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sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

27JAN2021 *** Alfabetização Científica, pra quê?


 

 ANO 15

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EDIÇÃO

3703

Não parece crível. Já é a última edição Janeiro2021. Era para vivermos um ano melhor que o 2020. Parece que o Covid19 não usa o mesmo calendário que os humanos. Meu pai diria: a situação está osca!

Recebi uma pergunta de uma aluna. Dedilhei uma resposta. Das 8 páginas extraio a metade teço a edição de hoje. Eis o excerto que se fez blogar. Não é autoplágio.

Querido professor Chassot,

em primeiro lugar, um abraço saudoso!

A Alfabetização Científica está na centralidade da minha pesquisa de Mestrado e o senhor além de estar referenciado nela em diversos momentos, motivou a escolha do tema. Vou contar-lhe algo: fiz uma revisão de literatura sobre Alfabetização Científica e formação de professores de Química e descobri que o senhor é o autor mais citado, aparecendo quase na totalidade dos artigos!

Quero te fazer uma pergunta e, desde já, peço desculpas se estou sendo ousada ou inconveniente. Ela tem acompanhado minhas reflexões desde o início: Por que os professores de Ciências devem ser alfabetizados cientificamente?

Agradeço se puder responder,

Eude Léia, PPGECM Unifesspa em Marabá.


27/01/2021

Muito querida Eude,

fazes como ofertório um interrogante. Ao preludiares, me encantas com a revelação de minhas referências na literatura. Faço um escambo contigo. faço tessituras para responder o muito relevante questionamento Por que os professores de Ciências devem ser alfabetizados cientificamente?

Por ser um facilitador para responder a tua pergunta convido olharmos o que é Ciência? A Ciência pode ser considerada como uma linguagem / construída pelos homens e pelas mulheres / para explicar o nosso mundo natural. É claro que, responder a uma questão tão complexa em apenas duas linhas pode parecer um reducionismo. Alan F. Chalmer escreveu um livro* de quase 300 páginas respondendo pergunta igual. Eu segmentei minha definição em três partes exigentemente iguais. Mesmo que seja saboroso discutir extensamente cada uma destas três partes (linguagem /construto humano / serventia), para tua interrogação a primeira — uma linguagem — se faz heliocêntrica. A segunda e a terceira parte dariam azo a extensas análise. Talvez acrescentasse lateralmente, com esta definição está explicito que a Ciência não trata do mundo sobrenatural!

Adito ainda que esta não é uma definição para uma Ciência escolar. Já falei em auditórios de pesquisadores alienígenas à área da Educação onde esta mesma definição tem muito bom trânsito.

Agora me restrinjo ao primeiro dos três segmentos: A Ciência pode ser considerada como uma linguagem. Poderia encerrar a resposta a teu questionamento aqui e agora, assim: Se a Ciência é uma linguagem ser alfabetizado cientificamente é entender (= falar, ler e escrever) esta linguagem.

Queria te convidar para vivenciares alguns locais que me esmero em te propor. Neste périplo a cinco locais (poderia te sugerir cinquenta) tu não és expectadora apenas. O convite é que os vivencie mais intensamente possível e os usufruas ao máximo, até porque vais ficar pouco tempo, em cada um de lugares admiráveis.

1.- Uma visitação a estações do metrô de Moscou. Algumas estações do centro da cidade são verdadeiras obras de arte, com esculturas, tetos, pisos luxuosos e lustres maravilhosos, todos da época em que o Comunismo ainda ditava as regras no país. Construído com a ajuda de milhares de trabalhadores e também de voluntários. “Os ricos já tiveram muitos palácios... agora é vez do povo tê-los”.

2.- Fazer uma conexão em voo doméstico em Chiang Mai, uma cidade da Tailândia. O tempo de conexão permite conhecer uma vibrante cidade que tem uma força histórica por ter uma importante situação estratégica na rota da seda, sendo hoje um grande centro de artesanato e ourivesaria.

