TRADUÇAO / TRANSLATE / TRADUCCIÓN

terça-feira, 30 de abril de 2013

30.-CLT, AMANHÃ SETENTINHA.



ANO
7
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EDIÇÃO
2463
Amanhã há um aniversário que todos nós temos que comemorar, pois ao longo de nossas vidas fruímos de seus benefícios. Por outro lado, neste emaranhado mundo de siglas em que vivemos, é a CLT das mais estáveis e eufônicas.
Este blogue, em uma edição preparativa ao Dia Mundial do Trabalho, comemorado amanhã, associa-se à celebração. A blogada de hoje é uma mixagem de textos do editor com de agências noticiosas, especialmente do iG.
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada em 1943 pelo presidente Getúlio Vargas, completa 70 anos neste 1º de maio. Isso deve ser motivo de júbilo, mesmo que ela vige sob a crítica de uma boa parcela da iniciativa privada, que considera a legislação ultrapassada, paternalista e responsável por uma parte representativa dos custos das empresas.
Sob esse argumento, ainda há um forte coro em defesa da flexibilização das leis do trabalho. Os estudiosos, no entanto, lembram que ao longo de sete décadas o texto original da CLT passou por cerca de 900 alterações. Uma delas, por exemplo, extinguiu a estabilidade de emprego. Outra oficializou o direito à greve. Atualmente também se discute a alteração da maioridade laboral, passando de 16 para 14 anos a idade de empregabilidade.
Para os especialistas, sem a regulamentação o Brasil não teria visto o crescimento, acentuado na última década, da formalização do mercado de trabalho. Mas, ao mesmo tempo que cresce o número de trabalhadores com carteira — ícone mais representativo da CLT —, avança no País o número de profissionais sem carteira assinada que optam por eles próprios pagarem a Previdência.
Em um País onde ainda há flagrantes de casos de trabalho análogo à escravidão e, sob a regra informal do jeitinho, empresas se esquivam de assumir sua cota de obrigações, é evidente a necessidade de avanços na relação entre patrões e empregados.
De 2001 a 2011, o número de empregados com carteira assinada cresceu a uma taxa média de 6,1% ao ano, acima das outras opções de emprego formal, como se tornar um trabalhador por conta própria contribuinte da Previdência ou um funcionário público, por exemplo. Essas avançaram em média 5,8% e 3,6%, respectivamente, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), do Instituto de Brasileira e Geografia e Estatística (IBGE).
O cenário se inverteu entre 2006 e 2011. Nesse período, enquanto a carteira assinada continuou a crescer quase no mesmo ritmo, 6,2%, a do trabalhador por conta própria que contribui para a Previdência avançou, em média, 11% ao ano.
Apesar do crescimento constante da formalização, seja por meio da carteira profissional ou do vínculo direto com a Previdência, ainda há uma massa expressiva de trabalhadores sem a proteção do Estado. São 18,6 milhões de brasileiros, ou 20% da população economicamente ativa, no limbo. São produtivos, mas não têm direitos.
Nesta horizonte viveremos amanhã mais um Dia Mundial do Trabalho,com a CLT se tornando setentinha, mesmo repleta de penduricalhos é vigorosa e importante. Vale acarinhá-la.
Agradeço à Luciana Franco Barbosa, mestranda do Mestrado Profissional de Reabilitação e Inclusão do Centro Universitário Metodista do IPA, o privilégio de orientá-la na tessitura da dissertação Passos e descompassos de projetos de aprendizagem de jovens trabalhadores, quando aprendi quase tudo que sei sobre a CLT.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

