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sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Ano 16 *** UM TRÍDUO TRILEGAL *** Edição 2021 Esta já é a quinta e a última blogada de outubro 2021. E uma vez mais, ela se tece com excertos do diário de um viajor (em tempos pandêmicos), que viveu, ou melhor conviveu, com um tríduo sumarento na terça, quarta e quinta-feira. Na terça-feira, ‘dei uma aula’ na 40ª edição do Encontro de Debates de Ensino de Química. (40 EDEQ). Tinha tudo para estar emocionado. Já na segunda-feira, assistindo a conferência inaugural proferida pelo Prof. Otávio Maldaner se evocou mais de uma vez o primeiro Edeq, que o Prof. Maurivan e eu organizamos na PUC-RS, em dezembro de 1980. Desde então, a cada ano, em uma universidade do Rio Grande do Sul participei da organização e estive presente em todos encontros. Não houve encontro no ano passado e ora, três Universidades (PUC-RS, UPF e UFFS) organizaram o 1o EDEQ virtual. Eu tinha sobejas razões para estar emocionado no fazer uma das conferências. Evoquei a situação de não se poder profetizar na própria casa. A emoção foi potencializada quando a Profa. Clóvia Mistura, da UPF, mediadora da palestra, anunciou, ao encerrar a apresentação que a seguir seria prestada uma homenagem para mim. Embarquei-me, com justa razão. Não foi trivial fazer a defesa de uma proposta, recém encharcado de tantos acarinhamentos.VIDEO O segundo dia do tríduo foi na quarta-feira. Mais uma vez grandes emoções. Agora, em outra dimensão. Aceitara, há meses, fazer a conferência do III PROQUIMICA, na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) em Jequié BA. Só na noite de terça me dei conta que o evento era organizado para a área de profissionais da Química e não para a Educação Química. E a palestra era na manhã seguinte. Lembrei-me de odioso preconceito, há muito me alfinetado: “Quem sabe faz; quem não sabe ensina!” Fui marcado por cuidados. A Profa. Joélia Barros, mediadora de minha fala, disse ao final que os elogios foram os maiores. Tudo se fez com Ciência. Ontem, quinta-feira, o terceiro dia do tríduo que despede outubro foi com dose tripla. Entre as 15h e as 20h, de maneira ininterrupta, viajei de uma Porto Alegre açoitada pelos ventos de finados, a Vila Velha no Espirito Santo, onde por clique de mouse, fui ejectado à Teresina no Piauí, para ao pôr do sol ir a Marbá PA. Cinco horas, três eventos em três estados, quase sem tempo para levantar da cadeira. Detalho: minha primeira atividade tarde foi participar do Seminário do IFES que neste semestre a cada quinta-feira discute dois capítulos do Festschrift. Só pude participar da primeira hora. Não foi trivial ter que antecipar minha saída. Em Terezina cabia proferir a conferência magna do 1o Simpósio Piauiense de Ensino de Ciências e Matemática na contemporaneidade. O evento teve a participação da Universidade Federal do Delta do Parnaíba e mais de uma dezena de instituições de ensino superior da região. A solenidade iniciou com Carlos Pontes e seu violão de músicas nordestinas. Houve após a respeitosa oitiva do hino estadual do Piauí. Minha aula foi mediada pela professora Georgia Tavares, que fez uma muito emocionante narrativa de meu fazer educação há 60 anos. O terceiro momento da dose tripla foi no Laboratório Indisciplinar que ocorre quinzenalmente com meus orientandos. Como vários já concluíram as disciplinas (também espaços privilegiados para reencontros) a informalidade deste espaço mesmo que virtual é salutar. No encontro de ontem se fez uma síntese das três falas antes referidas. Agora que venha novembro já com sabor de fim de ano, para despedir esse anômalo 2021.

