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sexta-feira, 29 de junho de 2018

22.- Uma semana densa e extensa



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3359
Esta é uma blogada ‘ligeira’ para uma semana que é densa e extensa. Não vou detalhar minha estada em dois Institutos Federais: IF Triângulo Mineiro, campus Uberaba (onde fiz a conferência de Abertura I Congresso Integrado de Química, I CONINQUI e ministrei um minicurso e dei uma palestra) e no IF Goiás, campus de Inhumas (onde houve atividades com licenciandos em Química).
Também não vou detalhar o meu estar na abertura de julho em Chapecó na Unochapecó e na Universidade Federal da Fronteira Sul e em Porto Alegre no Colégio Dom João Becker.
Quero privilegiar três joias recebidas lateralmente ao evento de Uberaba. Estas foram as visitações aos #1 Memorial Chico Xavier #2 Museu Arqueológico em Peirópolis #3 Casa de Lembranças e Memórias de Chico Xavier. Nestas três visitas tive o privilégio de ter uma arguta cicerone: a professora Danila Fernandes Mendonça, do IF Goiás, campus de Inhumas, com quem há um tempo tenho compartilhado a disciplina de Instrumentação para o ensino de Química. Nas visitas 1 e 3 ela foi importante de maneira significativa pelo conhecimento que detém da vida e da obra de Chico Xavier, em decorrência de professar a doutrina espírita. Também, ao final desta blogada há um “para saber mais acerca de Chico Xavier” heliocêntrico nestas duas visitas.