3.- Estar no Muro das Lamentações em Jerusalém, no final de tarde de uma sexta-feira, quando está começando o shabath. O Muro das Lamentações ou Muro Ocidental (Qotel HaMa'aravi הכותל המערבי em hebraico) é o segundo local mais sagrado do judaísmo, atrás somente do Santo dos Santos, no monte do Templo. Trata-se do único vestígio do antigo Templo de Herodes, erguido por Herodes, o Grande no lugar do Templo de Jerusalém inicial.

4.- Chegando de improviso (por perda de conexão, e precisando procurar hotel em Sarajevo (pronunciado em bósnio, croata e sérvio: [sǎrajeʋo]; em alfabeto cirílico: Сарајево). É a capital e a maior cidade da Bósnia e Herzegovina. Sarajevo é considerada uma das cidades mais importantes dos Península Balcânica e tem uma rica história desde que foi fundada em 1461 pelos otomanos.

5.- Para encerrar nosso tour chegamos a uma charmosa cidadezinha no Sul da Holanda, que usualmente é citada nas minhas aulas de História da Ciência, por dois de seus filhos ilustres. Estamos em Delft a 15 minutos em trem de Rotterdam. Um pintor neerlandês muito famoso do século 17, Johannes Vermeer, (já estamos lembrando da Mulher com o brinco de pérola) nasceu e viveu toda a sua vida na cidade de Delf, e era amigo de Antonie van Leeuwenhoek, um dos precursores da observação microscópica no século 17, nasceu e viveu em Delft. Vale aproveitar para ver os antiquários e as porcelanas azuis, tão típicos da Holanda (e originários de Delft!).

Posso fácil imaginar o quanto nosso périplo foi encantador. Poderia ter sido melhor? Sim. Houve uma mesma restrição genérica e quase uma dezena de restrições especificas. Confere?

A restrição genérica (= a linguagem): as repetidas limitações nas possibilidades de comunicações — nas cinco visitações — por fala, entendimentos das chamadas sonoras em aeroportos, ferroviárias. O acesso a revistas, jornais, filmes e informações em museus etc.

As restrições especificas (= as diversas linguagens): se soubéssemos russo em Moscou. Perdemos por não fruir mais em Chiang Mai por não sabermos tailandês. Certamente não sabermos hebraico ou árabe trouxe perdas na nossa estada em Jerusalém. Sarajevo teria muito mais aprendizagens se soubéssemos bósnio, croata ou sérvio. A nossa estada em Delft, se soubéssemos holandês, nos ensejaria conhecer melhor o Século 17 e as artes dos grandes pintores neerlandeses.

Tenho, agora, um convite muito diferente. Falemos numa cozinha. Dias antes de começar esta pandemia, Lilith — uma colega de priscas eras — me enviou um WhatsApp. “Fui presenteada com meia dúzia de garrafas de cervejas artesanais. Sinta-se convidado para vir a minha casa amanhã para uma degustação!” “Convite aceito! Levo uma paleta de ovelha já marinada para assar!” À meia tarde, estava na casa de Lilith, para assar um presente que recebera.

Após festejarmos reencontros perguntei: Preciso saber onde encontro cebolas? Lilith respondeu: “No refrigerador na gaveta abaixo do congelador!” Descasquei e fatiei três cebolas e as coloquei junto com a paleta que já estava no forno. Estava com um bom assunto engatado. Por que choramos ao cortar cebola? Foquei no assunto e questionei, trazendo logo o meu interrogante: por quê tu e eu usamos colocar a cebola no refrigerador para não chorar ao descasca-las e ao fatia-las?

Uma muito boa pergunta é feita para quem, por anos, lecionou bioquímica nos cursos da área da saúde! Mas respondo tua pergunta com uma outra pergunta, à moda jesuítica**[1]: por que nós choramos quando descascamos cebolas, sem colocar as mesmas antes no refrigerador?