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Quando há futuro a preparar

                             22 0UTUBRO 2021

ANO 16     *************   EDIÇÃO 2020  


O cumprir rotina de a cada sexta-feira postar uma edição do  blog me obriga refletir sobre a semana que está terminando e também embalar sonhos para a semana seguinte. Nem sempre tal é factível. Hoje, por exemplo, ainda sem saber das consequências das avaliações feitas pela CPI Covid19, parece que todos acreditam que o presidente pode/deve ser responsabilizado por muitas das mortes que enlutam milhares de famílias brasileiras. 

O dia de destaque dessa semana foi a quinta-feira, com dois eventos:  ontem, às 7h, mediado pelo Prof. Dr. Érico Novais gravei um podcast na TV Tapiriri da Unifesspa. À tarde, por duas horas estive em aula no IFES. Estes dois eventos fizeram o dia sumarento. Agora, breves comentários de um e de outro.

No episódio de ontem, 21/10, do programa "Diálogos (Im)pertinentes: pesquisa e produção de conhecimento" busquei discorrer acerca da importância da pesquisa científica para uma sociedade mais justa. Foi gratificante poder trazer algumas de minhas utopias acerca da educação, com uma maior valorização do ensino fundamental.

Na parte da tarde, tivemos mais uma das  aulas Tópicos de ensino de Ciências, que tem design muito singular. Iniciamos com a hora da rodinha, seguida de uma entrada, uma pitada de História da Ciência. O momento heliocêntrico é destacado pela discussão de dois capítulos do Festschrift. Para encerrar uma sobremesa acerca de um tópico de um dos capítulos futuros.  Nas atividades de ontem, dois dos cinco capítulos da parte quatro: mulheres na ciência, foram estudados, quando o livro A ciência é masculina? É, sim senhora! catalisou excelentes discussões. 

Ainda, dois comentários laterais: o primeiro refere-se a menção que eu fiz: a TV Tapiriri é da Unifesspa. Há não muito, quando se dizia a TV da Universidade tal, estávamos nos referindo, muito provavelmente, a um edifício onde equipamentos sofisticados de transmissão televisiva estavam presentes; hoje muitas de nossas casas podem se transformar em um estúdio de TV. O advento de tecnologias, há um tempo desconhecidas, não raro nos fazem surpresos. Tal se encadeia no

segundo comentário, que é muito pessoal: se encerrou hoje um período de duas semanas, onde tive obras na minha casa para instalação de uma cápsula ascensória para ligar o sétimo ao oitavo piso na minha residência.

Realizei, ajudado fraternalmente pelo Sérgio Scandar, um significativo investimento pensando em um futuro que espero ainda distante. É importante nunca esquecer que prevenir é preciso, para pensar num futuro mais saudável. A imagem que ilustra a blogada de hoje é de algo do futuro que espera o tempo que se fará presente.

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Lilith abandona um jardim edênico

                                                 15 0UTUBRO 2021

ANO 16     *************   EDIÇÃO 2019 

  


Esta é uma edição muito especial.  Ela se faz engalanada por ser do DIA DA PROFESSORA / DIA DO PROFESSOR. Imagine-se, por exemplo, o frontispício emoldurado por floradas de jacarandás que a cada outubro fazem um tapete roxo em distintas ruas de Porto Alegre. PEDIDO DE DESCULPAS: Como fiz no Facebook e no Instagram, renovo aqui meu pedido de desculpas ao Programa da UFPR Meninas e Mulheres nas Ciências por não ter conferido ao Programa paranaense os créditos pelo uso da imagem (um card com representação das sete laureadas com o Nobel de Química em 120 anos) que ilustrou a última edição.

Na edição de 24/SET2021, narrei aqui assemblages de escritos que abrem capítulos de uma tese doutoral. Estes textos são ‘misturas’ de textos ficcionais com não ficção. No caso em tela estes textos (ficcionais) envolvem ou são envolvidos pelos quatro elementos: ar, água, terra e fogo. Num dos textos há quatro acadêmicos: uma judia, um cristão, um islâmico e um ateu que se envolvem com um dos quatro elementos. Hoje brindo meus leitores com o primeiro dos quatro relatos, trazidos do livro Os quatro elementos entre ciência e religião. Este livro está assuntado na edição de 17SET2021. Estes textos foram produzidos para a tese doutoral de Patrícia Rosinke quando da edição de uma Seleta contendo contos acerca dos quatro elementos, in Contos químicos por químicos contistas. Márlon Herbert Flora Barbosa Soares, Goiânia: Editora Espaço Acadêmico, 109 p ISBN 978-85-80274-76-5. Depois deste extensos preâmbulos, ao texto.