#1 Memorial Chico Xavier Na manhã de terça-feira, por mais de 1 hora, visitamos o Memorial O Memorial Chico Xavier que está vinculado ao Departamento de Museus da Fundação Cultural, conta com espaços multifuncionais, com galerias de exposições, biblioteca, Centro de Pesquisa e Documentação, auditório e praças contemplativas. Estão expostos quadros da exposição sobre o médium Chico Xavier, vindas do Instituto Chico Xavier de Brasília.
 #2 Museu Arqueológico em Peirópolis Na tarde da terça-feira, em cerca de 30 minutos, fomos ao distrito rural de Peirópolis, onde já desde a década de 1940, descobertas paleontológicas já traziam nova notoriedade para a região. Informado de que fósseis de ossos haviam sido encontrados durante obras de retificação da linha da Cia. Mogiana, o paleontólogo gaúcho Llewellyn Ivor Price (1905-1980), começou a trabalhar em Peirópolis em 1947. Realizou uma escavação sistemática na região de Caieira, entre 1949 e 1961. Como resultado, foram recuperadas centenas de ossos fossilizados do período Cretáceo Superior (100 a 65 milhões de anos atrás), sobretudo de dinossauros do grupo dos titanossauros.
Por quase 30 anos, o Ivor Price pesquisou as terras do Triângulo Mineiro e de municípios paulistas. Considerado o pai da paleontologia brasileira, permaneceu na região até 1974. Todo o acervo de fósseis coletado por ele e seus auxiliares, ao longo de três décadas, integra a coleção do Museu de Ciências da Terra do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), no Rio de Janeiro.
Em 1991, a Prefeitura Municipal de Uberaba restaurou o prédio da estação e outras dependências no entorno para instalar o "Centro de Pesquisas Paleontológicas Llewellyn Ivor Price", criado no ano seguinte sob supervisão do geólogo Luiz Carlos Borges Ribeiro. A antiga estação passou a abrigar um laboratório de preparação de fósseis e um pequeno, mas atraente museu paleontológico, aberto à visitação pública e vinculado à Fundação Cultural de Uberaba. Outros imóveis no entorno foram transformados em residências para pesquisadores.
Dentre as atrações do museu, destaca-se hoje o esqueleto fossilizado do crocodilomorfo do Cretáceo Superior Uberabasuchus terrificus – descoberto na região no ano 2000 e um dos mais completos do tipo já encontrado no mundo – que está exposto no museu ao lado de uma réplica do animal. O Uberabasuchus terrificus pertence a uma família de crocodilomorfos denominada Peirosauridae em homenagem a Peirópolis. Estima-se que ele media aproximadamente 2,5 metros de comprimento e pesava cerca de 300 kg.
Mais recentemente foram descobertos na região fósseis do Uberabatitan ribeiroi, o maior dinossauro brasileiro já encontrado. Fósseis de três indivíduos dessa espécie foram descobertos em 2004 na região de Serra da Galga, entre as cidades de Uberaba e Uberlândia, durante a realização das obras da duplicação da rodovia BR-050. O trabalho de retirada dos fósseis foi concluído em 2006, após os técnicos escavarem manualmente cerca de 300 toneladas de rochas que datavam do período Cretáceo e Paleogeno para a extração do material. Em 2011, foram feitas novas descobertas na mesma área, que incluem um fêmur de 1,4 metros do Uberabatitan.
Em 2011, o novo prédio e seus equipamentos – juntamente com o Museu e o Centro de Pesquisas – foram integrados ao novo Complexo Científico Cultural de Peirópolis vinculado à Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) e à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais.
#3 Casa de Lembranças e memórias de Chico Xavier Na quinta-feira, antes de deixarmos Uberaba, fizemos uma emocionante visita ao local em que viveu e morreu Chico Xavier. A residência de Chico Xavier foi transformada em Museu, com todos os seus pertences pessoais. Esta é administrada por Eurípedes Humberto Higino dos Reis, filho adotivo de Chico Xavier, que nos recebeu muito bem. O espaço é um convite para relembrarmos os momentos vividos pelo médium, diversos objetos, fotos e pertences tais como: todos os livros psicografados, diversas fotos e imagens, roupas e utilitários, móveis, premiações, entre outros.
PARA SABER MAIS Francisco Cândido Xavier, mais conhecido como Chico Xavier (Pedro Leopoldo, 2 de abril de 1910 — Uberaba, 30 de junho de 2002), foi um médium, filantropo e um dos mais importantes expoentes do Espiritismo. Seu nome de batismo, Francisco de Paula Cândido, em homenagem ao santo do dia de seu nascimento, foi substituído pelo nome paterno de Francisco Cândido Xavier logo que psicografou os primeiros livros, mudança oficializada em abril de 1966, quando chegou da sua segunda viagem aos Estados Unidos. Chico Xavier psicografou mais de 450 livros, tendo vendido mais de 50 milhões de exemplares, sendo o escritor brasileiro de maior sucesso comercial da história, mas sempre cedeu todos os direitos autorais dos livros, em cartório, para instituições de caridade. Também psicografou cerca de dez mil cartas, nunca tendo cobrado algo ao destinatário. Seus empregos foram: vendedor, tecelão e datilógrafo.
O legado do médium ultrapassa as barreiras religiosas e ele é reconhecido como o maior "líder espiritual" do Brasil, sendo uma das personalidades mais admiradas e aclamadas no país e ressaltado principalmente por um forte altruísmo. Vem recebendo grandes homenagens e honrarias, por exemplo: Em 1981 e 1982 foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz, tendo seu nome conseguido cerca de 2 milhões de assinaturas no pedido de candidatura; em 1999 o Governo de Minas Gerais instituiu a Comenda da Paz Chico Xavier; e em 2012 ele foi eleito O Maior Brasileiro de Todos os Tempos, em um concurso homônimo realizado pelo SBT e pela BBC, cujo objetivo foi "eleger aquele que fez mais pela nação, que se destacou pelo seu legado à sociedade". (Com ajuda da Wikipédia)

