Ano
6*** WWW.PROFESSORCHASSOT.PRO.BR ***Edição 2170
11 de julho sempre foi/é/será
uma data muito querida para mim, como é para meus irmãos: é o aniversário de
meu pai: Afonso Oscar Chassot (1906—1987). Há 6 anos fizemos uma festa no Lami,
que se estendeu por três dia para celebrar seu centenário com presença de quase
todos seus descendentes. O mote era “Ele existe, porque contamos a sua
história”. No mesmo espirito e no mesmo local, nos reuniremos hoje à
noite quatro de seus sete [(Tile, Paulo, Clarinha e eu) dois são falecidos]
para evocar mais pouco de sua história.
Na última semana de junho Jair Lopes, editor de ‘Um blog que pensa’ — www.jairclopes.blogpot.com — ofereceu um texto acerca da poluição de mares e oceanos. Dei-me conta o quanto a ele — um ilhéu —, é oferecida uma leitura mais acurada, entenda-se mais encharcada no ecossistema, do que para nós continentais, para quem, em nosso imaginário, o mar são praias balneáveis e não lugar de retirada de grande parte de nosso sustento alimentar.
Na última semana de junho Jair Lopes, editor de ‘Um blog que pensa’ — www.jairclopes.blogpot.com — ofereceu um texto acerca da poluição de mares e oceanos. Dei-me conta o quanto a ele — um ilhéu —, é oferecida uma leitura mais acurada, entenda-se mais encharcada no ecossistema, do que para nós continentais, para quem, em nosso imaginário, o mar são praias balneáveis e não lugar de retirada de grande parte de nosso sustento alimentar.
Nessa
onda, num tarrafear colhi informações, que me parecem oportuno compartir aqui. A
razão é óbvia: peixes e outros frutos do mar fazem parte de nossa cadeia
alimentar.
No “Correio
Brasiliense” se informava que em pelo menos três estudos de
oceanógrafos brasileiros, 100% dos animais marinhos pesquisados nos litorais do
Sul e do Sudeste estavam intoxicados por poluentes.
A
fauna oceânica brasileira sofre com alto índice de contaminação por poluentes
no litoral das regiões Sul e Sudeste. Albatrozes, petréis, golfinhos, orcas,
atobás-marrons, atuns, lulas e uma variedade de peixes estão entre os animais
prejudicados, atingidos principalmente pelo pesticida DDT e por bifenilos
policlorados (PCBs). A constatação é feita por pelo menos três estudos
conduzidos por oceanógrafos brasileiros.
Nas
análises, realizadas por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) e da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), 100% dos animais avaliados
apresentaram algum nível de intoxicação.
A
ação de tais poluentes pode ser a causa de problemas como o aumento da
mortalidade e a diminuição do sucesso reprodutivo, que afetam as populações de
cetáceos (animais marinhos mamíferos) e procellariiformes (ordem de aves que
habitam o oceano aberto). Alguns efeitos adversos foram constatados em
golfinhos e mergulhões, mas ainda são poucos os estudos que se debruçam sobre
as possíveis consequências desses compostos. Uma coisa é certa: sua presença na
fauna marinha é um importante indicador da poluição ambiental. O PCB e o DDT
são exemplos de poluentes orgânicos persistentes (POPs).
“A
partir do momento em que entram no ambiente, eles sofrem pouca degradação,
podendo persistir no local por décadas” explica o biólogo José Lailson Brito,
da UERJ.
Os
dois poluentes chegam ao organismo dos animais, principalmente, pela
alimentação. Como uma das características principais dos POPs é sua
magnificação, ou seja, sua multiplicação ao longo da cadeia alimentar, as
espécies maiores apresentam níveis de concentração mais altos. É o caso de
golfinhos, albatrozes e atobás. A bióloga Larissa Cunha, da UERJ que verificou
o fenômeno no atobá-marrom, explica como a multiplicação ocorre: “Um plâncton
absorve o composto na água. O peixe se alimenta do plâncton contaminado. O
atobá, por sua vez, se alimenta do peixe e acumula as concentrações de
poluentes dos dois seres. Dessa forma, em seu organismo, ele terá níveis
maiores do que os do peixe, que, por sua vez, possui níveis mais altos que os
dos plânctons.”
