Ano 7***
TERESINA ***Edição 2190
Ontem à noite, depois de mais de 30 horas no hotel, à
convite da diretoria da ABQ, saí para jantar e ver um pouco de Teresina. Valeu
bastante conhecer um pouco da cidade e também saborear bons peixes com colegas
que estou conhecendo aqui.
Hoje pela parte da manhã, assisti a apresentação de
alguns trabalhos tanto em pôsteres como em exposições horais. Surpreende-me a
ênfase do número de trabalhos na linha de jogos pedagógicos. Ainda na mesma
orientação, pela manhã assisti a palestra “Uso de jogos em ensino de química: teoria, métodos e
aplicações” pelo Prof. Dr. Márlon Herbert Flora Barbosa Soares –
UFG, que me surpreendeu pela densidade teórica.
A tarde proferi para cerca de uma centena de
participantes a primeira de duas sessões do curso “História e Filosofia da
Ciência catalisando propostas indisciplinares”. Antes, tive uma muito gostosa
surpresa: todos os 47 livros (de meus sete títulos) que trouxe foram vendidos
em poucos minutos. Cada um deles atenciosamente autografados e em sua maioria
acompanhados de fotografia com o autor e o adquirente. Sou grato ao Prof. Davi
Silva da UFPI, por ser um muito competente livreiro.
Estando na ‘Terra da Cajuína’ queria oferecer um pouco de
cajuína a meus leitores. Preparada de maneira artesanal, a cajuína é muito
comum nos estados do Ceará e Piauí. Foi inventada em 1900 pelo farmacêutico,
cearense por adoção, Rodolfo Teófilo (*Salvador, 1853 + Fortaleza, 1932) que
pretendia com ela combater o alcoolismo. Ele a via como um substituto benévolo
da cachaça. A Cajuína, adotada como símbolo cultural da cidade de Teresina, é
considerada Patrimônio Cultural do Estado do Piauí.
A Wikipédia ensina que a produção da cajuína é feita
através dos seguintes processos: Extração do suco do caju // Filtração // Adição
de gelatina (para a retirada da substância que dá a sensação de
"travamento" na garganta) // Separação dos taninos // Clarificação.
A bebida não é um refrigerante. Ela não é uma bebida
gasosa. Em média, 200 ml de cajuína têm 62 kcal.
A cajuína ganha agora uma versão orgânica. O suco bem
leve de caju, com muitos nutrientes, começa agora a fazer sucesso no resto do
país, pois alcançou o melhor sabor com a mistura de três espécies de caju. “Ela
dá um sabor específico. Um sabor bem característico da nossa cajuína em relação
à cajuína de outras regiões”, diz um empresário piauiense.
No Piauí, a população comemora a safra do caju. A
castanha é vendida para o mundo inteiro e o fruto é usado para produzir a
bebida mais popular da região - a cajuína - 400 fábricas fazem 4 milhões de
garrafas por ano.
Para conquistar os consumidores, empresários fazem vários
testes. Preparar essa mistura dá algum trabalho. As frutas são colocadas em um
tanque. Uma solução de água clorada elimina fungos e bactérias. Na linha de
produção, o caju é triturado e filtrado. Depois, é só encher as garrafas.
Em um tacho, a cajuína chega ainda transparente. A
temperatura da água é de cem graus. O calor carameliza a frutose — que é o
açúcar da fruta. Depois de 150 minutos, a bebida fica amarela. E está pronta
para o consumo. O processo inteiro de produção leva apenas seis horas. Isso
garante uma cajuína com alto teor de vitamina C.
“A cajuína tem cinco vezes mais vitamina C do que um suco
de laranja, por exemplo. Um copo de cajuína supre a necessidade diária de
vitamina C de um adulto em duas vezes e meia, além de cálcio, fósforo, ferro e
outros nutrientes que existem em quantidade menor”, afirma um produtor.
Espero que tenham gostado. Desde que estou aqui, elegi
cajuína como a bebida de cada refeição. Estou apreciando.
Querido Attico,
ResponderExcluirque saudades despertastes ao falar da cajuína. Não só no Piauí e Ceará as tubaínas (dentre as quais, a cajuína) estão espalhadas. Eram bastante comuns pelo Nordeste todo, principalmente antes da massificação do refrigerante em nossas terras. Com a chegada dos produtos comerciais, as tubaínas foram sendo esquecidas e deixadas em um posto "menos nobre" do que seus concorrentes.