sexta-feira, 22 de junho de 2018

22.- Oitava edição do Alfabetização científica



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3358
Escrevo esta blogada à madrugada desta sexta-feira no aeroporto de Val de Cãs na morosa espera do voo que me levará a Porto Alegre, depois de cinco extensos dias na Cidade das Mangueiras. Minha estada em Belém foi para participar do seminário I da REAMEC (no qual os doutorandos apresentam pela primeira vez seu projeto de tese).
A Rede Amazônica de Educação em Ciências e Matemática/REAMEC realiza uma missão quase profética: Os nove estados amazônicos [Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins] com três polos: em Belém (UFPA), em Manaus (UEA) e em Cuiabá (UFMT), num pool de 26 Instituições de ensino superior (10 universidades federais, 08 Institutos federais, 06 universidades estaduais e 02 universidades privadas) oferece o Curso de Doutorado em Educação em Ciências e Matemática – no Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática (PPGECEM), funcionalmente localizado na UFMT e avaliado com nota 5 (num máximo de sete) na última avaliação (2017) quadrienal da CAPES.
A organização da rede, que teve seu início em 2011, tem como uma das metas formar 200 doutores até 2022 na Amazônia Legal, por meio de ação acadêmica colaborativa entre as IES e os doutores existentes na Região, da área e de áreas afins. Até o final de 2017 já foram formados mais da metade de doutores previstos na meta antes referida.
Envolvo-me há mais de cinco anos na REAMEC em um (ex)(in)tenso voluntariado que inclui ministração de seminários, presença em atividades docentes e orientação de teses doutorais. Nestes fazeres, já levei à defesa duas doutoras (uma Parintins e outra em Manaus) e tenho doutorandos professores da UFMT uma no campus de Sinop e outro no de Barra do Garça. Também por meus pares, em um número significativo, desconhecerem a REAMEC e marcado por uma muito reconhecida gratidão me alegro referir aqui mais uma vez esta rede.
Na quinta-feira no Seminário I houve lançamento de livros. A 8ª edição do Alfabetização científica foi celebrada. E a novidade desta edição é uma sumarenta protofonia Sobre vidros, diamantes e alfabetização científica da lavra (a ação verbal foi escolhida pela busca a transcrito diamantes) do Professor  Licurgo Peixoto de Brito (na foto comigo), da qual um excerto está na quarta capa e é a seguir aditada a esta blogada semanal:
“ATTICO CHASSOT traz ao leitor mais do que explicações sobre a necessidade de mudanças no Ensino de Ciências, expõe temas pouco explorados até então, como a Ciência nos saberes populares e o ensino de Ciências fora da sala de aula. A linguagem simples e elegante com que o Mestre Chassot consegue se comunicar com o leitor deixa-o imerso nos contextos que o autor selecionou cuidadosamente para incitar a alfabetização científica. Como se disse antes, ele dissemina alfabetização científica pelos muitos lugares onde passa. Se os tupis o vissem assim talvez o chamassem de Mestreaçu. Muito provavelmente, mesmo um professor de Ciências com formação específica arraigada, ao se permitir a leitura deste livro, será seduzido pelo apelo social que emana dos argumentos do Mestre. Isto porque suas reflexões não servem apenas ao contexto local ou regional, antes, são razões cosmopolitas, pluriculturais. Cultura é o que não falta nesse Alfabetização Científica, tampouco, questões e desafios para a educação”.
Licurgo Peixoto de Brito,
professor titular na Universidade Federal do Pará,
licenciado em Ciências Naturais e em Física e doutor em Geofísica.
Atualmente dedica-se ao ensino e à pesquisa em Educação em Ciências.

sexta-feira, 15 de junho de 2018

15.- Foi muito bom ter ido à Realeza.