29 – RELIGIOSIDADE ou PENSAMENTO MÁGICO



ANO
7
www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
2462
Um bom assunto para abrir a semana que encerra abril e inaugura maio: ¿Religião ou Pensamento Mágico? Eis manchete de capa de uns dos cadernos da Folha de S. Paulo deste sábado: “Angola proíbe operação de igrejas evangélicas do Brasil”. Cheguei a pensar que teríamos um dos produtos de nossa pauta de exportação zerado. Não. Há um truste privilegiado.
O governo de Angola baniu a maioria das igrejas evangélicas brasileiras do país. Segundo o governo, elas praticam "propaganda enganosa" e "se aproveitam das fragilidades do povo angolano", além de não terem reconhecimento do Estado.
"O que mais existe aqui em Angola são igrejas de origem brasileira, e isso é um problema, elas brincam com as fragilidades do povo angolano e fazem propaganda enganosa", disse à Folha Rui Falcão, secretário do birô político do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) e porta-voz do partido, que está no poder desde a independência de Angola, em 1975.
Cerca de 15% da população angolana é evangélica, fatia que tem crescido, segundo o governo. Em 31 de dezembro do ano passado, morreram 16 pessoas por asfixia e esmagamento durante um culto da Igreja Universal do Reino de Deus em Luanda. O culto reuniu 150 mil pessoas, muito acima da lotação permitida no estádio da Cidadela.
O mote do culto era "O Dia do Fim", e a igreja conclamava os fiéis a dar "um fim a todos os problemas que estão na sua vida: doença, miséria, desemprego, feitiçaria, inveja, problemas na família, separação, dívidas." O governo abriu uma investigação. Em fevereiro, a Universal e outras igrejas evangélicas brasileiras no país — Mundial do Poder de Deus, Mundial Renovada e Igreja Evangélica Pentecostal Nova Jerusalém — foram fechadas.
A ilustração é da Editoria de Arte/Folhapress como o texto é parte da Folha de S. Paulo de27ABR13.
Todavia há algo interrogante: Medida do governo angolano assegura 'monopólio' à Universal. No dia 31 de março deste ano, o governo levantou a interdição da Universal, única reconhecida pelo Estado. Mas a igreja só pode funcionar com fiscalização dos ministérios do Interior, Cultura, Direitos Humanos e Procuradoria Geral da Justiça. As outras igrejas brasileiras continuam proibidas por "falta de reconhecimento oficial do Estado angolano". Antes, elas funcionavam com autorização provisória. A Igreja Universal é ligada ao governo é leva vantagens com interdição das concorrentes.
As igrejas aguardam um reconhecimento para voltar a funcionar, mas muitas podem não recebê-lo. "Essas igrejas não obterão reconhecimento do Estado, principalmente as que são dissidências, e vão continuar impedidas de funcionar no país", disse Falcão. "Elas são apenas um negócio."
Segundo Falcão, a força das igrejas evangélicas brasileiras em Angola desperta preocupação. "Elas ficam a enganar as pessoas, é um negócio, isto está mais do que óbvio, ficam a vender milagres." Em relação à Universal, a principal preocupação é a segurança, disse Falcão.

domingo, 28 de abril de 2013

28 – UMA DOMINGUEIRA BI-COMEMORATIVA


ANO
7
www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
2461
O sábado caminhava ao ocaso. Não tinha assunto para a edição dominical. Vejo então que em 28 de abril conjugam-se duas muito merecidas celebrações.
A uma consagro meu cotidiano. Abstenho-me de tributar-lhe um dia. Para mim e para grande parte da humanidade cada dia é Dia da Educação. Claro que estamos pensando não apenas na Educação formal, aquela produzida na Escola. A reverência da data inclui também a pluralidade de ações que exercemos na construção de mundo mais justo para todos.
Em paralelo celebra-se uma data que merece ser reeducada. Talvez, nas redes familiares da civilização ocidental, não existe figura, mais marcada por preconceitos, que aquela que merece loas hoje. 20 de abril é o Dia da Sogra. Não conheço os tributos que se faz na tradição oriental àquela que é mãe do cônjuge. Entre nós a sogra — e não o sogro — são alvos, de maneira usual, de chiste que beiram a maledicência.
Nos pejorativos ditos populares, há uma frase que vi em para-choque de caminhão, que remete a gênese da tradição judaico-cristã que poderia ser tida como síntese dos preconceitos: “Feliz foi Adão que não teve sogra”. Talvez, em outra leitura mítica, se pudesse dizer que infeliz foi a humanidade; pois se Eva tivesse uma mãe para orienta-la é provável que não comeria a maçã. Então, hoje ainda viveríamos no paraiso.
Não vou fazer análises do porquê dos preconceitos. Pode-se dizer apenas que sogras são muito mais amadas que se imagina. Parece, também, que entre os homens, se comparado com as mulheres, o afeto pela mãe da esposa é muito maior.
Pessoalmente tenho o privilégio de ter uma sogra fabulosa. A Liba, em seus quase 92 anos de intensa vitalidade, surpreende-me há 26 anos pelas lições de vida que oferece a cada uma e cada um. Ela é mãe, sogra, avó e bisavó exemplar. É para ela minha pública homenagem hoje. Eu tenho encantos por minha sogra.
# # # #
CORREÇÃO: Na edição de ontem, cometi um equivoco, dizendo que Karuliny Taveira Maia Diretora do Parque dos Papagaios era natural do Rio Grande do Norte. Ela ao agradecer a blogada conclui: Ah, e sou cearense! Costumo dizer que agora Cearacuxi (junção de Ceará com Macuxi)” Adito: Macuxi é uma etnia indígena que é muito presente em Roraima; a língua macuxi é falada no Estado em terras indígenas.

