Ano 6 *** Porto Alegre *** Edição 1968
Para os assalariados, dezembro é um mês mais difícil para
conseguir um equilíbrio financeiro. Presentes, viagens, adiantar o IPTU e o
IPVA para conseguir descontos são alguns dos muitos débitos. Por isso foi
criada em 1962 a gratificação natalina ou 13º salário.
Assim é fácil entender a
situação dos professores da Ulbra, que souberam nesta quarta-feira, 21 de
dezembro, da dificuldade da Universidade para o pagamento dos próximos salários
de dezembro, janeiro/2012 e férias. Segundo a instituição, no dia 5 de janeiro,
haverá capacidade de pagamento de apenas 50% do salário de dezembro,
prevendo-se a quitação do saldo até dia 25 de janeiro. A previsão de
pagamento do salário de férias também será parcelado: 50% em 5 de fevereiro e
50% em 20 de fevereiro. O saldo de fevereiro será pago em 5 de março. O terço
constitucional das férias também deverá ser parcelado e pago junto
com os salários de março e abril.
Está é uma situação de
afronta a que são submetidos profissionais da Educação. Agora, veja-se a opulência.
O ensino superior
privado brasileiro teve na semana passada a conclusão do maior negócio já feito
no país. A mineira Kroton Educacional fechou a compra da Unopar, instituição do
norte do Paraná focada no ensino superior à distância, por R$ 1,3 bilhão – cifra
que impressionou analistas e bancos de investimento, que viram as fusões e
aquisições minguarem no segundo semestre por causa da crise global.
É o segundo
meganegócio em menos de três meses do ensino privado brasileiro, setor visto
como imune a crises potenciais e que caminha com o aumento de renda da classe
média emergente.
Em setembro, a
paulista Anhanguera comprou a Uniban por R$ 510,6 milhões. A aquisição da
Unopar fará a Kroton somar mais 162 mil alunos (145 mil de ensino superior à
distância e o restante presencial) aos atuais 102 mil. Fica atrás em total de estudantes
do ensino superior só da rival Anhanguera, que tem cerca de 281,7 mil alunos. A
fluminense Estácio de Sá é a terceira no ranking, com 248 mil estudantes.
Este números são impensáveis
para quando se tinha como grande uma universidade com 30 mil alunos. O ensino à
distância é uma "mina" de geração de caixa, segundo Rodrigo Galindo,
presidente da Kroton.
"A principal
característica desse negócio é a forte geração de caixa e de elevado
crescimento. O ensino à distância cresce mais rápido do que o presencial no
Brasil", disse Galindo, para explicar a aquisição aos analistas.
Neste ano, somente
os 145 mil alunos de educação à distância deram uma receita estimada em R$ 416
milhões à Unopar. Somados ao faturamento de R$ 699 milhões da própria Kroton, a
nova empresa terá receitas combinadas de R$ 1,1 bilhão.
A Unopar é a maior
instituição de ensino à distância no país, à frente da Anhanguera, que tem 83
mil alunos nessa modalidade. O trabalho é desenvolvido a partir de 469 polos de
ensino à distância, verdadeiros centros de tecnologia, em 422 municípios do
país. Todos têm o aval do Ministério da Educação.
Além do ensino à
distância, a Unopar tem 16 mil alunos de graduação e pós presencial nos campi
de Londrina, Arapongas e Bandeirantes, no norte do Paraná.
A aquisição foi
costurada pelo Itaú BBA, maior banco de investimento no ramo de fusões, e será
feita por meio da editora da Kroton.
Do total de R$ 1,3
bilhão, 80% serão pagos em três parcelas -R$ 650 milhões à vista, R$ 260
milhões em março de 2012 e os R$ 130 milhões restantes em um ano – e 20% em
papéis da Kroton, que ontem recuaram 3,09%.
Para a rival
Anhanguera, a consolidação da educação privada está só começando e terá novas
operações.
"O mercado
educacional brasileiro ainda está em processo de consolidação e são positivas
essas movimentações, que demonstram a confiança do investidor na alta
atratividade e na geração de valor", disse, em nota.
Sem comentário à esta voracidade.