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sexta-feira, 30 de abril de 2021

30ABR2021 *** Agora, é a hora e a vez de poetar


 

 ANO 15

Agenda de Lives em página

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EDIÇÃO

3716

 

Já estamos na última edição aprilina. Amanhã já é maio. Já estamos no 17º mês de pandemia.

A edição de despedir abril, liminarmente pode ser considerada acanônica. Não obedece à ortodoxia de meus blogares. Abandona-se o prosear escorreito por um poetar inédito em quase 15 anos neste blogue. O ineditismo do gênero camoniano, aqui, não é por não apreciação do mesmo. É por eu ser incapaz de tece-lo.

Na aula de ontem, que ministro no doutorado do Educimat do IFES, em Vila Velha, que compartilho com a Marcia e Manuella, tivemos uma surpresa: o doutorando José Ramos de Sousa surpreende e encanta a todos com um poema de sua lavra que a meu pedido se faz ofertório aqui:

SER INDISCIPLINA(DO)

 

Da disciplina à indisciplina

Um movimento histórico ao contrário

Para romper com um conhecimento que é fragmentado

É ser indisciplina (do)

É fazer a rebeldia da epistemologia.

 

É trazer para o dia - a dia o recado Papal

De sair da Palavra

Para a ação do cuidado

Cuidado com o que há de mais sagrado

Que é o lugar por nós habitado

É fazer de nossa ação

Bases de uma nova civilização.

 

O recado é pensar diferente

É entender

Que como Linguagem

A ciência é coisa feita por gente.

 

Pela História

Temos muitas revoluções

Com rupturas paradigmasticas

Desde a Copernicana

Que muitas certezas

Vão ficando para trás.

 

E agora

Uma nova transformação

Se faz necessária

Um novo Paradigma começa

A nascer.

Da disciplina à indisciplina do saber.

Um caminho que se faz

E se faz por muitas mãos.

 

No contexto atual

Com tanta transformação

E novas realidades presentes

Bombardeada por tanta informação

A Escola Mudou

Ou foi mudada?

 

Romper com os muros da disciplinação

É transgredir as fronteiras

E avançar  no caminhar da transdisciplinaridade

Para chegar a (In) disciplina.

 

Mas

Como é possível

Um Prefixo

Causar tanta confusão

A ponto  ser uma revolução.

 

Ser Indisciplinar é

Atravessar

E se deixar atravessar indefinidamente

É ser curioso

É ser curiosa

Ter a paz como propósito

Exercer a dimensão do cuidado

É reencontro

Mesmo em tempos pandêmicos

É colaborar com a construção

De um mundo melhor e mais justo

É ousar sonhar

É levar perfume de esperança.

Domingo, 25 de Abril de 2021

Fazer lembrança do dia da Revolução dos Cravos.

 

 

Poesia elaborada com base na palestra Da disciplina à indisciplina do Mestre Chassot realizada no dia 15/04/2021 de forma virtual no Programa de Doutorado em Educação, Em Ciências e Matemática – Educimat.

Autor: José Ramos de Sousa 

 

Assistente Social INSS; Professor de Letras Português;

Mestre em Ensino de Humanidade – PPGEH - IFES

Doutorando Em Educação, Em Ciências e Matemática – Educimat – IFES.

sexta-feira, 23 de abril de 2021

23ABR2021 *** Uma sumarenta celebração do DIA DO LIVRO


 

 ANO 15

Agenda de Lives em página

www.professorchassot.pro.br

EDIÇÃO

3715

Chegou uma sempre esperada sexta-feira. Ou para usar um neologismo: Sextou! E em meio a uma agenda para dar conta de produção de textos e responder a avidez dos orientandos há que publicar, nas sextas-feiras, a blogada de cada semana. Uma nota lateral acerca de um substantivo passível de interpretação equivocada: avidez não significa apenas voracidade (Sofreguidão do comer; apetite devorador) mas também: desejo ardente. Com esta nota salvei a barra com meus orientandos.