sábado, 27 de abril de 2013

27 - PERIPATÉTICOS NO BOSQUE DOS PAPAGAIOS


ANO
7
Boa Vista - RR
EDIÇÃO
2460
Na madrugada deste sábado [02h40min (03h40min BSB)] começo voltar por três voos: Boa Vista/Manaus/Guarulhos/ Porto Alegre, aonde chego pelas 13h.
Ontem pela tarde estive na UERR para a terceira banca de qualificação. À noite, como ontem, nos reunimos para comer o que Bela Vista tem de melhor: peixe.
A eleição para minha manhã livre ontem não poderia ser mais acertada. Visitei, com Peuris Frank Lau [na foto], o Parque Ecológico Bosque dos Papagaios, um dos espaços não formal usado para fazer Educação Ambiental. O bosque é o artefato cultural objeto dos estudos do Frank em cuja proposta de dissertação estive envolvido aqui.
Em plena área urbana da capital de Roraima — Boa Vista é uma linda cidade de cerca de 300 mil habitantes —, um espaço verde se tornou um dos pontos turísticos mais visitados da cidade para caminhadas, prática de exercícios e, especialmente, lócus de estudos. O lugar fica numa área nobre, que antes era local de despejo de lixo. Hoje é cuidadosamente preservada pela Secretaria Municipal de Gestão Ambiental e Assuntos Indígenas.
Foi uma visita privilegiada. Para o Frank e a mim pareceu-nos ser, como há 2.500 anos eram os peripatéticos ouvindo Aristóteles nos jardins do Liceu. Nossa guia foi a Mestre em Biologia Karuliny Taveira Maia, uma entusiasmada potiguar, há um tempo encantada com a natureza roraimense. Ela é a competente diretora do parque, aonde faz educação ambiental. Ouvi-la falar de animais e plantas é um deleite.
O Parque Ecológico Bosque dos Papagaios abriga em um mantenedouro mais de 40 animais entre répteis, mamíferos e aves. Todos foram apreendidos pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e de Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).
Os animais são alimentados de acordo com cada espécie. As aves, além das frutas, recebem suplementação com sementes e castanhas. Os jabutis também recebem ração. Como a área é preservada e mantém a fauna e a flora originais. 
O bosque se tornou objeto de estudos e observações de animais para acadêmicos. O bosque mantém um programa para receber estagiários [alguns deles na foto com a diretora do Bosque e comigo] de diferentes cursos e faz palestras para estudantes de todas as idades.
As árvores do bosque são catalogadas. É comum ver animais como tamanduás-bandeira, iguanas, corujas e tamanduás.
A árvore que Karol tem como ícone do parque é o caimbé, [na foto ela e eu sob um caimbé] acerca da qual trouxe destaques muito particulares como resistir às queimadas. A Wikipédia complementou-me que o “Caimbé (Coussapoa asperifolia) é um arbusto ou árvore de até 15 metros, da família das cecropiáceas, que ocorre na Amazônia. Possui madeira escura, de qualidade, resina amarelada, lactescente, com propriedades cicatrizantes, folhas obovadas, grossas, ásperas, flores em capítulos, e frutos de que se faz tinta pardo-escura”.
Numa produção literária para incentivar às crianças visitar o parque, Karol — escritora e ilustradora para o mundo infantil — há um personagem: Senhor Caimbé, o sábio conselheiro do bosque.
A diretora do Bosque faz um convite aos que quiserem conhecer uma das pérolas de Boa Vista — http://www.facebook.com/ ParqueEcologicoBosqueDosPapagaios— sítio onde de maneira continuada ela adita informações acerca de educação Ambiental. Neste convite também adito votos de um muito bom sábado a cada uma e cada um.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

