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segunda-feira, 30 de junho de 2014

30.- FRONTEIRAS, ÀS VEZES, POR DEMAIS FECHADAS

ANO
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 2820


Mesmo que pareça quase imperceptível, hoje se encerra o primeiro semestre, deste 2014. Há não muito, celebrávamos como o ano novo. Este 30 de junho determina o completar da primeira metade do ano.
Talvez, seja mais saboroso verificar que dos 32 dias de copa já passaram 19. Ainda, faltam 13. Para mim, nesta aritmética, vejo ocorrer um desacerto. Programara que de 03 a 12 de julho (portanto 10 dias julinos de copa), estaria com a Gelsa, participando da 5ª Conferência Internacional de Etnomatemática, em Maputo, capital de Moçambique. Trabalho aceito no evento, passagens compradas e hotel reservado. Convites para palestras paralelas ao evento em outra cidade. Tudo a feitio de fugar um pouco da copa. Mas, em dias da semana que passou, vimos esboroarem-se sonhos. Houve dificuldades de conseguir vistos em tempo hábil.
Aquela imagem do astronauta, que perguntado acerca de suas impressões em ver a Terra do espaço respondera: não vi cada país pintado de uma cor, aflorou forte. Canta-se que vivemos tempos em que o Planeta globaliza-se cada vez mais. Isto é falacioso em parte. Podemos saber, quase instantaneamente, o que ocorre em qualquer país. Nossa entrada física, nem sempre é facilitada. Ou melhor, é, às vezes, dificultada.
Talvez, haja uma quase total globalização, entre todas as geografias, de bits ou bytes (Um bit: unidade elementar de informação). Bits ou bytes trafegam em números astronômicos (megabytes, gigabytes, terabytes...yottabytes) desconhecendo fronteiras... Todavia, sabemos que ainda há restrições em alguns países totalitários, que censuram, por exemplo, a internet. As restrições que se fazem a entradas de humanos são muitas vezes dolorosas.
O astronauta antes trazido a este cenário, provavelmente, não viu as cercas aramadas com farpas que separam a África magrebina e a península ibérica (tão vizinhas e tão separadas), o norte do México e sua divisa com os Estados Unidos, ou ainda, as discriminatórias cercas que se constroem, hoje, dentro de territórios palestinos, quando da instalação de colônias israelis. Estas três menções, são apenas exemplos de fronteiras que fazem separações, com marcas de discriminação e muitas vezes, de ódio. Por isso, também, é difícil se ver tão exigente e complicada a obtenção de visto para ir a um evento científico.
Mas, o primeiro semestre se transmuta em segundo durante a Copa. Assim, parece que não há clima para fazer um balanço dos primeiros seis meses deste 2014. Talvez, ter estado envolvido em 36 falas ligadas ao meu fazer acadêmico foi o mais significativo profissionalmente. Também nestas ações a copa interfere, pois no período da mesma, eu vivo tempos de abstinência de palestras. Também por tal espero passar dia 13 de julho. 