Minha resposta não é difícil, mesmo que seja quase incompleta: porque se não protegermos olhos, chega aos mesmos algo que está no estado gasoso e nos irrita. Nota 4, numa escala de 0 a 10, para tua resposta. Para um professor universitário — mesmo que sejas da área soft, divisão que eu sei que tu abominas (e eu também) — é muito pouco! Tu sabes — para facilitar respostas melhores que há outras maneiras — além de colocar a cebola no congelador, para não chorar — nós temos pelo menos três alternativas, que deixo de referir agora — mas todas baseadas em uma mesma explicação.

Voltemos a questão heliocêntrica: por que nós choramos quando descascamos cebola, sem colocar as mesmas antes no refrigerador? Uma provável explicação está no sulfóxido de tiopropanal, um gás de uma chamada função mista, formado no corte de vegetais como a cebola que gera um ácido, em contato com a água dos olhos. Esse composto, inicialmente, não existe na estrutura da cebola, mas a sua formação ocorre quando a descascamos e/ou fatiamos, pois, nesse momento, as células desse vegetal são quebradas e há a liberação de enzimas chamadas alinases e um grupo de compostos chamado de sulfóxidos-S-alquenil cisteína.

Os compostos desse grupo estão separados em diferentes partes da cebola, mas depois de cortá-la, eles entram em contato e interagem por meio de reações complexas que são catalisadas pela enzima alinase. Resumidamente, entre os compostos formados, há os ácidos sulfínicos, que são bem instáveis e logo convertem-se no sulfóxido de tiopropanal, que é o aldeído da lágrima.

Visto que esse gás é volátil, ele entra em contato com a umidade de nossos olhos e transforma-se em uma espécie de ácido bem fraco, que causa o ardor nos olhos. Assim, como um mecanismo de proteção, as terminações nervosas das córneas fazem as glândulas lacrimais produzirem as lágrimas. Contudo, isso só piora a situação, porque há mais água para reagir com o sulfóxido de tiopropanal e formar ainda mais ácido.

Depois desta explicação de um saber primevo, detido, por exemplo, por cozinheiras, encontramos — como (na explicação trazida) para não chorarmos ao descascar cebolas — mediado por saberes acadêmicos explicações para a facilitação para abrir a tampa metálica que fecha um vidro de conservas ou uma explicação à recomendação de minha mãe em minha infância: “Tem que colocar o sal amoníaco em uma vasilha bem fechada, se não ele foge!” Ou ainda porque para apagar uma vela ou avivar ou braseiro, usamos o mesmo procedimento: assoprar.

Depois de fazer evidente como o saber (falar, ler, escrever...) diferentes idiomas pode ser facilitador para (con)vivermos no Planeta Terra e isto tem igual valia no que se refere quanto ao conhecer Ciência. Não preciso ter a expertise em bioquímica como Lilith, mas se entendo como moléculas de uma substância volátil (presente na cebola) se colocadas sob baixa temperatura, cristalizam parece que está respondida a pergunta: Por que os professores de Ciências devem ser alfabetizados cientificamente? 

*****************

* Alan F. Chalmers O que é essa coisa chamada Ciência? ou no original What Is This Thing Called Science? (São Paulo: Brasiliense, 1993).

** É quase senso comum que os jesuítas sempre que perguntados acerca de algo, respondem com outra pergunta. Comprovei isso. Quando lecionava na Unisinos, um dia perguntei ao hoje reitor: Padre Marcelo, é verdade que quando se pergunta algo a jesuíta ele responde com outra pergunta? Silêncio sonoro e obsequioso” Professor Chassot, quem te contou isso?

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

22JAN2021 *** A ABSTINÊNCIA terminou

 


 

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EDIÇÃO

3702

Há dez meses, quando pela primeira vez aprendíamos sobre (e praticávamos) distanciamento social, minha colega Andréia Salgueiro, da Unipampa, dizia: Há agora um tempo para aprendermos a chorar. Agora, quando com tanta frequência somos chamados a lutos, os ensinamento da Andréia são evocados. Esta tarde soube da morte da Sandra Corazza, da Faculdade de Educação da Ufrgs. Era uma muito brilhante professora. Tomado de tristeza, esta edição se transmuta em uma tênue homenagem a uma muito admirada polemista.