26- ECOS DE RORAIMA



ANO
7
Boa Vista - RR
EDIÇÃO
2459
A madrugada desta quinta-feira já avançava quando cheguei à Boa Vista. Os três trechos foram marcados por (re)leituras anotadas de dissertações. Uma na 1,5h Porto Alegre/Rio de Janeiro; quase duas nas longas 4h Rio/Manaus e a no trecho de 1 hora entre Manaus e Boa Vista terminei a terceira. Neste último segmento, também conversei sobre utopias no mister de fazer Educação com a professora Lenir Luitgards Moura, Secretária de Estado de Educação e Desporto. Um encontro casual que foi frutuoso.
Outra situação inédita. Pela primeira vez durmo no mesmo teto com um rei. A pouca distância de meu apartamento hospeda-se S.M. Harald V, rei da Noruega que visita aos seus amigos ianomâmis. Há seguranças da polícia federal assentados ante a porta.
Nesta quinta-feira houve duas bancas pela manhã e à noite fiz a palestra para cerca de 200 pessoas. Concedi autógrafos e tirei muitas fotos com meus leitores.
Hoje pela manhã visito, com Peuris Frank Lau o Parque Ecológico Bosque dos Papagaios, um dos espaços não formal usado para fazer Educação Ambiental aqui na capital de Roraima. À tarde tenho a terceira banca. Com as duas que tive aqui em 12 de janeiro, já são cinco na UERR.
Agora nesta quarta estada aqui, lembro que na segunda, em novembro do ano passado, ao lado das atividades em Boa Vista fiz duas palestras em Bonfim — na noite de ontem me emocionei ao ver um grupo desta cidade que veio assistir minha fala — e uma em Leithen na Guiana.
Na primeira vez que, a convite da Sociedade Brasileira de Química, estive aqui na virada de novembro/dezembro 2010, estive na Venezuela. Mas então o significativo para mim foi visitar a Escola Indígena de Taba Lascada. Posteriormente, enviei à Escola exemplares de meus livros, cumprindo uma promessa que fizera, então. Emocionado com o envio e prelibando a chegada dos livros escrevi a cinco de ‘minhas’ editoras uma mensagem como esta:
Meu caro (nome de meu contato na Editora).
Com meus votos de boas festas e felicidades em 2011 um pedido. No dia 2 de dezembro fiz uma fala na Comunidade Indígena de Taba Lascada em Roraima. Pediram-me livros. Enviei um kit chassot com seis títulos. Lembrei-me que nesses balanços de fim de ano sobram algumas pontas de estoque.
Se for o caso e tiverem algum título da área de Educação poderiam enviar para
Escola Indígena da Comunidade de Taba Lascada.
Região Serra da Lua. Município de CANTÁ – RR 69390-000
Agradeço se puder ajudar a fazer uma alfabetização com florestania, ac.
Logo em seguida recebia quatro respostas parecida com esta:
Boa tarde, Professor!
Agradecemos seus votos e desejamos um Feliz Natal e um Ano novo repleto de conquistas. Quanto ao seu pedido, vou providenciar alguns títulos da área da educação e encaminharei para a referida escola.
Uma sugestão, se a algum leitor encantar a ideia e tiver alguns livros (podem ser didáticos, usados), o correio é na sede da Aldeia. Devo registrar, não sem desilusão, que tendo acompanhado dia a dia a viagem dos livros e sua retirada no correio, passado já meses, não recebi uma linha de agradecimento. Talvez, os professores da Escola suponham que seja algum robô do Google que remeteu os livros.
Juntadas algumas evocações roraimenses teci uma blogada para ser portadora de votos de frutuosa sexta-feira a cada uma e cada um.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

