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segunda-feira, 6 de março de 2017

06 — Alexandra Elbakyan, a Robin Hood da Ciência

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Recebi de meu colega Jarbas Santos Vieira, da UFPel, uma chamada para um texto de Giuliano Aluffi,  publicado na edição em língua portuguesa do jornal espanhol El Pais. Pelo seu significado compartilho com os leitores deste blogue.
A Robin Hood da ciência internacional tem 28 anos, se chama Alexandra Elbakyan, é de origem cazaque e licenciada em informática. É, acima de tudo,  uma pirata da informática que luta pelo livre acesso universal aos estudos científicos.
Cinco grandes editoras — Reed Elsevier, Springer, Wiley, Blackwell, Sage e Taylor & Francis — publicam cerca da metade de estudos realizados em todas as universidades do mundo. E os blindam, como “xerifes de Nottingham”, diz, atrás de custosas barreiras de pagamento – até 40 dólares por artigo – que impede a consulta de estudantes e pesquisadores que não possuem recursos. A solução que Alexandra lançou em 2011 é o Sci-Hub.cc: um site que disponibiliza gratuitamente todos os tipos de estudos. Agora, a revista Nature, apesar de que em teoria é sua inimiga, a incluiu na lista das 10 pessoas mais importantes para a ciência em 2016.

sexta-feira, 3 de março de 2017

03 — No cuidado com a casa comum

ANO
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Encontrei nesta sexta-feira feira quaresmal uma informação. Não sei se fidedigna. Mas, presta-se a reflexões. Oito trilhões. Esse é o número de mensagens de texto enviadas todos os anos. Grandes números nos traem: isso representa 23 bilhões de textos enviados todos os dias. Ou quase 16 milhões por minuto.
Nesse turbilhão sonhamos ser lidos. Parece um pouco pretencioso. Parece que se escreve muito (cada vez mais), mas se lê cada vez menos. Não raro intromete-se em mim a sensação de que escrevemos para nós mesmos. Eu reconheço: gosto de ler, mas amo escrever.
Na última blogada acenei que me aliaria à Campanha da Fraternidade. O tema para este 2017 está muito bem escolhido. “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida”, onde a Igreja Católica busca ampliar a consciência de que o desafio global, pelo qual toda a humanidade passa, exige o envolvimento de cada pessoa juntamente com a atuação de cada comunidade no cuidado de nossa casa comum.
[Bioma: (Ecologia) Cada um dos grandes meios ou das grandes e estáveis comunidades de organismos do planeta, como o oceano, a floresta, a pradaria, o conjunto de águas doces etc. (in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa)].

É muito repetido que “o criador foi pródigo com o Brasil. Concedeu-lhe uma diversidade de biomas que lhe confere extraordinária beleza”. Mas, infelizmente, os sinais da agressão à criação e da degradação da natureza também estão presentes.
Nesta semana, ao preparar a 8ª edição de A Ciência é masculina? escrevi: Entre todos os documentos que foram publicados no interregno da 7ª edição (inverno de 2015) e esta 8ª edição, muito provavelmente é a Encíclica Laudato Si’ do Papa Francisco (2015) o texto mais relevante do Planeta. Dentre os muitos depoimentos acerca da mesma trago apenas um: “A Laudato Si' é, talvez, o ato número 1 de um apelo para uma nova civilização” afirmou o cientista Edgar Morin, que não professa o cristianismo. Assim a (re)leitura da Laudato Si’ pode se constituir no texto fulcral da CF 2017.
O objetivo da Campanha da Fraternidade deste ano, inspirado na passagem bíblica acerca do cuidar da criação, de modo especial dos biomas brasileiros e promover relações fraternas com a vida e a cultura dos povos, à luz da fraternidade. Está na encíclica “não podemos deixar de considerar os efeitos da degradação ambiental, do modelo atual de desenvolvimento e da cultura do descarte sobre a vida das pessoas” (LS, 43), assim há um convite à contemplação para admirar, agradecer e respeitar a diversidade natural que se manifesta nos diversos biomas do Brasil através da promoção de relações respeitosas com a vida e a cultura dos povos que neles vivem. Este é, precisamente, um dos maiores desafios em todas as partes da terra, até porque as degradações do ambiente são sempre acompanhadas pelas injustiças sociais.
Os povos originários de cada bioma ou que tradicionalmente neles vivem nos oferecem um exemplo claro de como a convivência com a criação pode ser respeitosa, portadora de plenitude e misericordiosa. Por isso, é necessário conhecer e aprender com esses povos e suas relações com a natureza. Assim, será possível encontrar um modelo de sustentabilidade que possa ser uma alternativa ao afã desenfreado pelo lucro que exaure os recursos naturais e agride a dignidade dos pobres.
Não sei se, dentre as milhões de mensagens escrita no tempo desta minha laboração sobro algum espaço para estarmos atento ao cuidado de nossa casa comum. Sonho que sim.

