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sexta-feira, 29 de abril de 2022

Indisciplinaridade & quem ensina quem?


ANO 16*** 29/04/2022***EDIÇÃO 2044


Esta última edição aprilina encerra o primeiro quadrimestre de 2022 que nos exige a toda hora perguntar a Cronos em qual tempo estamos. Nunca antes precisávamos perguntar se é 2022 ou 2020! É março ou é maio que começa depois de amanhã?  Antes, não acordávamos de uma roubada cochiladinha e nos interrogávamos: já almocei? Parece que Kairós se faz mais presente em nosso cotidiano que Cronos. 

Estas interrogações não ficam obliteradas [(Fazer desaparecer ou desaparecer uma coisa, pouco a pouco, até que dela não fique nenhum vestígio."obliterar", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa)  no meu continuado encantamento com o sumarento mundo das palavras, obliterar me evoca meus tempos de filatelista} quando o esperado ocaso de tempos pandêmicos é declarado por decisões de políticos que querem faturar com decretos prematuros.

Estes interrogantes embalam sonhos em humanos de um amplo estrato: desde o homo Lattes ao alienígena digital. isso me catapulta à blogada da semana passada: Henrique, aluno do curso Técnico de Informática do Instituto Federal da Bahia - IFBA, Campus Jequié BA com um vídeo de seu canal Exatas mais adensou reflexões em minha jornada semanal em três instituições.

É muito emocionante aprender com o menino a quem dei colo nos seus primeiros meses. Na tarde de terça-feira na aula de História e Filosofia da Ciência com a Alessandra,  em Marabá PA na UNIFESSPA no PPGCEM; na manhã de quarta-feira em Belém PA, na UFPA no IENCI no seminário Bases epistemológicas da Ciência com a Sílvia; quinta-feira: em Vila Velha ES IFES EDUCIMAT Tópicos Especiais em Ciências 1 com a Manuella, Ana Raquel e Denise.

Dentre comentários postados por leitores destaco dois: 1) Muito animador ver o jovem Henrique e seu desbravamento pela Ciência. Segue uma pequena contribuição para o debate. Leitura do livro de Keith Devlin "O instinto matemático: por que você é um gênio da matemática [assim como lagostas, pássaros, gatos e cachorros] (Prof. Narciso, coordenador do  PPGCEM na UNIFESSPA]. 2) Henrique consegue trazer história da ciência, neurociência atual, filosofia, sempre evidenciando que a ciência está em construção! Foge das certezas! Muito legal mesmo! Palmas para o Henrique! (Profa. Manuella, coordenadora do EDUCIMAT no  IFES Vila Velha ES.

Encerro com dois interrogantes, já de olhos no maio que se avizinha:

  1. O quanto as blogadas de 22 de abril e a desta sexta-feira concorrem para a ratificação (e ações para alfabetização científica) de uma postura em que se busque transmutar das disciplinas à indisciplina?

  2. O quanto o vetor que transcreve a produção e a disseminação de saberes migra dos mais anosos para os mais jovens agora migra dos jovens aos idosos (a tantas vezes descrição de que em um barco na situação de salvar o velho pai e não o menino  não é mais tão óbvia)? 

Parece que pelo menos vale (re)ouvirmos e (re)vermos o Henrique: Vídeo Exatas mais

sexta-feira, 22 de abril de 2022

Vivemos novos tempos: Jovens ensinam os mais velhos!

ANO 16*** 15/04/2022***EDIÇÃO 2043

Esta quarta edição aprilina 2022 é de concepção inédita. Em mais de 15 anos, em cerca de 2.000 edições, não houve produção com design deste blogar. Pensara em comentar a surreal conceção de graça a deputado que buscara a desconstrução da Democracia! Mas recordo nosso poeta maior: Cesse tudo que a musa antiga canta, pois valor mais alto se levanta

Nesta quarta-feira recebi esta mensagem: Olá, boa tarde Sr. Attico Chassot! Meu nome é Henrique, talvez o senhor se lembre, sou filho de Joelia Martins! Gostaria de saber se o seu renomado e famoso blog pode exibir um vídeo que eu achei sensacional e queria muito que fosse exposto e compartilhado para todos verem! O vídeo é de um canal de exatas, chamado Exatas mais! O link estará esta seguir: Vídeo Exatas mais

Sei bastante bem quem é o missivista (palavra com gosto de antigamente) que se propõe divulgar seu blogue. Lembro que em meus textos mais recentes refiro a novos tempos: a disseminação do conhecimento mudou o vetor. hoje os jovens estão ensinando os mais velhos. Netos, filhos… ensinam a avós e pais. Esta situação é muito nova e está em ascensão.  Vendo o podcast do Henrique se ratifica minha tese. Ontem pedi que se apresentasse aos meus leitores.

Ele respondeu: Meu nome é Henrique Martins Barros, sou estudante do curso Técnico de Informática do Instituto Federal da Bahia - IFBA Campus Jequié-Ba. Recebi menção honrosa na Olimpíada Nacional de Ciências 2020(ONC), fui medalhista de prata na Olimpíada Nacional de Ciências 2021(ONC) e menção honrosa na Olimpíada Brasileira de Matemática 2021(OBMEP). Minhas propostas com o canal Exatas mais é realizar experimentos, responder questões e debater curiosidades sobre diversos temas das  Ciências Exatas (Química, Física e Matemática). 