25- MAIS UMA JORNADA AMAZÔNICA


ANO
7
Porto Alegre / Rio de Janeiro / Manaus  / Boa Vista
EDIÇÃO
2458
Quando esta edição entrar em circulação estarei pela segunda vez na Amazônia neste ano. Deixei Porto Alegre — a mais meridional das capitais brasileiras — no final da tarde de ontem. Tenho previsão de chegada à Boa Vista às 03h (02h horário local) a única capital brasileira no hemisfério norte.
Nesta quinta tenho três bancas de qualificação no Mestrado Profissional em Ensino de Ciências  na Universidade Estadual de Roraima. Acerca de cada uma das propostas de dissertações, sintetizo:
A proposta de Filomeno de Sousa Filho traz como título “A formação de conceito científico no ensino de ciências do 1º ao 5º ano do ensino fundamental em espaço não-formal” onde procura — com a orientação da Prof. D.Sc. Ivanise Maria Rizzatti — responder a seguinte questão: de que forma a visita ao Mini-zoo do 7º BIS que figura como espaço não-formal de aprendizagem contribui para a formação de conceitos científicos no ensino de ciências nas séries iniciais do ensino fundamental?
Já a proposta de Peuris Frank Rodrigues Lau traz à qualificação “Educação ambiental em espaço não formal: o uso do Parque Ecológico Bosque dos Papagaios pelas escolas municipais de Boa Vista” que se propõe investigar — orientado pela Prof. D.Sc. Patrícia Macedo de Castro — o seguinte problema: “De que maneira o Parque Ecológico Bosque dos Papagaios é utilizado como espaço não formal na implementação da Educação Ambiental pelas escolas municipais de Boa Vista-RR?”
Enquanto Vanessa Coelho de Deus Brito, apresenta como t proposta examinar “Espaços não formais em Rorainópolis-RR: propostas para o ensino da educação ambiental a partir da disciplina de Química” propõe-se — orientada pela Prof. D.Sc. Josimara Cristina de Carvalho Oliveira — responder ao seguinte problema: A Feira dos Agricultores, as Lavouras que utilizam agrotóxicos e a Trilha Urbana (entendidos nesta pesquisa como espaços não formais de ensino) apresentam potencial pedagógico para o desenvolvimento da educação ambiental a partir da disciplina de Química?
Talvez se possa, a partir da palavra-chave — espaços não formais — evidenciar o quanto o Mestrado em Ensino de Ciências da UERR, preocupa-se em incutir na formação de seus mestres ‘a libertação das enclausurantes paredes da sala de aula’ e usar os ricos espaços de Roraima que mesmos inseridos na exuberante Amazônia também merecem atenção com a degradação.
Amanhã à noite, quando começarei a voltar, faz uma palestra na UERR: “Das disciplinas à indisciplina”. Foi bom partilhar um pouco de mais esta jornada amazônica com cada uma e cada um de meus leitores. 