quarta-feira, 1 de março de 2017

01 — Um março para (con)viver

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Proponho para esta blogada, que inaugura março, três divagares, mesmo sabendo que março — passadas as festas e o carnaval — não é tempo dado a divagações.
Março na Roma Antiga era o primeiro mês do ano e chamava-se Martius, de Marte, o deus romano da guerra. Em Roma, onde o clima é mediterrânico, março é o primeiro mês da primavera, um evento lógico para se iniciar um novo ano, vencidos as agruras do inverno onde plantas e animais realmente hibernam, paralisando o crescimento.
Na Rússia, o ano iniciava em 1º de março ainda no final do século 15. A Grã-Bretanha e suas colônias continuaram a utilizar o dia 25 de março para iniciar o ano até 1752 — ano em que os britânicos, finalmente adotaram o calendário gregoriano, em vigor no mundo católico romano desde 1582. Muitas outras culturas e religiões ainda celebram até hoje o Ano-Novo em março.
Também estamos ‘um pouco de ano novo’ pois há um senso comum, que ainda hoje ouvi repetido: no Brasil o ano começa de verdade ‘na tarde de quarta-feira de cinza’. Talvez, por tal esteja fazendo esta blogada à tarde, preservando o único dia do ano em que alguns têm as benesses de um hemi-feriado. Há, também, aqueles para quem o ano só começa de verdade na ‘primeira segunda-feira depois do carnaval’. A este deseja-se ‘feliz ano novo’ no próximo dia seis.
O segundo momento está esteirado no comentário anterior. Ouviu-se: como o carnaval este ano foi tarde (o carnaval pode ocorrer entre 03 de fevereiro e 09 de março). Não faltou quem afirmasse: “Claro, a páscoa este ano cai mais tarde: 16 de abril!” Há ainda, os mais sábios, que se jactam, dizendo: “A semana santa começa 40 dias depois do carnaval!” Corretíssimo. Sendo a Páscoa uma festa móvel (diferentemente do Natal, que é fixa) como a data desta (e, por consequência a semana santa, a quarta-feira de cinzas, o carnaval, Pentecostes, Corpus Christi, Ascensão etc.) é definida a cada ano?
A data da Páscoa (tanto na Igreja Católica como nas Igrejas Protestantes e Igrejas Ortodoxas, mas não há necessariamente coincidência com o calendário judeu) é calculada como ocorrendo no primeiro domingo após a lua cheia (lembremo-nos que Sexta-Feira Santa é dia de plenilúnio) seguinte à entrada do equinócio de outono no hemisfério sul ou o equinócio de primavera no hemisfério norte. Essa definição foi um momento que pôs fim a uma histórica divergência dentro da Igreja. Há denominações cristãs que tem fixada a Sexta-Feira Santa em 12 de abril, definida a partir de leituras dos Atos dos Apóstolos relacionadas com a data da morte de Jesus no suposto ano 33 da era cristã. Como já honrei a classificação que julgo injusta — um blogue igrejeiro — prometo para breve uma blogada acerca do significativo tema da Campanha da Fraternidade deste ano, sintetizado na ilustração acima).
No terceiro momento se faz em breve comentário — já mais de uma vez recorrente aqui — que está relacionado com a frequência deste blogue. Nos seus quase 12 anos em mais da metade (30/07/2006 a 31/12/2014) este blogue foi diário. Em tempos mais recentes a circulação se fez aperiódica: duas a três vezes por semana, sem dias predeterminados.
Nas primeiras 8 semanas de 2017 houve 46 postagens, nelas incluídas as 24 postagens de relatos de viagens. Embalado pelo aumento de leitores (eles, mais uma vez estão no entorno de 400 leitores diários) vou procurar postar em torno e dez edições mensais.
Assim, aqui e agora ‘um até mais ler!’