Brito
alerta que a contaminação dos animais de topo de cadeia indica que todo o
ecossistema está afetado. Segundo ele, os índices de PCB detectados nos
golfinhos da Baía de Guanabara, no Rio, estão entre os mais altos do mundo. Em
1998, existiam 80 golfinhos na baía, mas o número caiu para 36.
A
alta concentração de poluentes nos golfinhos da Baía de Guanabara levou o
biólogo a realizar também estudos com peixes da região que fazem parte da dieta
humana. “Todos eles estavam contaminados, apesar de em níveis de concentração
dentro do limite aceito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para consumo
humano” pondera.
No
estudo de Larissa Cunha com o atobá-marrom, ave conhecida como mergulhão, as
concentrações de elementos tóxicos foram medidas em ovos coletados em três
arquipélagos localizados a diferentes distâncias — Abrolhos, ao sul da Bahia,
São Pedro e São Paulo, perto de Fernando de Noronha, e Ilhas Cagarras, cerca de
5 quilômetros ao sul de Ipanema.
Apesar
de todos os ovos amostrados estarem contaminados por PCB e DDT, Larissa explica
que os valores médios de poluentes encontrados nos arquipélagos de Abrolhos e
São Pedro e São Paulo foram bem mais baixos do que as concentrações medidas em
Cagarras, cujo nível de PCB total está próximo dos limites considerados
prejudiciais às aves.
Outro
trabalho que chegou a conclusões muito parecidas foi desenvolvido pela pesquisadora
da Universidade de São Paulo (USP) Fernanda Colabuono. Ao analisar 103 aves
oceânicas migratórias coletadas no litoral das regiões Sul e Sudeste, a
cientista observou a presença dos mesmos contaminantes no tecido adiposo, no
fígado e no músculo de todos os animais. Em seu estudo, Fernanda acrescenta que
PCBs e pesticidas foram detectados também em fragmentos plásticos encontrados
no trato digestivo das aves.
Conheça
as substâncias poluentes orgânicos persistentes (POPs).
PCBs:
bifenilos policlorados Tiveram a produção proibida no Brasil na década de 1970.
A substância, semelhante a um óleo e resistente a altas temperaturas, era usada
por indústrias para o resfriamento de máquinas.
DDT: É um
inseticida que foi amplamente utilizado na agricultura e no controle de vetores
de enfermidades, como a malária. Hoje, pode ser usado em casos emergenciais de
saúde pública.
Caro Chassot,
ResponderExcluirmuito importante esse texto que trazes hoje, o texto do Jair e com a preocupação de todos nós. Os mares constituem a nossa salvação em termos de alimentos num futuro a médio prazo. Na medida em que esses estão sendo afetados pela irresponsabilidade humana, pouca coisa resta como expectativa se não acontecer uma conversão nos hábitos de todos nós.
Importante a comemoração que vocês vão participar hoje. Também tenho essa mesma percepção: “Ele existe, porque contamos a sua história”. A existência é muito mais efetivada pelas determinações que fazemos do que pela realidade física que possa ser constatada (quando é possível). Boas rememorações!
Um abraço,
Garin
Tenho uma filha que faz engenharia ambiental na UFF, minha pequena Thais. E ela recentemente me fez um comentário que trouxe-me a reflexão. "Pai, o maior absurdo é dar-mos descarga com agua limpa". Realmente se pararmos para pensar somos perdulários de nossas reservas e nossa ignorância nos levará a um quadro dantesco.
ResponderExcluirParabéns pela festa e pelo honroso manifesto, o sábio preserva suas origens.
abraços
Antonio Jorge
Caro Chassot,
ResponderExcluirAté quando esse energúmeno maquiavélico que se diz humano vai continuar mordendo a mão que o alimenta? Até quando nós, Homo sapiens, vamos cuspir no prato que comemos? Será que não dá para perceber que só temos esse planetinha azul, e que se o contaminarmos acima de certo nível não haverá retorno e TODOS estaremos condenados? Será que somos inteligentes mesmo, ou apenas nos achamos intelectualmente acima das outras espécies animais? Por falar nisso, os outros animais também poluem? Baleias e golfinhos ficam arremessando contaminantes nas águas que vivem? Peixes e aves largam substâncias tóxicas por aí? Abraços ecologicamente corretos, JAIR.