ANO
9 |
EDIÇÃO
2854
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Como nunca antes, tenho impressão, que acompanhamos
marcados por tristezas, a guerra entre palestinos e israelis. No último dia 22,
trouxe aqui ‘O holocausto reeditado’,
quando contei de minha estada em fevereiro na região. Trouxe algumas
impressões.
Nesta sexta, nos surpreendemos quando uma
trégua, dita humanitária, de três dias, passadas duas horas já contabilizava
dezenas de mortos. Isso quase não parece crível.
Essa não é uma guerra fratricida entre árabes
e judeus, muito menos entre os de fé islâmica e de fé judaica. Estes são
vítimas. A guerra é entre dois Estados. Um representado por um grupo terrorista
e outro por um dos mais bem equipados exércitos do Planeta.
Em
06 de fevereiro, quando a Gelsa e eu viajávamos de Telavive a Genebra, no avião
estava sentada ao nosso uma senhora. Transcrevo em seguida excerto da edição do
dia imediato. Faço isso, pois aquela conversa, nesses dias aflora forte. Como
dois povos, fortemente marcados pela fidelidade a dois livros religiosos,
comentados aqui na sexta, podem albergar líderes tão belicosos.
Uma preciosa oitiva: Logo após embarcarmos, soubemos que o voo atrasaria uma
hora. O radar em Nicósia, Chipre, estava com problemas. Ao nosso lado estava
sentada uma jovem senhora (47 anos), que em conversa soubemos ser uma judia
religiosa (não ortodoxa, categoricamente enfatizado por ela), nascida em Paris.
Em meio a muitos
relatos pessoais, tivemos oportunidade de fazer várias perguntas acerca da
observância do Shabath. Ela, sua família e seu grupo social, do por de sol
sexta-feira ao de sábado não cozinham, não acendem qualquer aparelho elétrico,
como iluminação residencial (permitido aquilo que previamente programado, como
o elevador parar em cada andar, sem intervenção do usuário), não
operam televisão, computador, telefone, internet. Não se servem de
qualquer tipo de aparelho de reprodução musical, a menos que tenham já
programado. Não usam automóvel ou qualquer meio de transporte. As refeições são
preparadas com antecipação. Viagens aéreas, por exemplo, são programadas de tal
maneira que, caso ocorra algum atraso este não incida no período shabático.
O que mais nos surpreendeu foram os argumentos não-religiosos que ela apresentou para justificar a importância individual e familiar de usar um dos dias da semana como 'uma interrupção' da rotina agitada em que estamos sempre envolvidos, como um tempo para conversar, usufruir da companhia de quem se quer bem.
O que mais nos surpreendeu foram os argumentos não-religiosos que ela apresentou para justificar a importância individual e familiar de usar um dos dias da semana como 'uma interrupção' da rotina agitada em que estamos sempre envolvidos, como um tempo para conversar, usufruir da companhia de quem se quer bem.
Ao lado dos assuntos
da guarda do sábado, pudemos escutá-la sobre a tradição de o casal separar as
camas, usualmente geminadas nos períodos menstruais da mulher. Também contou
que em seu cotidiano a família respeita os rituais kosher, com a separação
dos utensílios de cozinha de preparo de alimentos láteos dos de outra natureza.
Ouvimos, com muita
discrição, comentários acerca de práticas mais rigorosas por judeus ortodoxos
ou muito mais severas pelos ultra-ortodoxos, como por exemplo, a
impossibilidade de controle da natalidade por meio 'ditos' não naturais.
Talvez o mais
surpreendente é que tanto seus pais quanto os de seu marido não sejam
religiosos, portanto não observam nada do antes destacado.
E,
na evocação do relato daquela mulher, tão prenhe de paz, que neste domingo este
blogue se une àquelas e àqueles que pedem/rezam/ torcem/desejam o fim da chacina
em uma terra que já foi chamada de santa.
Ilustrando o tema de hoje, daria o seguinte exemplo: Ao passar por uma mulher a qual repreende seu filho, uma outra mãe talvez dissesse; "Coitada, essa sofre com esse danado...". Já um jurista faria o seguinte comentário, "Graças a Lei da palmada não temos mais violência física". Um sociólogo poderia pensar "Esses dois precisam de psicólogo!". E por aí afora. São fatos diferentes? Não, são visões diferentes do mesmo fato. Assim é o caso da fé, temos diferentes proceder em face ao mesmo fenômeno. Um bom domingo.
ResponderExcluirNecedade homídea
ResponderExcluirO Homo stultus um apologista da guerra
Bastando que exista ao lado um par seu.
Seja por ideologia, riqueza, pão ou terra,
Engalfinham-se povo semita com hebreu.
Há homens? Se há é um balaio de gatos
Pois pegam em armas sem mais aquela
Homo nada sapiens são seres insensatos
Que pra brigar jogam fora salutar cautela.
História das guerras é a história humana
Porquanto não há dúvidas quando a isso
De seres humanos belicosidade emana
Em toda vez que lhe apetecer no toutiço.
Vida? É mercadoria a preço de banana!
A qual submerge num solo movediço.