Ano
6*** WWW.PROFESSORCHASSOT.PRO.BR ***Edição
2092
Nesta
terça-feira, conforme anunciado ontem, trago a segunda parte da réplica
preparada pelo Prof. Dr. Marcos Nogueira Eberlin da Unicamp às edições de 2 e 3
do corrente onde se publicou texto do Prof. Dr. Mario Alberto Cozzuol,
criticando a Teoria do Design Inteligente (TDI), mencionando o Prof. Eberlin,
talvez a mais eminente cientista brasileiro a ‘professar’ a TDI.
Antes de
trazer o texto, brevíssimo preâmbulo, em três movimentos: 1) A edição de ontem
colheu o maior número de comentários nos quase seis anos deste blogue: 86, isto
é cerca de 20 vezes a média diária, com a participação de quase uma dezena de
comentaristas. 2) Não postei nenhum comentário, pois tive uma segunda-feira com
três turnos no Centro Universitário Metodista do IPA e também
dediquei-me a leitura do livro “Fomos planejados” e assistir a uma entrevista de
seu autor Prof. Eberlin em “Academia em Debate” da Universidade Mackenzie.
Sobre este material muito bem produzido, disponível em www.marcoseberlin.com.br farei
comentários amanhã em uma tréplica. 3) É preciso esclarecer, que os comentários
postados como ‘anônimo’ não são necessariamente pessoas que desejam se ocultar
no anonimato, mas por não serem cadastradas em um blogger precisam fazê-lo
assim.
Agora, a
segunda parte da réplica do Prof. Marcos Eberlin:
Será que a Vida se explica mesmo pela sopa primordial, pelo mundo do
RNA, pelo LUCA e a “árvore da Vida” e pela ação refinadora da seleção natural
sobre as mutações? Será, viável mesmo ao nível molecular?
Será? Será que a TDI se sustentaria ao ataque muitas vezes virulento da
nova geração dos “bulldogs de Darwin”,
que a escrutinam e difamam já por décadas? Será?
Será que tantos acadêmicos honestos, competentes e muitos de amplo prestígio,
prontos a seguir os dados onde quer que eles levem, e prontos a aceitarem a
evolução, se sustentada fosse ela na razão, arriscariam eles suas carreiras e
reputações em uma aventura irracional “inteligentista” contra o maior, mais
fundamental e mais aguerridamente defendido paradigma científico da atualidade?
Sem o qual todo um ramo do conhecimento, a “biologia”, não faria sentido”?
Dariam suas “vidas” por uma causa perdida?
E será que teria que ser diferente? Será que não foi assim com Pasteur,
e com Copérnico? Será que vivemos hoje uma nova inquisição, desta vez secular?
Será que cientistas tem mesmo o direito de apresentar “todas as evidencias
cientificas” como invocado por John Scopes, ou será que agora querem revogar a
lei?
E porque será que a Ciência, que é a “cultura da dúvida”, e a Academia,
que é a “catedral do debate”, e os seus acadêmicos lançariam mão de “manifestos”
e “desvios de classificação” do que é, ou não é Ciência, seguindo um filósofo
da Ciência aqui e esquecendo um outro ali, para se blindar de ataques e desqualificar
o oponente invocando “regras”, e esquecendo de debater as suas teses? Será que “rotular para desclassificar” é uma boa
estratégia de debate científico? Será?
Será? Que os que a criticam realmente
conhecem a tese que se criticam, leram seus livros, leram “A Caixa Preta de
Darwin” de Michael Behe, ou “Signature in the Cell” de Stephen Meyer, best-sellers,
ou a rejeitam a priori simplesmente porque não gostam de suas implicações
filosóficas e teológicas? Será que gosto é um bom critério científico, e será
que cientistas teriam mesmo o direito de tê-lo?
Ou será que somos pagos e assinamos o contrato para procurar a Verdade
plena, e não aquela “verdade” que gostamos? Será que a ciência deveria partir
de pressupostos e preconceitos e filtrar com eles suas conclusões? Uma Ciência
pré-conceituosa? Ou será que antes de um direito, temos o dever como cientistas
de deixar nossa subjetividade em casa e nos guiarmos exclusivamente pelas
evidencias, doa a quem doer?
Será? Será que tachar de ignorantes os que falam sem conhecimento ou
qualificação científica, e depois de desonestos os que possuem este
conhecimento e qualificação, que dão voz as suas teses, demonstraria ser esta
uma discussão meramente científica, ou será que nossas ideologias estão postas
a mesa? Será que o que não gostamos é da TDI, ou de vermos alguém como nós a
defendê-la?
E será que a Vida, uma coleção de máquinas moleculares, e de processos e
ciclos intrincados e automatizados, regidos por moléculas e macromoléculas,
muitas delas homoquirais, e por variadas e extensas redes de interações químicas
intra, inter, super e supramoleculares, seria explicada somente por um ramo do
saber científico, por comparação de seus códigos - eu e você parecidos com
macacos, mas também com bananas? Ou teriam os químicos e bioquímicos um lugar a
mesa?
Será que uma teoria fraca e retrógrada assim como a TDI causaria tanto
estrago, tanta indignação, tanto “afronto”? Tantos blogs a defendê-la, tantos
livros, tantas palestras, tantos debates, tanta inquietação no Brasil e no
mundo? E será que teorias científicas sólidas e cientistas de prestígio sabedores
da solidez epistemológica de suas teorias, se sentiriam tão “afrontados” assim com
uma teoria tão retrógrada assim, a ponto de “apelar” para o cerceamento da
palavra?
E será que cientistas tem o direito de se sentir “afrontados” quando
suas teorias, ou melhor, as teorias que eles defendem, são confrontadas com
argumentação cientifica e filosófica sobre a Ciência? Ou deveriam se sentir ainda
mais motivados a defendê-la? Será que seria Freud que explicaria isto? Ou
Thomas Kuhn?
Acredito que você, sobretudo um racionalista de carteirinha, como eu também
o sou, tem condições de avaliar e se posicionar quanto a estes “serás”,
filtrando os comentários apaixonados, e as injúrias e difamações, de ambos os
lados, fazendo assim seu julgamento. Filtrando os “manifestos apaixonados”, por
entender seu viés filosófico e teológico, e se guiando no único pressuposto
científico:
“Seguir os dados, seja onde quer que nos levem”! Esta é nossa obrigação,
o resto é gosto!
E viva o debate, e viva o confronto, de ideias e teorias! É este debate livre que fez, faz e
fará avançar a Ciência com C maiúsculo que eu e você nos propormos a fazer, e a
respeitar integralmente.
E que vença a melhor teoria, a que estiver seguindo os dados, e do lado
da razão!
E Pai... “afasta de mim este CALE-SE, de vinho tinto de sangue”!