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Mais uma vez uma edição deste blogue se faz com memórias trazidas do diário de um viajor. Justifico, num assomar de imodéstia, no evocar o artigo ‘O peregrino da Ciência’ do jornalista e sociólogo José Carneiro, professor aposentado da UFPA publicado em O Liberal, [25MAI2014] da capital do Pará (admito a reminiscência pois neste domingo, inicio um estar por quase uma semana em Belém).
Uma das pujantes das 17 universidades criadas pelo Presidente Lula é a UFFS — Universidade Federal da Fronteira Sul, cuja lei de criação foi sancionada
ao em 15 de setembro de 2009, logo uma muito jovem universidade. A UFFS possui uma estrutura multicampi, com campi nos três estados sulinos: Santa Catarina, em Chapecó, onde também fica a Reitoria; Rio Grande do Sul, Cerro Largo, Erechim e Passo Fundo; e Paraná Laranjeiras do Sul e Realeza.
A UFFS é uma instituição criada a partir de pleitos de movimentos populares e busca ofertar acesso à educação superior com qualidade e desenvolver atividades de ensino, pesquisa e extensão buscando a interação e a integração das cidades e estados onde está instalada.
Nesta segunda e terça feiras, 12 e 13 de junho, era fraternalmente acolhido em um quinto campus da UFFS: o de Realeza. Na Semana da Química, segunda, proferi a palestra ‘Das disciplinas à indisciplina’ e na terça participei de uma roda de conversa buscando responder a pergunta: ‘A escola mudou ou foi mudada?’ Quase já se faz dispensável dizer que nas duas falas houve o usual ‘Fora Temer’ agora acrescido do ‘Lula Livre!’

Também é com texto que ela produziu que se fazem tessituras acerca do campus Realeza da UFFS que está a seguir.
Com pouco mais de 17 mil habitantes, a cidade de Realeza, no Paraná tem no Campus de Realeza da UFFS um muito significativo centro regional de formação superior com mais de mil alunos em seis cursos de graduação: dois bacharelados (Nutrição e Medicina Veterinária); e quatro licenciaturas (Letras Português/Espanhol, Química, Física e Ciências Biológicas). Há, ainda, cerca de uma centena de pós-graduandos no Mestrado em Saúde, Bem-estar Animal e Produção Animal Sustentável na Fronteira Sul e nos cursos de especialização em "Ensino de Língua e Literatura", "Direitos Humanos" e "Educação em Ciências Naturais e Sociedade".
No complexo universitário merece destaque a biblioteca com mais de 2.300 títulos, 34 laboratórios, 20 salas de aula e um Restaurante Universitário. Anexo ao campus há um Hospital Veterinário Universitário e no centro da cidade há uma Clínica-Escola de Nutrição.
 À palestra e à roda de conversa se sucederam sessões de autógrafos de meus seis títulos em circulação e muitas fotos.
Duas jantas e um almoço magníficos ensejaram inenarráveis momentos confraternização com alunos e professores. 
Dentre os mimos que amealhei destaco o presente do Diretório Acadêmico de Química entregue pela licenciada Edilvânia Bernardi: uma caneca com o primeiro slide de minha palestra e com a segunda foto.
Resumo estes dois dias: foi excelente atender o convite de alunas e alunos da Licenciatura em Química da UFFS e ir à Realeza.

sexta-feira, 8 de junho de 2018

08.- Também acerca de sala de aula



ANO
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EDIÇÃO
3357
Se eu consegui enxergar tão longe, foi porque me apoiei nos ombros de outros gigantes.
Isaac Newton
Na noite fria da última terça-feira, dia 5 de junho, fui a terceira vez este ano  falar com professoras e direção da Escola Municipal Rural dom Pedro II no município de Igrejinha, no vale do Paranhana, cerca de 85 km de Porto Alegre. 

