Ano
6*** BUENOS AIRES ***Edição 2183
Se
narrei ontem acerca de um domingo de um domingo com sol brilhante e céu azul, a
segunda-feira foi plúmbea e fria. A segunda-feira teve envolvimento no
alinhavar a aula que darei para a uma turma de doutorado em Direito na
Universidad de Buenos Aires, por convite do meu amigo Enrique del Pércio.
[Monumento formando por uma tulipa
cujas pétalas se fecham por energia solar junto a Faculdade de Direito da UBA] Quando desenhava esta edição lembrei-me do que
foi imposto aos editores de jornais à época da ditatura. O jornal estava
pré-pronto e o censor vetava certa matéria, muitas vezes, ocupando
significativa área da primeira página. Ali era então inserido,
descontextualizado, uma receita de pizza ou versos de um poema de Camões.
Precisava
um texto para cumprir este blogar de cada dia. À época não havia Wikipédia, que
me foi musa inspiradora da blogada de hoje.
Faltava-me
tempo e não tinha inspiração para descrever o estar em livrarias ou as caminhadas
pelas ruas da maior e mais importante cidade da Argentina, figurando como a
segunda maior área metropolitana da América do Sul, depois da Grande São Paulo;
ou a terceira maior aglomeração urbana da América Latina, com mais de 13
milhões de habitantes (2010), superada somente pela Grande São Paulo e pela
Grande Cidade do México.
E,
na busca destas informações aprendo que a cidade de Buenos Aires não faz parte
da Província de Buenos Aires e nem é sua capital, mas sim, é um distrito
federal autônomo. A Grande Buenos Aires,
como é chamada sua região metropolitana é considerada uma cidade global alfa pelo inventário de 2008 da Universidade de
Loughborough [GaWC= Cidade global
(também chamada de cidade mundial, cidade alfa ou centro mundial) é uma cidade
considerada um ponto importante no sistema econômico global. O conceito vem dos
estudos urbanos e da geografia e se assenta na ideia de que a globalização
criou, facilitou e promulgou locais geográficos estratégicos de acordo com uma
hierarquia de importância para o funcionamento do sistema global de finanças e
comércio.).
Sempre
tive curiosidade não respondida acerca da origem do nome. Leio que na primeira
fundação Pedro de Mendoza chamou o local de Real
de Nuestra Señora Santa María del Buen Aire para cumprir a promessa que
fizera para a Patrona dos Navegantes na Confraria dos Marinheiros de Triana, da
qual ele era membro. Em efeito, "Buen Aire" é a castelanização do
nome da Virgem de Bonária, ou Virgem da Candelária, a quem os padres da Ordem
de Nossa Senhora das Mercês haviam levantado um santuário para os navegantes em
Cagliari, na Sardenha, e que era venerada também pelos navegantes de Cádiz, na
Espanha.
Por
muitos anos se lhe atribuiu o nome a Sancho del Campo presumível autor da
frase: ¡Qué buenos aires son los de este
suelo!, pronunciada ao desembarcar na região. No entanto em 1892, Eduardo
Madero após realizar exaustivas investigações nos arquivos espanhóis terminaria
por concluir que o nome estava intimamente relacionado com a devoção dos
marinheiros sevilhanos por Nossa Senhora dos Bons Ares.
Aqui,
é usual, referir-se a cidade com distintas denominações além de Buenos Aires. O nome de Capital Federal ("Cap. Fed.") é um dos mais
utilizados, sobre tudo para diferenciá-la da província homônima, em alusão a
condição de distrito independente que adquiriu com a lei de Federalização.
Muitas vezes também se utiliza o termo "Cidade de Buenos Aires", ou essencialmente "Buenos Aires", ainda que este
último se presta a confusão com a província na qual a cidade se encontra em
forma de enclave.
O
nome de Cidade Autônoma de Buenos Aires
("CABA") é um dos títulos que oficialmente a Constituição da Cidade
sancionada em 1996 lhe deu. Informalmente apenas denominar-se Baires, apócope da forma original, comum
dentro da cidade (especialmente entre os jovens), mas pouco utilizado no
interior do país. Poeticamente também se lhe tem atribuído numerosos nomes,
como A Paris da América Latina por
sua beleza arquitetônica e seu caráter cultural, ou Cabeça de Goliat segundo uma novela de Ezequiel Martínez Estrada,
por seu tamanho e influência desproporcionada sobre o resto do país e também A Rainha do Prata.
Desejo
a cada uma e cada um uma boa terça-feira, que para mim será o terceiro (e
último) dia completo desta minha esta estada portenha.
Chassot,
ResponderExcluirencanto-me com tuas incursões educativas por Bons Ares.
Também gostei das clarificações vindas à tona.
Escrevo-te de BH, indo em direção a Ubá onde serei consultor do Ginásio São José, uma antiga escola construída em 1816 por um polímata local, fundador da cidade. Pretende-se transformar este local em um Centro Cultural e Educativo. Pessoalmente conto-te desta incursão.
Registro minhas saudades e continuada admiração.
Abraços,
Guy.
PS: Prof. Giordano, digo, Chassot, sendo este local um prédio colonial encravado em uma reserva de Mata Atlântica posso dizer-te que começo a tornar-me definitivamente um "florestão".
ResponderExcluirCaro Chassot,
ResponderExcluircomo tu mesmo já salientaste em outras tantas vezes, a influência do Catolicismo Romano tem sido forte sobre o chamado Ocidente do Mundo. Não há como desprezar a religiosidade, até na nominação das cidades. A nossa gaúcha Santa Maria iniciou-se com a denominação de "Boca do Monte"; com a chegada da Igreja acrescentou-se Santa Maria e ficou Santa Maria da Boca do Monte. Com o passar do tempo permaneceu apenas Santa Maria.
Um abraço,
Garin
Limerique
ResponderExcluirNuma homenagem muito grata
Chassot sem nenhuma bravata
Na "calle Florida"
De bem com vida
Blogou a Rainha do Prata.