domingo, 29 de junho de 2014

29.- Eram os Deuses Astronautas


ANO
 8
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 2819


Em nossa tradição não temos, a cada semana, um shabath, enquanto tempo de reflexão e convívio familiar, como descrevi aqui, em 7 de fevereiro, quando estava em Israel. Também não temos um mês para interiorização como o ramadã, que os islâmicos vivem agora. Uma cada vez maior secularização transformou, mais recentemente, muito o domingo cristão. O lazer ocupa cada vez mais o espaço do que antes era sagrado.
Neste lazer, parece ainda existir momentos privilegiados à leitura. Nesta dimensão queria oferecer aqui um excelente texto que li nesta quinta-feira, 26JUN2014, em Zero Hora. Talvez, também, por ter sido muito marcado pelo livro que Mário Corso evoca, agrada-me compartir, aqui a coluna deuses e astronautas. Com ela votos de saboroso domingo.
Lido aos 16 anos, Eram os Deuses Astronautas, de Erich von Däniken, marcou minha adolescência. Hoje discordo de suas teses, na época encaradas com seriedade. Jung dizia que a fé e os discos voadores funcionam como uma gangorra. Por isso, quando a religião perdeu seu prestígio, surgiram os extraterrestres, a contribuição magna do século 20 para o menu de seres fantásticos que nos assombram.
Este livro era uma resposta aos sempre presentes enigmas da origem. Segundo Däniken, o que nos tornou humanos e nos fez chegar aonde chegamos, foi-nos oferecido por visitantes espaciais. Eles teriam feito parte do nosso passado, mas nossos tolinhos antepassados os tomaram como deuses. Apesar do acerto em pescar as questões quentes sobre a humanidade, a saída proposta resvala na superficialidade, confunde história e mito, e não resiste a uma crítica dos pontos de vista da arqueologia, da história e da antropologia. Enfim, uma simpática maluquice bem articulada.
Quando vejo o surgimento de novos mitos, lembro da minha relação com essas teorias mirabolantes, que foram presentes em um momento da vida cheio de inquietações. São teorias pseudocientíficas, conspiratórias, mitologia rala, vendidas como revelação, frente às quais tenho um certo incômodo e ao mesmo tempo empatia, já fui usuário.
A internet não as inventou, mas potencializa uma série delas, como a farsa da viagem à Lua, vacinas que causam autismo, a aids, que fora criada em laboratório, entre tantas. História e ciência levam muito tempo para serem entendidas, mais trabalhoso ainda é a coragem para enfrentar o desamparo de viver sem pensamentos mágicos. Infelizmente, a ciência não substitui bem a religião no item conforto espiritual.
Já a maioria das teorias conspiratórias, mesmo que tornem o mundo e o universo mais assustadores, podem ser repousantes. Paradoxalmente, é pior suportar o aleatório, o incompreensível, à sensação de ser apenas poeira cósmica. Levar fantasias a sério economiza estudo, pensamento, biblioteca e principalmente angústia. Ainda por cima, elas somam o charme do secreto e transgressivo: seriam uma verdade da qual os poderosos estariam mantendo-nos alienados, mas nós enxergamos além. Supor que somos enganados é tentador, pois contém a ideia de que tudo tem explicação, apenas estamos alijados dela. Qualquer teoria, mesmo capenga, é preferível ao vazio de sentido com que podemos nos deparar.
O céu ainda me causa assombro, mas meu firmamento, para meu azar, ficou menos povoado. Sobrevivo sem deuses, anjos e astronautas, a fantasia teve que procurar outras moradas, mas eles me fazem uma falta!