Há algumas edições que não comento minhas aulas e minhas lives. Aquelas na UFPA que compartilho com a Sílvia e in memoriam com o Licurgo ou as no IFES com a Manuella e Márcia, esta semana tiveram recesso por feriado nacional. Quanto as lives, a de ontem à noite, na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia foi memorável. A tese desenvolvida, então: a Alfabetização Científica — ser capaz de ler o mundo por meio da linguagem que a Ciência o descreve— é uma questão moral. A Alfabetização Científica é uma assemblage de diferentes alfabetizações: alfabetização geológica, alfabetização matemática, alfabetização geográfica, alfabetização musical, alfabetização astronômica, ou ainda, alfabetização em idioma(s) estrangeiro(s) etc. todas estas pré-requisitada por uma alfabetização digital.


Mas cesse tudo que musa antiga canta, que outro valor mais alto se alevanta (Camões! obrigado) hoje é o dia do livro. Há que cantar loas para este artefato cultural tão querido e tão curtido. Talvez, o companheiro mais solicito nestes cruentos dias pandêmicos.

É claro que a data não se correlaciona com o mítico São Jorge também cultuado neste 23 de abril. A data é uma reverência a duas muito significativa efemérides ocorridas em 23 de abril de 1616 na qual se diz ter nascido em Stratford-upon-Avon, William Shakespeare e ter falecido Miguel de Cervantes Saavedra em Madri, Espanha. Uma e outra das celebrações são preciosas para homenagear o livro.

Pensei muito que livro escolher para celebrar a data. Um dos livros preciosos que a pandemia me agraciou (que leio e releio e o faço com sofreguidão) é Palomar de Ítalo Calvino. É cereja do bolo de minhas leituras. Resolvi, entretando, privilegiar a prata da casa.

Por fazer conexões com o tema que foi central na live de ontem, nesta dia do livro dou destaque a "Iniciação Científica em Ciências da Natureza na Educação Básica: abordagens, teorias e práticas".

Nesta terça feira recebi este release: Convidamos todos os professores, pesquisadores, estudantes e demais interessados a desfrutarem da obra organizada pelos professores-pesquisadores Keiciane Canabarro Drehmer-Marques (UFSM), José Francisco Zavaglia Marques (UFRGS) e Sebastião Rodrigues-Moura (IFPA). A obra foi prefaciada por Attico Chassot “Alfabetização Científica: uma questão moral” e contém a colaboração de diversos professores, pesquisadores e estudantes brasileiros. Explore as experiências das atividades de Iniciação Científica referido para o ensino de Ciências da Natureza na Educação Básica expressas no livro.

Acrescento, ainda, a esta informação que sou coautor, com Uiara Mendes Ferraz de Pinho e Rafael Cordeiro Rodrigues, de Sobre fazer a iniciação científica: narrativas docentes e multidisciplinaridade no contexto amazônico um dos 21 capítulos.

ISBN 978-65-88362-77-8 DOI: 10.46550/978-65-88362-77-8

Editora Ilustração (2021) | 427p. Acesse e baixe gratuitamente: https://www.editorailustracao.com.br/livro/iniciacao-cientifica-em-ciencias-da-natureza-na-educacao-basica

E uma vez mãos loas ao livro no seu dia. Convite para nos lermos, em um novo sextar para encerrar abril.

sexta-feira, 16 de abril de 2021

16ABR2021 *** Laudato Si’: uma encíclica profética

 

Já contei: Um dia desses eu cheguei no meu prédio e o Alessandro, funcionário da portaria, disse: ‘Laudato si' professor!’ Fiquei comovido. Ele ouve as minhas lives”


Minha ligação com a Encíclica Laudato Si' se fez forte há quase 6 anos, desde 18 de junho de 2015, quando o Papa Francisco a endereça a todos homens e mulheres de boa vontade. Há época eu era professor no Centro Universitário Metodista IPA, em Porto Alegre. Propus, e foi acolhida minha pretensão, que aula inaugural dos mestrados do segundo semestre (Agosto de 2015) do CUM IPA fosse sobre a encíclica. Nas licenciaturas eu lecionava uma disciplina acerca de cuidados ambientais e trabalhamos produtivamente Laudato Si’. Parecia que encíclica tinha sido escrita para a disciplina comentavam os alunos. No Mestrado Profissional de Recuperação e Inclusão eu compartilhava, nas manhãs de sábados, um seminário com o Prof. Dr. Jose Clovis Azevedo. Estudamos a encíclica em alguns encontros.