Depois de cinco extensas semanas (algumas destas queridas; outra imposta) hoje ocorre, uma vez mais, uma participação minha em uma live. A última — 88ª — fora na mesma data (18/12/2020 da última edição deste bloque no cruento 2020) em que começara o recesso. Se o retiro ferial tinha o sabor da desobriga de produzir o blogue em cada uma das 4 semanas no entorno da tão esperada virada 2020/2021, a abstinência de lives, que se espraiou uma semana além do recesso, não foi algo trivial.

Foi difícil. De maneira usual não me envolvo em dimensão persecutória. ‘Não gostam mais de mim!’ Mas, aflorava um interrogante: por que aquela livecização que durante sete meses de uma média de 12 lives por mês se extinguira. Se esgotara a minha possibilidade de disponibilizar saberes?
Há, não raro, uma postura egoísta: se na minha casa falta energia elétrica, quero saber se o mesmo ocorre na vizinhança. Se o mesmo ocorre com outros, sofro menos. Sei que não preciso buscar solução.

Quando vivia, não sem dificuldade, meu jejum livial, vi que os convites (para assistir o mentefato cultural que me ejectara do ostracismo) eram raríssimos, se comparados com tempos que nossas agendas viviam um estufar. Não era apenas na minha horta que não chovia.

Quando hoje realizo a 1ª live (ou a 89ª no computo geral) agradeço aos colegas do IFPI que ensejam esta desejada retomada. A trazida aqui deste evento me enseja disponibilizar um dezena de títulos que podem ser solicitados. Em www.professor.pro.br Agenda Lives há um excerto de algumas das realizações de 2020. Fiz destaque a atividades: a 1ª / a 88ª (que é o mesmo tema da 89ª) / aquela com o Lama / as repetidas Religião e Ciência / a dose tripla do dia 26/11 quando nas lives da manhã e da tarde se superou 6 mil participantes / a fita azul: ‘Assestando óculos para ver o mundo natural’.

 A consulta a esta página evidencia, também, a possibilidade de se solicitar um minicurso de História da Ciência com seis encontros. Quaisquer das atividades podem ser públicas (quando através de um card se convida a todos que quiserem/puderem assistir) ou privada {quando uma instituição ‘encomenda’ um seminário ou curso para diferentes níveis de escolarização (do ensino fundamental a pós-graduação; excluída a Educação infantil)} . Há a possibilidade de certificação das atividades, sendo a responsabilidade para tal da instituição que promove a atividade.

Parece dispensável referir que toda e qualquer solicitação é totalmente gratuita. Basta solicitar pelo correio eletrônico: achassot@gmail.com ou por WhatsApp 51 99372 4372

Para não se dizer que não falei de desgovernos, na Amazônia (não apenas no estado do Amazonas) continua a falta de oxigênio e de insumos básicos prossegue há duas semanas. Parece ser hora de mandar Pazuello para a reserva, para aprender a fazer regra de três. Dois milhões de vacina permite vacinar 1% da população brasileira.

A desorganização planejada e o descaso não são exclusividades do Ministério da Saúde e da diplomacia brasileira. Na educação ocorre o mesmo. O primeiro dia do Enem ocorrido no domingo (17) teve tudo o que já se esperava: altíssimo índice de abstenção — superior a 50% dos inscritos — aglomeração, e estudantes impedidos de fazer a prova por falta de espaço na sala. Porém, o evidente fiasco não intimidou o ministro da Educação, Milton Ribeiro, que considerou a primeira prova "vitoriosa". Ele reiterou ainda que não considera a possibilidade de cancelar a segunda etapa do exame, agendada para o próximo domingo, dia 24.