sábado, 28 de junho de 2014

28.- ENTRE O PASSADO E O FUTURO: UM AGORA


ANO
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É um sábado copeiro. Definirá o estado de espíritos de brasileiros pelo menos nas próximas duas semanas.
Não esposo um senso comum muito badalado para hoje: “200 milhões de brasileiros unem-se em uma só mente torcendo pelo Brasil, para que vença o Chile!” Também não sei dizer se será 99,98% deste valor — como propagam pseudocultores de estatísticas — ou será em torno de 50%? Mas, em meu findi haverá algo mais que quatro partidas de copa do mundo.
Na manhã deste sábado participo, no Centro Universitário Metodista do IPA, dos processos seletivos dos Programas de Mestrado Reabilitação e Inclusão e Biociências e Reabilitação. Isso confere sabor diferente às horas que muitos estarão exercitando o pensamento mágico ao enviarem eflúvios ao Mineirão.
Mas o sábado se fará diferente na Morada dos Afagos quando, à tarde, chegar um trio de netos desde Estrela: o Guilherme (9 anos), Felipe (quase 4) e Lucas Francisco (três meses) ficarão com a Gelsa e comigo (e seremos coadjuvados pela Keci) enquanto a Ana Lúcia e o Eduardo cumprem compromisso. O avonar se intensificará com a chegada hoje de Cabo Frio da Maria Clara (8) e da Carolina (3). A convergência é para o aniversário do Pedro, que amanhã, faz cinco anos.
O dia de São Pedro, celebrado amanhã, tem uma evocação de copa do mundo. Em 1958, nesta data, houve a inauguração do prédio do Colégio Júlio de Castilhos na praça Piratini. Eu era aluno do 1º científico, meu primeiro ano de Porto Alegre. Fora pela manhã assistir a missa de inauguração do colégio e na volta, depois de vir de bonde desde a Azenha até o centro, fui à praça Parobé para tomar outro bonde (o São João) para ir até à avenida Eduardo (esquina Ernesto Fontoura) onde morava.
No trajeto soube, por transmissões de rádio (ainda não havia televisão) que o Brasil estava ganhando. Recordo que antes do meio-dia se começou a festejar a vitória de 5 x 2, sobre a Suécia, país sede da copa. Era primeiro título mundial no futebol do Brasil. Recordo que há 56 anos, pintei no vidro da vitrine do Bar Caçula, onde eu trabalhava: “Brasil, Campeão”.
No esteirar de evocações de Copas, algo significativo. Na edição seguinte, em 1962 a copa foi no Chile, então se assistia os videoteipes (trazidos pela Varig), no dia seguinte ao jogo. Mesmo que já se soubesse o resultado, havia reuniões em residências de mais abonados, que então já tinha televisão preto e branco.
Assim, com olhares a um passado que acumula histórias e embalando perspectivas de fruído avonar, esta blogada é um agora — parêntesis no fluir da vida. 

sexta-feira, 27 de junho de 2014

27.- ANTROPOFAGIA, RELIGIÃO & FUTEBOL


ANO
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Para não dizer que não falo de copa, assunto algo significativo. Nestes dias de overdose de copa, aproveito este dia de abstinência de jogos, depois de 48 partidas, para falar de outro jejum.
Assim, não vou falar da exageradíssima punição sofrida pelo Luís Soares, jogador Uruguai; ele apenas ressuscitou hábitos ancestrais dos humanos: antropofagia. Isso que não se sabe qual o tamanho do naco que tentou saborear. É risível a corrupta Fifa, querendo dar lições.
Aliás, o esporte uruguaio tem uma história antropofágica que virou filme e livros: O Voo Força Aérea Uruguaia 571, mais conhecido como Tragédia dos Andes ou Milagre dos Andes (El Milagro de los Andes). Um voo fretado que transportava 45 pessoas, incluindo uma equipe de rúgbi, seus amigos, familiares e associados que caiu na Cordilheira dos Andes em 13 de outubro de 1972.
Mais de um quarto dos passageiros morreram no acidente e vários sucumbiram rapidamente devido ao frio e aos ferimentos. O último dos 16 sobreviventes foi resgatado em 23 de dezembro de 1972, mais de dois meses após o acidente.
Os sobreviventes tinham pouca alimentação. Diante da fome e notícias reportadas via rádio de que a busca por eles tinha sido abandonada, os sobreviventes alimentaram-se dos passageiros mortos que haviam sido preservados na neve.
Mas nesta copa há uma questão religiosa interveniente com alimentação. Certamente a poderosa Fifa não ousará alterar o quarto dos cinco pilares do islã preceituado no Alcorão.
A fase de mata-mata da Copa do Mundo coincide com o início, amanhã, do ramadã e os jogadores muçulmanos devem decidir se vão aderir ao jejum religioso, com duração de um mês, que começa no fim de semana.
França, Alemanha, Suíça, Bélgica, Argélia e Nigéria estão entre as seleções que possuem jogadores muçulmanos, que devem optar se vão se submeter ao período de 30 dias de jejum e reflexão. Durante o ramadã, o nono e mais sagrado mês do calendário islâmico, espera-se que todos os muçulmanos adultos e sadios deixem de comer e beber durante a luz do dia.
Esse cenário poderia causar estragos no caso de atletas de elite, com dietas cuidadosamente controladas, especialmente nas condições úmidas e quentes nas quais alguns jogos têm sido disputados no Brasil.
Agora, crê e jejua, ou...

