Ano
6*** SALVADOR ***Edição 2180
Mais um ENEQ terminou. Na minha fala de ontem, como nas duas
outras, aproveitei para ampliar as denúncias contra as exigências descabidas
dos CEPs, que com os exigentes TCLEs entravam pesquisas.
Na assembleia de encerramento foram apresentados e
aprovados por aclamação, aplaudida de pé, dois manifestos de repúdios: um, ao governo estadual da Bahia, pelas
injustiças que comete contra professoras e professoras, há 101 dias em greve,
que já vivem dolorosas privações e outro, ao governo federal, pela calamitosas
situações das universidades e institutos federais, há mais de dois meses de
greve.
Hoje é um sábado de translados. Deixo Salvador na metade
da manhã, para chegar, depois de uma escala em Guarulhos, à Porto Alegre na
metade da tarde. À noite viajo a Buenos Aires, onde devo chegar quase no ocaso
deste sábado.
Cumpro os rituais sabáticos: neste blogue é usual
oferecer uma dica de leitura. Refiro isso, pois aqui em Salvador amealhei novos
leitores.
Na madrugada de quarta-feira, quando iniciava a partida,
disse-me: ‘Falta algo para leitura de bordo!’ Corri olhos em aquisições mais
recentes. Precisava algo leve: material e espiritualmente. Elegi um que havia
comprado em ‘queima de estoque’ em uma livraria virtual. Parecia palatável.
Como em meu voo não era permitido abrir um notebook, pelo
ensardinhamento a que são submetidos os passageiros, pude em diferentes
momentos de Porto Alegre/Guarulhos/Salvador ler Os Wessel, uma história sem cortes, que em 200 páginas ilustradas
com fotos de época, narra a saga da família desde a vida nos campos de
concentração durante a II Guerra Mundial à fuga da Hungria ao Brasil em 1956. Conclusão:
acertei, na eleição da leitura de bordo e por tal ela se faz dica de leitura
deste sábado viajor.
WESSEL István. Os Wessel, uma história sem cortes. São Paulo: Francis, 2004. 202p,
235X163x16mm. (Preços variados em diferentes mercados na Internet) ISBN
85-89362-38-8
István Wessel
pertence a quarta geração de uma família de açougueiros húngaros e que elevou à
categoria de grife e hoje pertence a história das carnes e das letras no Brasil.
Dedicou-se
sempre a promover a marca através de constantes inovações no ramo das carnes e
paralelamente, nos últimos vinte anos, trabalhando como colaborador em jornais,
revistas, rádio e televisão da chamada grande imprensa.
Entre suas
atividades ele destaca em sua página: Diretor da Carnes Wessel e Colunista na
BandNews FM. Cursou Administração na FGV e Hotelaria em Cornell – USA.
Além do
resenhado aqui hoje publicou: Segredos da
Família Wessel - O livro sobre carnes - São Paulo: Melhoramentos; Cozinha Húngara - São Paulo: Melhoramentos;
Wessel - Os segredos da carne - São
Paulo: DBA & Melhoramentos; Churrasco
- Dando nome aos bois - São Paulo: Cia. Editora Nacional e Chefes do
coração (co-auotria) - São Paulo: Ateneu.
Livro hoje trazido como sugestão foi lançado em 2004 pelo
gourmet e empresário e mostra a saga de sua família húngara que trouxe uma
tradição centenária, no envolvimento com carnes que faz sucesso hoje.
Trouxe algo do autor. Para dizer do livro, trago excertos
de um texto de Carlos Sambrana
O ano: 1933. O endereço: Tata, uma pequena aldeia na
Hungria. Ali, o jovem Lázló Wessel, de 18 anos, participava de um exame público
para provar que era um açougueiro completo, capaz de trabalhar com todos os
tipos de carne. Era um evento que mobilizava toda a cidade. Lá estavam os
“hentes” (profissionais especializados no corte da carne de porco) e os
“mészaros” (mestres no trato bovino). Um time de jurados avaliava o desempenho
do rapaz. Se bem-sucedido, teria a tão esperada permissão para trabalhar no
ofício. Numa das provas, deveria, com suas próprias ferramentas, abater um boi,
um vitelo e um porco. Em seguida, tinha de retalhá-los, preparar os variados
tipos de frios e ainda realizar um teste de atendimento no balcão. Passou no
desafio, o mesmo realizado por seu pai e seu avô um século antes, com louvor.
Lázló virou gente grande.
Um corte no tempo. 2004, São Paulo. O filho de Lázló,
István Wessel, também teve que provar o seu talento no trato com as carnes.
Hoje, ele é um dos únicos em todo o Brasil a servir comida de primeira em
restaurantes cinco estrelas e lanchonetes com hambúrgueres. Nas duas pontas,
transformou-se em referência para seus pares. Mais do que isso, trouxe para o
século 21 a destreza que corre no sangue da família Wessel desde 1830. São
quase duzentos anos de segredos passados de pai para filho. Detalhe: a
profissão aparece gravada nas certidões de nascimento dos membros do clã.
Algumas das histórias marcantes desta dinastia de açougueiros pode ser acompanhada
no recém-lançado livro Os Wessel, uma
história sem cortes. Em 200 páginas ilustradas com fotos de época, István
narra a saga da família desde a vida nos campos de concentração durante a II
Guerra Mundial à fuga da Hungria comunista em 1956. A partir daí, a vida no
Brasil é uma história de sucesso. “Não tinha a idéia de publicar um livro”, diz
István Wessel. “Só queria deixar as recordações para a família.”
Se a Hungria perdeu um dos maiores especialistas no corte
de carne, o Brasil ganhou muito com a chegada dos Wessel. Vale apena conhecer
uma história que tem muitos cortes.
Caro Chassot,
ResponderExcluirainda é madrugada, mas o teu blog me despertou a vontade de fazer um churrasco. Desejos à parte, o livro de Wessel aponta para uma característica do povo brasileiro que prezo muito: acolhimento à diversidade! Espero que nunca venhamos a abandonar essa cordialidade. E que seja aperfeiçoada!
Um abraço,
Garin
Caro Chassot,
ResponderExcluirDica excelente, vou lembrar de procurá-lo na internet. Bom fim de semana, JAIR.
Costumes tradicionais de família enriquecem a cultura e perpetuam práticas e conhecimentos através dos tempos, pena constatar que o mundo moderno não dá o devido mérito a estes valores. A globalização aproxima e nivela os costumes, o modismo leva ao jovem a "enterrar" suas raízes e a imitar um estilo único, padronizado.
ResponderExcluirAbraços
Antonio Jorge
Olá mestre! Muito interessante esta dica. Já troquei e-mails com o Sr. Wessel, que foi muito simpático comigo. Desconhecia que ele era um escritor. Muito bom! Abraços
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