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domingo, 21 de dezembro de 2014

21.- ¿E COMO É A TUA FOGUEIRA?


ANO
 9
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Pelo anúncio que fiz ontem aqui, é fácil inferir minhas emoções deste domingo quase natalino. Comparto com cada uma e cada um algo destas emoções. Trago para marcar o encontro de hoje, um texto que está em ‘O livro dos abraços’ de Eduardo Galeano.
Esta narrativa fez história. Na última terça, proferi, à última hora, palestra ‘Assestando óculos para olhar o mundo’ no Programa de Pós Graduação em Educação em Ciências e Matemática do Instituto Federal do Espírito Santo. Foi de minhas falas mais emocionantes. Talvez por ser a última do ano (a 75ª) ou porque as cerca de meia centena de pessoas que assistiam a fala terem recebido na véspera um convite imprevisto. Dentre os muitos acarinhamentos, uma mestranda, que é contadora de histórias, pediu a palavra. Então a Nalvinha de Souza recitou emocionada o texto que está adiante. Ela enviou-me com esta mensagem: Querido Chassot, bom dia! É com alegria que lhe envio o conto que narrei em sua homenagem. Conheci sua obra através do querido professor e amigo Donizete e fico encantada a cada descoberta do seu trabalho. Quero aproveitar cada oportunidade de lê-lo e ouvi-lo. Te acompanharei pelo blog.
Estou te enviando o conto de Eduardo Galeano (texto) e segue um link de um vídeo que postei no you tube com uma narração que preparei para você. http://youtu.be/LugSjF1xuMw
O Mundo
Um homem da aldeia de Neguá; no litoral da Colômbia, conseguiu subir aos céus. Quando voltou, contou. Disse que tinha contemplado, lá do alto, a vida humana. E disse que somos um mar de fogueirinhas.
— O mundo é isso — revelou — Um montão de gente, um mar de fogueirinhas.
Cada pessoa brilha com luz própria entre todas as outras. Não existem duas fogueiras iguais. Existem fogueiras grandes e fogueiras pequenas e fogueiras de todas as cores. Existe gente de fogo sereno, que nem percebe o vento, e gente de fogo louco, que enche o ar de chispas. Alguns fogos, fogos bobos, não alumiam nem queimam; mas outros incendeiam a vida com tamanha vontade que é impossível olhar para eles sem pestanejar, e quem chegar perto pega fogo.
Um fruído domingo a cada uma e cada um. Sejamos a fogueira que nos compete.

sábado, 20 de dezembro de 2014

20.- UMA CURTIDA CELEBRAÇÃO


ANO
 9
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 2993

Esta é uma blogada muito especial. Tenho, de maneira explícita, evitado fazer registros familiares, especialmente imagéticos. Há, dentre os meus queridos aqueles que invocam violação de segurança e privacidade em alguns de meus relatos. Mesmo que discorde da tal postura, respeito-a. Não raro fi-lo com dificuldade ou até com desagrado.
De maneira consentida, aqui e agora, violo — de leve — essa diretriz. De alguns, imploro compreensão.
Neste sábado e domingo, a Gelsa e eu, acolhemos, fora de Porto Alegre (aqui sou tentado dizer o local lindo e famoso; não faço), nossos quatro filhas e dois filhos, genros e noras. Eles nos deram em um período de mais de quinze anos quatro netas e seis netos. Esta é nossa pequena/grande tribo vinda de distintas geografias (Porto Alegre, Estrela, Cabo Frio e Dijon).
Nesse findi de semana celebraremos esta rara oportunidade que só ocorre uma vez ao ano. Havia por que eu quisesse compartir isso, nesta blogada sabática.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