quinta-feira, 26 de junho de 2014

26.- AS SANDÁLIAS DE MUJICA


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Foram dias de blogadas que produziram tensões. Houve — e isso é salutar — dissenso. Apenas lamento se eu passar concepções de intolerância. Quisera jamais parecer que não respeito opiniões diferentes das minhas. A mim pareceu oportuno a decisão a trazida aqui na terça-feira. Houve os que discordaram. Respeito e abro espaço para as divergências.
Queria repetir uma vez mais: ‘tenho o maior respeito e muita admiração pelas pessoas religiosas!’ Assim a menção ao fideísmo, aqui ontem, quis traduzir meu reconhecimento a uma leitura de mundo que pode me parecer distinguida.
Tenho um exemplo que faz escola: qual o pai que ao fazer um telefonema, atendido por uma neta, ao pedir para falar com o filho, esta informa ‘papai agora não pode atender; ele está rezando’ não fica jubiloso?
Mas nesses dias copeiros deixemos assuntos polêmicos de lado. Das 10 seleções das América provavelmente só Equador e Honduras não passam adiante. Das três que mereciam minha torcida, a Nigéria segue vitoriosa. Camarões e Costa do Marfim foram garfados.
Mas eis algo ameno. Está circulando nas redes sociais nesta semana uma foto do presidente do Uruguai, Jose “Pepe” Mujica, usando sandálias e sentado em um banco com um olhar abatido.
A legenda diz que a foto foi tirada enquanto Mujica esperava atendimento em um hospital público do Uruguai. Somente na página da rádio mexicana Más 94, a foto teve quase 60 mil curtidas e mais de 100 mil compartilhamentos. Só que a história não é bem essa.
Na verdade, a foto de Mujica de sandálias foi tirada em dezembro do ano passado durante a posse de Mario Bergara como ministro de Economia.
Na época, o Uruguai vivia uma tremenda onda de calor, o que levou Mujica a se vestir de forma mais casual e adotar as “sandálias franciscanas”. Os ministros ficaram surpresos com a informalidade na ocasião, mas não tanto quanto os internautas que compartilharam a imagem pensando que um presidente realmente espera horas para ser atendido na rede pública como qualquer mortal. Infelizmente, não foi dessa vez (Foto e notícia no The Huffington Post)