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

23 — O que é um curso acreditado?

ANO
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Nesta quarta-feira, dia 22, voltei mais uma vez ao Centro Universitário Metodista IPA. Participei da banca que avaliou e aprovou com reconhecimento de qualidade a dissertação Acreditação no Arc Sul como garantia de qualidade nos cursos da área da Saúde trazida à defesa no Programa de Pós-graduação em Biociências Reabilitação pelo graduado em Educação Física Nathan Ono de Carvalho. A muito significativa dissertação teve como orientador o Prof. Dr. Jerri Luiz Ribeiro e como co-orientadora a Profa. Dra. Marlis Polidori. Participou como avaliadora pertencente ao Programa a Profa. Dra. Luciane Carniel Wagner.
Antes de trazer apreciações acerca do trabalho que conferiu, com méritos, ao Nathan o título de Mestre (na foto de casaco com o Jerri, a Marlis e comigo)  permito-me expedir dois comentários pessoais que são laterais à dissertação. A enunciação dos mesmos foi preambular a avaliação do trabalho.
O primeiro: minha referência pública sobre o quanto vir ao IPA se reveste ainda de vivências antagônicas muito díspares: agradável / desagradável. Agradável pelos múltiplos acarinhamentos que de maneira usual me são brindados por parte daqueles que foram meus colegas e também meus alunos. Ontem, os muitos afagos poderiam ser sintetizados na manifestação do Jerri ao constituir a banca: disse que eu estava ali como membro externo, mas era na verdade o membro mais interno, pela minha continuada presença no coração de todos. Desagradável porque mesmo já passado um ano de minha demissão, que continua me parecendo injusta, eu ainda não consegui elaborar o luto que tomei pela perda da sala de aula; fiz esta observação ajudado pela Luciane, que enquanto psiquiatra ratificou o quanto esses lutos não são triviais.
O segundo: refere-se a algo que de uma maneira continuada tenho vivido em bancas de mestrado e doutorado. Recebe-se uma dissertação ou tese, produto de extensos estudos do autor e do orientador e somos autorizados, enquanto membro da banca, a comentar e mais ainda, avaliar o trabalho. O texto de ontem trazia uma temática que me era totalmente desconhecida. A dissertação assentava-se em duas palavras-chaves que eu desconhecia: Acreditação / Arc Sul e isso me levou a mares nunca dantes navegados.
Vi que primeira deveria revisitar o Mercosul, pois eu não tinha claro quais os países membros. Ciceroneado pela Wikipédia revi que “o Mercado Comum do Sul, mais conhecido como Mercosul (em castelhano: Mercado Común del Sur, Mercosur; em guarani: Ñemby Ñemuha), é uma organização intergovernamental fundada a partir do Tratado de Assunção de 1991. Estabelece uma integração, inicialmente, econômica [...] comum entre os países-membros. Situados na América do Sul, são atualmente quatro membros plenos. Em sua formação original, o bloco era composto por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai; mais tarde, a ele aderiu a Venezuela, que no momento se encontra suspensa”.
Recordei, então, que o Mercosul suspendeu o Paraguai por causa do impeachment do presidente Fernando Lugo em junho de 1992. Os presidentes da Argentina, Brasil e Uruguai disseram que o Paraguai permaneceria fora do bloco até a próxima eleição presidencial em abril de 1993. Ocorreu-me e externei isso ontem, que se houvesse isonomia o Brasil por ora, por estar sob a égide de um governo ilegítimo, também devia estar suspenso. Mas...
O Sistema de Acreditação Regional de Cursos de Graduação — Sistema ARCU-SUL — é resultado de um Acordo entre os Ministros de Educação de Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai, Bolívia e Chile, homologado pelo Conselho do Mercado Comum do MERCOSUL. O sistema executa a avaliação e acreditação de cursos universitários, e é gerenciado pela Rede de Agências Nacionais de Acreditação, no âmbito do Setor Educacional do MERCOSUL.
O Sistema respeita as legislações de cada país e a autonomia das instituições universitárias, e considera em seus processos apenas cursos de graduação que tenham reconhecimento oficial em seu país e com graduados. O Sistema ARCU-SUL oferece garantia pública, entre os países da região, do nível acadêmico e científico dos cursos. O nível acadêmico será estabelecido conforme critérios e perfis tanto ou mais exigentes que os aplicados pelos países em seus âmbitos nacionais análogos.
O Setor Educacional do MERCOSUL (SEM) teve seu início em1991, quando o Conselho do Mercado Comum criou a Reunião de Ministros da Educação dos Países Membros do MERCOSUL (RME) como órgão encarregado da coordenação das políticas educacionais da região. "Um sistema de acreditação de cursos como mecanismo de reconhecimento de títulos de graduação facilitará a mobilidade na região, estimulará os processos de avaliação com o fim de elevar a qualidade educacional e favorecerá a comparabilidade dos processos de formação em termos de qualidade acadêmica."
O trabalho do Nathan foi entrevistar quase duas dezenas de autoridades educacionais ligadas a avaliações institucionais nos pais membros do Mercosul visitando estes países para verificar o quanto a acreditação de cursos da área da saúde tem facilitado a mobilidade de docentes e discentes favorecendo a qualidade acadêmica. 