Lemo-nos, talvez, na próxima sexta-feira, ainda não vacinados.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

15JAN2021 *** Sidnei, agradecido pelos saberes tecidos juntos

 

 

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EDIÇÃO

3701

E... passou quase um mês da última edição deste bloque em 18/12/2020. Voltamos a circular, quando já passou a metade do primeiro mês deste ainda desacostumado 2021, por ora nada melhor que o 2020. Foram quase 30 dias excepcionais aqueles que passamos mais distantes, mesmo que a cada dia o blogue manteve a sua frequência de entorno de 100 acessos (talvez, uns 10 leitores). Sei ser um número modesto ante aqueles com milhares de acessos. Mesmo sem sair, por estes dias (nem para o confraternizar com familiares) parece que me irmanei, como nunca dantes, nesta tão esperada virada de ano (em férias).

Se anunciasse que contaria uma piada (ou que assumo o papel de falastrão de bobo da corte), eu teria mais crédito. Eis uma não-anedota: O avião da Azul, com destino à Índia para buscar vacinas vendidas ao Brasil (por ser o primeiro ministro indiano amigo do presidente da República) retardou em um dia sua viagem porque era preciso antes adesivar o avião com propaganda do governo.

É evidente que nas quatro semanas silentes muito ocorreu. Havia organizado uma coletânea de pingos e respingos do período. Cessa tudo! Surge tristeza maior.

Nos dias que se fez recesso sofri várias perdas daqueles labelados como da área acadêmica. Uma perda, dolorosa de maneira particular, pela imprevisibilidade. A pranteio, aqui e agora.

Na noite desta quarta-feira, Gerson Mol, Presidente da Sociedade Brasileira de Ensino de Química - SBEnQ informava com profunda tristeza a partida repentina do associado e Diretor de Comunicação, Professor Doutor Sidnei Quezada Meireles Leite, Professor Titular do Instituto Federal do Espírito Santo (IFES) e pesquisador reconhecido pelas grandes contribuições dadas na formação de recursos humanos e produção de conhecimento na área de Educação e Ensino de Química. Atualmente, Sidnei se encontrava em plena atividade na SBEnQ, trabalhando no lançamento da Revista da Sociedade Brasileira de Ensino de Química - ReSBEnQ, como um dos editores chefes. Em mensagem para a equipe da revista, no final do ano Sidnei escreveu: “Eu desejo de coração que 2021 seja melhor, com a oportunidade de virar a página da vida, com a oportunidade de ser feliz. Tenha esperança. Que seja um ano sem Covid. Que tenhamos vacinas de fato e não fiquemos só olhando para as telas pensando o que poderíamos ter. Que a ciência vença. Que o amor vença. Que a vida vença. Seja feliz. Feliz 2021”.

Soube, por amigos do IFES (Agradecido, Manuella!), nesta quinta-feira, da tristeza pela partida do Sidnei, ainda tão novo (com 54 anos) e de forma tão repentina. Tinha ido visitar a mãe e estava voltando do RJ para o ES de carro. Passou mal na estrada. Foi para um hospital na segunda-feira. Na terça de manhã, seus colegas do IFES souberam que estava na UTI em estado gravíssimo, à noite faleceu. Ontem, quinta-feira foi o enterro. Colegas narraram o quanto estão todos imersos em dor. Ele foi o principal responsável na aprovação do Doutorado no IFES. A primeira turma começa em fevereiro. Vai ser difícil sem ele!

Eu vou recordar sempre o gentleman que me recebia em Vitoria e das emoções em subirmos a pé, até o convento da Penha em Vila Velha. Tenho em minha casa, mobile com dobraduras feitas por ele. Lembrarão o amigo que partiu muito cedo, antes do tempo. O Sidnei existe porque nós narramos suas histórias. “Querido amigo e colega! Os muitos aprendizados juntos hão de adensar saudades!”