quarta-feira, 25 de junho de 2014

25.- AS FONTES DE LEITURA DO RENASCIMENTO


ANO
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Esta blogada ocorre na esteira do assunto comentado aqui ontem: 25.- CRIACIONISMO BANIDO DE ESCOLAS INGLESAS. Os cinco comentários postados são díspares. Vão do irrestrito aplauso à decisão até manifestação de reservas, pois se se requer (parece até na escola), também, uma leitura fideísta. Aqui a referência é a de uma adesão ao fideísmo, sistema filosófico que, julgando a razão incapaz de chegar aos primitivos princípios, faz depender o seu conhecimento único da fé.
Não vou polemizar aqui e agora. Trago um excerto de um comentário mais leve, talvez até um pouco impudente. Ei-lo:
Professor Chassot, [...] a decisão do governo britânico deverá beneficiar também as igrejas. Quando elas contarem as crianças suas historietas do tempo da carochinha, dirão que são mitos ou lendas.
 A esse propósito, parece que a ilustração não é fiel ao relato bíblico: as samambaias estão bem postas, pois são das plantas mais primitivas; todavia, presumo que os tapa-sexos não são as folhas de parreiras que se menciona no relato bíblico (pelo assim aprendi).
Digo isso, pois um dia um professor meu, falou lateralmente em aula, que Jonas foi tragado por uma baleia, um biblista de plantão protestou: “Foi um grande peixe, pois a baleia tem uma goela muito pequena para engolir um ser humano!” Beatífico fundamentalismo!
A postagem da Mirian, que necessariamente não avalizo, oferece subsídio para outra mirada. Muitas vezes, quando contemplamos certos quadros célebres esquecemos os propósitos dos mesmos.
Eles — de uma maneira especial aqueles inspirados em relatos bíblicos — foram concebidos e produzidos, não para serem vistos em museus ou galerias de arte como os vemos hodiernamente.
Hoje, estas obras são admiradas por um público letrado que conhece a historia da cena representada. Então, e estou imaginando obras do renascentismo, a quase totalidade da população era analfabeta. Estes quadros eram ‘os livros’ que tinham para ler. Vale imaginar-se a situação. Assistiam a cerimônias religiosas muito prolongadas, em uma língua (latim) que não entendiam, ficavam ‘lendo’ as edificantes pinturas. Cenas dos evangelhos eram inspiradoras a piedade.
Também havia pinturas que convidavam à conversão e mostravam os suplícios que podiam ocorrer no inferno. Quando li o comentário que transcrevi acima, pensei em oferecer a seguir algumas conhecidas representações do pecado de Eva e da expulsão de Adão e Eva do paraíso. As cenas estão no Gênesis (na cosmogonia judaico-cristã) e na 2ª surata (a vaca), no alcorão daqueles de fé islâmica. Elas estão a seguir sem comentários. Vale encarnar-se em leitores há 500 anos.

terça-feira, 24 de junho de 2014

24.- CRIACIONISMO BANIDO DE ESCOLAS INGLESAS


ANO
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 2814


Recebi neste domingo um precioso alerta de um aluno de Teorias do Desenvolvimento Humano do Centro Universitário Metodista do IPA que precisa ser muito amplamente socializado. O Luiz Fernando Noguez da Silva, catalisado muito provavelmente pela discussões que fizemos em aula do Manifesto da Sociedade Brasileira de Genética (transcrito neste blogue em 28 de junho de 2012) acerca de criacionismo e evolucionismo enviou-me notícia que está em    http://www.huffingtonpost.co.uk/ 2014/06/19/ british-government-bans-creationism-schools_n_5511010. html?utm_hp_ref=uk o governo britânico bane o ensino do criacionismo.
Primeiro algo acerca da fonte: The Huffington Post é um portal de notícias e agregador de blogs estadunidenses lançado em 9 de maio de 2005. Em setembro de 2011 foi anunciada a versão brasileira do The Huffington Post, o primeiro da América Latina, e o sexto criado fora dos Estados Unidos, atrás apenas da versão britânica, canadense, espanhola, francesa, alemã e italiana.
A notícia trazida pelo Fernando Noguez está na versão britânica com esta manchete e com a ilustração que reproduzo:
GOOD NEWS FOR EVOLUTION; BAD NEWS FOR CREATIONISM
Governo britânico bane finalmente criacionismo em escolas e The British Humanist Association (BHA) que pleiteava esta decisão desde 2011 felicitou o governo dizendo: "[Nós] acreditamos que os objetivos da campanha estão amplamente atendidos".
A BHA, no entanto, alerta que existem outras áreas alvos de preocupação, por exemplo, o grande número de estudos em escolas infantis criacionistas ainda financiados pelo governo, ou a inspeção inadequada das escolas criacionistas privadas; é necessária vigilância contínua no setor de financiada pelo Estado.
A nova realidade britânica, diz o The Huffington Post, está em contraste gritante com o que está acontecendo em escolas dos EUA. No início deste ano, foi denunciado que contribuintes financiam escolas particulares entre as quais se inclui    "centenas de escolas religiosas que ensinam Terra tem menos de 10.000 anos de idade, Adão e Eva passeava no jardim com os dinossauros formando uma teia de mentiras com grande parte da moderna biologia, geologia e cosmologia"
A mesma fonte destaca: “O movimento, que veio em um documento pouco notado na semana passada, marca uma vitória significativa para os ativistas seculares, que por muito tempo lutaram para garantir a liberdade concedida às escolas e academias livres não permite que ideias religiosas a ser ensinado nas aulas de ciências”.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