Há época, em palestras em vários estados do Brasil, usei a Laudato Si para catalisar discussões acerca do cuidado de nossa casa comum. Destaco nessa situação Macapá, capital do Amapá, onde fui convidado pelo IFAP dar um minicurso acerca da Encíclica Laudato Si'.

Em julho de 2019, se completava meio ano do governo do atual presidente da República, marcado por muito significativo agravamento de violações à proteção ao ambiente natural, por todo pais, mais especialmente na Amazônia. Às minhas atividades profissionais, há mais de sete anos na Rede Amazônica de Educação em Matemática e Ciências, se aditou em 01/01/2019, ser Professor Visitante Sênior na Unifesspa, campus Marabá PA. Fiz da Encíclica Laudato Si', a partir de agosto de 2019, uma vez mais, um antídoto às agressões que sofre, particularmente na Amazônia legal brasileira, meu mais extenso lócus de atuação profissional.

A partir da segunda quinzena de março de 2020, na convivência com a pandemia, os descalabros com os cuidados do Planeta se agravaram ainda mais, especialmente no Brasil e neste de maneira mais grave na Amazônia. Houve uma reunião ministerial (quase pornográfica) em 22/04/2020, que por outras razões foi judicialmente tornada pública, na qual o Ministro do Meio Ambiente afirmava que se deveria aproveitar as atenções da população estarem voltadas ao Coronavírus e abrir as porteiras e terminar com quaisquer impedimentos protecionistas.

Não é novidade que a política ambiental do governo Bolsonaro é literalmente devastadora. De acordo com o Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), março deste ano, foi o mês mais destrutivo na Amazônia desde que o monitoramento iniciou em 2015. Além disso, Ricardo Salles segue passando a boiada, reduzindo ainda mais a autoridade de fiscais e facilitando a vida dos infratores. Aliás, a queda do diretor da PF no Amazonas que denunciou Salles nesta semana ao STF por defender madeireiros é prova de que a impunidade aos desmatadores está garantida. O ministro Ricardo Salles, como se estivesse num leilão, diz estar disposto a cumprir as metas de combate ao desmatamento desde que paguem US$ 1 bilhão ao Brasil. A questão ambiental é cara à imagem do imperialismo civilizado do governo Biden e o Brasil está no centro dos debates da Cúpula do Clima convocada pelos estadunidenses para a próxima semanaEste parágrafo, para sua redação teve como fonte a Ponto Newsletter: a informação sem ruído desta sexta-feira, 16 de abril.

Cabe, aqui e agora, narrar como, desde agosto de 2019, em todas as minhas palestras e agora já em mais de uma centena de lives uso a Laudato Si como antídoto a políticas do Ministério do Meio Ambiente e do Ministério da Agricultura. Tenho um menu (de uma meia dúzia de títulos temáticos) que, em uma grande síntese, se traduz por ações que fazem da Alfabetização Científica, um mentefato cultural que alimenta a utopia de fazer que mais homens e mulheres sejam parceiros na busca de um Planeta mais justo.

Qualquer um dos títulos temáticos é inserto entre um prólogo (de cerca de 10 minutos) e um epílogo (de aproximados 5 minutos). Tanto a abertura quanto a clausura têm com substrato a Laudato Si`.

Aqui, ao lado da valorização do conteúdo se busca destacar o não proselitismo da fala e, se for o caso, o respeito a laicidade da instituição que me acolhe. Eu me declaro não pertencente a Igreja do Papa, nas destaco o valor cientifico do documento.

Comento que na Laudato Si há 187 páginas, em seis capítulos, com 246 parágrafos numerados para facilitar a citação e 172 notas de hipertextos, disponível em diferentes idiomas, no site do Vaticano, com recursos acessórios, vídeos e áudios.

Esta síntese é explicitada de maneira intensa em apenas uma última interrogação que encerra cada uma de minhas falas: com as propostas trazidas, nas quais parecem ser exigências ser curiosa / ser curioso, assumir posturas indisciplinares, ter a paz como propósito e cuidarmos de nossa casa comum, cada uma e cada um de nós vai fazer a diferença... enquanto mulheres e homens envolvidos neste (re)encontro (con)vivendo em tempos pandêmicos de (d)esperanças, quais são os nossos propósitos para colaborarmos para a construção de um mundo melhor e mais justo?