  1. Lilith revisita Terra que fora edênica 

Mathilde Aguillar Martínez*

E disse Deus: Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num lugar; e apareça a porção seca; e assim foi. E chamou Deus à porção seca Terra; e ao ajuntamento das águas chamou Mares; e viu Deus que era bom (Gn, 1: 9.10).


Estar no terceiro milênio da era cristã não nos faz imunes aos mitos antigos, em cuja sombra se tecem fantasias, lendas e inclusive cosmogonias com sabor atual. 

No romance Caim, Saramago destaca a figura de Lilith – esposa de Noah, das terras de Nod –, a quem destina o papel de iniciar a Caim na arte amorosa e com quem teria um filho: Enoc, bisavô de Matusalém.

Todavia, há outra Lilith, uma que permaneceu quase desconhecida e que forma parte dos mitos antropogênicos. 

Segundo a Cabala judaica, Lilith foi a primeira mulher, criada igual como Adão. Eva seria uma criação posterior, produto de uma costela do varão.

No sexto dia do primeiro relato da criação, Deus cria o homem a sua imagem e semelhança “Macho e fêmea os criou” (Gn 1:27). Esta narração refere ao primeiro casal humano que teve origem similar.

No segundo relato da criação, Deus forma o homem com pó da terra — um dos elementos primordiais — e lhe infunde alento de vida. Para que não esteja só e o ajude, faz um ser semelhante a ele de sua costela e forma a uma mulher, de quem o homem diz: “Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; ela será chamada varoa (virago), porquanto do varão foi tomada” (Gn 2:23).

Enquanto no primeiro relato a fêmea (mulher) é reflexo de Deus, no segundo, é reflexo do homem.

Por que o Gênesis refere duas criações? Alguns consideram que os versículos são reiterativos e dão a conhecer um mesmo feito de uma maneira diferente.

Outros, diferentemente, aduzem que o primeiro relato alude à criação de uma primeira mulher: Lilith, cujo nome se relaciona com a palavra hebraica lailah, que significa noite.

Lilith se torna o par de Adão, com quem comparte um mesmo gérmen ontológico. Teria uma personalidade forte e emancipada que faz com que se associasse com lado escuro e com a malignidade.

Segundo a tradição judaica, Lilith se opõe a aceitar a postura amorosa que Adão desejava — deitada e por baixo — por se considerar igual. Como Adão quis obrigá-la a obedecer, ela o abandona, deixando o Jardim do Éden.

Eva, em troca, assume uma atitude mais submissa, menos crítica. Por originar-se da costela de Adão, está sujeita a seu domínio. “... e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará” (Gn 3,16).

Lilith e Eva poderiam ser os arquétipos de um duplo feminino: a maldade versus a bondade, a obscuridade versus a luz, a dureza versus a doçura, a mulher-demônio que se opõe à mulher-mãe. 

A primeira se orienta ao egoísmo, a autogratificação, ao prazer sensual; a segunda ao sacrifício, à união espiritual e à procriação. Extremos dos opostos: demônio/santa, rameira/virgem, que tem categorizado e estigmatizado o mundo feminino.

Sem dúvida, uma e outra compartem de ter desorientado ao homem e até se pode pensar, serem mais potentes que ele. Potência ligada em parte à falta de compreensão que o homem tem do feminino. 

Lilith enfrenta Adão e o abandona como uma forma de emancipar-se; não se submete, o desafia. Eva o faz transgredir: é a autora intelectual do pecado original, sua força reside na má sedução passiva.

