por mais de dez
estudiosos; nove foram redigidos por 20 a 25 pesquisadores; cinco foram
preparados por equipes de mais 40 especialistas. Um dos artigos (v.51, n,3, de
18 de julho) tem 99 autores!” (HEGENBERG, 2002, p. 33)*. Ainda, uma curiosidade
estes 99 autores são de mais 30 centros de pesquisa de pelo menos cinco países.
*HEGENBERG,
Leônidas. Saber De e Saber Que: Alicerces da Racionalidade. Petrópolis: Vozes,
2002. ISBN 978-85-326-2632-5.
Surpreende-me
o exemplo. Eu não sei envolver-me, numa coautoria assim. Talvez seja vaidade em
querer aparecer sozinho. Aqui, um bom assunto para que eu refleti neste advento
que se inicia.