O Professor Amarildo, Diretor da Escola diz que a Dom Pedro II é “uma instituição destinada para ser lócus de construção....de sonhos, de gente, de vidas... Desde 1934 e os anos vividos para chegar até aqui, com sede de saber e vontade para prosseguir levando em Comunidade a seguinte filosofia: agir, exercitando a cidadania, com responsabilidade, autonomia, criticidade e solidariedade, buscando a realização pessoal, o bem comum e a participação no desafio de fazer germinar uma sociedade mais humana, justa e fraterna.”
Na volta dizia-me em estado de graça. Gostei muito da aula. Mas não foi só eu que gostei. Muitos manifestaram isto. A professora Andreia Viviane Correa, Pedagoga e especialista em Gestão Escolar e Processos Pedagógicos é uma das participantes do seminário, que se apresenta assim: “Mãe, mulher, professora, entre outros prazeres. Faz da palavra instrumento de interação e rebeldia” postou no Facebook um texto que me emocionou e autorizado por ela transcrevo:

De novo 'falarei'. Eu, a Escola. Falarei enquanto instituição, enquanto espaço físico, social, cultural. Espaço que conVIVE, que discute, que aprende, que ensina, que interage, que sente, que sofre, que pulsa diferenças, diversidades, divergências. Espaço que acolhe diariamente muitas vidas, tantas vivências. Falarei enquanto lugar de desejo e prazer. Devir. Prazer em ser escuta, em ser sorrisos, em ser reflexão. Prazer em ser 'flogisto' em 'tempo frio'. Falarei do ontem. Ontem. Noite de corpos cobertos, pescoços enrolados. Noite de amar presença. Professor Attico Chassot e sua admirável lucidez desacomodando pensamentos 'grudados'. Pensar, imaginar. Mente. Mentefatos. Dizia ele. Respeitar sem negar saberes. Respeitar sem ocultar perguntas que possibilitam o 'descortinar' de certezas. Ciência e religião. Diferentes asas. Asas que juntas num mesmo corpo impedem o vôo. Entre crer e conhecer, certezas absolutas, dogmas e certezas provisórias. Clonagem. Fecundação. Apropriação de vidas. Sementes que morrem ao nascer. Monsanto. Machismo. Feminismo.
Chassot, um jovem senhor, incansável, um professor que não cansa de oferecer. Estive ocupada pelo olhar do mestre. O gigante que oferece ombros.
Olharei...olharemos.
Gracias professor.

sexta-feira, 1 de junho de 2018

01.- Para que(m) é útil o ensino?