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

18DEZ2020 *** Adeus, Ano Velho!!!!


 

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3700

Aqui, e em muitos outros espaços, é tempo de encerrar logo este bissexto 2020 aziago. Já é tempo de cantarolar musiquinha xaroposa “Adeus, ano velho!”

Está é última edição deste blogue este ano. Volto, muito provavelmente, 15 de janeiro de 2021. Mesmo sem sair, por estes dias, nem para o jantar com familiares, parece que me irmano, como nunca dantes, nesta tão esperada virada de ano (em férias).

Esta é 48ª edição do blogue deste ano. Quantidade coerente para uma edição semanal, com período de férias. Nestes quase 15 anos de circulação, durante um tempo, houve edições diárias (quase não crível para mim) e depois com número variável de edição semanais. Já, há três anos, postar a edição semanal, ao pôr-do-sol das sextas-feiras, determina, não apenas o início do shabath, como também, estar então num fruído fim de semana.

As viradas de anos são usualmente tempos de muito afeto que entrelaçam crentes e incréus. Todos nós — desde as crianças que são mais hábeis que nós em certos artefatos tecnológicos até homens e mulheres mais anosos, que qual Edgar Morin, continuam distribuindo saberes — estamos mais solidários nestes tempos. Isto faz que nesta edição — diferente de quase todas minhas blogadas destes 2019 e 2020 —, não arremessarei dardos farpados contra o presidente da República. Neste período de desejar Paz e Saúde, respeitando a liturgia do cargo, incluo o presidente Messias.

A recém nominação de um dos mais importantes e admirados intelectuais coetâneos foi para não deixar sem um registro algo muito emocionante, que mulheres e homens de dezenas de países das Américas, da Europa, da África e talvez de outros continentes (que não registrei), vivenciamos, nesta quarta-feira, dia 16. Edgar Morin (Paris, 08 de julho 1921) com quase 99,5 anos, pronunciou por quase 1 hora, a conferência magistral do 3º Congresso Mundial de Transdisciplinaridade, Trouxe, com encantadora lucides uma narrativa escorreita, permeada de exemplos da Química e da biologia, especialmente da evolução de primatas. Respondeu perguntas, não aparentou cansaço e não percebi em nenhum momento esquecimento.

Realmente foi estimulante (e, porquê não dizer, encantador) o que se assistiu. Sem ter referido, nos ofertou mais desejos de que a vacina venha também para ser facilitadora do transe que vivemos.

No olhar, com aumentada esperança para um futuro longevo, conectei algo do passado:  em junho de 2009, estava na UFPA, participando do evento ‘2009 Ano Brasil-França’. O conferencista para o encerramento não pode vir. O convidado à tribuna recém vacante se propôs a narrar tentativas para mostrar possibilidades de um caminho inverso para a leitura do ‘mundo real’: das disciplinas à indisciplina. Foi significativo para mim, no dia 20 de junho de 2009, colaborar que a cátedra destinada a Morin não ficasse desocupada.

Em paralelo a excepcional live acima narrada, nesta última semana, antes de cumprir o recesso já anunciado, tive duas bancas (uma no PPGECM na Unifesspa, em Marabá PA e outra em Cuiabá MT, em Programa de Pós-graduação UniC e IFMT) e duas lives: ontem, na UERR, na única capital brasileira no hemisfério Norte e hoje minha 88ª (e última live do ano) em mais uma edição de ‘Diálogo de Aprendentes’, no IFSP no campus de São José dos Campos. Agora, já expectante com 2021.

Aos que creem/aos que não creem no milagre natalino de uma virgem dando à luz a um Deus // aos que podem/aos que não podem ficar em casa para ajudar a frear a disseminação do covid-19, a cada um dos habitantes do Planeta Terra (nossa casa comum) votos de um muito feliz ano novo!

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

11DEZ2020 *** A pandemiazinha está terminando!!!


