Ano
6*** SALVADOR ***Edição 2178
Esta edição, como a de ontem é soteropolitana. É
significativo como o gentílico, marcado pela etimologia grega de ‘sotero = salvador’
é muito apreciado pelos habitantes desta histórica e linda cidade.
Nesta escrita descortino do meu apto no 9º andar, a baia
de Todos os Santos (e de Todos os Orixás) próximo ao farol da barra, na foto.
Por ora apenas esta mirada, pois a quarta-feira foi de envolvimento com o ENEQ
e às turras com a internet.
Sem desejar quebrar normas que se exigem por diplomacia de
que tem leitores em todos estados brasileiros, penso que a Bahia, por sua
marcada tradição afro, é a que tem a mais ampla e saborosa gastronomia.
Pois, catalisado por sabores das baianas com seus apreciados
trajes trago algo culinário que para nós ocidentais ainda se parece como algo
por demais alienígena.
Na semana passada um jornal de circulação nacional
publicou matéria de Tatiana Freitas que ofereço a degustação de meus leitores.
Talvez
você resista, mas o seu neto ainda vai adicionar insetos à dieta alimentar. A
maior demanda por proteína animal fará com que eles entrem no cardápio de
grande parte da população mundial em 2050, prevê a Organização da ONU para
Agricultura e Alimentação (FAO).
Uma
empresa brasileira já se prepara para os novos tempos. A Nutrinsecta, produtora
de grilos, besouros, baratas e moscas, aguarda certificação do Ministério da
Agricultura para que seus insetos, hoje usados na alimentação animal, possam
ser consumidos por humanos. O fundador e sócio da Nutrinsecta, Luiz Otávio
Pôssas, admite que a barreira cultural é grande, mas não é impossível de ser
superada. "Virá com o tempo", afirma.
"Quando
eu era jovem, todos achavam um absurdo o hábito japonês de comer peixe cru.
Esse preconceito não existe mais", diz o empresário.
Zootecnista
Gilberto Schickler,
sócio e responsável técnico da Nutrinsecta, com grilos pretos nas mãos. A certificação abrirá um
novo nicho de mercado para os insetos, mas, segundo Pôssas, o foco da companhia
deve continuar sendo complementos para ração animal.
No
entanto, a Nutrinsecta já está montando um quiosque para degustação na fábrica
de insetos, em Betim (MG). A empresa contratou um chef de Santa Catarina
especialmente para desenvolver pratos como grilo coberto de chocolate —"parece
um Bis"—, insetos à milanesa, ou misturados ao macarrão, como um yakisoba.
"As crianças que visitam o nosso projeto sempre pedem para
experimentar", diz Gilberto Schickler, sócio da Nutrinsecta. "Não
tenho a intenção de estimular ninguém a consumir insetos. Mas quem quiser comer
poderá", diz Pôssas.
Schrickler
diz que não será necessário mudar o cardápio do brasileiro para vender insetos
a humanos. Ele vê potencial para exportação. Segundo Pôssas, em mais de cem
países os insetos já fazem parte da dieta alimentar. A China é um exemplo.
Os
preços, no entanto, ainda estão longe de serem competitivos. A Nutrinsecta
vende um quilo de insetos por cerca de R$ 200, em média. "Com escala de
produção, esse valor pode cair drasticamente", diz o zootecnista. O quilo
da picanha, corte nobre bovino, é vendido entre R$ 40 e R$ 50 no varejo de São
Paulo, em média.
O
interesse de Pôssas pelos insetos começou por causa de sua criação de aves. Buscando
melhorar a alimentação das espécies, financiou uma pesquisa na Universidade
Federal de Minas Gerais, que lhe apresentou a proteína de insetos. De fácil
digestão, ela é mais adequada à alimentação das aves criadas em cativeiro e
rendeu bons resultados.
Hoje,
a Nutrinsecta produz duas toneladas por mês de insetos, vendidos vivos ou
desidratados para a empresa irmã MegaZoo, que faz a ração. A maior parte é
processada até virar uma farinha de proteína consumida por aves, peixes,
répteis e primatas.
E,
se a barreira para levar o inseto à boca é grande, esse farelo de insetos pode
ser a saída para a introduzi-los à dieta. O consumo do inseto inteiro será
possível, mas a maior demanda será para esse suplemento alimentar em forma de
farelo. Em congresso realizado no início deste ano, a farinha de proteína de
insetos foi apontada pela FAO como eficiente no combate à desnutrição.
Caro Chassot,
ResponderExcluirquem nunca acabou de tomar um cafezinho e não descobriu formigas ou pequenas mosquinhas no fundo da xícara? Quem ficará sabendo o que tem no meio do pão preto degustado no desjejum? O caminho está aberto por aqui também, basta que seja lucrativo para alguma linha de produção. Com as mídias fazendo a cabeça de todo o mundo, logo as pessoas estarão degustando baratas como quem aperitiva camarões!
Um abraço,
Garin
Caro Chassot,
ResponderExcluirTexto muito importante. Se o que os organismos dos animais necessitam é de proteínas, que diferença faz se essas proteínas vierem de mamíferos, peixes, aves, plantas ou insetos? Muitos países orientais já descobriram há muito tempo que a fonte "insetal" de proteínas é viável e até saborosa. Que venham grilos, baratas, coleópteros, abelhas, vespas e até aranhas, estamos com o garfo e a faca na mão! Abraços culinários, JAIR.
O interessante neste tópico ao meu ver, é que a fonte de alimento alternativo é procurada em países de grande população castigados pela fome e a miséria. Na falta de recursos as populações paupérrimas buscam a alimentação naquilo que tem acesso, os insetos. Nós aqui vivemos em um país de dimensões continentais de farta fauna e flora, aonde o que nos separa do alimento é a ganância do capitalismo. Porém, raciocinemos, a partir do momento que os insetos virarem "moda" a especulação financeira vai transforma-los em alimento vip, e lógicamente fora do alcance da população pobre, que nem mais as môscas poderá ficar...
ResponderExcluirabraços
Antonio Jorge
Caro Mestre:
ResponderExcluirCom todo o respeito pelas opiniões acima, técnicamente corretas, me deixe fora desta!
Mas, o pior é que muitas vezes nem sabemos com certeza o que estamos comendo!
As coisas vem em tabletes, farinhas, pastas e de repente estamos comendo baratas e grilos, misturados na comida!
Mas, essas coisas são muito bem aceitas em alguns países asiáticos, pelo que tenho visto nos canais de TV Nat-Geo e Discovery.
Eu me lembro de um filme com Charlton Heston, SOYLENT GREEN ( não me lembro o nome no Brasil), onde, numa época futura, o pessoal comia rações de diversas cores, mas no final ele descobre que todas eram feitas com carne humana reciclada!
Será que chegaremos a isto?
Abraços!
Estimado professor:
ResponderExcluirBela informação trazes! Já postei no Face um link! E convidei os amigos a encararem tal dieta, isso se os ditames culturais da atualidade não forem um impeditivo feroz!