 

sexta-feira, 9 de abril de 2021

09ABR2021 *** Alfabetização digital, uma questão moral


 

 ANO 15

Agenda de Lives em página

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EDIÇÃO

3713

 

Parece que o 2021 começou... Já teve carnaval (mesmo que apenas nominal). Já houve a Páscoa. O plenilúnio (palavra com sonoridade ímpar que traduz um fenômeno astronômico que não raro no embriaga no mundo da lua). Na academia começa o 2021/1. E o 2020 agora já aparenta ser o ano passado labelado com as marcas da vacuidade.

Há não muito, de maneira usual, dividíamos os humanos em analfabetos e alfabetizados. Estes, enquanto alfabetizados na língua materna, eram — de maneira usual — qualificados como capazes de saber interpretar (ou ser capazes de redigir) um bilhete ou ser um leitor de um livro. Também, aqui se pode falar em múltiplas alfabetizações além da usual no idioma de berço: alfabetização científica, alfabetização matemática, alfabetização geográfica, alfabetização musical, alfabetização astronômica, ou ainda, em idioma(s) estrangeiro(s) etc. Talvez, pudéssemos afirmar que a Alfabetização Científica — na acepção de ler o mundo por meio da linguagem que a Ciência o descreve — se faz numa assemblage de diferentes alfabetizações.            

Mais recentemente, depois de milênios usando múltiplas linguagens escritas, incorporamos às nossas habilidades a alfabetização digital. Nesta especificidade, de maneira mais recorrente, caracterizamos três estratos: os nativos digitais, os imigrantes digitais e os alienígenas digitais.

Hoje, de vez em vez, encontramos situações nas quais avós se socorrem dos netos em múltiplos fazeres, nos quais são inábeis, como por exemplo, na operação de smartphones. Há crianças (e também adolescentes) que jamais escreveram com um lápis ou com uma caneta. Há os que nunca usaram suporte papel para escrever um bilhete ou uma carta ou mesmo para a redação de um trabalho escolar.

Há situações nas quais nativos digitais (= nascidos no século 21, parece ser uma adequada cronologia) se comunicam por escrito prescindindo inclusive da língua materna. Diálogos — usando apenas emojis* — podem oportunizar uma frutuosa comunicação entre nativos digitais.

Um grupo, muito mais numeroso que o anterior, são os imigrantes digitais (= a imensa maioria dos nascidos no século 20) que em suas vidas foram (por muitos anos) analfabetos digitais, mas — não raro, com árduo aprendizado — deixaram de ser alienígenas e ingressaram na tribo dos nativos digitais. Muitos fizeram essa transição sem sotaques, inclusive, com a trazida de suas habilidades, enquanto estrangeiros, e aportaram riquezas ao universo digital. Esta migração também foi/é muito ampla. Há aqueles que são (quase) do paleolítico, pois foram alfabetizados em uma pedra de ardósia escrevendo nela com uma estilete da mesma pedra. Há cerca de um quarto de século escrevi um texto** no qual narrei, então, os meus cinquenta anos de meu escrevinhar, iniciado em uma lousa de ardósia, emoldurada em madeira, muito semelhantes — no formato físico    e em tamanho — ao atuais tabletes.

Há um terceiro grupo: os alienígenas digitais. Este é um grupo muito numeroso e, muitas vezes, invisibilizado. A maior parte daqueles que não ‘usam’ dos recursos do mundo digital, são, cada vez mais marginalizados no hodierno. Por exemplo: são incapazes de usar os mais comuns meios de transportes urbanos. pois não conseguem operar um aplicativo (um dos ícones do mundo digital). Nestes tempos pandêmicos os alienígenas digitais foram/são cada vez mais excluídos também pela inabilidade no ensino remoto. É importante mencionar que no mundo da Educação a exclusão ocorre, de maneira significativa, pela impossibilidade de acesso a hardwares necessários para acessar as ‘benesses’ do mundo digital. Vale registrar dentre os diferentes hardware nenhum é de uso tão exclusivo quanto o smartphone. A propósito: tu já emprestaste o teu para alguém?   

