ANO
9 |
EDIÇÃO
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Este sábado acolhe
em sua agenda uma atividade acadêmica prazerosa. Durante este segundo semestre,
em sábados alternados, o Jose Clovis Azevedo e eu, conduzimos o seminário
‘Reabilitação e inclusão’. Hoje será o segundo de 11 encontros. Participam
conosco 13 mestrandos do Mestrado Profissional de Reabilitação e Inclusão. A
inferir pelo primeiro encontro, pela riqueza e diversidade dos saberes detidos
pelos mestrandos, há que esperar uma excelente jornada esta manhã.
As atividades
desta manhã se iniciam com cada uma e cada um trazendo uma questão do texto Vende-se tabaco, perfume importado, Educação
e camiseta de marcas# que leram depois do último encontro.
#CHASSOT, Attico. Vende-se
tabaco, perfume importado, Educação e camiseta de marcas, p. 67-82, in Análise dos sistemas de Educação Superior no
Brasil e em Portugal. ARAUJO, C.M.M.; POLIDORI, M.M. Porto Alegre: EdiPUCRS
/ Editora Universitária Metodista, 2012. ISBN 978-8599738-19-1
O texto mostra
como, sem fazer alarde, o secretariado da OMC, com o apoio de representantes de
alguns dos governos, manobrava para criar normas que tratassem o ensino superior como uma mercadoria, a
ser comercializada e liberalizada, retirando dos Estados nacionais, em termos
práticos, o direito de decidir, com soberania, sobre ações que visam a formar
cidadãos conscientes e responsáveis. Retirar dos Estados nacionais também quer
significar: transgredir fronteiras e se instalar aonde se desejar. Por outro
lado se relata como, a cada dia, entre nós afloram maiores ‘espertezas’ para
capturar clientes incautos, desejosos de comprar uma das mais sedutoras
mercadorias: a Educação, que mesmo tida como um ‘direito universal’ não era
acessível muitos. Hoje se está fazendo com esta apetecível mercadoria. Nos
moldes de sites que oferecem descontos em depilação ou jantares, empresas têm
lançado páginas na internet em que o universitário consegue abatimento de até
80% na mensalidade.
Jose Clovis Azevedo vem, há muitos anos,
atacando o que chama de “mercoescola” – aquela Escola que, na sua concepção, se
preocupa mais em preparar seus alunos para o mercado do que “para a formação
humanística”. Azevedo definiu recentemente esses estabelecimentos como
fomentadores da competição, do egoísmo e do individualismo.
Quando a toda
hora encontramos aplicativos do tipo: Qual a nota da escola do seu filho?
Descubra em dois minutos se a escola do seu filho tem uma Educação de qualidade.
Nesta ferramenta, você vê e compara a nota do IDEB das escolas de 5 550 cidades
do Brasil parece que o tema proposto para este sábado tem utilidade.
Um comentário exógeno
ao tema em tela, como clausura. Recebi de assíduo leitor: “Espero que comentes amanhã as peripécias que o destino nos trouxe às
vésperas das urnas ceifando a vida do candidato Eduardo Campos”.
Meu comentário
tem duas dimensões. Uma, o impacto originado
por morte de um jovem. Tinha idade que poderia ser meu filho. Isto é
dolorosamente chocante. A morte segue e seguirá sendo nossa interrogação sem
resposta. Ela o incrível mais crível. Outra
dimensão: seguimos, uma vez mais, o senso comum. A mídia se transforma em
exitoso tribunal canonizatório. Eu não sabia que tínhamos entre nós um
semideus. Chego a pensar: se o avião houvesse caído no templo de Salomão da
IURD em São Paulo, e ao terceiro dia EC ressuscitasse, estaria eleito
presidente com 99,8% dos votos.
O melhor findi a cada uma e cada um. Lemo-nos
amanhã.
Mestre Chassot, é lamentavel como o ensino nos é vendido hoje como os repolhos na feira. Infelizmente a qualidade de uma mercadoria fica em segundo plano para qualidade de sua propaganda, com essa sim temos cuidado. E nem sempre o que mais vende é o que mais presta. Um dono de escola é antes de tudo um empresario e dirá sempre ao pai cliente que o seu filho pode melhorar, basta que o pagamento continue. Como reprovar os asnésios e perder clientes em tempos tão difíceis? Depois, se o cara tiver uma boa lábia e um pouco de sorte vira político...
ResponderExcluirNo momento em que se institui o material como razão da existência e o mercado como elemento balizador (referência) para o conviver em sociedade não é de se surpreender que convencione tudo, inclusive a educação, em quantitativos. Penso ser uma questão existencial onde a sociedade entende que é mais importante TER de que SER. Acontece que tal forma de conceber a essência da vida por este viés (material/quantitativo) é como a valsa dos 15 anos: prazeroso, mas momentâneo, passa. E depois?
ResponderExcluirMestre Chassot!
ResponderExcluirImagino um tema tão polêmico: a Educação como mercadoria com um debate orientado por duas feras (Zé Clóvis e Chassot) deve ter sido uma manhã privilegiada para os mestrandos.
Com (santa) inveja.
L L L
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirVende-se sabedoria
ResponderExcluirVendemos gramática, letra e texto
Porquanto isso tudo é mercadoria
Sai mais barato adquirir um cesto
Como em qualquer mercadão seria
Existe aqui um grande sortimento
Temos inglês, história e geografia
Produtos autênticos cem por cento
Um válido diploma é nossa garantia.
Pois como no botequim da esquina
Bens vendemos até em prestações
Porque vender ensino é mera rotina
E nossa algibeira enche de dobrões.
Porém se o saber não vos ilumina
Não venha culpar nossos balcões.
A educação é muito importante. Não para vender como mercadoria.
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