ANO
9 |
Frederico Westphalen /
Porto Alegre
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EDIÇÃO
2866
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Como ontem, esta
edição entra em circulação quando estou a bordo de um ônibus não tão
confortável. Agora retorno à Porto Alegre. Como ontem, a noite é fria. A
temperatura externa de 1ºC na vinda à Frederico Westphalen era, a modo desagradável,
contrabalançada por uma calefação excessiva que obrigava a desencasacar-nos e
conviver em uma atmosfera seca.
Mais uma vez,
pelo título da blogada, vejo alguns de meus leitores franzir o cenho (não! essa
não é uma ação simpática). Talvez, sorriam amarelo. A propósito, não sei por
que se tinta de amarelo, segundo o Priberam, o sorriso “que é forçado, que se faz para esconder desconforto ou contrariedade”.
Parece-me exagero,
só pelo título, dizer que farei o ofertório (isso foi para provocar) de mais
uma blogada igrejeira. O mais oportuno será dizer que religiosos ou não, vivemos
num mundo comandado por rituais religiosos. Por exemplo, redijo este texto ouvindo
o carrilhão da catedral da cidade, que nem é tão perto do hotel, que soa 96
vezes a cada dia. Sim! A cada 15 minutos, ouço dobre de sinos, que por sinal
não me incomodam.
Preciso dizer que tenho evocações, não muito canônicas, como
sineiro.
Este título
surgiu, quando na noite de quarta, minha filha Clarissa, ao levar-me à rodoviária,
disse-me que em Cabo Frio, nesta sexta, é feriado municipal por ser o dia da
padroeira. Disse, então, que há não muitos anos, 15 de agosto era dia santo (dia
em que era proibido trabalhar) na cristandade por ser o dia da Assunção ou
Nossa senhora da Glória. Houve, então, a lembrança que também havia outro dia
santo: dia da Ascensão. As duas datas, ainda festas de destaque no calendário cristão,
são feriados municipais em algumas localidades, por serem comemorações do
padroeiro.
Olhava na viagem
(e ter internet nos ônibus não facilita apenas resolver sudoku) a listas dos
feriados municipais de quase meio milhar de municípios gaúchos. O número destes
varia de um a cinco. Na grande maioria são feriados municipais (civis) com
motivos religiosos. Estes em sua maioria, católicos (dia do orago ou padroeiro
da localidade), alguns cristãos (sexta-feira santa, natal...) e pouquíssimos de
denominações religiosas não católicas (31 de outubro — dia da reforma luterana).
Feriados municipais não religiosos, talvez, apenas o dia da emancipação e em
alguns a terça-feira de carnaval.
Dentre os
feriados nacionais, que parecem são nove, 3 ou 4 são religiosos, sendo um exclusivamente
católico (Nossa Senhora Aparecida). Feriados estaduais, vários que remetem a
religiões (predominantemente católica). Há, talvez, três estados em que 18 de
junho é feriado estadual: dia do evangélico.
Assim, vi na
viagem ratificada a tese: vivemos em um mundo Ocidental que é (ou pelo menos
foi, em tempos muito próximos) marcado por religiosidade.
E ascensão e assunção? Aqui a liturgia ensina língua
portuguesa. Ascenção é a do Senhor. Assunção é de Maria. Um auto ascendido aos céus.
Outra assunta ou ascendida aos céus levada pelos anjos. Melhor acender velas a
ambos.
Para não dizer
que o 15 de agosto, que já foi dia de preceito, mereceu uma blogada marcada
religiosamente, registro que esta tarde participo no Mestrado Profissional de
Reabilitação e Inclusão do Centro Universitário Metodista do IPA da banca de
qualificação da Andrea Duarte de Almeida, que apresenta um assunto muito
relevante: A importância da inclusão e
apoio paterno durante o puerpério para a motivação e continuidade da mulher no
processo de aleitamento materno. Terei a parceria na qualificação da
proposta de minhas colegas professoras doutoras: Marlis Morosini Polidori
(orientadora) e Ana Karina Silva da Rocha Tanaka.
Mas, era muito bom
quando 15 de agosto era feriado. Afinal, as férias de julho ainda deixavam
saudades. Evoca-las, era preciso.
Querido Attico,
ResponderExcluiro dia 18 de junho, além de Dia do Evangélico, é também o Dia do Químico, por conta de ser promulgada nessa data a legislação da profissão. Mesmo assim, os químicos trabalham nesse dia.
Grande abraço,
Paulo Marcelo
O Japão, país que se soergueu apesar de vários desastres naturais e humanos (leia-se guerras e bombas atômicas), já deu mostras da capacidade laboral de seu povo. Curiosamente é também um dos paises com menos feriado no mundo, ao contrario de nosso Brasil que além dos muitos que já tem ainda cria eventos feriadescos constantemente. E ainda tem gente que fica bravo com D'Gaulle...
ResponderExcluirEssa hegemonia de feriados ligados a religiosidade católica mostra o influência do cotolicismo e sobre a sociedade. Poderia dizer simplesmente que é o poder do catolicismo materializado em feriados civis.
ResponderExcluirSobre ontem: É prazeroso ouvi-lo e aprender juntos. Uma bela feira intelectual.
Grande agraço.