quarta-feira, 24 de abril de 2013

24.- UM LUMINAR TAMBÉM DERRAPA


ANO
7
www.professorchassot.pro.br
EDIÇÃO
2457
Hoje, me meto de pato a ganso. Li no domingo texto de um dos melhores cronistas brasileiros. Como sempre muito espirituoso e envolvido em fino bom humor. A ‘concepção teórica’, mesmo reconhecendo tratar-se de uma composição anedótica, incomodou-me. Transcrevo aqui dois excertos e após trago minha crítica. Reconheço-me pretencioso sabendo contra quem assesto minha observação.
O debate Luís F. Veríssimo
O apresentador entra no palco, onde estão três cadeiras.
Apresentador – Boa noite. Teremos hoje o último debate da nossa série Criacionismo ou Evolucionismo: Qual é a sua?. Afinal, fomos feitos por Deus ou descendemos dos macacos? O debate desta noite é o que todos estavam esperando, o que explica o auditório lotado e as cadeiras extras. Durante toda a semana tivemos aqui embates memoráveis entre defensores do criacionismo e defensores do evolucionismo, culminando com o debate de ontem, entre Richard Dawkins e o padre Rossi, que foi abandonado por Dawkins aos gritos de “Não. Não!” na metade, quando o padre Rossi ameaçou cantar.
[...]
Mas vamos ao grande debate desta noite. Os dois participantes não precisam de apresentações. O primeiro é... Charles Darwin em pessoa! Mr. Darwin, por favor.
Charles Darwin entra no palco e é aplaudidíssimo por parte da plateia. O resto da plateia aplaude educadamente.
Apresentador – Charles Darwin, quem não sabe, é o fundador do evolucionismo. Foram seus estudos sobre a adaptação dos genes ao meio e a seleção natural que deram origem a teoria da evolução das espécies, inclusive a espécie humana, que descenderia dos macacos. Apesar de estar morto desde 1882, Mr. Darwin concordou, gentilmente, em participar do nosso simpósio, principalmente quando soube quem seria o outro debatedor. Não é, Mr. Darwin?
Darwin – É. Será uma oportunidade para esclarecer alguns pontos.
Apresentador – E aqui está ele, senhoras e senhores. O outro debatedor desta noite. O grande, o eterno, o nunca assaz louvado... Deus Nosso Senhor!
Deus entra no palco saudando o público e é recebido com uma ovação. Parte da plateia grita “Senhor! Senhor! Senhor!”. Deus senta à direita do apresentador, Darwin à esquerda.
Darwin – Senhor, eu queria aproveitar esta oportunidade para dizer que, em momento algum a minha teoria negou a sua existência, ou desrespeitou o seu poder. Eu vivi e morri como um cristão. Só não podia esconder minha descoberta.
Deus – Eu sei, meu filho, eu sei. E você estava certo.
Darwin (surpreso) – Eu estava certo?!
Deus – Estava. Aquela história que eu criei o homem do barro, à minha imagem, e depois fiz a mulher da sua costela... Tudo literatura. Licença poética. O homem descende do macaco. Eu quis que fosse assim. E quis que você descobrisse. A sua obra é a maior prova de que eu (aliás, Eu) existo. E mando. Num mundo regido pelo acaso você dificilmente chegaria aonde chegou.
Apresentador – Então o senhor acredita num...
Deus – Evolucionismo dirigido. Um pouco como o capitalismo na China.
Darwin – Mas então por que tanta gente resiste à ideia de que o homem descende do macaco e não foi criado por Deus à sua imagem?
Deus – Ah, meu filho. A vaidade humana nem Eu controlo.
Nos meios acadêmicos, e em grande parte da humanidade, desde o século 19, há um continuado debate: Criacionismo ou Evolucionismo. Há, mais recentemente, uma caricata alternativa: o ‘design inteligente’ que, lamentavelmente LFV abraça (nominando de “Evolucionismo dirigido”. Claro que ele pode aderir a ela, como o fazem alguns cientistas de renome. Estes têm sido desmascarados, como está densamente argumentado, por exemplo, no Manifesto da Sociedade Brasileira de Genética (publicado e comentado neste blogue em 23JUN12).

Mas, ¿se há cientistas proeminentes que defendem esse criacionismo trasvestido com máscara rota e desengonçada de evolucionismo, eu surpreendo-me com o brilhante cronista? Por apenas uma razão: a (minha) desilusão por ver alguém que é um luminar intelectual para tantos (e, eu me incluo) embarcar, talvez, em uma canoa furada. Mas, sigo seu leitor. Não leio apenas os que pensam como eu.

