ANO
9 |
OURO PRETO - MG
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EDIÇÃO
2872
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A
minha quarta-feira aqui em Ouro Preto ainda foi marcada pela continuação dos
muitos acarinhamentos recebidos dos participantes do XVII ENEQ. Fui ao evento
só pela metade da manhã. Antes, aqui no vetusto hotel Solar de Maria, uma
construção preservada da época em que a então Vila Rica viveu o período do
fausto da mineração do ouro (até 1750), no centro histórico de Ouro Preto, fiz um
frutuoso ‘desayuno’ com o professor José Antonio Chamizo. Ele obsequiou-me com
seu “Historia y Filosofía de la Química” com a dedicatória: “Para Attico, ejemplo de profesión docente y
colega de futuro, jac”.
No
evento, enquanto apreciava alguns pôsteres (tenho um dificuldade de curtir essa
modalidade de comunicação científica) atendi a dezenas de pedidos de fotos (que
fizeram o Facebook bombar#) e de vários autógrafos. Para um autor, esse contato
com seus leitores, ouvindo especialmente o quanto alguns textos foram/são
significativos, não apenas em monografias, dissertações e teses, mas influíram em
decisão de escolhas profissionais, é muito estimulante.
O
Carlos Feltrin, sempre dedicado livreiro da República
do Saber, surpreendeu-se como alguns títulos se esgotaram rapidamente. Por
exemplo, os 30 Alfabetização científica:
Questões e desafios para a Educação foram adquiridos nas primeiras horas do
evento. Uma análise rápida do perfil dos quase dois mil participantes permite
inferir pelo amplo predomínio de jovens. Isso não poderia ser mais promissor
para o ensino de Ciências.
Na
tarde curti um pouco a cidade. Com meu colega soteropolitano Rodnei, que já me levou em
visitação na mítica Salvador a terreiros do candomblé e a batizados evangélicos
na lagoa do Abaeté, visitei o complexo de museus da estação ferroviária de Ouro
Preto. Senti aflorar forte as evocações do filho de um ferroviário.
A
Estação
de Ouro Preto, uma das quatro estações do roteiro turístico sob os
auspícios do Ministério da cultura e patrocinado pela Vale, é um complexo
composto pelo antigo casarão que abrigava a estação ferroviária de Ouro Preto,
por vagões fixos localizados nos arredores do prédio e pela Tenda Cultural da
Estação.
O
Hall de Entrada da Estação de Ouro Preto há uma exposição museográfica composta
pelos totens Evolução Arquitetônica das Estações, com gavetas interativas que
convidam o visitante a conhecer as características e singularidades
arquitetônicas das estações. Além disso, há painéis videográficos que exibem
fotografias antigas e recentes de Ouro Preto e Mariana.
O
Espaço UFOP reúne parte do acervo do Setor Ferroviário do Museu de Ciência e
Técnica da Escola de Minas da UFOP, com informações e objetos relacionados às
máquinas a vapor e sua vinculação à extração do minério e ao desenvolvimento
das locomotivas. Com isso, pude conhecer mais sobre a expansão da mineração no
Brasil e obter informações sobre as antigas práticas de ensino adotadas na
Escola de Minas.
Há
uma sala com uma ampla Maquete Ferroviária, que reproduz, com detalhes, o
trajeto do trem entre Ouro Preto e Mariana. Há, ainda, duas réplicas de
locomotivas, além de painel com a linha do tempo da ferrovia no mundo e no
Brasil e, particularmente, nas duas cidades mineiras. Nesse espaço há
informações acerca da evolução urbana de Ouro Preto, com destaque para a
chegada da locomotiva.
Visitamos
ainda a Sala de Memórias projetada como um espaço museográfico contemporâneo, em que os
visitantes são apresentados à produção acerca da história, da tradição, do conhecimento
e da sabedoria popular registradas e exibidas por monitores e recursos
multimídias variados. O acervo disponível na Sala de Memórias inclui 165
entrevistas de História Oral, sendo 117 entrevistas de Histórias Temáticas como
Ferrovia e Tecelagem, e 48 entrevistas de História de Vida. O Rodnei e eu fomos
orientados por duas competentes historiadoras: Maria Isabel e Keyla.
À noite participei do jantar de confraternização do
evento. Foi bom poder conversar mais de perto com alguns colegas, nesta segunda
das três noites aqui.
Nada é mais reconfortante do que fazer aquilo que se gosta. Ilustra bem a máxima bíblica, "Paz na terra aos homens de boa vontade." É quando vemos que o estudo também é uma forma de prazer.
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