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sexta-feira, 26 de março de 2021

26MAR2021 *** Licurgo morreu: algo de história

 

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3711

 

As anteriores três edições deste março foram festivas. Foram todas embaladas por uma exótica e desconhecida palavra: Festschrift. Esta naturalmente se fez senha daquilo que anuncia na sua desinência inicial (na verdade não uma desinência; há que lembrar que o idioma alemão junta várias palavras: festa+escrito. Um Festschrift é melhor descrito na edição de 19FEV).

Quando ainda bimbalhavam sinos desde a Unipampa câmpus de Uruguaiana meu mundo se toldou enlutado. A festa de 1961*13MARÇO*2021 começara com uma referência aos milhares de brasileiros levados a óbito. Hoje, já mais de 300 mil.

Antes e depois da celebração de meus 60 anos de professor março era aziago e cruento. Os mortos eram muito mais numerosos que há um ano; ...que há um mês; ...que há uma semana; ...que ontem.

Acompanhávamos a via-sacra dolorosa percorrida pelo Licurgo: peregrinava por hospitais na busca de leito. Depois de acomodação precária e provisória conseguiu leito. Foi entubado. Os boletins diários eram animadores. Tinha-se notícia do pós-op em casa. Éramos esperança.

Na manhã desta segunda-feira, 22 de março, esperanças se esboroaram.

Nestes tempos pandêmicos perdera queridos colegas... muitos mesmos. Mas na manhã da segunda-feira a morte anunciada parecia incrível. A hipótese de um fakenew não era descartada. Triste ilusão o Prof. Dr. Licurgo Peixoto de Brito, da UFPA, com toda sua gana de viver perdera a batalha que travava contra o Covid-19. O Licurgo morreu.

Recebi mensagem (automática) da Agenda Google, que à tarde ele, a Silvia (a do poema do prelúdio do Festschrift) e eu tínhamos reunião para continuarmos a preparação do componente curricular pressupostos epistemológicoda Ciência em doutorado da UFPA, previsto para iniciar neste dia 5 de abril.

Dentre a centena de live que eu fiz, aquela número 68, é memorável. Tínhamos um trio no WhatsApp ‘Ciência & Religião’ que se originou quando da preparação da live de 10 de novembro e prosseguiu muito intenso. Nele mais recentemente preparava o Seminário. Agora, prossegue com a Sílvia e eu órfãos de nosso guru

O Licurgo escreveu uma protofonia para a 8ª edição do Alfabetização científica: Questões e desafios para a Educação já no título instiga: Sobre vidros, diamantes e alfabetização científica. Excerto deste texto está na quarta capa do qual pinço: Como se disse antes, ele dissemina alfabetização científica pelos muitos lugares onde passa. Se os tupis o vissem assim talvez o chamassem de Mestreaçu [Grande Mestre].

Da conversão do geofísico para o Professor envolvido com a Educação nas Ciência ele escreve: Testemunho, eu mesmo, efeitos desta obra. Quando, no início dos anos 2000, eu começava a reunir argumentos com o intuito de apresentar, a mim mesmo, razões para deixar a Geofísica, área em que me doutorei, para me dedicar a educação em Ciências, tive a oportunidade de conhecer o Alfabetização Científica do Mestre Chassot. Algumas das questões e desafios que pulsavam nas páginas eram já vivenciadas por mim como docente, particularmente como formador de professores no interior do Pará, e também como gestor no ensino de graduação de minha Universidade (UFPA). Mas muitas questões apresentadas no livro eram novas para mim. No entanto, novas ou antigas, todas foram abordadas com tal propriedade, racionalidade e pertinência que, ao findar a leitura, eu estava plenamente convencido que queria investir meus últimos anos de carreira docente a pesquisar na área de Educação em Ciências.

Há muito a contar do quanto tecemos juntos afetos de bem-querer e de espraiada admiração mútua. Deixo de lado as atividades acadêmicas, por exemplo enquanto os dois envolvidos na formação de doutores para a Amazônia na REAMEC/Rede Amazônica de Educação em Ciências e Matemática ou em bancas, com estar juntos em Codó MA.