Hoje há que lutarmos para ensejar a migração dos alienígenas digitais para fazê-los imigrantes digitais. Assim, como ninguém discorda que se faça campanhas de alfabetização na língua materna temos que acolher, como uma questão moral, os alienígenas e fazê-los imigrante digitais. Quando alguém imigra para um pais que tem um Idioma diferente, o que busca aprender por primeiro.

A cada dia chegam centenas de migrante a nosso convívio que ainda são analfabetos digitais. Há que alfabetiza-los. Há que faze-los migrantes digitais (como nós, a maioria dos leitores deste texto). Há que ensejar a muitos as benesses ofertada por esse (quase mágico e) fantástico mundo digital.

[1] * Emojis — originados no Japão — são ideogramas e smileys usados em mensagens eletrônicas e páginas web, cujo uso está se popularizando para além do país. Eles existem em diversos gêneros, incluindo: expressões faciais, objetos, lugares, animais e tipos de clima.

[1] ** CHASSOT, Attico. Sobre o ferramental necessário para o trabalho de escrever. Estudos Leopoldenses, v.32, n.148, p.37-55,1996.

sexta-feira, 2 de abril de 2021

02ABR2021 *** Por um sumarento tríduo pascal


 

 ANO 15

Agenda de Lives em página

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EDIÇÃO

3712

 

Talvez devesse abster-me de blogar neste 02 de abril. Venho de uma tradição na qual em sextas-feiras santas não eram permitidos trabalhos servis. Minha mãe não varria a casa, meu pai não tocava em ferramentas; martelos eram escondido a vésperas (estes foram usados para pregar Jesus na cruz), minha avó não ordenhava vacas, nós não podíamos sequer assoviar, as emissoras de rádio só tocavam músicas clássicas (como se nominava as músicas eruditas), onde réquiens tinham primazia.

Para poupar-me transgressões não vou tergiversar com um presidente que diz que ele não precisa de vacinação. Vou ficar na minha, como se dizia em antanho.

Mais de um ano em uma quilométrica quarentena não é algo trivial. Nos fazemos cultores de (a)fazeres nunca dantes praticados. Por ora, não sei o que é mais prazerosos: depois de extensa jornada na cozinha, coroar o feito com o passar um pano úmido pelo chão ou fazer uma live para milhares de participantes.

De vez em vez, parece que estou mais (des)atento. Quando uma pequena lagartixa espia no canto do monitor o que escrevo parece menos exótico que ver um casal de urubus fazer uma parada na pérgola para descanso de voo, que provavelmente é longo, pois exige pausa.

Não raro, cometo gafes. Confundo o real com o virtual. Olho na agenda. Tenho marcado uma entrevista com pessoa de distinção. Há que dar uma ajeitada na sala e não vestir roupa de ‘andar em casa’, com qual dou palestra para centena de pessoas. Já tomei banho e coloquei loção porque tinha recepção de gente especial.

Situações que mais me embaralham são aquelas que envolvem marcação de tempo. 2020, de maneira mais usual, não é o ano passado. 2019 se parece mais com o ano passado. Qualquer dia de segunda a quinta-feira parece sempre véspera de sexta-feira. Tempos geridos pelo deus Cronos são menos apetitosos se comparados com cuidados pelo deus Kairós.

Depois deste preludiar trago algo do diário do mestre escola. A segunda edição de uma Semana Santa em quarentena fê-la um pouco obliterada, muito cruenta. Encerramos o 13º mês pandêmico com recordes péssimos em todos indicadores que informam acerca destes tempos viróticos. O ponto facultativo de ontem cancelou as aulas de quintas-feiras no IFES e o encontro (com culpa) com orientandos na Unifesspa. Sílvia e eu preparamos as aulas que vamos partilhar na UFPA. Com os colegas da Unipampa avançamos a terminação do Festschrift.


Depois de um janeiro e fevereiro com 1 + 2 lives, em março, uma reabilitação: nove (distante da média de 2020). Destas, duas no mesmo horário (pois houve gravação prévia), superaram 12 mil visualizações.

Que na contemplação do plenilúnio que marca o início do ano lunar pascal se vivifiquem os votos expressos no card!