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sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

26.- Fazendo tessituras com retalhos de emoções



ANO
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EDIÇÃO
3335



Esta edição se assemelha a um patchwork. A semana foi/é tão (ex)(in)tensa que não sei muito bem como juntar ‘alguns retalhos de emoções’. Tento algo acronológico.
A esperada quarta-feira, 24 de janeiro, com o acachapante 0 X 3 provindo daquele inenarrável bastião bélico, que descrevi na edição anterior de maneira incompleta, pois não referi a presença de forças navais, ou melhor fluviais, desde que se considere o Guaíba um rio. Também aprendemos que pensamento mágico não desata enlaces conchavados de uma trindade de juízes.
Nunca um tríplex no Guarujá foi tão valorizado. Compare-se apenas imóveis de dois ex-presidentes contíguos: “O ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso é proprietário de um apartamento de luxo no mais luxuoso bairro de Paris, na Avenue Foch, ao lado dos Príncipes de Mônaco e sheiks árabes, avaliado em 11 milhões de euros, mais um apartamento em Nova Iorque, dois em bairros nobres de São Paulo, um na Zona Sul do Rio de Janeiro, área nobre, e mais um fazenda de 1 046 hectares, no município de Buritis(MG), com um aeroporto dentro, com pista maior que a do Aeroporto Santos Dumont, que serve à ponte aérea Rio-São Paulo, graciosamente construído pela empreiteira Camargo Correa, que no governo FHC ganhou praticamente todas as licitações para as obras públicas em Brasília. Cálculos modestos apontaram que para ter este patrimônio de maneira lícita, FHC teria que ter presidido este país, acumulando os salários de presidente e de professor, por mais de 200 anos, e me ative ao registrado e assumido pelo ex-Presidente, sem considerar as contas e empresas offshore descobertas pela PF e Banco Central, em paraísos fiscais, a partir de denúncias vindas do exterior (Francisco Costa, em Carta aberta ao judiciário brasileiro, 24/01/2018; agradeço ao meu colega Enzo Fagundes, que de seu Uruguai, me enviou a carta referida). E de FHC não se confisca o passaporte!
Ainda estava em retorno de Goiânia, quando recebo do escritor Élcio Mário Pinto, que foi coautor comigo da blogada anterior, um desconsolo a algo inconsolável: “Sinto dor pelo nosso povo, até pelos jovens que defendem a prisão de Lula e a volta dos militares ao Poder. Que dor por uma terra tão promissora como a nossa! Que dor pela nossa gente, de novo, manipulada e sem provas! Que dor pelo tempo histórico registrando injustiças de elites! Hoje, estou assim, meio acabrunhado e macambúzio. Inteiramente inconformado e tristemente, desesperançado”.
E por falar em Goiânia, registro a lição que recebemos dos estudantes que organizaram o XXXVI Encontro Nacional de Estudantes Química. Sem um centavo de agências financiadoras, fizeram um dos encontros de estudantes mais organizados e produtivos que participei. Personalizo no acadêmico da UEG Brendo Washington a minha admiração. Sou sensibilizado pelo acarinhamento recebido dos meus colegas de Goiânia e também aqueles que como eu eram convidados. Destaco a gratificação recebida com o memorável encontro com as colegas Maria Angélica e Danila de Inhumas.
Os breves dias de estar em Porto Alegre foram poucos para preparar a próxima semana que terá três dias, com cinco encontros com cinco grupos com mais de 1.300 professores, da rede de Educação Básica da Secretária Municipal de Educação de Cuiabá. Estou como um menino em véspera do passeio anual do Escola. Sinto-me desafiado.  