 

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EDIÇÃO

3699

Há que dizer, com confessa religiosidade, que esta já é a edição que circulará no terceiro domingo do advento. Não falta muito para ardorosamente cantarmos “Adeus, ano velho!”

Ontem o presidente (sim! com letra pê minúscula), esteve a inaugurações (Não! em campanha para 2022), em Porto Alegre. Quando se convive com mais acentuado número de mortos e de infectados, sem máscara, disse que pandemiazinha está terminando (Sem comentários!).

Narro dois momentos da semana que se esvai. Parece que um e outro não se conectam. Mas, ambos se tecem fazendo esta blogada pré-natalina.

Deixo de comentar, mais extensamente, duas lives desta semana e também a festa de natal no Laboratório indisciplinar.

No dia 8, terça-feira, vivi uma reedição de ‘Diálogo de aprendentes’ onde os participantes recebem com antecipação o texto homônimo e então dialogam comigo. Numa promoção da FFCLRP USP foram cerca de 100 minutos de sumarentas trocas de saberes.

O dia seguinte, na UFS, dialoguei com o Prof. Dr. Bernard Charlot; quando conheci seu currículo, que dá de dez a zero no meu, tremi. Nas duas horas de conversação reanimei-me.

Agora os dois momentos já anunciados. Um dos momentos preencheu meu fim de semana e ainda se espraia pelos dias que fluem. O outro ainda me interroga. É irrespondível.

No sábado, um passarinho, ainda implume, caiu no foyer pela chaminé da lareira, de provável ninho no piso superior. Não voa ainda, mas se adonou e marcou sua presença em peças da casa. No domingo, com orientações de distante pontos do país recebi orientações para hidratá-lo e alimentá-lo. Não tive muito sucesso. Acolchoei lhe uma caminha. Na manhã de segunda-feira, anunciei aos meus parceiros salvacionistas que o frágil passarinho fora a óbito. Engano meu. Ao ascender para dar-lhe sepultura no jardim, manifestou-se piando a doer. Então, de vez em vez, ofertei-lhe uma solução hidratante, leite morno, pirão... Não fui hábil. Penso que a oferta não foi aceita. À tarde, na expectativa que seu piar chamasse sua mãe (depois me disseram que as mãe não reconhecem filhotes que foram tocados por humanos e os deserdam), levei-o a um tomar um sol, entre nuvens, nada intenso. Foi fatal. Ele morreu. Dei-lhe sepultura sob uma lápide, onde penso que vejo escrito este memorial. Sofri. Sofro. Eu não mato uma das milhares de drosophilas que se apossaram de minha cozinha, ajudei a matar um passarinho ainda emplume (levando-o ao sol).

Agora, o segundo momento a narrar. Na minha biblioteca seria merecido houvesse um Recanto Jairo Brasil. Cada ano, no meu aniversário, sou agraciado, pelo meu ex-orientando de mestrado, com um livro sempre muito especial. Este ano, deixou na Portaria de meu prédio A Bibliotecária de Auschwitz, um romance baseado numa história real. Não vou fazer resenha. O título diz muito. Mesmo que já faça um mês do ofertório, não terminei. Nestes dias, múltiplos interrogantes sequenciam minhas leituras diversas. O livro é dolorosamente saboroso. Exige leituras à pequenas doses. Estas me fazem retornar a Auschwitz, onde estive há não muito. Um dos personagens do livro é o macabro Doutor Mengele. Fazia (e se comprazia) experiências com crianças que qualquer um de nós não permitiria fazer nem em ratos de laboratórios ou em drosophilas. Se quisesse experimentar, por exemplo, mudar a cor dos olhos das crianças para azul, injetava no globo ocular um corante azul, mesmo que isso cegasse os inocentes para sempre. Este é apenas um exemplo ‘simples’.

Agora um interrogante fulcral: como o episódio do frágil filhote e os cruéis crimes contra a humanidade em centros de extermínios se entretecem. Parece que não preciso responder. Até a vindoura sexta-feira!