19.- INFIEL... um livro imperdível


ANO
 9
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Neste fim de ano me deleitei com três livros — em suporte papel, é claro — que me envolveram gostosamente. Pela ordem li Infiel / Zelota /Einstein e a religião. Este último, ainda, não terminei. Os três se interconectam, como quero mostrar em três blogadas distintas, ainda em dezembro. Hoje comento algo mais do primeiro.
Antecipo, que mesmo tendo sido leituras de hora de recreio (¿por que temos que dicotomizar tempo de trabalho e tempo de lazer?) foram de muito proveito para meus estudos. A resposta à pergunta no parêntesis mereceria uma blogada especial acerca da tutela que nos fazem os deuses Cronos e Kairós.
Já em 16NOV2014, trouxe aqui um comentário prévio de Infiel – a história de uma mulher que desafiou o islã, quando, ainda, não havia concluído a leitura.
HIRSI ALI, Ayaan 1969 --. Infiel – a história de uma mulher que desafiou o islã. Título original: Infidel. Tradução de Luis A. de Araujo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. 496 p. ISBN 978-85-359-1109-1.
Ao lado da ratificação do que foi registrado então, adito que a autobiografia de Ayaan Hirsi Ali, uma negra somali, da idade de meus filhos, que viveu sua infância e juventude marcada por uma fiel e dolorosa observância do islamismo, é o mais inclemente repto ao profeta Maomé e ao Alcorão que li em toda minha história. Assim, Ayaan mostra o quanto normas que estão no livro sagrado, escritas há mais de 14 séculos não pode servir de norma hoje. Por outro lado ela diz ser Maomé um pedófilo.
Esta referência está nos bastidores do livro resenhado aqui* em 05JAN2013, que recebeu comentários do seu autor paquistanês, quando Aisha narra: “Eu tinha 6 anos quando me casei com o Mensageiro, embora nossa união só tenha sido consumada quando se iniciaram minhas regras aos 9 anos de idade. Ao longo dos anos, tomei consciência de meu casamento [...]. Mais do que a maioria de mulheres de minha época, fui alvo das adagas ocultas do ciúmes e do rumor. Talvez isso já fosse esperado. Um preço que devo pagar por ser a esposa preferida do homem do homem mais reverenciado e odiado que o mundo jamais conheceu” (p. 12).
*PASHA, Kamram. A Mãe dos fiéis: um romance sobre o nascimento do Islã. [Original inglês:Mother of the Believers. Tradução: Mariluce Pessoa] Rio de Janeiro: Record. 2012. 532p, 230x160x28 mm. ISBN 978-85-01-08995-3
É preciso acrescentar que também não conheço nenhum relato de sofrimentos físicos e humilhações a que uma pessoa tenha estado submetida. Trago um exemplo entre dezenas: a ablação do clitóris, quando era uma menina de cinco anos, sem anestesia e posterior submetida à costura da vagina, também sem anestesia, deixando apenas um pequeno orifício para excretar a urina. Depois, quando do casamento, a defloração tem como consequência a imobilização para caminhar por duas semanas, tanta foram as dores e as violências físicas sofridas na noite de núpcias.
Ainda, surras frequentes e brutais da mãe por causa de possíveis violações a normas religiosas (como por exemplo, deixar mostrar partes do corpo que pudessem causar distração/excitação a homens) e um espancamento por um pregador do Alcorão que lhe causou uma fratura do crânio.
Não sem razão que Ayaan mesmo fugindo para Europa e se tornando deputada de parlamento europeu pela Holanda tenha ainda hoje viver em alternados esconderijos. Vale ler. É um livro imperdível.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