Destaco apenas um momento de sumarenta fraternidade: em 2019 fui a Belém para pela primeira e única vez assistir o Círio de Nazaré. Meus amigos belenense (Teresinha e Tadeu, Conceição e Carneiro, Silvia e Luciano...) me acolheram em diferentes momentos. Assisti parte do espetáculo com Licurgo e familiares, que ensejou sumarenta conversação com a mãe dele.

A doída saudade se abrandará se Licurgo existir. E ...ele existirá quando narrarmos sua história. Tentei, um pouco, fazer isto, aqui e agora!

sexta-feira, 19 de março de 2021

19MAR2021 *** Celebrando um Festschrift


 

 ANO 15

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3710

 

Esta é a primeira blogada após ter iniciado, no memorável sábado passado, minha 61ª volta ao redor do sol como Professor. A celebração que houve para marcar o momento é (quase) inarrável. Mesmo assim, poderia fazer várias edições deste blogue, exclusivamente com tal tema.

O 13MAR2021 será assunto na segunda parte desta edição. Na primeira parte trago tópicos (que em priscas era se constituiriam) como diário de um viajor. Este primeiro segmento agora teria bem posto se chamado de memórias da completação de um ano de reclusão.

Mesmo com distintos calendários e um assombroso recrudescimento da expansão do mortífero Corona vírus, o 2º semestre 2021 inicia vigoroso e prenhe de novidades. O nascituro período letivo para mim ocorre em três frentes:

1* IFES Ontem, como farei nas manhãs das quintas-feiras, participei da segunda aula do Componente curricular Pesquisa na Educação nas Ciências (compartilhado com as colegas `Manuella Villar Amado e Marcia Gonçalves Oliveira) para a primeira turma de doutorando do IFES, no câmpus de Vila Velha.

2º UFPA Sílvia Chaves (sim! a que preludia!) e eu preparamos o seminário acerca das questões epistemológica da Ciência, que ocorrerá nas tardes de segundas-feiras, a partir de 05ABRIL. Por ora falta-nos o tertius. Estamos muito na torcida que o Licurgo Peixoto da Silva vença plenamente o Corona vírus e volte a estar conosco.

3º UNIFESSPA Ao entardecer de ontem os meus orientandos de mestrado (2 de 2019 + 2 de 2020) recepcionaram os 4 mestrandos de 2021. Foram momentos sumarentos nos quais a Uiara (do IFAC, minha orientanda de doutorado da Reamec) foi competente cerimonialista. Esta manhã, quando a conversa com Daniel (de quem supervisiono o pós-doc) já se espraiava por uma hora, eu disse podíamos encerrar para que um e outro trabalhássemos; a conversa (de trabalho) com polímata se faz lazer.

2ª PARTE:

o memorável 13MAR2021 Já disse e repito que ser galardoado com um muito original Festschrift é inenarrável. A obra gestada durante 2020 por cerca três dezenas de pesquisadores do Câmpus de Uruguaiana da UNIPAMPA liderados pelos Professores Doutores Raquel Ruppenthal e Vanderlei Folmer deverá catalisar significativas contribuições à Educação nas Ciências. O selo da Editora Unijui há de qualificar o livro. Um Festschrift é descrito na edição de 19FEV).

As organizadoras da live jubilar conceberam um cosmos heliocêntrico onde o livro era um sol ao redor do qual orbitavam múltiplos planetas regidos por uma maestrina. Andréia organizava atrações que agradavam o livro. O poema da Sílvia, que se fará preludio, era uma Via-Láctea estética propulsora de estesia.



Vídeo-depoimentos trazidos de todas as geografias comoviam centenas de participantes. Aline da Silva Goulart amealhou estrelas que cintilavam com distintas emoções no chat. Estas desenharam nuvens que ilustram esta blogada.

  A entrevista jubilar falou de Educação em tempos pandêmicos e fez da Laudato Si’, uma vez mais antídoto às agressões à nossa casa comum: o planeta Terra.

Não há como narrar mais.

A P R M  Ad perpetuam rei memoriam Esta era a fórmula que se inscrevia no alto de determinadas bulas pontifícias, e que se encontra igualmente em monumentos comemorativos, medalhas etc. Para a perpétua memória das coisas.