23.- ROSE MARIE MURARO (1930-2014)


ANO
 8
MORREU ROSE MARIE MURARO
1930 — 2014
EDIÇÃO
 2813


Havia pautado falar hoje acerca da Noite das fogueiras. Tenho evocações desta noite da vigília da festa de São João. Há razões: minha infância e juventude foi em Montenegro, cujo orago é São João Batista. Véspera de feriado, kerb e fogueiras marcavam esta noite de 23 de junho. Mas evocações são preteridas. Na madrugada de domingo uma notícia que nos entristeceu.
Morreu Rose Marie Muraro — um dos nomes mais significativos do movimento feminista no Brasil. Certamente foi uma das escritoras mais importantes no meu aprendizado acerca das discriminações impostas as mulheres e foi fonte de inspiração muito significativa quando escrevi o livro A Ciência é masculina? É, sim senhora!
Ela faleceu neste sábado, aos 83 anos, em consequência de problemas respiratórios. Há cerca de 10 anos era vítima de câncer na medula óssea e, desde o dia 12 deste mês, estava na CTI do Hospital São Lucas, em Copacabana. No dia 15, entrou em coma e acabou acometida por uma infecção. Foto de Márcia Foletto /28-01-1992 em www.oglobo.com
Rose Marie aprendeu desde cedo a lutar contra as dificuldades, físicas e sociais, com força. Nasceu praticamente cega, e somente aos 66 anos conseguiu recuperar parcialmente a visão com uma cirurgia. Estudou Física, foi escritora e editora de livros, assumindo a responsabilidade por publicações polêmicas e contestadoras.
Em longa carreira como editora, Rose Marie 1.600 livros na editora Vozes e, mais tarde, na Rosa dos Tempos (filiada à editora Record). Recordo, particularmente, quando na década de 70, enquanto fui livreiro em um uma atividade social, mais de uma vez a encontrei na filial da Editora Vozes de Porto Alegre. Mais de uma vez, então, a ouvi encantado.
Ao longo da vida, escreveu 44 livros — como "Os seis meses em que fui homem" (1993), "Por que nada satisfaz as mulheres e os homens não as entendem" (2003) — que venderam mais de 1 milhão de exemplares. Em 1999, ela contou sua história na autobiografia "Memórias de uma mulher impossível".
Recordo, de maneira especial, de uma de suas produções editoriais mais importante: Malleus maleficarum ou O martelo das feiticeiras. Este livro foi durante quatro séculos o manual oficial da caça às bruxas. Foi o documento que validou a decisão de levar milhares de homens e, muito especialmente, mulheres à tortura e a morte. Trata-se de um texto muito importante para a busca de um entendimento da cultura ocidental, especialmente quando se avalizam genocídios - sob entre outros pretextos de mulheres copularem com o demônio - quando era florescente o Renascimento e se formavam as nações modernas. Então, se tornam dóceis e submissos os corpos das mulheres quando se iniciava a era industrial. Vale referir, que mesmo que Malleus Maleficarum tenha sido escrito pelos inquisidores em 1484 e abençoado no mesmo ano em bula do Papa Inocêncio 8º, em seu primeiro ano de pontificado, no Brasil é editado nos anos 90. A Editora Rosa dos Tempos contemplou a edição brasileira com uma cuidadosa introdução histórica de Rose Marie Muraro.
O teólogo Leonardo Boff trabalhou ao lado de Rose Marie entre os anos 1970 e 1984, na teologia da libertação na editora Vozes, de onde foram afastados de seus cargos pelo Vaticano. Motivo: a defesa da teologia da libertação, no caso de Boff e a publicação, por Rose, do livro Por uma erótica cristã. Para Boff, Rose Marie estabeleceu inovações analíticas "sem precedentes" sobre o estudo da mulher. Parte significativa de seus estudos foram reunidos no livro "Sexualidade da mulher brasileira: corpo e classe social no Brasil" (1996), considerado um clássico.
“Ela introduziu a questão da classe social no estudo de gênero, ela foi a primeira mulher a estudar de forma sistemática a sexualidade da mulher brasileira a partir da situação ou classe social — diz Boff. — Ela inaugurou esse discurso, nem Freud ou qualquer analista europeu atingiram esse ponto. Tudo isso foi resultado de uma ampla e minuciosa pesquisa de campo”.
Juntos, Rose Marie e Boff assinaram, em 2002, o livro "Masculino / Feminino", onde investigaram juntos a relação entre os gêneros. Boff diz “A Rose elevou a questão do gênero a um novo patamar, pois não considerava o masculino e o feminino como realidades que se contrapõem, mas como instâncias fundamentais, onde cada um é completo em si, mas voltado para o outro, numa relação de reciprocidade e construção conjunta.
E, meio ao lamentar a perda, foi bom, nesta tarde de domingo, quando se realizava atos de despedida em cemitério no Rio de Janeiro, manusear alguns livros de Rose Marie Muraro. Esta é uma sentida homenagem a esta mulher excepcional. Obrigado, Rose Marie, foste importante para muitos de nós.

