ANO
9 |
EDIÇÃO
2869
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Recebi, ontem,
atenciosa mensagem de uma professora da área de Ciências da Natureza da
Universidade Federal do Amazonas: Boa
tarde, professor Chassot! Lembrei-me do seu particular jeito de fazer
alfabetização científica. Vale conhecer o link abaixo. Quem sabe dê uma
blogada. Bom domingo! Abraços! Ana Claudia Maquiné, encaminhava, então, o endereço
de um excelente blogue envolvido com Educação de Jovens e Adultos, editado por Felipe
Bandoni de Oliveira, professor de Ciências na EJA do Colégio Santa Cruz, em São
Paulo na revistaescola.abril.com.br/blogs/eja/
A sugestão merece
a blogada que está abaixo. Vale especialmente pela apresentação do ILC – Índice
de Letramento Científico e a diferenciação deste de outros índices. Abaixo, a
transcrição do blogue do professor Felipe.
Uma pesquisa inédita acaba de ser divulgada
com dados muito interessantes para todos que trabalham com Educação,
especialmente na área de Ciências.
O resultado dessa
investigação é o Indicador de Letramento Científico (ILC), um parâmetro que tem
o objetivo de aferir o quanto os brasileiros dominam conhecimentos e
habilidades relacionados às Ciências Naturais. O levantamento, que ouviu mais
de 2 mil pessoas nas nove principais regiões metropolitanas do país, foi
realizado pela Abramundo, em parceira com o Ibope, o Instituto Paulo Montenegro
e a ONG Ação Educativa.
O aspecto mais
interessante do ILC é que ele buscou abordar conhecimentos científicos em um
contexto cotidiano. Nesse sentido, ele difere do PISA (Programa Internacional
de Avaliação de Estudantes – veja aqui mais
detalhes), do SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica) e de outras avaliações, pois não
aborda estritamente conhecimentos escolares. Além disso, ao contrário desses
exames que se destinam apenas aos estudantes, o ILC incluiu pessoas de 15 até
40 anos na amostra.
Em linhas gerais, o
objetivo do ILC é descobrir se os respondentes dominam a linguagem científica,
se possuem saberes práticos relacionados a ciências e em que medida esses
saberes contribuem para a visão de mundo que possuem.
A análise das respostas
classificou os respondentes em quatro grupos:
- 16% deles possui letramento não-científico.
Conseguiram localizar informações em textos breves e que tenham relações com o
cotidiano (ex.: contas de luz, bulas de remédio simplificadas), mas não
demonstraram habilidades científicas.
- O segundo e maior grupo é o de
letramento científico rudimentar, com 48% dos entrevistados. São pessoas capazes de ler e comparar
textos com informações científicas básicas, também relacionadas a temáticas do
cotidiano.
- O terceiro grupo é o de letramento
científico básico, que abarca 31% da amostra. Conseguiram resolver
problemas de maior complexidade usando procedimentos científicos e informações
presentes em textos técnicos, manuais, infográficos e tabelas.
- O último grupo é o de letramento
científico proficiente, que engloba apenas 5% da amostra. Esse pequeno
contingente é formado por pessoas que resolvem problemas que exigem saberes
científicos em contextos não necessariamente cotidianos (ex.: genética ou
astronomia). Além de possuírem domínio de procedimentos, operam com conceitos
científicos.
Chama a atenção o fato de
que 64% de todos os entrevistados estão nos dois primeiros grupos. Veja, por
exemplo, a questão a seguir, indicativa do nível rudimentar:
Se analisarmos com cuidado, essa questão exige apenas uma leitura
atenta do texto. Se o entrevistado respondesse que “as estrias aumentam a
aderência”, “permitem o escoamento de água” ou “aumentam o atrito”, ele
acertaria. Mas 50% de todos que responderam erraram essa questão.
Portanto, 64% dos respondentes dominam
apenas leitura e, no máximo, conhecimentos muito básicos de Ciências. Ou seja:
segundo a pesquisa, a maioria dos brasileiros possui um conhecimento muito
incipiente de Ciências Naturais e não o utiliza para resolver problemas em suas
vidas.
Isso nos leva a uma reflexão. Todas as
duas mil pessoas entrevistadas frequentaram a escola por pelo menos quatro
anos. O que aprenderam de Ciências? O que supostamente foi ensinado sobre
Ciências? O que deveríamos mudar em nossas escolas para que isso não se
repetisse?
Essa discussão não se encerra aqui. O ILC traz muitos outros
dados, que pretendo apresentar em outras edições.
(Clique aqui para ver algumas das questões da prova
utilizada na pesquisa)
Como não concordar com o professor Moaci Alves Carneiro quando afirma que:"[...] não é que temos um escola ruim, senão que não temos escola adequada para este fim. Temos um ajuntamento de pessoas e de atividades , trabalhando num espaço onde cada um, dentro do possível, tenta ser professor, e em que cada escola, dentro do impossível, tenta ser escola”. (CARNEIRO, 2012)
ResponderExcluirPrecisa-se, a exemplo do Mestre Chassot, fazer ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA de maneira diferente da Pedagogia da reprodução sem sentido. Este blog é EXEMPLO.
Grande abraço.
Ciência é isso
ResponderExcluirAmigo, a tal ciência nos é estranha
Se a vemos não atinamos o porquê
Porque ignorância nos acompanha
Somos todos estultos, imagine você.
Mas a ciência está aí mesmo assim
Nos afazeres do dia-a-dia presente
Não é prá julgá-la se é boa ou ruim
É constatar que ela é consequente.
Mas entende-la não nos custa nada
Porquanto é toda lógica e racional
E seu caminho é uma larga estrada.
E com apenas boa vontade afinal,
A ciência pode ser acompanhada
Sem ter nenhum talento especial.
A conhecimento científico atravessa mutações ao longo dos tempos. Nos primórdios já foi classificado como bruxaria com direito a fogueira, já foi joia rara afeta apenas aos nobres, culminou nos tempos atuais como mera mercadoria. Escolas hoje são empresas, professores necessariamente "pop stars", e os alunos, simples clientes. Não importa mais a qualidade da informação, contanto que o indivíduo colecione títulos, ainda que um analfabeto funcional. O resultado disso tudo são profissionais cada vez mais despreparados e uma prestação de serviços igualmente precária.
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