Durante os anos dourados do plantio da laranja em Sairé, um parente produzia e engarrafava uma tubaína derivada deste fruto cítrico.
Obrigado por me possibilitar essas reminescências.
Grande abraço.
PAULO MARCELO
Bom dia mestre, seu relato remeteu-me a lembranças de trinta anos atras quando estive no nordeste pela primeira vez e experimentei a cajuina. Lembro-me de ser alertado que o primeiro contato não seria muito promissor, e realmente a primeira vista achei horrível. Depois o sabor foi me conquistando e em pouco tempo estava apaixonado pela bebida. Infelismente tambem vemos hoje em dia a consequencia das bebidas alternativas no nosso suco de laranja.
ResponderExcluirabraços
Antonio Jorge
Caro Chassot,
ResponderExcluirpercebi o professor de Química explicando o preparo da Cajuína - não há como separar. Confesso que fiquei curioso para descobrir o sabor da bebida, já que só tomei o suco do caju. Quem sabe um dia vou a Teresina para descobrir, in loco, o sabor da bebida da terra.
Um abraço,
Garin
Limerique
ResponderExcluirQualquer viagem do Chassot educa
Nossa imaginação ele cutuca
É um viageiro
Com tiro certeiro
Nesta se apresenta de mestre cuca.
Obridada pelo convite à cajuína, mas ainda insisto que na minha terra, o Acre, tem muitos pratos ainda mais saborosos.Vale conferir. um abraço.
ResponderExcluirGrande mestre Chassot, muito esperava por esse momento de estar com o senhor. Hoje em particular o senhor pôde sentir calorosamente a nossa Teresina, pois minha mão queimava quando cheguei perto do senhor, foi muito gratificante poder passar esses dias de congresso com o senhor..e com maior prazer e grande admiração q tenho pelo senhor q digo q conhece-lo foi muito especial para mim. Nunca, nunca vou esquecer!Não consigo expressão com palavras o q sinto pelo senhor ...nossa!!! As palavras fogem , minhas pernas tremem, esperava muito por esse dia, estava contando os dias para conhecê-lo. Não acredito q conheci, não sabe o quanto é especial para mim, e agora vou ler e reler o livro, sempre lembrando dos momentos passados!! Obrigada pela atenção que teve, e obrigada por ser tão carinhoso e atencioso! Como já sabe tem uma leitora n° 1 aqui em Teresina!!! E agora ainda mais apaixonada ao ler o seu livro. Ah, e a foto eu vou ampliar e colocar no meu quarto mesmo!!
ResponderExcluirum grande abraço , e um beijo! Valdelice Cruz-UFPI.
Quanta honra ter a ilustre presença deste Mestre em nossa terra!
ResponderExcluirAbraço.
Ingrid - UFPI
Grande Mestre foi um prazer indescritoível conhcê-lo, adorei a palestra e o minicurso. Seus livros são incríveis. Sò lamento não poder assistir a palestra de amanhã na UESPI, sou do interio do estado e tenho que voltar pra casa. Espero que tenha gostado do nosso estado.
ResponderExcluirFrancisco Andrade
Boa Noite, Professor.
ResponderExcluirQuero mais uma vez agradecê-lo pela disponibilidade em ajudar. Sou Fábio, professor do IFPI (aquele dos dias da semana em grego, lembra?). Como falei para o senhor, já ministrei algumas vezes a disciplina de História da Química no curso de licenciatura em Química do IFPI e busco melhorar a disciplina para contornar certas dificuldades que meus alunos encontram. Uma delas é a localização no espaço e no tempo, pois muitos alunos não tem noção de quanto tempo transcorreu, por exemplo, entre o apogeu das cidades-estado da Grécia e o fim da idade média ocidental. Também demonstram não terem noção das dimensões dos grandes impérios ou mesmo a localização dos centros urbanos importantes de cada época. Quando detecto isso, acabo dedicando a aula mais à história geral e à geografia do que deveria. Outra dificuldade (e talvez a maior delas) é a resistência dos alunos em desconstruir a noção de desenvolvimento linear do conhecimento, o que compromete, a meu ver, o próprio entendimento do que é e para que serve a História da Ciência. No próximo semestre (que só Deus sabe quando vai começar) vou ministrar novamente essa disciplina e já andava preocupado com a maneira de conduzí-la, mas vi nas suas palestras uma chance de começar a contornar as dificuldades.
Certo de sua ajuda, aguardo resposta.
Um abraço!