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

19.- Para apascentar esperança na justiça

ANO
 12
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EDIÇÃO
3334


Forno Alegre é um heterônimo de Porto Alegre nesta época do ano. Mas neste 2018 ao calor abafado se juntou algo feio, ou melhor enojadiço: parecemos uma praça de guerra ou um sítio militarizado.
Numa região da orla do Guaíba, próximo onde está um prédio que acoberta uma sigla que até ontem se desconhecia, mas que agora luz qual novo astro sideral: TRF-4, há um inenarrável bastião bélico. Desde a modesta Guarda Municipal em suas bicicletas à aparatosa Força Nacional em luxuosos carros, há diversos extratos policiais, que incluem atiradores de elite com fuzis com miras telescópicas no alto de prédios e cães que parecem sedentos por abocanhar. Isso a quase uma semana do 24 de janeiro pré-diagnosticado como trágico pelos ficcionistas que adulam o nababo Presidente temeroso.
Diversas repartições públicas encerrarão o expediente ao meio dia de terça-feira, para retomarem na quinta-feira — se os vândalos lulistas, ao fugirem da sanha do MBL, não tiverem arrasado tudo como preveem os aduladores do Presidente golpista.
Este julgamento escabroso ressuscitou o MBL. Os últimos panelaços foram em agosto de 2016 para ajudar a derrubar a Presidenta Dilma. Bem-sucedidos, pararam. Devem estar muito contentes com golpista que ajudaram instalar na presidência.
Todos sabem o porquê, mas ninguém, em sã consciência, é capaz de justificar este carnaval tragicômico.
 Pede-se, além de justiça no julgamento, tolerância aos dois lados. Não cabe, por maior que seja a sanha persecutória, uma guerra civil. Mas, eu...
... serei um privilegiado. Só chegarei a Porto Alegre ao anoitecer do famigerado 24 de janeiro, quando se espera
os ânimos estiverem acalmados e sonho que a justiça esteja consagrada por não punir alguém sem provas.
Estarei desde segunda-feira no 36º Encontro Nacional dos Estudantes de Química — XXXVI ENEQUI — ocorrerá na Pontifícia Universidade Católica (PUC), em Goiânia, GO nos dias 21 a 27 de janeiro de 2018. Com o tema "Química, recursos do presente se adaptando ao futuro" cerca de meio milhar de graduandos, pós-graduandos em Química ampliarão sua formação partir de quatro palestras, três mesas redondas, vinte minicursos e várias outras atividades culturais.
O ENEQUI vem sendo realizado desde 1981. Em sua primeira edição na UFMG, pouco mais de 30 estudantes e profissionais participaram do evento. O ENEQUI é um evento anual organizado pelos estudantes de química, que tem por objetivo integrar alunos de química, áreas afins, de todo país, sejam de ensino médio, superior ou pós-graduação.
Eu ministrarei um minicurso nas tardes de segunda e terça feiras acerca de como a História da Ciência pode catalisar ações indisciplinares. Na tarde de quarta tentarei responder ao interrogante: O que é Ciência, afinal? em uma das quatro palestras do evento.
Quando escrevia esta edição, recebi de meu amigo Élcio Mário Pinto, reconhecido escritor paulista, que acerca de um ano, com seus comentários, agrega valor a este blogue, uma mensagem com este título: SUSTO, PREOCUPAÇÃO E TRISTEZA. Convidei-o para trazer um excerto de suas reflexões aqui. Eis sua seleção:
O Congresso não tinha moralidade, decência e provas para fazer o que fez com Dilma. E alguém me diz: - Mas, ela era mal-educada. Ora, não era a educação no trato e na convivência que estava para ser julgada. A situação foi tão vergonhosa que a população continua sem saber, mas aprendeu a acusar, condenar e executar. É o mesmo "circo" dos "bons e gloriosos" tempos romanos.
E agora, com Lula, as coisas se repetem.
Estou tão abatido e tão envergonhado, que não tenho forças para gritar ao nosso povo: POVO QUERIDO, VOCÊ ESTÁ SENDO ENGANADO, DE NOVO!


sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

12.- Das minhas (in)capacidades


ANO
 12
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EDIÇÃO
3333



Primeiro, celebro que esta segunda edição januária coincide com este excepcional capicuio. Outro parecido só acontecerá dentro de mais de três anos, se as edições ainda fossem diárias. Vivemos um janeiro que ainda não chegou a metade, mas se faz vagaroso. Parece que espera sofrida do dia 24 é apascentada por cágados.
Na manhã desta sexta tudo parecia dar certo. Antes das 8 horas já tinha retornado de uma exitosa consulta, há longo tempo agendada na RFB. Vi hoje que muitas vezes no temor do leão é infundado.
Compensações de tensões vieram a seguir. Já uso computador há quase 30 anos. Tenho que reconhecer que neste período escrevi muitas vezes mais que no quase meio século anterior. Não consigo imaginar toda a minha produção escrita não fosse este recurso que ora amo de paixão ilimitada e outras vezes abomino. Há situações que ele se compraz em atestar meu parecimento com um jumento.
Vivi hoje uma sequência de humilhações. Primeiro, sem querer cedi a uma mensagem que desde o começo da semana me importunava. É preciso reiniciar seu computador para garantir a integridade de sua proteção antiviral. Por não seguir a ordem, de vez em vez vinha uma mensagem: “Um terrível vírus foi detectado”.
Cedi as ameaças e por mais de uma hora tudo que via era: “Seu computador esta sendo atualizado! não desligue!”. Meia manhã a operação foi dada como terminada.
Acesso o primeiro texto, sôfrego de transferir ao disco rígido as elucubrações que numa madrugada insone acumulara no meu ‘lapKopf’. Agora as páginas ao invés de correrem na vertical, como sempre ocorrera em toda minha venturosa faina de escrevinhador, corriam na horizontal e o número de página de cada documento era multiplicado por quatro. Custei, mas bravamente achei solução. Era um vitorioso que descobrira sozinho o caminho. Felicitei-me.
Ilusão. Agora toda vez que queria escrever algo em um texto recebia uma mensagem: Esta edição é apenas de leitura, você não está autorizado a alterar! Assim eu não era dono de nenhum dos meus arquivos em Word. Pesquisei. Fiz muitas buscas. Nada. Todos os meus arquivos eram invioláveis. Depois de mais de meia hora de apavoramento telefonei para uma de minhas filhas. A Clarissa disse: “Dá um esc!” Vivas! tudo se resolveu. Obrigado, filha. Não tinha tempo para papos. Precisa escrever. Agora podia finalmente digitar nos ‘meus’ arquivos. Senti-me poderoso.
Mais uma ilusão em uma sexta-feira sonhada para ser produtiva. Agora a tecla ‘Insert’ estava habilitada e se fosse mexer em um texto tudo o que escrevia, comia o que antes fora escrito. Menos trágico que as sinas anteriores, mas quem é um péssimo datilógrafo como eu tem a sua produção escrita literalmente comida. Isto é não dá para inserir, só para subsistir. Não dá para transformar camelo em caramelo pela digitação de um ra. Novas pesquisas e alguns consolos. A ‘tecla insert’ no teclado tem a mesma serventia que o apêndice no corpo humano e recebia sugestões de como fazer uma ‘insertomia’. Recebi muitas sugestões. Nenhuma funcionava.
Precisei dar uma saída. Longe da máquina os anjos sopram sugestões. Retorno. Acolho uma sugestão angelical que dantes já me salvou muitas vezes. Reiniciei o computador e voltei a ser feliz. Adoro, de novo, meu computador. Nesta blogada compartilho minha alegria com votos de venturoso fim de semana. E fora a tecla insert. A tentação foi escrever fora temer!

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

05.- Quanto o Google me conhece?