Segundo uma velha tradição, Lilith seria uma figura sedutora, de longos cabelos, que voa à noite, como uma coruja, para atacar os homens que dormem sozinhos. As poluções noturnas masculinas podem significar um ato de conúbio com a demônia, capaz de gerar filhos demônios para a mesma. As crianças recém-nascidas são as suas principais vítimas. A crença em Lilith, durante muito tempo, serviu para justificar as mortes inexplicáveis dos recém-nascidos. Uma forma de proteger as crianças contra a fúria da bela demônia é escrever na porta do quarto os nomes dos anjos enviados pelo Senhor. Outra maneira é a de afixar no berço do recém-nascido, três fitas, cada uma delas com um nome de um anjo. À véspera do Shabat e da Lua Nova, quando uma criança sorri é porque Lilith está brincando com ela. Afirmava-se que, na Idade Média, era considerado perigoso beber água nos solstícios e equinócios, períodos estes em que o sangue menstrual de Lilith pinga nos líquidos expostos. 

Aos olhos masculinos, a mulher é em si mesma a caixa de Pandora: enigma indecifrável e fonte do mal.

Se a mulher foi melhorada – produto de um upgrade ou turbinada –, o homem não? Poderia se pensar que assim como se deduz ter havido uma Lilith do primeiro relato possa ter havido outro primeiro homem?

Do ponto de vista antropológico, o Gênesis é um mito de origem que busca explicar o surgimento do primeiro homem e como tal não difere muito de outros mitos, integrantes das diferentes cosmologias existentes.

Devido a maior agudeza da psicologia feminina, o crítico literário Harold Bloom formula a hipótese que alguma parte inicial da Bíblia foi escrita por uma mão de mulher.

Se bem que os desígnios de Deus são inescrutáveis, nós, suas criaturas, nos encarregamos de interpretá-los. 

Para saber mais: Jardim do Éden revisitado in Rev. Antropol. vol.40 n.1. São Paulo, 1997 http://dx.doi.org/10.1590/ S0034- 77011997000100005

*Mathilde Aguillar Martínez é doutora em História pela Universidade de Louvain e Professora da Universidade Hebraica em Bogotá. É de fé judaica, mas não manifesta adesão formal a práticas de vertente de judaísmo ortodoxo. Email: mathiguima@gmail.com

 ADVERTÊNCIA Todos os personagens são ficcionais e qualquer semelhança com pessoas reais, é mera coincidência.

sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Excertos do diário de um viajor...

 08 0UTUBRO 2021

ANO 16     *************   EDIÇÃO 2018    

Início esta edição trazendo uma informação, especialmente para meus leitores e leitoras mais recentes: vez ou outra, as postagens se transmutam -- como hoje -- em narrativas do diários de um viajor. Esta opção tem múltiplas razões; ora não vale trazê-las.

Foi uma semana ubérrima: quatro lives, duas horas de aula e algumas sessões individuais de orientações. Na quarta-feira tive uma fala sobre alfabetização científica em um ciclo de palestras em memória do professor Licurgo. Emocionei-me a lágrimas ao referir algo que está no poético prefácio que Licurgo escreveu para a 8a edição do Alfabetização Científica, questões e desafios para a Educação: o quanto este livro marcou a transição do geofísico para o fazer educação com a ciência. À noite, participei da aula inaugural do curso de licenciatura em Ciências da Natureza da Universidade de Federal São Paulo no Campus de Diadema. O livro  A Ciência é masculina? È, sim senhora! heliocêntrico na temática da aula, catalisou significativas discussões. Esta fala na semana do anúncio dos prêmios nobéis teve, neste 2021, uma ratificação do título do livro. Medicina ou fisiologia galardoaram dois homens, Física três homens, Química dois homens (nos três prêmios de Ciências sete homens e zero mulheres). Em literatura um homem e Paz um homem e uma mulher. Falta o anúncio, na segunda-feira, do laureado em Economia.


A imagem que ilustra esta edição é uma futurição cuja provável realidade deve ser distante.

Na quinta-feira, além das aulas usuais que ministro no semanalmente no IFES, onde o texto básico é o livro do Festschrift, à noite fiz uma fala na Universidade Federal Espírito Santo inserida na 18ª Semana Nacional de Ciências e Tecnologia. No entardecer desta sexta-feira participo de uma mesa redonda onde defendo a tese: há um direito universal de uma alfabetização científica formada por uma assemblage de diferentes alfabetizações que tem pré-requisito básico uma alfabetização digital.