18.- GALINHAS E CERVEJA: UMA RECEITA PARA O CRESCIMENTO


ANO
 9
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EDIÇÃO
 2991

De maneira muito frequente divago na busca de explicações, para entender como livros invadem nosso sequenciamento de leitura. Há uma fila sempre sujeita a furo. Tenho em lugar estratégico, com mais de meia dúzia de livros que esperam vez. Está fila não tem o respeito democrático da ordem de chegada. Há sempre há os que ‘se intrometem’.
Sou um privilegiado, pois ganho muitos livros e muitas sugestões: Ainda ontem, um ex-aluno querido escreveu: Oi Chassot, recentemente li um livro que pudesse te interessar, se é que já não leste, li-o em papel, mas vasculhando a internet, o encontrei no endereço abaixo... As pessoas sabem fazer agrados. E o livro chega e seduz. Termina postergando outros.
Já há um tempo, dois amigos londrinos enviaram: “Galinhas e Cerveja: Uma receita para o crescimento”. Há cerca de quatro anos, recebera deles Há mais bicicletas, mas há Desenvolvimento?”. Títulos que convidam a leitura;
Teresa Smart e Joseph Hanlon são dois pesquisadores que tem expertise em Moçambique. Uma e outro, de maneira continuada, já desenvolvem trabalhos na África há mais de um quarto de século. Teresa e Joe já me acolheram, em mais de uma oportunidade em sua casa, localizada de maneira privilegiada próxima ao British Museum; já tive também a honra de tê-los em minha morada. Os dois livros aqui referidos são sobre este país, hoje uma sociedade estrutura com a marca capitalista, que antes de ter vivido uma era socialista com Samora Machel, foi uma vez foi colônia portuguesa.
Galinhas e cerveja mostra que Moçambique importa alimentos e ao mesmo tempo aqueles que os produzem continuam pobres porque a produção agrícola é muito baixa. A maioria das pessoas continua a cultivar a terra como faziam os seus avós, com enxadas de cabo curto. Há, na descrição de Joe e Teresa, todavia algo novo: desde o fim da guerra, há duas décadas, surgiram agricultores mais dinâmicos, que, segundo estimativas, são cerca de 68 mil pequenos e médios agricultores comerciais.
Se, há não muito tempo, os agricultores tinham apenas um hectare de terra e usavam a enxada como ferramenta agrícola. Hoje, cultivam entre três e vinte hectares e produzem principalmente para comercializar. Porém os dois pesquisadores acentuam que o apoio para estes agricultores emergentes vem quase inteiramente de fora de Moçambique. As companhias estrangeiras, que produzem sob contrato, promovem o plantio de tabaco e de algodão. As organizações não-governamentais e agências internacionais, em programas de ajuda a comunidades emergente, orientam a produção de soja e de mandioca.
Para os pesquisadores, manter as famílias na sua machamba (termo moçambicano para propriedade agrícola, segundo o Priberam), de um hectare e a desbravar a enxada, é mantê-las permanentemente na pobreza, porque a maioria desses pequenos agricultores não tem dinheiro para comprar sementes e adubos.
O livro destaca que os próprios produtores agrícolas moçambicanos podem tomar a dianteira se tiverem apoio para expandir a sua área cultivada e tornarem-se agricultores profissionais (= viverem da agricultura), pois, assim seriam criados empregos rurais, seria estimulada a economia rural, e no fim, seria reduzida a pobreza rural.
Contudo, estes camponeses teriam de ter ao seu dispor toda a terra e nenhuma seria colocada nas mãos do investimento estrangeiro. É urgente uma escolha política.
E por que Galinhas e cerveja? Este é o titulo do capítulo sete. Neste se relata a produção de galinhas pelo sistema de contrato, com grandes empresas estrangeiras. Pelo relato pareceu-me algo assemelhado entre nós nos chamados “sistemas integrados” para a produção de fumo, frangos, suínos. Isto sempre me pareceu um sistema de iludir — e explorar, é claro — os agricultores que emprestam a terra e a mão de obra para se achar grandes produtores. Mas não tenho maiores dados da situação moçambicana. Já vi no Rio Grande do Sul, agricultores ditos ‘integrados ou cooperados’ explorados. Sobre a cerveja aprende-se que o milho e mandioca são matéria prima para a produção de fermentados.
Quem quiser conhecer mais acerca do assunto, pode encontrar algumas transcrições do livro na rede. Há muito mais além de meu breve comentário.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

17.- LOAS A UM IMPORTANTE NOME DA CIÊNCIA BRASILEIRA.


ANO
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EDIÇÃO
 2990

Quando cumprimento alguém pelo aniversário com atraso, brinco que faço isso para expandir por mais dias a comemoração. Hoje, não busco explicações, para prestar tardiamente uma homenagem fúnebre a um professor cuja trajetória acadêmica foi exemplo a muitos educadores e cientistas brasileiros.
O professor Leopoldo de Meis morreu no domingo, dia 7, em casa, de causas naturais. Deixa esposa, a professora Vivian Rumjanek, e quatro filhos. Ele nasceu em uma colônia italiana em Suez, no Egito em 1ª de março de 1938, filho de Ezio de Meis, um violoncelista italiano, e de Maria de Meis. Passou a infância em Nápoles, na Itália, para onde a família se mudou após o início da Segunda Guerra Mundial. Quando tinha nove anos veio com a família morar no Brasil.
 Graduou-se em medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro e nesta instituição fez sua extensa e significativa carreira científica. Desta pode-se registrar a publicação de 205 trabalhos científicos em revistas internacionais e nacionais, além de 13 livros. Foi o responsável pela criação do instituto de Biociências da UFRJ.
“Não sei o que é mais importante: publicar um artigo revolucionário num revista científica como a ‘Nature’ ou a ‘Science’; ou ver um jovem feliz ao entrar na universidade”. Dessa forma o Prof. Leopoldo de Meis comentou o recebimento do Prêmio Faz Diferença, que ocorreu em 2010, na categoria da revista Meganize. Ele foi escolhido por ter criado, em 1985, o Programa Jovens Talentosos, em que meninos e meninas de baixa renda tinham a oportunidade de fazer um curso de prática científica no Instituto de Bioquímica Médica (IBqM) da UFRJ, do qual Meis foi, inclusive, um de seus fundadores e que hoje leva seu nome. A iniciativa foi replicada em universidades de todo o país.
Em nota, quando de seu falecimento, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) lamentou e prestou homenagem: “à sua trajetória de excelência acadêmica e sua dedicação à extensão universitária como forma de atenuação da miséria social e identificação de novos talentos para a educação, ciência, tecnologia e inovação serão para sempre perpetuadas através de sua obra maior, o IBqM, e de seus seguidores”.
Na recordação de textos sobre ensino de Ciências este blogue homenageia, reconhecido, ao Prof. Dr. Leopoldo de Meis (1938—2014)