terça-feira, 23 de abril de 2013

23.- DIA INTERNACIONAL DO LIVRO



ANO
7
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EDIÇÃO
2456
Hoje, 23 de abril, é o Dia Internacional do Livro. Esta celebração teve a sua origem na Catalunha, uma região da Espanha. A data começou a ser celebrada em 7 de outubro de 1926, em comemoração ao nascimento de Miguel de Cervantes, escritor espanhol.
“Impressão do livro moderno", quarta escultura (de seis) da caminhada berlinense das Ideias, construída por ocasião da Copa do Mundo da FIFA na Alemanha em 2006. Inauguração: 21 de abril de 2006 em Bebelplatz, praça perto da Unter den Linden em frente da Universidade Humboldt em Berlin. Celebra a Johannes Gutenberg, o inventor da impressão do livro Moderno volta de 1450 em Mainz.
Em 6 de fevereiro de 1926, o governo espanhol, presidido por Miguel Primo de Rivera, propôs oficializar a data e o rei Alfonso XIII assinou o decreto real que instituiu a Festa do Livro Espanhol.
No ano de 1930, a data comemorativa foi trasladada para 23 de abril, dia do falecimento de Cervantes. Mais tarde, em 1995, a UNESCO instituiu 23 de abril como o Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor, em virtude de a 23 de abril se assinalar o falecimento de outros escritores, como Josep Pla, escritor catalão, e William Shakespeare, dramaturgo inglês.
No caso do escritor inglês, tal data não é precisa, pois que em Inglaterra, naquele tempo, ainda utilizava o calendário juliano, pelo que havia uma diferença de 10 dias apara o calendário gregoriano usado em Espanha. Assim Shakespeare faleceu efetivamente 10 dias depois de Cervantes.
Falar em livros é evocar bibliotecas. Acerca destas já escrevi várias vezes aqui. Comentei acerca do privilégio de já ter estado em bibliotecas muito importantes. Assim estive na nova Biblioteca de Alexandria, no dia 23 de abril de 2002, quando estava prevista sua inauguração (depois adiada para outubro daquele ano, por razões de tensões no Oriente Médio). Contei aqui, em fevereiro de 2008, minha visita (talvez, a quarta) a magnífica biblioteca Nacional Francesa, abrigada em um dos mais impressionantes complexos arquitetônicos de Paris. Em outubro de 2008 estive por frutuosas horas na Biblioteca Britânica e reparti aqui o quanto ficara impressionado com as preciosidades que fruíra em Londres.
Estive já na Biblioteca da Universidade de Coimbra e em fevereiro de 2009 visitei duas impressionantes bibliotecas na Espanha: aquela do Real Monasterio de San Lourenzo, El Escorial e a da Universidade Complutense de Alcalá de Henares. Claro que estou referindo bibliotecas-monumentos.
Há aquelas que vamos para pesquisar. Recordo com saudades os dias quase inteiros que passava em 2002 na Biblioteca da UNED – Universidad Nacional de Educación a Distancia em Madrid ou as gostosas ‘viajadas’ que fazia na Biblioteca da Unisinos, nos anos que lá fui professor.
Curto uma biblioteca, como aquela que Matthew Battles descreve em A conturbada história das Bibliotecas, onde o leitor vai tocando os livros expostos nas estantes, levanta-os, sente-se o peso, aprecia as letras inclinadas, dispostas numa página de rosto, examina marcas deixadas por outros leitores e, quanto mais toca, mais fugidio lhe parece o saber ali contido. Todas as coisas que desconhece parecem estar lhe acenando por detrás das capas, nas entrelinhas.
Na biblioteca o leitor é obrigado a despertar daquele sonho de comunhão íntima provocado pela leitura. Ele é forçado a reconhecer a materialidade do mundo na sucessão interminável das lombadas, nos sons das páginas virando sobre as mesas, no atrito das capas que se espremem nas prateleiras, e nesse cheiro rançoso [Aqui, permito-me discordar de Battles; os livros têm um cheiro agradável, às vezes até sensual] que impregna qualquer ambiente em que há livros em grande número.
Na minha biblioteca deleita-me, vez em vez, aconchegar na rede e passear pelas prateleiras e mirar as lombadas. Evoco leituras. Recordo como determinado exemplar se fez meu. Sonho ler exemplares ainda por desvirginar. Degusto olhar meus livros.
Talvez, um dia, conte aqui, um pouco mais de minha biblioteca. Por ora um curtido dia do livro a cada uma e cada um.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