Estas cinco diferentes falas foram preparadas enquanto sua produção esteve inserida em dois complicadores que deixaram muito mais complexas fases que de maneira usual são gratificantes fazeres. Uma das situações foi que há uma semana desquitei-me da Microsoft e passei a operar na nuvem da Google; como em qualquer mudança é algo muito exigente. Imagine o ônus de ter que preparar apresentações sem dispor do PowerPoint; não é algo trivial. A segunda situação que gerou complicadores é ter obras de engenharia em minha morada, pois se prepara o local para a instalação uma cápsula  ascensória para a ligação do sétimo ao oitavo piso. Isto gerou entre outros transtornos sonoros e poeirentos de mais de uma dezena de sacas de caliças.  Pó e barulhos não se fazem em bons locais de trabalho intelectual. 

Por tal, agora um bom fim de semana… de preferência estendido em feriadão.


sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Em O debate uma assemblage

 01 0UTUBRO 2021


ANO 16     *************   EDIÇÃO 2017    

E de repente estamos em outubro. Os ventos primaveris, de vez em vez inclementes, esparzem aromas de floradas diversas. O avizinhar das festas de fim de ano, com a pandemia aparentando debandada, anunciam tímida, mas prazerosamente, que podemos embalar sonhos que abraços e beijos estarão de volta.

Neste blogar vou ignorar o Pinóquio. Ele já anunciou: nada está tão ruim, que amanhã não possa ser pior! Vou falar de algo que é prato cheio para um bibliófilo: livro.

No Roda Viva -- quase minha missa semanal -- da semana anterior, fugindo do design mais usual do programa que faz 35 anos, os entrevistados eram dois: o pernambucano Guel Arraes (1953) e o gaúcho Jorge Furtado (1959, diretor e roteirista do memorável Ilha das Flores; evoquei familiarmente o filho do Jorge e da Darci, na imediação da Praça Arariboia, em Porto Alegre).

Há muito, os dois produzem juntos. Agora atiçam curiosidades com a anunciada adaptação para o cinema de Grande Sertões: Veredas, de João Guimarães Rosa. A pandemia ora procrastina esta produção. Para o blogar que inaugura outubro, assuntei outro filme da dupla. 

Parece oportuno substituir o artefato cultural filme por obra cinematográfica, pois, a rigor, não existe mais produção de obras para o cinema em suporte fílmico. A atração que refiro, por ora, existe para o público como livro suporte papel. O texto é formatado em linguagem teatral.

Agora, comento algo do livro de 80 paginas O debate, editado em julho de 2021, pela editora carioca Cobogó, com o ISBN 978-65-5691-036-9 no selo coleção dramaturgia.

O debate ocorre em outubro de 2022, às vésperas do segundo turno da eleição em que concorrem Lula e Bolsonaro. No roteiro da produção só há dois atores no fumódromo de uma emissora de televisão: Marcos (60 anos) jornalista, editor do telejornal da noite e Paula (42 anos) jornalista, apresentadora do mesmo telejornal. Os dois, recém separados de um casamento de 20 anos, se encontram, como profissionais, antes, durante e depois do debate.

Fugando de cometer spoiler, apenas adianto que não são necessários mais que os primeiros diálogos entre os dois personagens para nos identificarmos (e torcer) por Paula ou por Marcos. Omito qualquer outra informação acerca das significativas discussões dos dois no fazer jornalismo em tempos de manipulação da informação. 

Enquanto aguardamos o filme vale ler o livro e ver quanto uma assemblage de ficção e  realidade, tecida pelos dois roteiristas nos faz mais pensantes. Cada uma das cenas exige reflexões e posicionamentos acerca do público e do privado em nossos cotidianos, em inusuais tempos pandêmicos. Uma sumarenta leitura a cada uma e cada um, seja como livro e/ou no cinema.