Faltou apenas dizer que recordo de minha muito querida amiga Joelia,  grávida do Henrique. Em tempos recentes, em alguma live Nesta pandemia, o Henrique me mostrou um bicho de pelúcia, que eu o presenteara em uma de minhas estadas em Jequié, BA quando pela primeira e única vez que vi algo das festas juninas no Nordeste.

E agora ouçam e vejam o Henrique: Vídeo Exatas mais

 


sexta-feira, 15 de abril de 2022

Por que este ano é a Sexta-feira Santa é em 15 de abril?

ANO 16*** 15/04/2022***EDIÇÃO 2043

A terceira postagem deste abril de 2022 tão amargo ocorre nesta Sexta-feira Santa. A data é prenhe de tantas recordações de como vivíamos esta semana, que começava com o Domingo de Ramos e terminava o ressoar solene do aleluia da ressureição.

Mais uma vez evoco situações mais próximas, quando discutia em sala de aula (algo que pandemia transfigurou) perguntava como era determinada a data da Páscoa e o espaço temporal de sua variação. De maneira usual o assunto era desconhecido. Oferecia pistas: plenilúnio / equinócio. Mostrava a importância da definição anual da data da Páscoa, pois esta determina a data do Carnaval, Quarta-feira de cinzas, da Ascensão, de Pentecostes e da data de Corpus Christi etc. Não houve entre os meus alunos a associação de sempre a noite de Sexta-feira Santa é de plenilúnio, ou seja, a lua é contemplada em sua intensidade máxima (= lua cheia).


A Páscoa ocorre sempre na primeira lua cheia do equinócio de primavera no Hemisfério Norte (ou de outono no Hemisfério Sul). Como o calendário lunar é independente do calendário solar vemos que essa variação é de trinta e quatro dias, ou seja, cinco semanas menos um dia. Como o equinócio (quando temos o dia com 12 horas de sol e 12 horas de noite) de outono (no Hemisfério Sul) é em 22 de março, há a possibilidade de variação entre 22 de março e 25 de abril.

Esta maneira de se definir a data da Páscoa aconteceu em 325, quando ocorreu o Concílio de Nicéia, tido na história como primeiro Concílio ecumênico. Até então o Cristianismo permanecia tão somente como uma seita do judaísmo tal como os Fariseus, os Saduceus ou os Essênios -- os cristãos eram inicialmente conhecidos como Nazarenos --. É a partir deste Concílio que se pode falar em uma Igreja cristã.

Há denominações cristãs que têm fixada a Sexta-feira Santa em 12 de abril, definida a partir de leituras dos Atos dos Apóstolos relacionadas com a data da morte de Jesus no suposto ano 33 da era cristã.

Um jornal de Porto Alegre, na véspera da Páscoa de 2006, em um material de curiosidades acerca da festa, explicou que para calcular a data da Páscoa bastava adicionar 46 dias à data do Carnaval. Certamente, ao fazer matéria sobre o Carnaval poderia explicar que para calcular a sua data basta subtrair 46 dias da data da Páscoa.

Neste dia desejo aqueles e aquelas que cultuam a data um dia de frutuosas meditações. A todos um muito curtido plenilúnio na noite de hoje. Adito um convite para crentes ou não crentes do mistério pascal e nos associemos nas ações pela paz na Ucrânia, ora esfacelada pelo sanguinolento Putin.


sexta-feira, 8 de abril de 2022

Index Librorum Prohibitorum


ANO 16*** 08/04/2022***EDIÇÃO 2042


A primeira semana de abril foi a primeira que apresentou o modelo completo das três aulas semanais que no Semestre 2022/1,  compartilho a docência com três colegas em três programas de pós-graduação.

Tardes de terças-feiras: em Marabá PA na UNIFESSPA PPGCEM: História e Filosofia da Ciência com a Profa. Dra. Alessandra Rezende.

Manhãs de quartas-feiras: em Belém PA, na UFPA IENCI Bases epistemológicas da Ciência com a Profa. Dra. Sílvia Nogueira Chaves.

Tardes de quintas-feiras: em Vila Velha ES IFES EDUCIMAT Tópicos de Ensino de Ciências 2 com a Profa. Dra. Manuella Amado.

Fosse apenas estas três atividades semanais já estava plenamente envolvido. É preciso reconhecer que com cada uma das três colegas aprendo mais do que ensino. Mas tenho ainda oito mestrandos, uma doutoranda, um co-orientando de doutorado e um pós-doutor. 