ANO
 12
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EDIÇÃO
3332



Inauguro 2018 contando que na semana antes do Natal escrevia um texto que talvez se transmute em protofonia à 4ª edição do Para que(m) é útil que Editora Unijuí deseja lançar neste 2018. Relia para ajudar-me na tessitura a última fala do ano em Araruna PB que ressoava vibrante: Uma brecha entre o passado e o futuro.
Escrevia, então, que entre um passado ainda quase desconhecido e um futuro que já questiona se devemos batizar robôs há uma pequena brecha, quase uma fenda, onde vivemos um fugaz agora. Há muitas inovações que a rapidação (= ação rápida) faz do futuro um tempo quase presente, sem que percebamos se estas novas realidades descrevem um mundo real ou ainda são uma ficção. Vale evocar algumas poucas: a Geração 4.0; a Internet das coisas; a Indústria da Medicina (por exemplo, dispõem de nano-robôs que viajam em artérias humanas para fazer desobstruções e facilitar o trânsito sanguíneo); os drones (que entregam pizza e que também matam a mando dos Estados Unidos, em guerras onde o país-xerife do Planeta quase sempre intervém); o Uber (que ganha milhões com o transporte de passageiros individuais, sem dispor de automóveis); o Airbnb (maior locador de imóveis do mundo, sem dispor de uma casa ou apartamento); os Professores de aluguel (contratados para dar aulas chamados da mesma maneira que se busca um motorista com um aplicativo); a dezena de aplicativos que somos obrigado a usar, nos quais tudo está algoritmizado, qual a receita de bolo, patrimônio familiar herdado nos fazeres em forno a lenha de nossa avó; e uma nova religião: a religião do dadismo que enriquece coletando dados e depois os vendendo. E nós súditos muito fieis e muito domesticados nos esforçando para fornecer ‘nossas’ informações. Quem de nós têm conta no gmail? Naquela palestra esta pergunta teve resposta sim de quase a unanimidade do auditório de cerca de uma centena de pessoas envolvidas com fazer alfabetização científica.
No dia de Natal, lia um texto que Raphael Hernandes publicara na Folha de S. Paulo que descreve com competência como podemos saber acerca de nossos óbolos, enquanto fieis da religião do dadismo. Ele relata que — em atividade profissional — resolveu pedir ao Google que enviasse os dados que tivesse armazenado sobre ele. Qualquer um pode fazer o mesmo em uma ferramenta (https://takeout.google.com/) que a empresa disponibiliza.
Hernandes conta que no passado, já havia feito algo semelhante em outras plataformas, como Facebook e Twitter. Diz que agora o resultado foi impressionante. A diferença desta vez é ser usuário do Google há muito mais tempo do que de qualquer uma dessas redes impropriamente chamadas de sociais.
Eis seu relato: “Ao fazer a requisição, me perguntaram se eu preferiria dividir os dados em partes de 1, 2, 4, 10 ou 50 gigabytes. Aí já comecei a suspeitar da avalanche que viria. E ela veio. Recebi um mundaréu de arquivos que, juntos, somavam 27,4 GB — equivalente a cerca de 50 mil e-books de ‘Dom Casmurro’. Aproximadamente 15 GB eram o que eu tinha salvo no Google Drive e meu histórico no Gmail. De resto, informações sobre 28 outros serviços da empresa que usei em algum momento: meu histórico de buscas desde 2009, vídeos que procurei e que assisti no YouTube desde 2010, meus contatos, agenda, fotos...Analisar toda essa massa de dados foi como dar uma profunda olhada no espelho, e também me levou ao passado. Ao ver que em 2011 procurei um vídeo sobre a peça "Cyrano de Bergerac", por exemplo, me lembrei de estar no meu antigo quarto, preparando uma aula – na época era professor– na qual eu citaria a obra.”
 também gostos e preocupações que mudaram com o passar do tempo. Encontrei curiosidades esdrúxulas, como quando perguntei ao oráculo "quem é Kim Kardashian" –às 13h37min30s361 do dia 17 de dezembro de 2010. Tudo em um histórico (gigante) de buscas.
Hernandes narra: “O mais divertido foi analisar meu histórico de localização. Tive o trabalho de colocar todos os seus mais de 65 mil pontos em um mapa. Onde eu estava às 13h do dia 19 de setembro do ano passado? A informação consta lá (eu estava na Folha). Meu histórico de localização tem alguns buracos, no entanto. Passei a usar Android no fim do ano passado, que é quando a informação começa a ficar mais frequente. Mesmo assim, há dados desde 2013, o que me leva me perguntar de onde é que tiraram essa informação. Provavelmente vem de acessos ao site do Google e do uso de alguns serviços, como o Google Maps, nos meus telefones antigos”.
O jornalista se dá conta que sabia que tudo isso estava lá porque, em algum momento, eu concordara em ceder todos esses dados à empresa. Em troca, ela lhe entrega serviços que ele considera essenciais e diz respeitar sua privacidade. De qualquer forma, reconhece que é assustador pensar no que podem estar fazendo com essa informação.
Hernandes conclui que há “algo que mostra muito bem quem eu sou, quem eu fui e até quem eu vou ser”.
Se este relato nos surpreende e até assusta, vale recordar que foi referido apenas dados pessoais que fornecemos ao Google. Há cada vez mais uma exigência que tenhamos no Brasil, neste 2018, uma lei de proteção de dados e que estejamos atentos quando marcamos aquele minúsculo xis num quadrículo dizendo: “li e concordo”. Quem, ainda busca propósitos para 2018, há pistas aqui.