ANO
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EDIÇÃO
3356
Nesta semana –- a propósito da publicação de mais uma edição do Para que(m) é útil o ensino? Dei entrevista à ABEU/Associação Brasileira das Editoras Universitárias [www.abeu.org.br/]. A ABEU busca promover o desenvolvimento das editoras associadas e contribuir para os processos de produção, comercialização e divulgação do livro como também promover ou participar de campanhas que incentivem o hábito da leitura e o gosto pelo livro.
Autorizo-me trazer as três perguntas de Eduardo Rosa com as minhas respostas:
1)    O seu livro publicado pela Editora Unijuí busca apresentar alternativas de ensino que sejam estimulantes para alunos e proveitosas para professores, de modo a criar um ambiente educacional mais produtivo para todos. Mas no título sua obra traz uma epécie de provocação: "Para que(m) é útil o ensino?". Poderia comentar sobre a escolha dessa pergunta diante dos temas abordados?
Por primeiro parece oportuno referir que Para que(m) é útil o ensino? (1995, 1ed) é um dos meus seis livros ora em circulação. Honro-me em destacar que destes, quatro são de editoras universitárias. Este livro foi tecido com excertos de minha tese de doutorado na Ufrgs, em 1994, Para que(m) é útil ensino de Química? Esta é uma quarta edição ampliada. Quase um quarto de século pode parecer muito tempo, especialmente se nos dermos conta que entre nós a gênese dos estudos no ensino das Ciências é da última década do Século 20. Os livros envelhecem (ou, talvez, maturam) com velocidades muito diferenciadas. Mesmo podendo ser colocado em suspeição, ouso afirmar que este livro é ainda atual.
Está bem-posta a afirmação de que o título traz uma espécie de provocação. Não foi confortável constatar, depois de já ter sido professor há mais de três décadas, que a maioria do que se ensinava acerca da Química na Educação Básica era inútil ou não tinha serventia. Este livro traz alternativas para um ensino mais útil na busca da cidadania. 
2)    Hoje, se perguntarmos a qualquer cidadão ou representante político estes dirão que a educação é certamente uma área de suma importância para a formação de uma sociedade mais igualitária, desenvolvida e digna. Este discurso é um típico lugar-comum dito pelas pessoas: a educação é algo positivo para o crescimento de um país e ninguém nega este fato. No entanto, por que continuamos a ter problemas crônicos na educação brasileira, na infraestrutura de escolas e na condução de pesquisas mesmo no Ensino Superior? Há uma hipocrisia na forma com que tratamos a educação?
É quase um senso comum que a Educação é muito importante para a construção digna de uma sociedade mais justa. Provavelmente há consenso nisso. Mas, lamentavelmente isso é uma utopia. Hoje, com a Educação transformada em mercadoria –- e uma mercadoria muito bem valorizada e muito apetecível ao mercado –- ela promove exatamente o contrário: um mundo mais injusto. Se Educação de qualidade é apenas para alguns teremos cada vez mais injustiças sociais. Hoje parece mais atual a afirmação que coloquei na portada do sexto capítulo: A (re)produção do conhecimento químico: Se a educação que os ricos inventaram ajudasse o povo de verdade, os ricos não dariam dessa educação pra gente (Frase que recolhi afixada em um cartaz, na Fundep/DER, em Braga, RS).
3)    Por fim, gostaríamos de saber o que ainda o impele a ser um professor tão atuante até hoje, mesmo com mais de 50 anos lecionando e com presença em diversas instituições de ensino
Vou tentar trazer respostas a esta pergunta –- que tem sido muito recorrente ao professor que no próximo ano (2018) se fará octogenário –- em duas dimensões. Numa sou o receptor das ações e em outra sou o doador.
Tenho dito (e ainda escrevi recentemente em mestrechassot.blogspot.com) que há ações –- como estar a quase cada semana em estado diferente do Brasil dando palestras –- que tonificam ou revitalizam meu ser professor. Metaforicamente é a dopamina que preciso para potencializar necessidades a um pleno funcionamento de meu cérebro. Envolvo-me há mais de cinco anos na REAMEC (Rede Amazônica de Educação em Ciências e Matemática) em um (ex)(in)tenso voluntariado que inclui ministração de seminários nos estados amazônicos, presença em atividades docentes e orientação de teses doutorais. As semanas que não tenho viagem sinto uma abstinência ‘dessa dopamina’.
A segunda dimensão à resposta desta pergunta está referida ao contexto onde está inserta esta entrevista: Associação Brasileira das Editoras Universitárias. Tenho brincado que se um dos critérios para um bom lugar no paraíso (que parafraseando Gaston Bachelard, deve ser uma imensa biblioteca) for o número de livros transportados, eu só perco para livreiros. Tenho orgulho de eu já ter disseminado livros em cada uma das 28 unidades da federação. Sinto-me um mascate levando sempre uma mala de livros. Posso dizer que para centenas de jovens brasileiros eu oportunizei terem um primeiro livro autografado. Não é sem a minha contribuição física que A Ciência é masculina? É, sim senhora! (Editora Unisinos) chegou a 8ª edição em 2017 ou que Alfabetização científica: questões e desafios para educação (Editora Unijuí) terá seu relançamento em Belém em junho de 2018. Devo dizer que de todos os livros que escrevi este é o meu preferido. Talvez porque desde a primeira edição, em 2000 os direitos autorais de todas edições são destinados ao Departamento de Educação do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST).
Estas são as duas dimensões: numa sou o receptor porque o meu ser professor é revitalizado pelas minhas ações e na outra sou o doador, pois com o semear livros ensejo que meus leitores se envolvam na construção de um mundo mais justo.