ANO
9 |
EDIÇÃO
2860
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A
Folha de S. Paulo publicou na sua edição de domingo:
Química, pra que te quero? Meu filho vai mal em química. Meu outro filho também vai mal em química.
Eu fui mal em química. Que me perdoem os químicos, mas alguém poderia me dizer
por que ainda se estuda química nas escolas?
Antes
da ilustração tenebrosa que está adiante, Denise Fraga, atriz e colunista da
Folha, que tem pendores para se arvorar em dizer como deve ser a Educação,
inclusive o quanto a Química deve estar no currículo, faz uma concessão:
É uma linda
ciência e concordo que deveríamos ter ao menos um ano de estudo da matéria para
entender a composição das coisas que juntas e inter-relacionadas compõem o
Universo.
O
texto, com o qual concordo em parte, pode ser lido em http://www1.folha.uol.com.br/colunas/denisefraga/2014/08/1494462-quimica-pra-que-te-quero.shtml
A
ilustração e o primeiro parágrafo foram postados no Facebook. Fui alertado pela
Mayara Melo, professora de Química da Universidade Estadual de Goiás que
escreveu na rede:
Vi esse post sendo compartilhado por vários colegas,
alguns chateados, outros irritados... O fato é que essa visão da Química é compartilhada
pela maioria das pessoas... E isso é culpa nossa!!!
Culpa de nós professores que não buscamos trazer para
sala de aula a Química interessante, curiosa, uma forma diferente de
entendermos o mundo a nossa volta... Ensinamos os estudantes a decorarem
fórmulas, nomes e conceitos vazios... Conteúdos inadequados, fragmentados e que
não se fazem presentes na vida dos estudantes...
Nós temos que mudar nossas aulas, utilizar novas
estratégias, para que todos percebam a importância dessa Ciência...
Vamos parar de choramingar e agir!
Eu luto todos os dias para mudar essa realidade...
Colegas, leiam o livro do Attico Chassot: Para que(m) é útil o ensino?
Concordo
com minha colega da UEG. São muito bem postos seus argumentos. Realmente, para
que alienígenas à Escola venham dizer como devemos fazer é, como enfatiza a
Mayara, por que nós, professoras e professores de Química, não buscamos fazer
uma Educação mais inserta no cotidiano dos alunos.
O
livro recomendado, que terá reedição ainda neste agosto, pela Editora Unijuí, é
resultado de minha tese de doutorado, já há 20 anos. Nele — não sem amargura —
mostra que a maioria do que ensinamos não serve para nada. Ou melhor, serve
para manter a dominação.
Um
dos capítulos do livro referido é encimado por uma frase que colhi em uma escola
do MST. “Se a educação que os ricos inventaram, ajudasse o povo de verdade, eles
não davam dessa educação pra a gente!” Parece-me uma muito convincente
suma educacional. E, por tal, nada mais acrescentar.
Penso que o empecilho é que o Sistema não quer mudar. É muito mais cômodo assim como está. Sabe-se que o ensino serve a interesses. Para mudar os fundamentos científicos que alicerçam o atual currículo corre-se o risco de se ENSINAR, de fato. Este tipo de ensino que temos não é para fazer PENSAR. Ainda somos coagidos pelo sistema, pela sociedade baseada no senso comum e pelo próprio Senso Comum a reprodução de uma sociedade controlada por poucos que compreendem a importância do CONHECIMENTO, por isso não permitem que todos tenham acesso. Onde qualquer possibilidade de algo diferente sofre a recusa, resistência e o 'dificultar' do sistema. Nossa prática relacionada a uma nova concepção de ensino é, de fato, como o trabalho de uma formiguinha. Acredito, trabalho neste sentido. No entanto, sei das dificuldades. Como é difícil fazer pensar. Como é árduo estimular a reflexão. A sociedade é muito pragmática, materialista, fluida, líquida...Se coloca a importância do resultado em primeiro lugar. E a compreensão do processo?
ResponderExcluirEscola é ilusão?
ResponderExcluirNão só química, mas outras matérias
Seja matemática, inglês ou português
São todas elas pertinentes e sérias?
Ou resultam apenas outros porquês.
Questionar das escolas, a finalidade,
É primeiro passo para gerar estultice,
Há que se preocupar com qualidade
Antes que o constructo ensino ruísse.
Se ensino de química não tem razão
Não o terá qualquer matéria também
Como saber se ensino tem aplicação
Desconhecendo-se futuro que advém?
Por favor, poupe-me dessa abstração
Estudemos tudo e vamos mais além.
É extremamente difícil ter aprendido de um jeito tradicional e agora se ver "perdida"
ResponderExcluira um jeito diferente de ensinar! Tarefa cheia de desafio, e o pior! o tempo que levo
para fazer essas mudanças, "nada fácil" não conta como carga horária (uma hora de aula é equivalente a uma hora de preparação da aula, sinceramente, uma hora de aula bem planejada necessita, no mínimo, de 5 horas de preparação) nem para a minha
progressão funcional! será que a culpa é apenas minha?