domingo, 22 de junho de 2014

22.- BLOGUE COM POESIA


ANO
 8
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 2812

Neste primeiro domingo de inverno, um convite para poetar. Este blogue tem o privilégio de ter entre seus comentaristas um poeta. Há uma época eram limeriques. Em tempos mais recentes, sonetos. 
Na semana que passou, assuntei diferentes temas. Na terça-feira, comentei a vitória da direita nas eleições do Parlamento Europeu e, ante, as falas de alguns próceres, temi pelas eleições presidenciais no Brasil. Na quarta comentei sobre a subtração de leitores do blogue feita pela Copa. 
Entre os comentários às duas blogada, os poemas do Jair Lopes [na foto em Florianópolis, onde reside, capa de seu último livro (fonte: www.jairclopes.blogspot.com.br)], merecem ser catapultados para o texto principal. Houve antes e depois, outros poemas. Por exemplo, aquele com o qual Jair comenta a blogada de ontem (acerca do desaparecimento das lojas reais) merece leitura.
Escolhi dois. Com a eleição destes, agradeço ao autor e desejo um muito belo domingo copeiro a cada uma e cada um.
18.- O TEMPO É INCRIÁVEL
Droit

E a nossa direita? Vai bem, obrigado
“Os mesmos” aproveitam o momento
E pregam volta olímpica ao passado
Assegurando apenas futuro cinzento.

A direita dorme, mas jamais desiste
Fica dormitando na moita enquanto
Aguarda com sua ideologia em riste
Para no Patropi estender seu manto.

É vanguarda do retrocesso veja você,
Que para vencer presidencial eleição.
Uma direita que traz de volta efeagacê
Apoiando Aécio Neves uma abstração.

Votemos portando nesse peessedebê
Para que a vaca vá pro brejo da nação.
Go, Chassot!

Pois pelos demais não respondo eu
Se eles trocam jogo por qualidade
Se assim é por certo algo se perdeu
Talvez em nome da mediocridade.

Continuo lendo blogues preferidos
Independente de qual jogo na tevê
Blogues pode até não ser divertidos
Mas me deleito no blogue de você.

Muitas vezes, comentários não faço
É que pouca inspiração não me vem
Contudo acompanho passa-a-passo
Porquanto sei que bom conteúdo tem.

Chassot então continue no seu traço
Portanto ignore quem perdeu o trem.