Em meio a múltiplos (a)fazeres o Prof. Dr. Nelson Marques (USP) e eu retomamos um projeto:
A Inquisição, a Censura Científica e o Índex de Livros Proibidos no qual um no Rio Grande do Norte e outro no Rio Grande do Sul estamos desnovelando emaranhados buscando mostrar o que pensadores, cientistas e escritores como Maquiavel, Giordano Bruno, Galileu, Kepler, Descartes, Voltaire, Victor Hugo, Jean-Paul Sartre, Rabelais, Pascal, Rousseau, Spinoza, Hume, Kant, Mill, D´Annunzio de tempos e geografias tão diferentes têm em comum? Esses são apenas alguns de centenas de autores incluídos no Index Librorum Prohibitorum, da Igreja Católica Romana, a maior e mais influente lista de livros proibidos da História. 

Nossa faina é dolorosamente cruenta, mas instigante. Eu tenho quase não cumprido a máxima que sugiro a meus orientandos: ler também ficção. Enquanto membro de um clube de leitura, estou com mais de um ‘livro do mês’ atrasado. Tomara que em futuro não tão distante que o Nelson e eu cheguemos aonde o arco-íris assinala estar o baú com as prendas que parece merecermos. Aguardem… vai valer a pena!  

sexta-feira, 1 de abril de 2022

CENTENÁRIO / SESQUICENTENÁRIO / BICENTENÁRIO


ANO 16*** 01/04/2022***EDIÇÃO 2041


Inauguramos o 2º trimestre de 2022. A primeira edição aprilina ocorre neste 1º de abril (prenhe de evocações de tempos em que narrávamos uma fake new, mas logo a labelávamos: uma pegadinha de primeiro de abril!). Há dias, comentava um quase apagamento de comemorações neste 2022: bicentenário da Independência

No passado fevereiro, se evocou (nos cadernos de cultura dos jornais) a Semana de Arte Moderna. A também chamada de Semana de 22, ocorreu em São Paulo entre os dias 13 e 17 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal da capital paulista. Cada dia da semana trabalhou um aspecto cultural: pintura, escultura, literatura e música. O evento marcou o início do modernismo no Brasil e tornou-se referência cultural do Século 20. 

Vale recordar algo maior em 1922 que a quase incógnita Semana de Arte Moderna. Esta é tida como inserta na celebração centenária do Sete 7 de Setembro de 1822. 1922 recorda 34 anos após a abolição da escravidão e 4 anos após o fim da Primeira Guerra Mundial. Nesse contexto, uma questão importante para os considerados intelectuais brasileiros era como o Brasil tinha se saído desses processos históricos, principalmente comparando o país com os Estados Unidos da América, que saíram da Primeira Guerra Mundial como uma grande potência

“As questões sociais, principalmente a abolição da escravidão, recebiam pouco destaque nos trabalhos artísticos. Assim, a Semana de Arte Moderna se apoiava no pensamento nacionalista e na busca de uma identidade para o Brasil, além da procura por uma produção artística mais liberta, que rompesse com uma estética das academias de Belas Artes e das ideias parnasianistas. As ideias parnasianistas tratavam da arte pela arte, privilegiavam a busca pela perfeição e demonstravam pouca preocupação com os sentimentos humanos e os contextos sociais”(www.ufmg.br/espacodoconhecimento)


Se não fomos coetâneos com as celebrações do Primeiro Centenário da Independência, recordo as celebrações, em 1972, do
Sesquicentenário da Independência. (Sesqui = 1,5 como por exemplo o sesquióxido de alumínio: Al2O3) Era o meu 11o ano de professor e o 8o  ano do golpe militar. Houve algo que os ditadores apreciam: celebrações.

Celebrações do Sesquicentenário envolveu entre outras: a entrega, pelo Estado português, dos despojos de D. Pedro I; a confecção de longa-metragem acerca do processo de independência; a realização de torneio internacional de futebol; a reedição de obras concernentes à emancipação política; e, por fim, a inauguração do Monumento do Ipiranga, onde repousariam os restos mortais do primeiro imperador.

O regime estabelecido pelo golpe de abril de 64, afirma Almeida (2005) “procurou modificar o arcabouço político do país, através da edição de sucessivos Atos Institucionais, diminuindo-se o espaço de atuação dos opositores. Ao mesmo tempo, objetivando refletir a mudança na organização institucional da república brasileira, o regime militar estabeleceu novas Constituições, a primeira em 1967 e a segunda, muito mais inflexível no trato com a oposição interna, em 1969. Tais cartas magnas ampliaram consideravelmente as prerrogativas do ocupante da Presidência da República. Após a proclamação do AI-5, em fins de 1968, o regime militar procurou diminuir, ainda mais, o espaço para a elaboração e divulgação das críticas aos atos governamentais”

Almeida (2005) diz: “Vivia-se sob o período mais sangrento do regime militar, durante a presidência do general Emilio Garrastazu Médici (1969/74), momento em que a repressão aos adversários políticos atingiu os mais elevados níveis onde o Estado observava, em cada indivíduo, um hipotético adversário”. 

Há um certo estranhamento em não se badalar, neste ano de 2022, o Bicentenário. Talvez a pandemia, e mais ainda as eleições de outubro possam ser responsáveis pelas inaudíveis referências ao Bicentenário.

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ALMEIDA, Adjovanes Thadeu Silva de, O SESQUICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA BRASILEIRA (1972) E O REGIME MILITAR - PPG-UERJ ANPUH – XXIII SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA – Londrina, 2005