22.* RELENDO UM TRIDUO



ANO
7
EDIÇÃO
2455
Escrevo no ocaso do domingo. Momento usualmente dolente. Olha-se o fim-de-semana. Ele sabe a quero mais; é o sabor nostalgia. Mira-se a agenda da semana que vem em frente. Não raro, assoma sensação de prepotência.
Há um blogue a redigir. Este compete com cadernos de jornais ainda por ler.
Resolvo olhar para três dias. Sábado, domingo e hoje. Mas, vou fazê-lo de maneira acronologica O critério será a importância (para mim) de cada um deles. Olho do menor ao maior significado: domingo
Domingo: Gostaria de perguntar aos quase trezentos visitantes diários deste blogue (excluo da pesquisa cerca de 10% do exterior), quantos ontem lembraram que era feriado nacional.
Impressiona-me como um domingo obnubila o significado de um feriado. Desculpem! Eu queria uma vez usar o verbo obnubilar [produzir obnubilações (=esquecimentos)]. Parece que fiz uma boa estreia. Peço que não me considerem pedante. Mas tem charme, quando, ante a alguns fatais esquecimentos dizer: Relevem, obnubilei, do autor que fez a citação, que acabo de citar!
 Mas, realmente, ontem Tiradentes foi obnubilado. Frase de peso para quem busca assunto para tecer uma edição.
Segunda-feira: Na agenda de abertura de uma semana que inclui atividades no hemisfério Norte [Boa Vista RR], hoje tenho uma atividade supimpa. Nesta manhã, a convite do Prof. Guy Barros Barcellos falo para alunos do Ensino Médio do Instituto Estadual de Educação Paulo da Gama no bairro Partenon, em Porto Alegre. Aprendo na Wikipédia que a escola está em local onde primitivamente existia um cemitério indígena. Hoje tem mais de mil alunos distribuídos nos Ensino Fundamental e Médio. É muito bom falar sobre Ciências a jovens estudantes.
Sábado: A revisitação de um terceiro dia deste tríduo, leva-me a uma das mais significativas blogadas em quase 2,5 mil edições deste blogue. A publicação de uma carta de resignação de um professor à docência em uma escola particular, trazendo argumentos por demais relevantes [que merecem ser lidos na edição de sábado] para afirmar: Por estas profundas incompatibilidades entre mim e a escola, após longa reflexão e minucioso exame de consciência resigno-me, em caráter irrevogável, do cargo de professor do Colégio X Y Z.
A edição recebeu vários comentários e recebi mensagens pessoais. Destas trago excertos de duas:
[...] Estou impressionadíssima!!!! A estatura pedagógica do Professor... é imensurável... e de uma dignidade igualmente imensurável [...] Maria Angela Mattar Yunes, Unilasalle.
[...] Me solidarizo com o professor e comungo com suas concepções de conhecimento, aprendizagem e avaliação. O seu relato só reforça a minha impressão de que o Positivismo/Cartesianismo se adaptou perfeitamente a onda conservadora que vivemos onde tudo tem que adaptar-se ao mercado, inclusive a educação. Querem instituir o sistema produtivo no interior da escola, fazendo da avaliação uma espécie de controle de qualidade, como ocorre na fábrica, onde os objetos defeituosos são classificados e desconsiderados. Esta concepção não admite a diferença e a singularidade do sujeito. Apenas um reparo. Não acho que a liberdade necessária ao professor seja fechar a porta e não prestar conta do seu trabalho. Acho que o professor deveria reivindicar o trabalho coletivo, a troca de experiência, aprender e ensinar na relação com seus colegas e ser transparente e público na operação da sua prática pedagógica. A sua autonomia precisa impor-se pela legitimação do seu trabalho e isto só pode ocorrer de "portas abertas" e justificando as suas escolhas. JC de Azevedo
A estas releituras adito um voto: uma excelente segunda-feira a cada uma e cada um.