Vivo ainda emoções que são inarráveis. Não mais as espraio. Mas, faço o registro do endereço onde é possível (re)viver a história de um momento dos mais emocionantes e gloriosos de minha jornada aqui e agora:

 A P R M https://www.youtube.com/watch?v=Q_sA5eSRcis A P R M

sexta-feira, 12 de março de 2021

12MAR2021 *** O esperado 13MAR2021 é amanhã


 

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3709

 

Evoco, de vez em vez, o menino contando nos dedos quantas noites precisava dormir para chegar o 24 de dezembro. Agora já dá para contar nos dedos das duas mãos! Agora, em apenas uma mão! É amanhã! Sim! É amanhã que completo minha sexagésima volta em redor do sol enquanto Professor.

No entardecer de amanhã conviverei com minha história e lembrarei quando, no fim de uma tarde quente (sei que suei muito) no 13MARÇO1961, fui ao colégio Jacob Renner dar minha primeira aula. Ela é, ainda, a mais emocionante, dentre todas aquelas milhares de aulas que ministrei nestes passados sessenta anos.

O tempo, desde a última blogada custou a passar. Mesmo com três lives (assestei óculos em uma fala que será divulgada no dia 29 de março no CONDEQUI / III Congresso Online Nacional de Química; na quarta-feira espiamos, no ENEQ2020, a brecha na qual estamos confinados entre o passado e futuro; e ontem falei acerca de 5 revoluções científicas no doutorado do IFES). Agora, embalo emoções fortes para a live que meus colegas da Unipampa organizam, com maravilhosa dedicação, para às 18 horas de amanhã.

Hoje silencio — numa sentida homenagem aos cerca de 300 mil mortos vitimados pelo corona vírus — e não vou referir o presidente (e/ou seu filho) mandou enfiar a máscara naquele lugar. Há muito a liturgia do cargo de presidente do da República se esboroou.

Estou tomado pelo pré-lançamento na live de amanhã de meu incrível presente, o Festschrift.


Já narrei que um grupo de quase três dezenas de pesquisadores do Câmpus de Uruguaiana da UNIPAMPA, durante o ano de 2020, pesquisou minha produção acadêmica e liderados pelo Prof. Dr. Vanderlei Folmer produziu um livro de cerca 320 páginas com 19 capítulos. Cada um dos capítulos detalha dimensões teóricas e/ou empíricas de diferentes ações do ser professor há sessenta anos. Trata-se de um Festschrift; um livro que se fez como um tributo ao ser/fazer Educação.

Mas o livro tem um pérola cultivada. Esta é em consequência de meu buscar ser um Amazônida. A cereja do bolo é magnífico prelúdio tecido pela Profa. Dra. Sílvia Nogueira Chaves, titular da UFPA, em Belém PA. O prefácio de Attico Chassot: 60 anos fazendo Educação (provável título do livro) por si só poderia se constituir de matéria exclusiva de um blogar. Trago apenas um excerto, destacado pela Andréia, coautora do livro e do grupo do evento de amanhã: De forasteiro fez-se nativo, bwana de olhos azuis, experimentou saberes e sabores telúricos, cambiou letras, ganhou flecha, símbolo de abertura ao desconhecido, regalo certeiro para ele, ser poroso às novidades do mundo. Orador eclético percorre de átomos à estrelas, ciência e religião. Sujeito de ideias fartas e inquietante curiosidade. Colecionador de palavras transforma arcaísmo em neologismo chassotiando o vernáculo. Quem com ele não aprendeu a apreciar saberes primevos, não está aberto à novas oitivas e desconhece o prazer de estar de espraiar quasndo expectante. O texto escolhido foi sugerido para estar numa das orelhas, sendo que Sílvia — aderiu à sugestão

A ansiedade me impede de me espraiar mais. Convido a cada uma e cada um para o megaevento de amanhã com surpresas e mimos, muito pensado pelos colegas de Uruguaiana.

sexta-feira, 5 de março de 2021

05MAR2021 *** A data é 13MAR2021


 

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3708

 

Quando nesta terça-feira, 02 de março, comemorava que finaliter (não é esnobismo! No brincar com palavras o finalmente em latim, me parece mais expedito...) era um vacinado, houve quem dissesse: “prevejo estar aí um bom assunto para o blogue!”