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

20 — A uma leitora com gratidão

13 — A uma leitora com gratidão

ANO
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3269

A frequência de duas a três edições por semana está há muito superada neste fevereiro. Mas nos últimos dias rareia a escrita. Não foi a overdose de férias. Muito menos este calor beirando aos 40ºC. Posso dizer que estou sucumbindo em fazeres. Há três dias me envolvo na preparação da oitava edição de A Ciência é masculina: É, sim senhora! Devo terminar, amanhã.
Mas esta noite li uma postagem no Facebook faço pública aqui nesta blogada. Alice Ruth Barão escreveu.:
Bom dia Prof. Acabei de ler seu belo livro "Memórias de um Professor".
Estou encantada!
Por conhecer melhor uma vida rica na realização maior que é o ensinar.
Por encontrar tantas similaridades conosco, os quase idosos, que, embora não tenhamos realizado tanto, também vivenciamos muito do que o Sr. o fez. (Principalmente as vicissitudes). 
Estou encantada sobretudo, com sua maneira quase poética de contar seus "casos" e acasos, tornando o livro mais que uma leitura didática, uma experiência lúdica que, ao chegarmos ao final, nos deixa a alma leve e com a sensação de que somos, pelos menos por alguns momentos, reais participantes de sua vida. 
Um grande abraço e muito obrigada pela dedicatória no livro.
A Alice Ruth Barão poderia ser trazida aqui por diferentes credenciais. Dou dois títulos a esta mulher que sei apaixonada pela leitura. Um, é sogra de minha queridíssima amiga e colega Clóvia. Outro, é mãe de um amigo muito cordial: o Fábio Barão. Os dois – Clóvia e Fábio — são renomados professores da Universidade de Passo Fundo.
Escrevi assim, em comentário no Facebook:
Parte inferior do formulárioMuito querida Ruth,
 nesse dia em que o calor quase me vence ou pelo menos posso responsabilizá-lo por mal-estar desta segunda que já sabe a Carnaval, sou brindado por teu belo e generoso comentário acerca de ‘nossas’ memórias. O adjetivo possessivo não um plural majestático. Quando te lia, dei-me conta que as memórias são nossas. Elas são minhas e são tuas (Rute, enquanto, minha coetânea sabes dos tempos que falei); são por exemplo da Clovia (que comigo espalha a mesma centelha de semear alfabetização científica) e são do Fábio (que sabe acolher e promover aquerenciamentos. São de muitas mulheres e muitos homens que nestes anos compartilhara com cada uma e cada um de nós fazendo tessitura para tornar o Planeta mais habitável.
É muito bom tê-la como leitora. Com espraiada gratidão, achassot