Mesmo que ser um vacinado mexeu comigo, a semana se fez fértil em outras dimensões. Priorizo o vacinar. Respondi aos que me inqueriam acerca sintomas: na quarta-feira, e somente então, senti uma quase imperceptível dorzinha na região agulhada. Também sinto fastio (e no externar este sintoma percebi que esta é palavra velha, pois não raro me perguntavam: o que isso?).

O que mais me atrapalhou/atrapalha no pós-vacina é a preterição de bilhões de pessoas em meu favor. Uma vez mais se faz aumentar de maneira abissal as diferenças de acessos a benesses. Quantos sem documentos ou sem tetos foram preteridos e deveriam ser vacinados antes de mim. Na tentativa de me apaziguar, mais de uma pessoa disse: tu és daqueles que guarda a quarentena de melhor maneira. Falso consolo, pois não faço isso de bonzinho. Faço por ser um abonado ou abastado, se comparado com a maioria. Não há uma justificativa a preterições, que parecem socialmente injustas.

Foi uma semana de muitas leituras. Mesmo que defenda, ante meus orientandos, que ler ficção é salutar para a escrituração de uma tese ou dissertação, quando me concedo idêntico privilégio afloram culpas. Isto aconteceu, esta semana, quando resgatei uma dívida histórica e li Don Casmurro. Foi um deleite, mesmo que não saiba dizer se Capitu traiu Bentinho.
Minha leitura recreativa atual: A ridícula ideia de nunca te ver [ISBN 978-85-88808-84-3]. Tenho três biografias de Madame Curie. Estas as tinha como suficientes para escrever Marie Curie: três dolorosas estações de um calvário glorioso*. Minha leitora e meu leitor aqui, já pelo título, poderá inferir o quanto teci loas a única mulher laureada com dois nóbeis. Esta sumarenta produção de Rosa Montero (Madrid, 1951), — uma das mais importantes romancistas espanholas contemporâneas, traduzidas para 20 idiomas — que leio agora, se faz diferente por ser a menos hagiográfica.

Nestes tempos pandêmicos meus blogares se tecem como diários de um mestre escola. Nesta dimensão há dois registros relevantes.

Ontem, Manuella Villar Amado, Márcia Gonçalves Oliveira e eu iniciamos o componente curricular Seminário de Pesquisa de Doutorado que partilharemos juntos nas manhãs de cada quinta-feira, com a primeira turma do doutorado no IFES. Minha inserção nesta docência se dá numa colaboração para ajudar a suprir lacuna com o falecimento do Sidnei, narrado aqui, na edição de 15 de janeiro.

Hoje, atendendo convite da colega Gisele Shaw, que estava em senhor do Bonfim BAestive pela primeira vez na UNIVASF Universidade Federal do Vale do São Francisco, onde vivemos, por quase 2 horas, aprendizagens em sumarentos diálogos em tempos pandêmicos num chamado café de ideias.


Nestes dias, meus fazeres estão, de uma maneira muito densa, insertos no Festschrift (ver a edição de 19FEV), que me mobiliza. Na verdade quem se mobiliza para valer, é um muito seleto grupo de pesquisadores da Unipampa, liderados pelos professores Raquel e Vanderlei. Eles organizam uma celebração para dia 13, às 18 horas, para o lançamento do Festschrift. Para tal, se envolvem no convidar de uma maneira intensa. Imagine, minha surpresa, que nesta tarde, antes de iniciar a fala na UNIVASP, lá estava a Carla, do grupo de autores da Unipampa, para convidar para dia 13 de março.

 Estou que nem criança, dizendo que já da para contar nos dedos das mãos, quantas noites faltam para o Natal (que será para mim dia 13 de Março, as 18h). Venham comigo, celebrar.

·       CHASSOT, Attico. Marie Curie: três dolorosas estações de um calvário glorioso. p.163–-192 in SIMÕES NETO, José Euzébio. Histórias da Química. Curitiba: Appris 239 p. 2017. ISBN 978-85-473-0531-4